Arthur Nory Mariano – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Arthur Nory Mariano
Arthur Nory Mariano
Ginástica
Nome completo Arthur Nory Oyakawa Mariano
Apelido Nono
Modalidade Artística masculina
Especialidade solo, barra fixa
Representante Brasil
Nascimento 18 de setembro de 1993 (31 anos)
Campinas, SP
Nacionalidade brasileira
Compleição Peso: 70 kg • Altura: 1,70 m
Clube Pinheiros
Medalhas
Jogos Olímpicos
Bronze Rio 2016 Solo
Campeonatos Mundiais
Ouro Stuttgart 2019 Barra fixa
Bronze Liverpool 2022 Barra fixa
Jogos Pan-Americanos
Ouro Lima 2019 Equipe
Ouro Santiago 2023 Barra fixa
Prata Toronto 2015 Equipe
Prata Lima 2019 Individual geral
Prata Lima 2019 Barra fixa
Prata Santiago 2023 Solo
Prata Santiago 2023 Salto
Bronze Santiago 2023 Equipe

Arthur Nory Oyakawa Mariano (Campinas, 18 de setembro de 1993)[1] é um atleta de ginástica artística brasileiro, competindo no individual geral. Atualmente faz parte do Clube Pinheiros e da Seleção Brasileira de Ginástica Artística.[2] Foi medalhista de bronze no solo nas Olimpíadas Rio 2016 , prata no individual geral nos Jogos Pan-Americanos 2019 em Lima no Peru e campeão mundial em Stuttgart 2019.

Nory sempre foi apaixonado por esportes, nasceu em Campinas, num lar de esportistas, a mãe (Nadna Oyakawa) foi nadadora e o pai (Roberto Mariano), judoca. Começou cedo, aos seis anos, sob influência do pai, ingressou no judô no Palmeiras, chegou a até ser faixa laranja (sexta graduação). Graças aos exemplos de Diego Hypólito e Daiane dos Santos, descobriu sua paixão pela ginástica aos 10 anos (2004). Com relação ao apoio familiar no esporte, quando seus pais se separaram, sua mãe (Nadna) dava aulas de educação física e Nory falou para ela sobre a sua vontade de praticar ginástica, tendo seu apoio. O apoio do pai (Roberto) só aconteceu após conversa com o técnico e psicóloga, vendo que seu filho tinha potencial.[3] Decidiu então mudar de modalidade, foi para o Clube "Pelezão", da Prefeitura de São Paulo, mas seu pai o instigou a não abandonar o judô, queria que o filho fosse faixa preta (décima graduação). Aos 11, trocou de clube, viu que não tinha mais como crescer no clube municipal, fez um teste para o Esporte Clube Pinheiros e passou.[4] Arthur ficou um ano nos dois esportes, mas resolveu dedicar-se inteiramente a ginástica, no individual geral que contempla seis modalidades (solo, salto, barra fixa, paralelas, argolas e cavalo com alças) demandando uma dedicação maior, com 7 horas de treinos diários.[5]

Em julho de 2016 foi incorporado pelo Comando da Aeronáutica (COMAER) como um dos novos 34 sargentos no Programa de Atletas de Alto Rendimento. Desta forma, passa a possuir a graduação de Terceiro-Sargento, integrando o Quadro de Sargentos da Reserva de 2ª Classe Convocados. Os militares atletas representam as Forças Armadas do Brasil em torneios desportivos militares nacionais e internacionais.[6][7]

Sua dedicação e esforço deram frutos: foi 2º lugar na Copa do Mundo, na categoria individual geral e 4º lugar em salto nos Jogos da Juventude. Atualmente é o 4º no ranking mundial na modalidade Barra Fixa[8] e 3º no solo nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

2016: Olimpíadas do Rio

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As Olimpíadas Rio 2016 foram as primeiras na história em que Brasil teve as duas equipes (masculina e feminina) completas em uma Olimpíada.[9] Esse fato é considerado algo importantíssimo para a Ginástica brasileira, pois enalteceu o esporte no país, ainda mais com os resultados positivos alcançados.

Os convocados para a seleção foram: Arthur Mariano (Nory), Arthur Zanetti (conseguiu prata nas argolas), Diego Hypólito (conseguiu prata no solo), Francisco Barretto Júnior e Sérgio Sasaki. Caio Souza e Lucas Bitencourt foram os ginastas reservas. Os técnicos foram: Cristiano Albino, Marcos Goto e Renato Araújo, os Chefes de equipe foram Leonardo Finco e o Árbitro era Robson Caballero.[9]

Com apenas 22 anos, Nory competiu com veteranos, conseguiu uma classificação para a final de solo mesmo tendo alcançado o 9º lugar, por causa do regulamento que só permitia que dois atletas de um mesmo país competissem numa mesma modalidade, ou seja, entre os oito primeiros na eliminatória, havia três japoneses, assim, Nory conseguiu a passagem para a sonhada medalha olímpica. Na final, ele e Diego Hypólito superaram o japonês Kenzo Shirai, atual campeão mundial e tido como o favorito para a prova, ele errou e ficou fora do pódio. Diego Hypólito conseguiu a medalha de prata com 15.533. O ouro ficou com o britânico Max Whitlock, 15.633. Nory fez uma apresentação sólida: 15.433 e contou com erros dos rivais para garantir o bronze.[10]

Além do bronze, nas finais, Nory alcançou os seguintes resultados: 6º lugar por Equipes Geral Masculino (nota: 263,728) e 17º no individual geral masculino (nota: 87,331).[1]

As Olimpíadas Rio 2016 trouxeram muitos frutos para carreira de Nory. Além do bronze, Nory ganhou mais visibilidade em sua principal rede social, tendo um aspecto positivo para a sua carreira e a para a Ginástica Brasileira (são quase dois milhões de seguidores no Instagram[11]) e ainda foi homenageado juntamente com Diego Hypólito pela Prefeitura do Rio, com a construção de duas escolas: Escola Municipal Ginásio Medalhista Olímpico Diego Matias Hypólito e o Espaço de Desenvolvimento Infantil (EDI) Medalhista Olímpico Arthur Nory Oyakawa Mariano. O Espaço de Desenvolvimento atenderá 300 crianças.[12]

Terceiro sargento da Aeronáutica

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Um fato que gerou bastante polêmica foi vários atletas prestarem continência no pódio, como foi o caso de Arthur Nory e de outros atletas militares (68% dos medalhistas olímpicos brasileiros).[13]

Nory, assim como os demais atletas militares, participa do Programa Atleta de Alto Rendimento das Forças Armadas, criado em 2008 e por estar inserido nesse programa, ganhou o título de Terceiro-Sargento das Forças armadas. Esse título é uma honraria e não tem relação com práticas militares. Na prática o atleta recebe treinamento militar por 45 dias, uma bolsa mensal (cerca de 3.200 reais brutos), seguro médico e direito de usar as instalações do Exército, Marinha ou Aeronáutica.[14]

O apoio foi agradecido por Nory que quando ganhou o bronze disse "Agora é comemorar com as pessoas que sempre estiveram perto, que de fato acreditaram em mim."[15]

A maior crítica não é com relação as Forças Armadas, mas a falta de interesse do governo federal em apoiar os atletas brasileiros: “O protagonismo das Forças Armadas nestes Jogos é um sinal da deficiência que o Brasil tem para manter, desenvolver e sustentar seus atletas. Como não há condições para fortalecer as estruturas que formam esses atletas, especialmente os clubes, os militares acabam ocupando esse espaço”, avalia Pedro Trengrouse, professor da FGV-Rio de Aperfeiçoamento em Gestão de Esportes.[16]

No feriado de 7 de Setembro de 2016, Nory foi convidado pela Aeronáutica para participar do desfile em Brasília. Como Terceiro-Sargento ele conduziu uma tocha com o Fogo Simbólico junto com outros atletas militares e da Guarda de Honra.[17]

Caso de racismo

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Em 15 de maio de 2015, Arthur Nory Mariano, Fellipe Arakawa e Henrique Flores, apareceram em um vídeo divulgado na rede social Snapchat de Mariano, dando declarações consideradas racistas quanto ao também atleta da seleção brasileira de ginástica artística, Ângelo Assumpção.[18] Posteriormente, devido a repercussão, Mariano publicou um vídeo no Instagram dizendo que tudo não passava de uma "brincadeira" e que estava arrependido.[19]

"Fala galera, gostaríamos de pedir publicamente sinceras desculpas ao nosso amigo Ângelo Assumpção. Aqui é uma equipe, aqui está tudo bem. Exageramos e passamos dos limites. O dia a dia, quem está presente sabe como é. Está repercutindo de uma forma negativa pra ter matérias. Aqui todo mundo gosta de todo mundo e sabe o que passamos. Por favor, não entendam mal! A gente conversa com o Ângelo normal. A gente está com o Ângelo normal. A galera não consegue entender a brincadeira. Quem me conhece, sabe como eu sou "

— disse Arthur Mariano

A Confederação Brasileira de Ginástica emitiu uma nota dizendo que repudia "qualquer forma de racismo" e comprometendo-se a apurar a situação. No dia 20, a organização decidiu que os atletas envolvidos no vídeo seriam "afastados por 30 dias ou até a decisão final" - onde os atletas foram impedidos de participar de eventos nacionais e internacionais e tiveram suas bolsas e incentivos financeiros suspensos, e encaminhou o caso para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva.[20] Seis dias depois, todos os ginastas foram ouvidos e tiveram suas versões dos fatos registrados.[21] Na saída, Ângelo distribuiu abraços aos companheiros da Seleção Brasileira, e foi embora com um membro da comissão técnica.[22]

A audiência do processo ocorreu em 4 de junho de 2016, na sede do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio de Janeiro. Durante o depoimento, os ginastas admitiram que a brincadeira havia sido infeliz, e afirmaram não ter a intenção de ofender Ângelo Assumpção. A procuradora Adriana Soli, então, encaminhou o pedido de arquivamento do processo à presidência do STJD, que acabou acatando o pedido.[23] Durante evento de um dos seus patrocinadores, em julho de 2016, Assumpção disse que foi impedido de falar sobre o assunto, por ordens da Confederação Brasileira de Ginástica, mas que "o relacionamento com os atletas ainda está mexido. Principalmente, com quem causou tudo isso que foi o Arthur Nory. Ele era meu amigo há mais de 10 anos, sempre soube que não poderia ter me exposto daquela maneira. O vídeo que ele (Arthur) fez foi a gota d’água. Depois, ainda achou tudo normal. Não acatei por completo a desculpa dele. O convívio continua, somos companheiros de clube e de seleção (Pinheiros-SP), mas a amizade não é a mesma", disse. Sobre os demais atletas, Assumpção afirmou que "não fiquei tão magoado. Nos conhecemos há cinco anos e sei que foi um caso isolado. Mas com o Arthur eu sei que não foi bem assim. Ele sempre passou dos limites, me pedia desculpas, mas nunca mostrou uma mudança de atitude. Sempre voltou a fazer as mesmas brincadeiras".[24] Até hoje, Maria Luciene, presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, não se pronunciou sobre o caso. Assumpção diz que por ser uma "situação que eu estava acostumado a lidar (...) preferiram me blindar. Eles (a CBG) não queriam que eu falasse".[24][25]

Durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, Arthur Mariano disse, em entrevista que "tem momentos na vida em que todo mundo comete um erro. Eu cometi realmente um erro. Mas realmente estou arrependido. Sofri muito e sofro até hoje. Nada de patrocínio. Foi realmente uma fatalidade. O perdão do meu amigo eu já tive, somos uma família. A gente amadurece com os erros. É aprender aquilo e nunca mais repetir, crescer como pessoa e dar o melhor como pessoa."[26]

Principais resultados

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Ano Evento AA Equipe Solo Cavalo com alças Argolas Salto sobre o cavalo Barras paralelas Barra fixa
2010 Jogos Olímpicos da Juventude
2013 Copa do Mundo - Doha Medalha de prata
Copa do Mundo - Anadia
2014 Campeonato Mundial de Ginástica Artística 21º
2015 Jogos Pan-Americanos Medalha de prata
Copa do Mundo - Osijek Medalha de ouro
Campeonato Mundial de Ginástica Artística 12º
2016 Copa do Mundo - Glasgow Medalha de prata
Copa do Mundo - Stuttgart Medalha de bronze
Copa do Mundo - São Paulo Medalha de ouro
Jogos Olímpicos|[27] 17º Medalha de bronze
2017 Copa do Mundo - Varna Medalha de bronze
2019 Jogos Pan-Americanos Medalha de prata Medalha de ouro Medalha de prata
Campeonato Mundial de Ginástica Artística Medalha de ouro
2023 Copa do Mundo - Osijek Medalha de prata
2023 Jogos Pan-Americanos Medalha de bronze Medalha de prata Medalha de prata Medalha de ouro

Referências

  1. a b «Mariano Arthur». Rio 2016. Consultado em 21 de setembro de 2016 
  2. «Arhur Nory - Ficha». Esporte Clube Pinheiros. Esporte Clube Pinheiros. 12 de maio de 2015. Consultado em 12 de maio de 2015 
  3. «Bronze no Rio, Arthur Nory começou no judô e contrariou plano do pai - Olimpíada no Rio | Folha». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 10 de outubro de 2016 
  4. Marcos Guerra (17 de junho de 2013). «Arhtur Nory Desponta na Ginástica». Globo Esporte. Consultado em 10 de maio de 2015 
  5. Amanda Romanelli (23 de setembro de 2013). «Ex Judoca Nory Disputa o Primeiro Mundial de Ginástica». Estadão.com.br. Consultado em 10 de maio de 2015 
  6. «Com 33 novos atletas de alto rendimento, FAB contabiliza 203 militares no programa». Folha Militar Online. 5 de julho de 2016. Consultado em 9 de agosto de 2016 
  7. Assessoria Ministério da Defesa, Assessoria Ministério da Defesa (Julho de 2016). «Atletas Militares Olímpicos». Ministério da Defesa. Consultado em 9 de agosto de 2016 
  8. «Bronze no Rio, Arthur Nory começou no judô e contrariou plano do pai». Bronze no Rio, Arthur Nory começou no judô e contrariou plano do pai. Folha Uol. Consultado em 15 de agosto de 2016 
  9. a b «CBG anuncia Seleções Brasileiras de Ginástica Artística para os Jogos Olímpicos da CBG - Confederação Brasileira de Ginástica». CBG - Confederação Brasileira de Ginástica. Consultado em 15 de agosto de 2016 
  10. «Arthur Nory fala sobre decisão de dificultar sua série na Olimpíada». 14 de agosto de 2016. Consultado em 15 de agosto de 2016 
  11. «Arthur Nory (@arthurnory) • fotos e vídeos do Instagram». www.instagram.com. Consultado em 21 de setembro de 2016 
  12. «Escolas que homenageiam Diego Hypolito e Arthur Nory são inauguradas no Rio». Consultado em 15 de setembro de 2016 
  13. «Atletas militares conquistam 68% das medalhas brasileiras». Portal Brasil. Consultado em 15 de setembro de 2016 
  14. «Terceiro-sargento da Aeronáutica, Nory faz gesto que levantou polêmica no Pan - Olimpíada no Rio | Folha». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 15 de setembro de 2016 
  15. «Terceiro-sargento da Aeronáutica, Nory faz gesto que levantou polêmica no Pan». www1.folha.uol.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 21 de setembro de 2016 
  16. «Forças Armadas, as caçadoras de medalhas». 18 de agosto de 2016. Consultado em 15 de setembro de 2016 
  17. «7 de Setembro: atleta militar, Arthur Nory participa de desfile». Veja. Consultado em 15 de setembro de 2016 
  18. «Vídeo postado por atleta expõe racismo na seleção de ginástica artística». O Globo. 15 de junho de 2015. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  19. Guerra, Marcos (15 de maio de 2016). «Ginastas minimizam "brincadeira" vista como racista: "Passamos dos limites"». Globoesporte.com. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  20. Guerra, Marcos (20 de maio de 2016). «Após "brincadeira" vista como racista, ginastas são suspensos da seleção». Globoesporte.com. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  21. Dolzan, Marcio (26 de maio de 2015). «Atletas da ginástica são ouvidos no STJD sobre suposto racismo». O Estado de S. Paulo. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  22. Soares, Thales (26 de março de 2015). «Ginastas depõem sobre "brincadeira" racista e saem sem falar com imprensa». Globoesporte.com. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  23. «STJD arquiva caso de piada racista envolvendo ginastas da Seleção». Zero Hora. 2 de julho de 2016. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  24. a b Costa, Victor (30 de julho de 2016). «Vítima de racismo, Ângelo Assumpção diz que foi impedido de falar sobre o caso pela CBG». O Globo. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  25. Fontes, Carol (29 de julho de 2016). «"De luto" com Nory após "brincadeira" racista, Angelo supera mágoa por 2016». Globoesporte.com. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  26. «Arthur Nory fala sobre decisão de dificultar sua série na Olimpíada». 14 de agosto de 2016. Consultado em 21 de setembro de 2016 
  27. «Seleção Masculina de Ginástica Artística fica em sexto lugar por equipes». Comitê Olímpico Brasileiro. 8 de agosto de 2016. Consultado em 9 de agosto de 2016 

Ligações externas

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