Barragem de Alqueva – Wikipédia, a enciclopédia livre
Barragem de Alqueva | |
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Localização | |
Município | Portel, Moura e Reguengos de Monsaraz, Évora e Beja |
Bacia hidrográfica | Guadiana |
Rio | Rio Guadiana |
Coordenadas | 38°11'51"N, 7°29'47"W |
Localização em Portugal Continental | |
Dados gerais | |
Operador | Energias de Portugal |
Uso | Reserva, Rega, Abastecimento, Energia eléctrica |
Data de inauguração | 2004 |
Características | |
Tipo | Betão, Abóboda de dupla curvatura |
Altura | 69 m |
Cota de coroamento | 154 m |
Fundação | Pedregulhos |
Capacidade de geração | 520 megawatt |
Dados da albufeira | |
Capacidade total | 4 150 000 000 m3 |
Capacidade útil | 3 150 000 000 m3 |
Pleno armazenamento | 152 m |
Website | www |
A Barragem de Alqueva é uma barragem em arco portuguesa situada sobre o rio Guadiana próximo da localidade de Alqueva, que lhe deu o nome, da freguesia atual de Amieira e Alqueva, do município de Portel, e ligando, na margem oposta, à freguesia de Moura (Santo Agostinho e São João Batista) e Santo Amador, do município de Moura, na região do Alentejo.
Descrição
[editar | editar código-fonte]A construção desta barragem permitiu a criação do maior reservatório artificial de água da Europa Ocidental, também chamado de Grande Lago .[1]
Possui uma altura de 96 m acima da fundação e um comprimento de coroamento de 458 m[2]. A capacidade instalada de produção de energia elétrica começou por ser de 260 MW, tendo sido alvo de um reforço de potência que permitiu ampliar a capacidade do empreendimento para 520 megawatts (MW) (desde 15 de outubro de 2012), com dois grupos geradores reversíveis, que deverão produzir anualmente 381 gigawatt hora (GWh). A albufeira atinge, à cota máxima, os 250 km², sendo então o maior lago artificial da Europa Ocidental.
Foi construída com o objetivo de regadio para toda a zona do Alentejo e produção de energia elétrica, para além de outras atividades complementares. Diversas infraestruturas do sistema global encontram-se já construídas (barragem de Pedrógão, infraestrutura 12, Aldeia da Luz) e muitas outras em fase avançada de projeto.
Em Outubro de 2012, entrou em serviço o reforço de potência da Barragem de Alqueva, constituído por uma nova central com dois grupos geradores reversíveis, com 130 MW de potência cada um, duplicando a potência instalada da Barragem.
No início de 2015, entre investimento público e privado o projeto de regadio de Alqueva mobilizou já €4 mil milhões, a que se irão juntar mais €1000 milhões até 2020, nomeadamente potenciados pelos apoios da Comissão Europeia. Quanto ao impacto no mercado de trabalho, entre empregos criados de forma direta e induzidos indiretamente pelos projetos desenvolvidos em Alqueva, a EDIA estima que se possa estar no patamar dos 20 mil postos de trabalho.[3]
A EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva foi criada em 1995, está sob a tutela do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural e tem sede em Beja. Tem como missão gerir o empreendimento de Alqueva para a promoção do desenvolvimento económico e social nos 20 concelhos dos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal a que corresponde a sua área de intervenção.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Primeiros planos
[editar | editar código-fonte]A barragem foi construída no âmbito do Plano de Rega do Alentejo, lançado em 1957,[5] tendo sido a maior infraestrutura abrangida por aquele programa, prevendo-se que iria permitir a irrigação de 140 mil hectares, aumentando consideravelmente a área total irrigada em território nacional, além que iria formar a maior albufeira em toda a Europa,[6] que teria 2 milhões de m³ de água, 98 Km de comprimento e 1000 Km de costa.[7]
Os seus benefícios não se iriam cingir à irrigação, tendo também um papel regulador nos recursos aquáticos,[7] e iria permitir igualmente o abastecimento de energia eléctrica e de água às povoações e indústrias, tanto nas imediações como a maior distância, principalmente em Sines.[6] Com efeito, tinha como principal finalidade resolver os graves problemas de falta de água na região, cujos recursos hídricos, incluindo os subterrâneos, eram manifestamente insuficientes para a procura agrícola, urbana e industrial.[7] Desta forma, poderia-se fazer a introdução em larga escala de novas culturas, principalmente a beterraba-açucareira, e expandir a criação de gado.[7]
O programa de obras iria incluir a barragem hidro-eléctrica em si, situada na área do Outeiro da Palha, no concelho de Portel,[7] além das infraestruturas acessórias, como a central elevatória, canais de rega e tomada de água.[7] O primeiro bloco de rega a ser beneficiado seria o do Baixo Alentejo, com ligação à Barragem de Odivelas, e depois o de Évora, com comunicação à Barragem do Monte do Seixo e ao Rio Divor, para ampliar a área de regadio em Arraiolos.[7] Finalmente seria abastecida a área de Évora, através de um açude no Rio Degebe, e parte do Distrito de Portalegre.[7]
Em 1976 a obra estava orçada em nove milhões de contos,[7] dos quais a barragem em si custava cerca de 4 milhões de contos.[7] Em finais de 1977, o valor total da obra já tinha ascendido a doze milhões de contos.[6] Em 1977 foi fundado o Gabinete Coordenador do Alqueva, sedeado em Beja, e que tinha como finalidade promover e regularizar as obras da barragem, e ao mesmo tempo coordenar as várias empresas e departamentos municipais ligados tanto à barragem em si como às infraestruturas de aproveitamento.[6] Nesse ano, já se tinham iniciado os trabalhos correspondentes à primeira fase de implementação da barragem.[6]
Apesar disto, nos finais da década de 1980 o empreendimento do Alqueva estava paralisado, tendo o jornal O Dia de 12 de Abril de 1988 apontado a barragem e o complexo industrial de Sines como exemplos do atraso provocado pela burocracia, recordando «que se têm arrastado ao longo dos anos e sobre eles não se vislumbra qualquer decisão».[8]
Inauguração
[editar | editar código-fonte]Em 8 de Fevereiro de 2002 foram oficialmente fechadas as comportas na barragem, de forma a iniciar o enchimento da albufeira.[9] A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro, António Guterres, que no seu discurso afirmou que «Alqueva não é um mito e sim uma realidade», e um «símbolo do Portugal moderno e da vontade de ultrapassar obstáculos e da construção de um futuro».[5] Salientou o seu importante papel no combate à desertificação e ao despovoamento, sendo um «pólo de atracção», e classificou a obra como um «compromisso de solidariedade nacional para com o Alentejo», em «rotura com os reduzidos volumes de investimento público no Alentejo».[5]
A central eléctrica da barragem foi inaugurada em 5 de Maio de 2004, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, José Manuel Durão Barroso.[9] De acordo com a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva, a instalação da central e dos equipamentos custou cerca de 118 milhões de euros, financiados em cerca de 55% pela União Europeia, através do Fundo de Coesão.[9]
Cronologia
[editar | editar código-fonte]- 1968 - Celebração do Convénio Luso-Espanhol para utilização dos rios internacionais
- 1975 - Aprovação pelo Conselho de Ministros da realização do projeto
- 1976 - Início das obras preliminares (ensecadeira/infraestruturas de apoio à obra)
- 1978 - Interrupção das obras
- 1980 - Resolução do Conselho de Ministros determina a retoma dos trabalhos
- 1993 - Decisão do Conselho de Ministros para retoma do Empreendimento
- 1993 - Criação da Comissão Instaladora da Empresa de Alqueva (CIEA)
- 1995 - Reinício dos trabalhos
- 1996 - Através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/96, o Governo assume "avançar inequivocamente com o projeto" com ou sem financiamento comunitário
- 1996 - Adjudicação da empreitada principal de construção civil da barragem e central
- 1998 - Início das betonagens.
- 2000 - Adjudicação da empreitada para a execução do primeiro bloco de rega do Sistema Global de Rega
- 2001 - Início formal dos trabalhos de Desmatação e Desarborização da Albufeira
- 2002 - Encerramento das comportas e início do enchimento da albufeira (8 de fevereiro)
- 2002 - Abertura ao trânsito da estrada Portel/Moura sobre o coroamento
- 2004 - Inauguração da central hidroelétrica
- 2005 - Conclusão do contra-embalse (barragem de Pedrógão)
- 2008 - Início das obras de ampliação da Potência Instalada da Barragem.
- 2010 - Em 1 de janeiro, a albufeira de Alqueva regista o nível de água com a cota 150,17 metros acima do nível do mar, o que corresponde a 91 por cento da sua capacidade máxima. É o maior volume de água registado em Alqueva desde que as suas comportas foram encerradas.
- 2010 - Em 12 de janeiro o nível de água armazenada atingiu a cota máxima de 152 metros, um metro abaixo do nível de máxima cheia para que a albufeira está preparada. Trata-se de um volume de água armazenada de 4150 hectómetros cúbicos.
- 2012 - Em 19 de outubro o reforço de potência da central hidroelétrica de Alqueva, denominado de Alqueva II, injetou pela primeira vez eletricidade na rede elétrica nacional. Tratou-se de um investimento de cerca de 190 milhões de euros.[10]
- 2013 - Em 23 de janeiro a EDP inaugurou a central hidroelétrica Alqueva II.[11]
Imagens
[editar | editar código-fonte]- Alqueva (a montante)
- Alqueva (a jusante)
- Alqueva (a jusante, em pormenor)
- Barragem de Alqueva (vista de Monsaraz)
Referências
- ↑ BBC News, Portugal opens Europe's largest Dam
- ↑ Structurae Database, Alqueva Dam
- ↑ «Alqueva mobiliza cinco mil milhões de euros»
- ↑ https://www.edia.pt/pt/quem-somos/edia/
- ↑ a b c «Guterres vê Alqueva como um compromisso de solidariedade com o Alentejo». Público. 8 de Fevereiro de 2002. Consultado em 8 de Novembro de 2024
- ↑ a b c d e «A Barragem do Alqueva». 25 de Abril: Comunidades Portuguesas (22). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. Novembro de 1977. p. 10. Consultado em 8 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ a b c d e f g h i j «O empreendimento do Alqueva». 25 de Abril: Comunidades Portuguesas (11). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. Junho de 1976. p. 9. Consultado em 8 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ PEREIRA, Mendonça (12 de Abril de 1988). «A burocracia impede o progresso» (PDF). O Dia. Ano XIII (3973). Lisboa: Secretaria de Estado da Emigração. p. 2. Consultado em 9 de Novembro de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ a b c Agência Lusa (5 de Maio de 2004). «Durão Barroso inaugura hoje Central Hidroeléctrica de Alqueva». Público. Consultado em 8 de Novembro de 2024
- ↑ «Nova central de Alqueva já produz energia». Expresso. 22 de outubro de 2012. Consultado em 23 de janeiro de 2013
- ↑ «EDP inaugura nova central elétrica no Alqueva». Dinheiro Vivo. 23 de janeiro de 2013. Consultado em 23 de janeiro de 2013
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (sitio corporativo da entidade gestora do empreendimento de fins multíplos do Alqueva)
- Roteiro do Alqueva - Guia Turístico da Região
- Outras informações técnicas na Comissão Nacional Portuguesa das Grandes Barragens
- Barragem de Alqueva no WikiMapia