Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) foi criada por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas.[1][2]

O objetivo é organizar uma associação mantida pelos próprios jornalistas, sem fins lucrativos, que promova congressos, seminários, oficinas especializadas, que cuide do aperfeiçoamento profissional dos jornalistas interessados no tema 'investigação', que edite livros sobre o assunto, que seja um fórum de trocas de experiências.[1][2] A ABRAJI também dá apoio institucional para o Prêmio Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados

A iniciativa nasceu no seminário 'Jornalismo Investigativo: Ética, Técnicas e Perigos'. O evento foi organizado pelo Centro Knight de Jornalismo nas Américas, da Universidade do Texas, dirigido pelo jornalista brasileiro Rosental Calmon Alves. No final, os jornalistas se perguntaram por que não havia ainda no Brasil uma instituição parecida com a IRE (Investigative Reporters & Editors), criada pelos jornalistas dos Estados Unidos, ou o Centro de Periodismo de Investigación, mexicano.[3][4]

O primeiro passo foi uma troca de e-mails entre um grupo de 45 jornalistas de várias redações de várias cidades, iniciativa do Marcelo Beraba, diretor da sucursal da Folha de S. Paulo no Rio de Janeiro à época. Em seguida, diante da boa acolhida e da chegada de novos jornalistas, Rosental ajudou a organizar uma lista de discussao por e-mail (listserv). Os computadores da Universidade do Texas, onde o Rosental leciona, hospedam a lista de discussão que reúne os interessados em participar desta experiência.[3]

A associação foi formalmente constituída em 2003, após um seminário na Universidade Estadual de Londrina.[carece de fontes?] O 1º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo foi promovido pela Abraji em 2005, na PUC-RJ, com mais de 300 participantes. A Abraji conta com mais de 500 sócios, entre estudantes e profissionais. Já treinou centenas de jornalistas em técnicas de reportagem, especialmente de Reportagem com Auxílio do Computador.[3][não consta na fonte citada]

Em 2020, a ABRAJI conduziu seu primeiro congresso virtual, sem custos para os seus participantes, devido à Pandemia de COVID-19. Mais de 10,000 pessoas participaram do congresso virtual.[5]

Jornalismo investigativo

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Em 2018, o projeto Ctrl+X, projeto da associação que monitora tentativas de cercear informações na Internet, noticiou que políticos brasileiros foram à Justiça Eleitoral 340 vezes para esconder informações publicadas na Internet, como notícias negativas e postagens críticas à candidatos das eleições de 2018.[6][7]

Em 2019, dados do projeto Ctrl+X, informaram que mais de 800 políticos brasileiros recorreram à processos judiciais pedindo que conteúdos da internet fossem removidos entre 2018 e 2019. Em 93,5% dos casos, eles alegaram "difamação" para censurar informações.[8]

Em dezembro de 2019, a ABRAJI divulgou um estudo que mostra que órgãos do governo do Brasil passam informações insatisfatórias sobre seus dados à imprensa brasileira.[9]

Em março de 2021, A ABRAJI registrou 174 casos onde figuras públicas brasileiras bloquearam jornalistas no Twitter. Um desses casos era o do perfil de Jair Bolsonaro na rede social, que bloqueia pelo menos 50 jornalistas.[10]

A Abraji lançou um livro de jornalismo investigativo com "10 reportagens que abalaram a ditadura"[11] e sua continuação com "50 Anos de Crimes - Reportagens policiais que marcaram o jornalismo brasileiro."[12]

  • 2003: ganhou o Esso de Melhor Contribuição à Imprensa, por "contribuir para a melhoria da qualidade do jornalismo, além da defesa das prerrogativas profissionais do jornalismo"[13]
  • 2012: ganhou o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa [14]
  • 2013: Prêmio Faz Diferença: a Personalidade 2013[15][16]

Referências

  1. a b legypto (23 de junho de 2019). «Congresso Abraji terá mais de 70 painéis». Observatório da Imprensa. Consultado em 9 de julho de 2019. Cópia arquivada em 9 de julho de 2019 
  2. a b Bruno Lupion (11 de dezembro de 2012). «Seminário em São Paulo celebra 10 anos da Abraji». Estadão. Consultado em 9 de julho de 2019. Cópia arquivada em 9 de julho de 2019 
  3. a b c «Quem Somos». Abraji. Consultado em 9 de julho de 2019. Cópia arquivada em 9 de julho de 2019 
  4. «Abraji comemora 10 anos». abraji.org.br. Consultado em 4 de março de 2021 
  5. Estarque, Marina (17 de setembro de 2020). «Após congresso virtual com 10 mil participantes, Abraji avalia modelo híbrido para os próximos anos». LatAm Journalism Review by the Knight Center (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2021 
  6. «ABRAJI - Ctrl+X - Notícias - Políticos já foram 340 vezes à Justiça em 2018 para esconder informações da internet». www.ctrlx.org.br. Consultado em 4 de março de 2021 
  7. «Candidatos acionam Justiça para retirar conteúdo negativo da internet». Agência Brasil. 2 de outubro de 2018. Consultado em 4 de março de 2021 
  8. «Ministro do Turismo tenta aplicar censura à Folha de S.Paulo». Abraji. Consultado em 4 de março de 2021. A ação de Antônio se soma aos mais de 800 processos em que políticos pediram a retirada de conteúdos da internet em 2018 e 2019, segundo dados do projeto Ctrl+X, da Abraji. A difamação foi pretexto para o pedido de censura em 93,5% dos casos. 
  9. Órgãos federais atendem pedidos de informação, mas respostas são insatisfatórias, mostra estudo da Abraji
  10. «Abraji registra 174 casos de bloqueios de jornalistas por autoridades brasileiras no Twitter». LatAm Journalism Review by the Knight Center (em inglês). 24 de março de 2021. Consultado em 4 de abril de 2021 
  11. «10 reportagens que abalaram a ditadura». www.abraji.org.br. Consultado em 4 de março de 2021 
  12. «50 Anos de Crimes - Reportagens policiais que marcaram o jornalismo brasileiro». Abraji. Consultado em 12 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 26 de janeiro de 2019 
  13. «Prêmio Esso de Jornalismo 2003». Prêmio Esso. Consultado em 23 de março de 2020. Arquivado do original em 11 de agosto de 2010 
  14. Barros, Jorge Antonio. «Abraji recebe Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa»Subscrição paga é requerida. Ancelmo - O Globo. Consultado em 4 de março de 2021. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo foi homenageada hoje com o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa. O troféu foi concedido durante o 9º Congresso da Associação Nacional e Jornais, realizado em São Paulo [...] O jornalista Fernando Rodrigues, diretor da Abraji, recebeu o prêmio em nome do presidente Marcelo Moreira e considerou-o "uma honra muito grande" e "um reconhecimento dos jornais", que recompensa o trabalho da associação, principalmente pelo seu caráter apartidário, voluntário e independente. Ele relembrou a criação da associação em 2002, "em um momento trágico do jornalismo brasileiro": o assassinato de Tim Lopes. 
  15. «Faz Diferença: festa homenageará os que se destacaram em 2013». Extra Online. Consultado em 4 de março de 2021 
  16. «Faz Diferença premia destaques de 2013». O Globo. 26 de março de 2014. Consultado em 4 de março de 2021 

Ligações externas

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