Arquitetura dravídica – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pancha Ratas, um monumento com arquitetura dravídica

Arquitetura dravídica foi um estilo arquitectónico que emergiu na região meridional do subcontinente indiano ou Índia do Sul. É constituída essencialmente por templos com torres piramidais de arenito, esteatito ou granito. Mencionado como um dos três estilos de construção de templos no antigo livro Vastu Shastra, a maioria das estruturas existentes encontram-se nos estados indianos do sul de Tamil Nadu, Karnataka, Kerala e Andhara Pradesh.

Vários reinos e impérios tais como Chola, Chera, Kakatiya, Pandia, Palava, Ganga, Rastracuta, Chaluquia, Hoisala e Reino de Bisnaga entre outros, exerceram um contributo significativo para o desenvolvimento da arquitetura dravídica. Este estilo arquitectónico pode ainda ser encontrado em algumas regiões do norte da Índia (Fortaleza de Gwalior, Bhitargaon, Baitala Deula, Bhubaneshwar) nordeste e centro do Sri Lanka, Maldivas e várias partes do sudeste asiático. Angkor Wat no Camboja e Prambanan na Indonésia, são também elas construções baseadas na arquitetura dravídica.

Durante o período Tamilakam, o rei era visto como um ser de natureza divina que encerrava em si significativa importância religiosa.[1] Representante de Deus na terra, o rei vivia num palácio denominado "koyil" que significa a "residência de um deus". O vocábulo tâmil moderno para "templo" é Koil (em tâmil: கோயில்). Era também atribuído aos reis um ritual de adoração.[2][3] Palavras modernas para deus como "kō" (em tâmil: கோ, "Rei"), "iṟai" (em tâmil: இறை, "imperador") e "āṇḍavar" (em tâmil: ஆண்டவன், "conquistador") agora referem-se geralmente aos deuses.[4] Tolkāppiyam é referente aos Três Reis Coroados tal como os "Três Glorificados pelo Céu" (em tâmil: வாண்புகழ் மூவர், Vāṉpukaḻ Mūvar).[5] Na língua dravídica do sul, o conceito de realeza divina foi conducente à atribuição de papéis principais pelo estado e templo.[6]~

Os textos Mayamata e Manasara shilpa que estima-se terem sido utilizados entre os séculos V e VII d.C., compõem um manual no estilo dravídico de projeto, construção, escultura e técnicas de marcenaria de Vastu Shastra.[7][8] Isanasivagurudeva paddhati é outro texto que remonta do século IX e descreve a arte de construir no sul e centro da Índia.[7][9] No norte da Índia, o Brihat-samhita de Varāhamihira é um antigo manual sânscrito amplamente citado no século VI que ilustra a construção e concepção do estilo Nagara dos templos hindus.[10][11][12] A arquitetura tradicional dravídica e o simbolismo baseiam-se também em Agamas. Os Agamas são de origem não-védica[13] e foram datados tanto como textos pós-védicos[14] como composições pré-védicas.[15] Os Agamas são uma coleção de escrituras em tâmil e sânscrito que representam sobretudo os métodos de construção dos templos e criação de Murti, através do culto de divindades, doutrinas filosóficas, práticas meditativas, concretização dos desejos sêxtuplos e os quatro tipos de yoga.[16]

Referências

  1. Harman, William P. (1992). The sacred marriage of a Hindu goddess. [S.l.]: Motilal Banarsidass Publ. 6 páginas 
  2. Anand, Mulk Raj (1980). Splendours of Tamil Nadu. [S.l.]: Marg Publications 
  3. Chopra, Pran Nath (1979). History of South India. [S.l.]: S. Chand 
  4. Bate, Bernard (2009). Tamil oratory and the Dravidian aesthetic: democratic practice in south India. [S.l.]: Columbia University Press 
  5. A. Kiruṭṭin̲an̲ (2000). Tamil culture: religion, culture, and literature. [S.l.]: Bharatiya Kala Prakashan. 17 páginas 
  6. Embree, Ainslie Thomas (1988). Encyclopedia of Asian history: Volume 1. [S.l.]: Scribner. ISBN 9780684188980 
  7. a b Stella Kramrisch (1976), The Hindu Temple Volume 1 & 2, ISBN 81-208-0223-3
  8. Tillotson, G. H. R. (1997). Svastika Mansion: A Silpa-Sastra in the 1930s. South Asian Studies, 13(1), pp 87-97
  9. Ganapati Sastri (1920), Īśānaśivagurudeva paddhati, Trivandrum Sanskrit Series, OCLC 71801033
  10. Michael Meister (1983), Geometry and Measure in Indian Temple Plans: Rectangular Temples, Artibus Asiae, Vol. 44, No. 4, pp 266-296
  11. Heather Elgood (2000), Hinduism and the religious arts, ISBN 978-0304707393, Bloomsbury Academic, pp 121-125
  12. H Kern (1865), The Brhat Sanhita of Varaha-mihara, The Asiatic Society of Bengal, Calcutta
  13. Mudumby Narasimhachary (Ed) (1976). Āgamaprāmāṇya of Yāmunācārya, Issue 160 of Gaekwad's Oriental Series. Oriental Institute, Maharaja Sayajirao University of Baroda.
  14. Tripath, S.M. (2001). Psycho-Religious Studies Of Man, Mind And Nature. Global Vision Publishing House. ISBN 9788187746041. [1]
  15. Nagalingam, Pathmarajah (2009). The Religion of the Agamas. Siddhanta Publications. [2]
  16. Grimes, John A. (1996). A Concise Dictionary of Indian Philosophy: Sanskrit Terms Defined in English. State University of New York Press. ISBN 9780791430682. LCCN 96012383. [3]