Dominância (genética) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ervilhas com vagem

Dominância, de acordo com as leis da genética descobertas por Gregor Mendel,[1] se refere à propriedade de alguns alelos, chamados de alelos dominantes, e, por convenção, representados por letras maiúsculas, como A, se manifestarem no fenótipo mesmo na presença de outros alelos, chamados de alelos recessivos e representados por letras minúsculas, como a.[2]

Ainda de acordo com Mendel, um indivíduo pode ser, em relação às características genéticas, classificado como homozigoto ou heterozigoto.[carece de fontes?] Um indivíduo homozigoto tem, para esta característica, dois alelos iguais, como AA ou aa, enquanto o heterozigoto tem alelos diferentes, no caso Aa (na biologia, a letra maiúscula vem primeiro).[1] O fenótipo é a combinação do genótipo com elementos ambientais, sendo que, nos casos onde existe um alelo dominante (no caso, A), o indivíduo heterozigoto terá o mesmo fenótipo do indivíduo homozigoto com o alelo dominante.[2]

O modelo de Mendel

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Ver artigo principal: Genética mendeliana

Gregor Mendel fez experimentos com plantas, e, por várias gerações, cruzou cada planta com ela mesma, de forma a obter indivíduos que fossem geneticamente mais puros. Ao cruzar plantas com flores púrpuras com plantas com flores brancas, o resultado, nesta primeira geração, foram apenas plantas de flores púrpuras. Porém, ao cruzar duas plantas da primeira geração, ele observou que a segunda geração se compunha, em 75% dos casos, de plantas de flor púrpura, e em 25% dos casos, em plantas de flor branca.[3]

O modelo elaborado para explicar estes dados foi que cada indivíduo possui dois fragmentos de informação para codificar cada característica (ou seja, são diploides). Após várias gerações de auto-cruzamento, estas duas informações são iguais. Durante a formação do gameta, este recebe apenas um dos dois elementos da informação, sendo chamados de haploides. Ao combinar dois gametas, um gameta paterno e outro materno, é recomposto o indivíduo diploide. Quando os dois pedaços de informação são iguais, o indivíduo é chamado de homozigoto, e quando são diferentes, de heterozigoto.[3]

A experiência das plantas, então, pode ser esquematizada abaixo. A geração inicial é formada apenas de indivíduos homozigotos, respectivamente AA para as plantas de flor púrpura, e a para as plantas de flor branca. Na primeira geração (chamada F1), como todos gametas de um lado são A e todos gametas do outro lado são a, todos indivíduos são Aa. Na segunda geração (F2), o pai pode fornecer a informação A ou a informação a, com igual probabilidade, e a mãe pode fornecer, igualmente, A ou a, com igual probabilidade, assim, esta geração é formada por 25% de indivíduos AA, 50% de Aa e 25% de aa. Como a informação da flor púrpura é dominante sobre a informação da cor branca, na geração F1 todas plantas tem flor púrpura, e na geração F2 3/4 das plantas tem flor púrpura.[3][Nota 1] Esquema baseado no livro:

AA
aa
Aa
Aa
A
a
A
a
AA
Aa
Aa
aa

Além da simples dominância, existem outras relações genéticas, como a codominância (em que o heterozigoto apresenta características de ambos os alelos) e a dominância incompleta (em que o heterozigoto apresenta um fenótipo intermediário entre o fenótipo dominante e o fenótipo recessivo).[4]

A classificação de um alelo como sendo dominante ou outra relação depende do nível de observação. Por exemplo, o alelo dito "recessivo" sempre é expresso, e portanto em nível molecular, sempre ocorre codominância. No entanto, em uma observação macroscópica, pode-se encontrar diferenças na cor dos indivíduos causada pela presença do alelo dominante, e faz sentido falar em dominância.[4]

O alelo dominante não necessariamente é mais comum na população. A doença de Huntington, por exemplo, é causada por um alelo dominante raro na população humana.[4]

Notas e referências

Notas

  1. No texto de D. J. Cove, o gene dominante é representado por + e o gene recessivo por w.

Referências

  1. a b Sadava, David; Craig Heller, Gordon H. Orians, William K. Purves, David M. Hillis (2014). Vida: A Ciência da Biologia 8ª ed. São Paulo, SP: Artmed Editora. p. 218. ISBN 8536320508 
  2. a b Phillip McClean (1998), Quantitative Genetics [em linha]
  3. a b c D.J. Cove, Genetics, 2. Patterns of inheritance II: diploid organisms p.12 [google books]
  4. a b c Netto, Regina Célia Mingroni (10 de março de 2012). «Dominante ou recessivo?». Genética na Escola (2): 28–33. ISSN 1980-3540. doi:10.55838/1980-3540.ge.2012.143. Consultado em 13 de janeiro de 2023