Antipapa Bento XIII – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura pelo Papa do mesmo nome, que governou de 27 de Maio de 1724 a 21 de Fevereiro de 1730, veja Papa Bento XIII.
Antipapa Bento XIII
Antipapa Bento XIII
Nascimento Pedro Martínez de Luna y Pérez de Gotor
25 de novembro de 1328
Papa Luna palace (Reino de Aragão)
Morte 23 de maio de 1423 (94 anos)
Castelo de Peníscola (Reino de Valência)
Cidadania Reino de Aragão
Progenitores
  • Juan Martinez de Luna, Senor Illueca
  • Maria Teresa Pérez de Gotor y Zapata
Irmão(ã)(s) Juan Martinez de Luna, Señor de Illueca
Alma mater
Ocupação padre católico de rito romano, professor universitário, bispo católico romano
Religião Igreja Católica
Antipapa Bento XIII

O Antipapa Bento XIII, nascido Pedro Martínez de Luna (13281423), mais conhecido como Papa Luna, foi um antipapa de origem aragonesa eleito pelos cardeais de Avinhão para suceder ao Antipapa Clemente VII em 1394, durante o Grande Cisma do Ocidente.

Pedro de Luna foi um protegido do Papa Gregório XI que o fez Cardeal em 1375. Após a sua morte, participou no conturbado conclave que elegeu Urbano VI e foi um dos poucos cardeais que permaneceu em Roma durante os motins que rodearam esta eleição. Pouco depois, a personalidade conflituosa de Urbano VI afastou-o do círculo próximo do Papa e a 20 de Setembro de 1378 esteve presente na reunião que nomeou Clemente VII substituto de Urbano e iniciou o cisma do Ocidente. Regressando a Avinhão com Clemente VII, foi nomeado legado papal para as Espanhas.

A 28 de Setembro de 1394, Pedro de Luna foi eleito Papa em Avinhão por unanimidade. Uma das condições requeridas pelos Cardeais era a promessa de, se necessário fosse, abdicar do pontificado para resolver o cisma. Bento XIII aceitou dar a sua palavra. Em 1395 os Cardeais franceses iniciaram negociações para pôr fim ao cisma, mas para seu espanto, Bento XIII voltou com a promessa atrás e recusou-se a colaborar. Em resultado, a Igreja de França retirou o seu apoio a Avinhão em 1398. Bento XIII foi preso no mesmo ano no seu palácio de Avinhão.

Em 1403 consegue fugir para as terras de Luís II, Duque de Anjou e recupera parte do seu poder. De Anjou, enviou emissários a Roma para negociar uma resolução com o Papa Bonifácio IX, mas o Papa romano declinou ter qualquer interesse em discutir termos. O seu sucessor Inocêncio VII manteve a mesma posição, adiando uma solução diplomática.

Em 1409 reuniu-se o concílio de Pisa, que depôs Gregório XII e Bento XIII, substituindo-os por Alexandre V que não obteve reconhecimento nem dos dois papas rivais nem de nenhuma casa real. Mesmo assim, Alexandre V tomou Avinhão, obrigando Bento XIII a fugir para Peñíscola, em Aragão.

Em 1414 iniciou-se o Concílio de Constança. Após três anos de negociação que envolveram os poderes seculares e ecuménicos, chegou-se a um acordo que previa a demissão dos três papas rivais João XXIII (sucessor de Alexandre V), Gregório XII (sucessor de Inocêncio VII) e Bento XIII, e a instalação em Roma do Papa Martinho V, universalmente aceite.

Bento XIII recusou-se a abdicar e refugiou-se em Peníscola, em 21 de Julho de 1411, comparando a fortaleza à Arca de Noé. Apesar de ter perdido quase todos os seus apoiantes nunca reconheceu Martinho V como papa. Os seus secretários acabavam as cartas com estas palavras: script in arca Nohe, in domo Dei ubi est vera ecclesia (escrita na Arca de Noé, na Casa de Deus onde está a verdadeira igreja).

Morreu em 23 de maio de 1423, convencido do seu próprio estatuto. Um dia antes da sua morte, nomeou Cardeais quatro dos seus seguidores, para assegurar a continuidade do seu papado.

Em 10 de Junho de 1423, três dos quatro cardeais nomeados (Julián Lobera, Jimeno Dahé e Domenica de Bonnefoi), reuniram-se no Castelo de Peníscola e elegeram o aragonês Gil Sanches, Papa, ficando conhecido como Antipapa Clemente VIII, segundo Papa de Peníscola, que governou entre 1424 e 1429. A sua renúncia ao cargo em San Mateo de Castellón em 15 de Agosto de 1429 acabou definitivamente com o Cisma do Ocidente.

O quarto Cardeal, Jean Carrier, de Rodez, Toulouse, nomeou o padre de Rodez, Bernard Garnier como Bento XIV.

Pedro de Luna e Portugal

[editar | editar código-fonte]

Pedro de Luna foi o enviado de Clemente VII a Portugal aquando do fim das guerras fernandinas. Depois de alcançado um acordo em Agosto de 1382, que ficou conhecido como Tratado de Elvas, a solicitação de Pedro de Luna, Clemente VII foi reconhecido oficialmente Papa por D. Fernando (além de França, Escócia, Sicília, Castela, Aragão e Navarra).

Com a subida ao poder de João I, na crise de 1383-1385, Portugal muda a sua política externa e passa a apoiar o Papa de Roma.

  • Hughes, Philip E. (1947). A History of the Church:Volume 3: The Revolt Against the Church: Aquinas to Luther (em inglês). Londres: Continuum International Publishing Group. ISBN 978-0-7220-7983-6 
  • Brusher, Rev. Joseph Stanislaus (1980). «The Great Schism». Popes through the Ages 3ª ed. [S.l.]: Neff-Kane. ISBN 978-0-89141-110-9 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Antipope Benedict XIII