Automotriz Ouro Branco – Wikipédia, a enciclopédia livre

Automotriz Ouro Branco (EFS)

Automotriz Ouro Branco em um viaduto da linha São Paulo-Bauru da Estrada de Ferro Sorocabana, 1939.
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Interior de um dos carros Classe Única, 1939.
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Período de serviço 1939-1969
Fabricante Gebrüder Credé/Linke-Hofmann-Busch-Werke
Fábrica Kassel/Breslávia
Período de construção 1938-1939
Entrada em serviço 1939
Período de renovação 1956
Período de desmanche 1970
Total construídos 2
Total em serviço 0
Total desmanchados 2
Total preservados 0
Formação M+R+M
Capacidade 132 passageiros
Operador Estrada de Ferro Sorocabana
Depósitos Barra Funda, Sorocaba, Samaritá
Especificações
Corpo aço carbono e
aço inoxidável
Comprimento do veículo 50 m
Largura 2,75 m
Altura 3,30 m
Altura do Piso 0,75 m
Portas 8 portas de folha simples
2 nos carros motores
4 no carro reboque
Velocidade máxima 105/110 km/h
Peso 75 t (vazio)
Tipo de tração diesel-mecânica
Motor Humboldt-Deutz de 12 cilindros
Potência 275 CV
Tipo de transmissão mecânica, tipo Mylius
Freios ar comprimido Hildebrand-Knorr
Acoplamento engates Henricot
Bitola 1000 mm

A Automotriz Ouro Branco (EFS) foi um modelo de automotriz diesel-mecânica projetado e construído na Alemanha pelas empresas Gebrüder Credé e Linke-Hofmann-Busch Werke no final da década de 1930 para a Estrada de Ferro Sorocabana. Projetada especialmente para a bitola métrica, a automotriz tinha velocidade máxima de 105 quilômetros por hora e capacidade para transporte de 132 passageiros (divididos por duas classes). Inicialmente empregada na rota São Paulo - Bauru, acabou sendo transferida para a rota São Paulo – Santos, onde operou até 1969, quando foi retirada de serviço e sucateada em 1970.[1][2]

Projeto e construção

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O governo de São Paulo lançou um amplo programa de modernização da Estrada de Ferro Sorocabana na década de 1930, incluindo a renovação do transporte de passageiros no estado. Utilizando-se de créditos obtidos na Alemanha com a venda de café e algodão, o governo paulista adquiriu em 1936 carros de passageiros e automotrizes das empresas alemãs Linke-Hofmann-Busch Werke e Gebrüder Credé. Os 24 carros de passageiros formaram os trens Ouro Verde (em alusão ao café) enquanto que as duas automotrizes foram batizadas de Ouro Branco (em alusão ao algodão).[3]

As duas automotrizes de três carros foram fabricadas em Bresláva e Kassel. Cada uma foi equipada com dois motores Humboldt-Deutz, de 275 cavalos vapor, 12 cilindros e limite de 1500 RPM, caixa de transmissão mecânica tipo Mylius, truques convencionais da fábrica Jacobs, freios à ar comprimido Hildebrand-Knorr (com capacidade de frenagem de até 130% da tara dos carros), engates Henricot, carroceria mista, com partes em aço inoxidável e aço carbono. A carroceria foi construída pela empresa Gebrüder Credé, com uma composição mista de aço inoxidável na parte inferior e aço carbono na superior.[3]

Os trens foram embarcados para o Brasil em janeiro de 1939.[4] Após testes, a viagem inaugural do "Ouro Branco" entre São Paulo e Bauru foi realizada em 13 de abril de 1939. Após problemas técnicos, o trem foi retirado de circulação para reparos por algum tempo. Posteriormente as viagens foram alteradas para o trecho São Paulo-Botucatu. Com a Segunda Guerra Mundial, a importação de peças e insumos da Alemanha ficou restrita. Com isso, as automotrizes circularam cada vez menos até serem retiradas de serviço em 1944 por problemas mecânicos. Após quatro anos estacionadas no pátio Barra Funda, foram transferidas para as oficinas de Sorocaba, onde agudaram reparos até meados de 1952.[5][6][7]

Em 1952 os obsoletos motores Humboldt-Deutz foram substituídos por unidades Mercedes-Benz MB-846[6][8] e as automotrizes foram transferidas para o trecho São Paulo-Santos-Juquiá, sendo reformadas internamente. Em 3 de outubro de 1957 passaram a utilizar o Ramal de Jurubatuba para o acesso à Santos.[9] Com isso, o percurso entre as estações Julio Prestes e Ana Costa (Santos) era feito em 3h10. Aos poucos, as automotrizes foram perdendo espaço para novas locomotivas diesel adquiridas pela Sorocabana até serem retiradas de serviço em meados de 1969.[10]

Referências

  1. Flavio R. Cavalcanti (1 de março de 1994). «Trem Ouro Branco». Centro Oeste. Consultado em 10 de maio de 2020 
  2. Departamento Nacional de Estradas de Ferro-Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes (1972). «3-Equipamentos de Transporte- Automotrizes e Carros Motores (1969-1971)». Anuário Estatístico dos Transportes, página 126/Memória Estatística do Brasil-Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro-republicado no Internet Archive. Consultado em 10 de maio de 2020 
  3. a b «O desenvolvimento da E.F. Sorocabana, jóia do patrimônio de São Paulo». Correio Paulistano, ano LXXXV, edição 25417, página 8/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 15 de janeiro de 1939. Consultado em 10 de maio de 2020 
  4. «A Estrada de Ferro Sorocabana e o desenvolvimento da zona servida por suas linhas». Folha da Manhã, ano XIV, edição 4564, página 7. 26 de janeiro de 1939. Consultado em 13 de maio de 2020 
  5. «Uma obra que honra o Brasil:Em franco progresso a Estrada de Ferro Sorocabana». A Noite Ilustrada, ano, edição 584, página 43/ republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 1940. Consultado em 13 de maio de 2020 
  6. a b Nilo de Andrade Amaral (30 de julho de 1952). «Resposta 3417-S1552 ao requerimento de informações nº 38 de 1952 do deputado estadual Jânio Quadros» (PDF). Diário Oficial do estado de São Paulo, Caderno executivo, coluna 2, página 31. Consultado em 13 de maio de 2020 
  7. Ralph Mennucci Giesbrecht. «Estação Bauru (EFS)». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 13 de maio de 2020 
  8. Estrada de Ferro Sorocabana (18 de agosto de 1965). «Concorrência CPI-366-1» (PDF). Diário Oficial do estado de São Paulo, Caderno executivo, coluna 2, página 49. Consultado em 13 de maio de 2020 
  9. Governo do Estado (4 de outubro de 1957). «Inauguração de subúrbio» (PDF). Diário Oficial do estado de São Paulo, Ano LXVII, edição 223, Caderno executivo, coluna 3, página 1. Consultado em 13 de maio de 2020 
  10. Ralph Mennucci Giesbrecht. «Júlio Prestes-Santos». Estações ferroviárias do Brasil. Consultado em 13 de maio de 2020 
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