António Rosa Coutinho – Wikipédia, a enciclopédia livre
António Rosa Coutinho | |
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65.º Governador-geral de Angola | |
Período | 24 de julho de 1974 a 28 de janeiro de 1975 |
Antecessor(a) | Silvino Silvério Marques |
Sucessor(a) | António da Silva Cardoso |
Dados pessoais | |
Nascimento | 14 de fevereiro de 1926 Celorico da Beira, Portugal |
Morte | 2 de junho de 2010 (84 anos) Lisboa, Portugal |
António Alva Rosa Coutinho CvA • ComIH • GOL (Celorico da Beira, 14 de fevereiro de 1926 — Lisboa, 2 de junho de 2010) foi um almirante e político português da segunda metade do século XX.[1][2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Oficial da Armada, passou grande parte da sua carreira naval a bordo — e, a partir de um certo momento, no comando — de navios hidrográficos. Nos anos 60, uma missão de patrulhamento e pesquisa no rio Zaire valeu-lhe a captura por guerrilheiros da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e alguns meses de privação da liberdade.
No período do 25 de Abril de 1974, era capitão de fragata e foi um dos elementos da Armada designados para integrar a Junta de Salvação Nacional (JSN); data de então a sua promoção a Vice-Almirante.[3] Nos primeiros meses da nova situação, a sua actuação foi discreta; chegou a coordenar o Serviço de Extinção da PIDE-DGS e Legião Portuguesa.
Em finais de Julho, após a demissão do último Governador-Geral de Angola, General Silvino Silvério Marques, Rosa Coutinho foi chamado a substituí-lo, na qualidade de Presidente da Junta Governativa de Angola. Confirmado membro da JSN, após os acontecimentos de 28 de Setembro de 1974, ganhando a qualidade de Alto-Comissário em Angola, a partir de Outubro, Rosa Coutinho permaneceu no território até à assinatura dos Acordos de Alvor (Janeiro de 1975) entre o Estado Português e os três movimentos de libertação - Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).[4] É relativamente unanime que a sua sua actuação em Angola favoreceu o MPLA face aos restantes movimentos independentistas, tendo ajudado a reforçar o papel de Agostinho Neto na liderança do MPLA.[5] Os Acordos de Alvor nunca são aplicados e o MPLA, apoiado por conselheiros soviéticos e tropas cubanas, elimina os inimigos, primeiro em Luanda, que resultou no início da guerra civil em Angola. As tropas cubanas entraram em solo Angolano, apoiaram a vaga de prisões de oponentes ao MPLA com a complacência e passividade de Rosa Coutinho.[6][7] Defendeu a integridade territorial de Angola contra o separatismo de Cabinda apoiado pelo Zaire.
Toma posse como membro do Conselho da Revolução (CR), a 17 de março de 1975,[8] tendo demonstrado sempre uma proximidade com o Partido Comunista Português (PCP) e de Vasco Gonçalves, o que lhe valeu o epíteto de «almirante vermelho».[9] Nos primeiros meses do ano viu o seu nome ligado à preparação de «legislação revolucionária», num sentido de radicalização do processo político iniciado em Abril do ano anterior, o que se concretizou após os acontecimentos de 11 de Março, que deram inicio ao chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC).[5]
Se a sua imagem 'esquerdista' não deixou de se acentuar, saliente-se que aquando da tentativa de Golpe de 25 de Novembro de 1975 cumpriu plenamente as instruções do Presidente da República e Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA), General Francisco da Costa Gomes (1914-2001), no sentido de desmobilizar forças navais da Margem Sul, inicialmente favoráveis aos golpistas.
Afastado do Conselho da Revolução no novo quadro pós-25 de Novembro, passado à reserva pouco depois, o Almirante Rosa Coutinho não mais voltaria à ribalta político-militar, tendo-se dedicado a intermediar negócios, através da Coteco, com o regime Angolano presidido por José Eduardo dos Santos.[5][10] Participou também em alguns eventos, contra a instalação de misseis da NATO na Europa.[11]
No âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, o seu nome terá sido proposto pela Associação 25 de Abril para uma condecoração com a Ordem da Liberdade. No entanto a enorme polémica gerada, por uma decisão não consensual levou a Presidência da Republica a adiar a intenção.[12] Em julho de 2023, acabou por ser condecorado com a Ordem da Liberdade pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa.[13]
Condecorações
[editar | editar código-fonte]- Cruz de 1.ª Classe com Distintivo Branco da Ordem do Mérito Naval de Espanha (5 de Setembro de 1950)
- Cavaleiro da Ordem Militar de São Bento de Avis de Portugal (7 de Abril de 1964)
- Comendador da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal (30 de Junho de 1971)
- Grande-Oficial da Ordem da Liberdade (5 de julho de 2023, a título póstumo)[14][15]
Referências
- ↑ «Rosa Coutinho morre aos 84 anos». Jornal Expresso
- ↑ Freire, Manuel Carlos (4 de Junho de 2010). «Morreu Rosa Coutinho, último militar da Junta de Salvação». Diário de Notícias (Portugal). Consultado em 3 de junho de 2010. Arquivado do original em 4 de junho de 2010
- ↑ «Proclamação da Junta de Salvação Nacional». Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «Assinatura do acordo do Alvor». 15 de janeiro de 1975. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ a b c Maria José Oliveira, Luís Miguel Queirós (3 de junho de 2010). «Rosa Coutinho teve uma carreira política breve mas que ainda hoje suscita polémica». PÚBLICO. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «África Vermelha – Parte II». RTP. 18 de fevereiro de 1998. Consultado em 13 de maio de 2022
- ↑ Matos, Helena. «Há 40 anos, o desespero dos retornados: Tirem-nos daqui!». Observador. Consultado em 13 de maio de 2022
- ↑ «Tomada de posse do Conselho da Revolução». Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «A morte do Almirante Rosa Coutinho». Partido Comunista Português. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «Empresa Imporleste». 23 de outubro de 1991. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «Comício contra a instalação de mísseis». 9 de fevereiro de 1980. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «Condecorações dividem mais do que unem». ionline. Consultado em 4 de maio de 2022
- ↑ «Comemorações do 25 de Abril: Marcelo deixa para o fim as condecorações polémicas». Expresso. Consultado em 17 de agosto de 2023
- ↑ «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "António Alva Rosa Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 5 de janeiro de 2013
- ↑ «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Alva Rosa Coutinho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 17 de agosto de 2023
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Rosa Coutinho Governador de Angola em pissarro.home.sapo.pt
Precedido por Silvino Silvério Marques | Alto Comissário e Governador-Geral Interino de Angola 1974 | Sucedido por o próprio |
Precedido por o próprio | Alto Comissário e Governador-Geral de Angola 1974 — 1975 | Sucedido por António Silva Cardoso |