Ansiedade – Wikipédia, a enciclopédia livre
A ansiedade é uma emoção caracterizada por um estado desagradável de agitação interior, muitas vezes acompanhada de comportamento nervoso, como o de se embalar de trás para a frente.[2] É o sentimento desagradável de terror por eventos antecipados, tal como a sensação de morte iminente.[3] Ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo, apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.[4][5][6] O medo é uma resposta a uma ameaça real ou percebida,[7] enquanto a ansiedade é a expectativa de uma futura ameaça. A ansiedade é um sentimento de inquietação e preocupação, geralmente generalizado e sem foco, como uma reação exagerada a uma situação que é apenas subjetivamente vista como ameaçadora.[8] É muitas vezes acompanhada por tensão muscular, inquietação, fadiga e problemas de concentração. A ansiedade pode ser apropriada, mas quando experimentada regularmente, o indivíduo pode sofrer de transtorno de ansiedade.
Causas
[editar | editar código-fonte]Esses dois aspectos, tanto a ansiedade quanto o medo, não surgem na vida da pessoa por uma escolha. Acredita-se que vivências interpessoais e problemas na primeira infância possam ser importantes causas desses sintomas. Além disso, existem causas biológicas, como anormalidades químicas no cérebro ou distúrbios hormonais.
Em crianças, o desenvolvimento emocional influi sobre as causas e a maneira como se manifestam os medos e as preocupações tanto normais quanto patológicos. Diferentemente dos adultos, crianças podem não reconhecer seus medos como exagerados ou irracionais, especialmente as menores.[9][10][11]
Na grande maioria dos casos, não há como estabelecer uma causa específica aos transtornos aqui tratados. A interação entre fatores genéticos e ambientais resume a etiologia atualmente proposta e aceita.[12]
Tipos de transtornos de ansiedade
[editar | editar código-fonte]A ansiedade pode ser dividida em diversos tipos de transtornos, cada um com uma causa e um sintoma diferente, não impedindo que ambos aconteçam simultaneamente:
Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
[editar | editar código-fonte]É o mais comum. A pessoa passa praticamente o dia todo ansiosa e em alguns momentos tem uns picos de ansiedade. Geralmente acontecem com um nervosismo por uma situação que não aconteceu ainda, ou simplesmente por receios.
Estresse pós-traumático
[editar | editar código-fonte]Acontece quando os sintomas de ansiedade começam a surgir após algum ocorrido na vida da pessoa que a deixou traumatizada ou marcada. Pode ser por uma perda muito grande, algum tipo de violência sofrida, por exemplo. Esses pensamentos dos momentos ruins retornam a qualquer instante, até mesmo em sonhos.
Síndrome do pânico
[editar | editar código-fonte]São períodos de crises intensas de ansiedade, que se desencadeiam por algum tipo de trauma e medo agudo. É muito comum se evitar de ficar em locais com pouco fluxo de pessoas, com medo de não conseguir ajuda durante os ataques.
Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
[editar | editar código-fonte]Perturbação que provoca obsessões (pensamentos repetitivos) e compulsões (comportamentos repetitivos para aliviar a ansiedade causada pelas obsessões).
Fobias
[editar | editar código-fonte]São apresentações de ansiedades de maneira intensa, podendo ser elas relacionadas a um objeto ou situação, por exemplo medo de baratas (tão intenso de forma que a pessoa não pode nem sequer ver a imagem de uma barata), ou também a fobias sociais, como medo descontrolado de falar em público ou de estar no meio dele.
O ser humano sempre pode apresentar algum comportamento diferenciado em alguma parte de sua vida, é totalmente normal. Os sintomas da ansiedade excessiva se apresentam quando você deixa de viver por causa de preocupações ou por medos sem fundamento.
Esse tipo de problema psicológico não é algo que passa sozinho com o tempo, ele deve ser tratado. Normalmente é necessário ajuda psicológica e terapêutica para aprender a superar suas limitações e entender os seus traumas.
O tratamento farmacológico das fobias específicas não tem sido utilizado na prática clínica e são poucos os estudos sobre o uso de medicações nesses transtornos.[13][14][15]
Consequências
[editar | editar código-fonte]Em alguns dos casos, a ansiedade é capaz de intensificar o que o indivíduo está sentindo, deixando de apresentar sintomas únicos e passando a aumentar aqueles naturalmente produzidos pelo sistema nervoso. Ou seja: se a pessoa sente medo, ela sentirá muito medo; se a pessoa se sente triste, ela se sentirá muito triste; as vezes sentimentos comuns como gostar de algo ou alguém podem ter um grande impacto sobre portadores de ansiedade, e querer algo pode tornar-se uma necessidade com o passar do tempo.
A ansiedade em níveis muito altos, ou quando apresentada com a timidez ou depressão, impede que a pessoa desenvolva seu potencial intelectual. O aprendizado é bloqueado e isso interfere não só no aprendizado da educação tradicional, mas na inteligência social. O indivíduo fica sem saber como se portar em ocasiões sociais ou no trabalho, o que pode levar a estagnação na carreira.
Pandemia
[editar | editar código-fonte]Durante a pandemia de COVID-19 o número de pessoas apresentando transtorno de ansiedade teve um grave aumento. No primeiro ano da pandemia os transtornos de ansiedade e depressão aumentaram 25% de acordo com a Organização Mundial da Saúde.[16]
Os mais afetados, segundo pesquisas, são os jovens e as mulheres. Os jovens foram totalmente afetados podendo vir a ter comportamentos suicidas e de automutilação, segundo pesquisa da universidade de Calgary, no Canadá, a ansiedade entre os jovens dobraram em comparação com os níveis pré-pandêmicos. A ansiedade entre as mulheres também se mostrou mais recorrente do que nos homens.[17]
De acordo com especialistas, o aumento dos distúrbios mentais, como a ansiedade, se deve principalmente ao isolamento social provocado pela pandemia. Uma das principais justificativas para esse aumento desenfreado é o estresse causado pelas restrições para trabalhar, estudar, buscar apoio familiar e ter uma vida social ativa.[18]
Tratamento
[editar | editar código-fonte]O tratamento é feito com psicoterapia e medicamentos, dentre os quais ansiolíticos e antidepressivos. O diagnóstico deve ser abrangente para se elaborar um plano de tratamento com objetivos bem definidos.[19]
O tratamento medicamentoso é iniciado com ansiolíticos como, por exemplo, os benzodiazepínicos. Logo após a estabilização do paciente, o médico pode prescrever um antidepressivo para o controle da ansiedade. Outra classe de medicamentos também utilizada são a dos betabloqueadores. É sempre importante que o paciente consulte um médico, pois esses medicamentos são normalmente controlados.[20]
Terapias Complementares
[editar | editar código-fonte]- Cannabis Medicinal: O uso de compostos da cannabis, como o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), tem sido investigado como potencial tratamento complementar para transtornos de ansiedade e pânico. Estudos preliminares indicam que o CBD, componente não psicoativo da cannabis, pode apresentar efeitos ansiolíticos, enquanto o THC, em algumas situações e doses elevadas, pode intensificar sintomas de ansiedade. A recomendação é que o uso de tais compostos seja realizado sob supervisão médica, considerando as variações individuais na resposta ao tratamento.[21][22][23]
A terapia cognitivo-comportamental (TCC, REBT),[24] são formas de psicoterapia que trazem resultados através de mudanças endógenas, transformando o indivíduo, sua personalidade e quadro psicológico.
Abordagem psicoeducativa/psicossocial
[editar | editar código-fonte]Tipo | Abordagem |
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Todos | Psicoeducação: Explicar ao paciente o que ele tem e como funciona o tratamento. Deixar claro que a ansiedade depende de uma soma de fatores que incluem vulnerabilidade genética, estressores ambientais e hábitos de vida. Dizer que medo e ansiedade são emoções normais que representam um “sinal de alarme” para o perigo, e que o problema do paciente é esse “sinal de alarme” disparar quando não há perigo. Os tratamentos – medicamento e psicoterapia – ajudam o paciente a consertar esse mecanismo e é importante falar que foram estudados e demonstraram ser eficazes em pacientes semelhantes a ele. Abordar motivações para o tratamento: ✔Quais as expectativas do paciente sobre o tratamento? ✔Qual é o papel dele no processo de melhora? ✔Liste aspectos negativos relacionados à ansiedade e aspectos positivos de estar livre dos sintomas ansiosos. Investigue barreiras ao tratamento e elabore um plano de como ultrapassá-las. Não seja autoritário: auxilie o paciente a compreender o balanço entre os aspectos negativos da ansiedade e os aspectos positivos de não sofrer mais com os sintomas. |
Pacientes com pensamentos negativos ou desagradáveis (por exemplo, preocupação excessiva na ansiedade generalizada, pensamentos de morte em um ataque de pânico) | Instruir sobre como enfrentar pensamentos negativos ou desagradáveis → Questione a fundamentação lógica dos pensamentos catastróficos. Pacientes com ansiedade costumam tirar conclusões precipitadas e catastróficas de pequenas coisas. Ajude o paciente a desenvolver processos para refletir sobre a fundamentação lógica dos pensamentos. Por exemplo: pensamentos de morte em ataques de pânico podem ser questionados tendo em vista episódios prévios que foram passageiros e não tiveram repercussões na saúde física. → Não tente afastar pensamentos negativos: o segredo é não dar importância a eles. Mostre ao paciente como não é produtivo tentar afastar pensamentos negativos. É quase impossível tentar “não pensar” em alguma situação, e esse esforço acaba por aumentar a frequência e a intensidade dos pensamentos. Ressalte que o importante é não dar importância aos pensamentos desagradáveis, o que faz com que eles vão desaparecendo com o tempo. |
Comportamentos evitativos e medos (por exemplo, situações sociais em pacientes com fobia social, lugares fechados em pacientes com agorafobia). | Instruir sobre como enfrentar situações temidas → Faça com o paciente uma lista das situações temidas e planeje um plano de enfrentamento que vai da situação menos temida para a mais temida. Todos os dias o paciente deve ter uma tarefa de enfrentamento. Avise-o que pensamentos catastróficos irão surgir e trabalhe com ele para buscar dados de realidade e ver que os pensamentos não têm fundamentação lógica (ver abaixo). |
Pacientes com muitos sintomas físicos ou crises de ansiedade (por exemplo ansiedade em público na fobia social, ansiedade durante um ataque de pânico). | Instruir sobre como lidar com sintomas físicos → Ensine a respiração diafragmática e o controle da respiração. Oriente o paciente a colocar uma mão na barriga e outra no peito, e instrua-o para que apenas a mão sobre a barriga se mexa enquanto ele respira lentamente pelo nariz. É importante que o paciente saiba que não eliminará por completo a ansiedade, já que é uma emoção normal. Pacientes com transtornos de ansiedade às vezes interpretam estímulos fisiológicos (como os batimentos cardíacos) como ameaçadores, mesmo na ausência de um problema físico. O fundamental é que ele seja capaz de perceber que “o alarme disparou, mas não há nenhum incêndio” e, assim, se tranquilizar. |
Para pacientes com compulsões (por exemplo, checagem no TOC) | Instruir sobre como lidar com as compulsões/rituais → Faça um esquema para prevenir rituais. Pacientes com TOC se sentem compelidos a realizar determinados rituais em resposta a pensamentos negativos. A tarefa é simples: informar o paciente a não fazer esses rituais e impedir que eles ocorram. Oriente o paciente a interromper rituais ou ruminações com a palavre “Pare” e a procurar distrair-se com algo que prenda mais a atenção. No TOC, a aflição costuma desaparecer entre 15 minutos e 3 horas. A cada exercício, a intensidade e a duração do desconforto são menores. |
Para pacientes que vão iniciar tratamento com psicofármacos (por exemplo,. antidepressivos ou benzodiazepínicos) | Informar sobre os psicofármacos → Oriente sobre tempo de início de ação dos medicamentos. Informe sobre possíveis efeitos adversos (como piora da ansiedade no início do tratamento), lembrando que são manejáveis e muitas vezes passageiros. Avise que os fármacos não podem ser descontinuados de forma abrupta pelo risco de abstinência. Explique que o tratamento será iniciado com doses baixas e que o aumento será gradual até a resposta desejada. Informe que o tratamento deve durar pelo menos um ano após a remissão dos sintomas para minimizar o risco de recaída. Esclareça que antidepressivos não causam dependência e que se deve ter cuidado com os benzodiazepínicos pelo risco de dependência. → Reforce que os medicamentos funcionam e são capazes de minimizar o sofrimento. Boa parte dos pacientes não acredita na eficácia dos psicofármacos ou acha que eles não vão ajudar. Assim, é importante ressaltar que os medicamentos já foram testados em pessoas com quadros muito semelhantes. Enfatize os benefícios do tratamento. |
Para pacientes que vão iniciar psicoterapia (TCC, psicodinâmica) | Informar sobre as psicoterapias → Explique como funciona a terapia indicada. Na terapia cognitivocomportamental (TCC), informe sobre a necessidade de comprometimento com as tarefas. |
Uma revisão de estudos sugere que pessoas que experimentam sintomas de ansiedade podem ser ajudadas tomando medidas para regular os microrganismos em seu intestino usando alimentos e suplementos probióticos e não-probióticos.[26]
Há evidências crescentes de pesquisa de que, em algumas pessoas, o envolvimento em qualquer religião está associado de forma transversal a uma melhor saúde mental.[27] Segundo o The Journal of Alternative and Complementary Medicine, a eficácia da recitação do rosário para ansiedade resulta de um estudo médico específico.[28]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Transtorno da ansiedade
- Síndrome da ansiedade esquiva
- Ataque de pânico
- Transtorno do pânico
- Fobia social
- Neurose
- Estresse
- Ansiolítico
- Psicopatologia
- Antecipação
Referências
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