Amélia Janny – Wikipédia, a enciclopédia livre
Amélia Janny | |
---|---|
Nascimento | 25 de fevereiro de 1842 Coimbra, Portugal |
Morte | 19 de março de 1914 (72 anos) Coimbra, Portugal |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | Poetisa |
Amélia Janny (Coimbra, 25 de Fevereiro de 1842 — Coimbra, 19 de Março de 1914) foi uma poetisa parnasiana do final do século XIX, formalmente perfeita, muito apreciada por Teixeira de Pascoaes e António Feliciano de Castilho. Foi contemporânea de João de Deus, que lhe dedicou um poema. Era referida pelos seus admiradores como a última romântica, mas Ramalho Ortigão, em As Farpas, apelidou-a jocosamente de cisne do Mondego.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Oriunda pelo lado paterno de famílias de Ponte de Lima, era filha, havida fora de casamento e quando o pai ainda era estudante em Coimbra, de António Correia Caldeira (1815 - 1876), primo-sobrinho do Cardeal Saraiva, de quem foi herdeiro, e mais tarde político e lente da Universidade de Coimbra e de Maria Herculana da Silva e Veiga, que casou depois com o médico Raimundo Francisco da Gama.[1] Um seu tio paterno foi o poeta Luís Correia Caldeira.
Desde muito jovem demonstrou uma invulgar tendência para a poesia,[2] conseguindo, com apenas 14 anos de idade, ingressar nos círculos literários do tempo. Este ingresso fez-se pela mão do escritor e poeta António Xavier Rodrigues Cordeiro, que a apresentou a António Feliciano de Castilho e, por intermédio deste, aos círculos intelectuais de Coimbra. Louvada e admirada pelos poetas desse tempo, foi mesmo presenteada com um retrato à pena da autoria de Bordalo Pinheiro.[2]
A partir da década de 1860 passou a ser figura central das manifestações académicas e culturais de Coimbra, colaborando como poetisa, autora de peças para teatro e como conferencista, com destaque para a sua participação nas atividades do Instituto de Coimbra e da Associação dos Artistas de Coimbra.[2] Considerada um grande talento, destacou-se na declamação de poesia, gozando de grande prestígio social.[3][4]
Por ocasião das celebrações do Centenário de Camões, em 1880, recitou poesia no Teatro Académico de Coimbra, apresentando a sua obra intitulada Pátria, a qual foi distribuída pelos espectadores.[2]
Na área da imprensa conhecem-se algumas colaborações suas nas revistas Ave azul[5] (1899-1900), A Mulher [6] (1879), Ribaltas e Gambiarras [7] (1881) e na Semana de Lisboa (1893-1895) e ainda no semanário Azulejos [8] (1907-1909).
Deixou uma vasta obra poética dispersa em múltiplos periódicos e diversos opúsculos impressos para festas e eventos culturais, incluindo os poemas Pátria e O Médico, este último uma homenagem ao Dr. Raimundo Gama.[2] Foi premiada em diversos concursos literários e foi agraciada com o colar do Instituto de Coimbra. Foi sócia de diversas academias e agremiações, entre as quais o Retiro Literário Português, do Rio de Janeiro, o Grémio Literário do Pará, a Associação dos Artistas de Coimbra e a Associação Filantrópica Académica.[2] Alguns dos seus poemas estão publicados no Cancioneiro de Coimbra. Em 2003 a Câmara Municipal de Coimbra editou as obras completas de Amélia Janny, numa coletânea de Manuel Zolino da Silva Figueiredo intitulada Amélia Janny: Miscelânea Poética.[9]
O Município de Coimbra deu o seu nome a uma das artérias de Coimbra: a Rua Amélia Janny na freguesia de Santo António dos Olivais.
Referências
- ↑ Nota biográfica do Doutor António Correia Caldeira.
- ↑ a b c d e f "Janny, Amélia" em Portugal - Dicionário Histórico.
- ↑ Pinto Osório (1910) – "Amélia Janny" em Almanaque de Ponte de Lima (4.º ano). Ponte de Lima: Tipografia Confiança. p. 153.
- ↑ Virgínia Faria Gersão (1950) – Amélia Janny: Conferência realizada no Instituto de Coimbra, no dia 5 de Junho de 1950: com uma antologia da poetisa. Coimbra: Instituto de Coimbra. p. 31.
- ↑ Rita Correia (26 de Março de 2011). «Ficha histórica: Ave azul : revista de arte e critica (1899-1900)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Junho de 2014
- ↑ Helena Roldão (6 de março de 2013). «Ficha histórica: A Mulher (1879).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 12 de Janeiro de 2015
- ↑ Pedro Mesquita (26 de março de 2013). «Ficha histórica: Ribaltas e gambiarras (1881)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 19 de junho de 2015
- ↑ Rita Correia (3 de Novembro de 2016). «Ficha histórica: Azulejos : semanario illustrado de sciencias, lettras e artes (1907-1909)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 28 de novembro de 2016
- ↑ Amélia Janny, Miscelânea Poética. Minerva, 2003.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Nota biográfica e fotografia da poetisa
- Amélia Janny
- A mulher (cópia digital)
- Ribaltas e gambiarras(cópia digital)
- A semana de Lisboa : supplemento do Jornal do Commercio (cópia digital)