Banda desenhada franco-belga – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bibi Fricotin de Louis Forton

Banda Desenhada franco-belga é a banda desenhada criada na França e na Bélgica.

Na Europa, a língua francesa é falada nativamente não só na França, mas também em cerca de 40% da população da Bélgica e cerca de 20% da população da Suíça. A linguagem compartilhada cria um mercado artístico e comercial onde a identidade nacional é muitas vezes turva. Muitos outros países europeus são fortemente influenciados pela banda desenhada franco-belga.

A expressão "banda desenhada franco-belga" remete-nos às banda desenhadas publicadas pelos editores francófonos, mas mais especificamente a todos os estilos comuns à banda desenhada destes dois países ou influenciadas por eles.

Tentativa de definição

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Mural em homenagem a Hergé

A banda desenhada franco-belga como é indicado pela sua etimologia, é feita por autores de origens geográficas e culturais da França e da Bélgica. Estes países têm uma longa tradição na criação de banda desenhada que muito merecidamente ganhou o estatuto de nona arte. Não é à toa que o termo francês bandes dessinées não contém qualquer indicação ao estilo, ao contrário da palavra inglesa "comics" que, por si só, implica ser uma forma de arte para não ser levada a sério. Na verdade, a distinção da banda desenhada como a "nona arte" é comum em França sobe o termo (neuvième art).[nota 1]

Os estilos dominantes são a linha clara, de Hergé, criador de Tintim e o estilo atómico ou "escola de Marcinelle" de artistas do Jornal Spirou como Jijé, Morris e Peyo,[1] esse último se caracteriza por personagens de narizes grandes.[2]

No entanto, após a década de 60, com a influência de novas revistas, como Hara-Kiri, Pilote, Métal Hurlant ou (A SUIVRE), e com editoras como a Casterman, Les Humanoïdes Associés e Futuropolis, a BD Franco Belga, estende-se ao público adulto através de formatos e estilos gráficos muito diferentes.

O acrónimo da sigla BD refere-se à expressão francesa "bande dessinée". O termo "Banda desenhada" é uma tradução directa da expressão francesa.[3] É chamada de BD a uma série de desenhos que conta uma história, com ou sem texto, de forma sequencial.

O termo "banda desenhada franco-belga" é amplo, e pode ser aplicado a toda a banda desenhada feita por autores de origem francesa ou belga, bem como a toda a BD influenciada por ela. Também é aplicado a toda a BD publicada originalmente por editores franceses e belgas. O tipo em si, também pode ser caracterizada pelo formato típico em álbum, normalmente com papel de alta qualidade e a cores, de tamanho A4, 22x29 cm (em 8.4x11.6),[4] entre 40 e 60 páginas. Até finais de 1960 a BD franco-belga era caracterizada por álbuns quase exclusivamente para jovens. Esses álbuns eram de capa dura, a cores e continham uma média de 40 páginas.

O termo álbum é usado pela mídia especializada como sinônimo dos termos trade paperback (as edições encadernada de histórias ou arcos de histórias os comics estadunidense)[5][6] e graphic novel (usado originalmente para definir histórias fechadas).[7][8][9][10]

História da BD franco-belga

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Uma das caricaturas mais famosas de Caran d'Ache
Les Pieds Nickelés

Durante o século XIX, havia muitos artistas na Europa desenhando cartoons, ocasionalmente, até mesmo utilizando narrativas sequenciais, embora principalmente com legendas e diálogos colocados sob os painéis, em vez de os balões de diálogo comumente usados hoje. Artistas como Gustave Doré,[11] Christophe[12] Albert Robida e Caran d'Ache são apontados como precursores da arte na Europa.[13]

No início do século XX as primeiros bandas desenhadas populares da França apareceram, incluindo Becassine[14] e Les Pieds Nickelés.[15]

Em 1929, começam a ser publicadas na Bélgica, no jornal Le Petit Vingtième As aventuras de Tintim, o famoso repórter de calças de golfe.

Os anos do pós-guerra

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A partir do segundo semestre de 1940, começam a aparecer vários jornais. Ao lançar o Le Journal de Tintin, o editor Raymond Leblanc obteve um grande sucesso editorial e contribui para que a Bélgica, passasse a ser o centro de gravidade da banda desenhada francófona. Outra publicação belga o Jornal Spirou, proporcionou grande concorrência. O conceito de banda desenhada Franco-Belga assume o seu pleno significado, devido ao inter-relacionamento dos mundos profissionais de ambos os países. Na época dourada do Jornal do Tintim, autores como Jacques Martin ou Tibete foram trabalhar para a Bélgica. Pilote, uma revista francesa irá progressivamente competir com os seus dois rivais e irá atrair autores belgas como Morris e Greg.

Quando a BD começa a entrar no mercado francês na década de 50, os autores evitavam quaisquer referência belga demasiado visível, com o objectivo de oferecer aos leitores histórias o mais "universais" possíveis. Várias editoras na Valónia e em Bruxelas impuseram aos autores dos anos cinquenta padrão franceses por razões comerciais (… ) uniformes e sinalização, adoptar critérios hexagonais… [16] Desaparecem todas as referências a Bélgica, por exemplo, a re-impressões a cores dos primeiros álbuns de Tintim.

a revista Vaillant, Le Jeune Patriote, transformou-se em Pif gadget, difundindo em França uma BD cada vez mais popular,[17] embora as edições em álbum se tornassem cada vez mais raras. Estas publicações permitiram à banda desenhada alcançar o público em geral, especialmente a juventude da época. Até a década de 60, a BD aparece associada às crianças ou ao público jovem tornando-se, por isso, algumas formas de ensino. Será, no entanto, esta juventude que mudará a orientação da BD Franco-Belga a caminho dos adultos.

Os peritos concordam que há duas datas importantes, uma antes e outra depois de Astérix o Gaulês. Astérix é, na realidade, em muitos aspectos considerado como tendo sido o causador do interesse do público em geral pela banda desenhada em França. A partir dos anos 1950-60, vários grandes séries atingem a sua expansão:

Anos 1970 e 1980

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Os anos 70 são, em BD, tempo de descoberta e de exploração. Exploração dos estilos gráficos e narrativos.

Impacto e popularidade

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A BD franco-belga foi traduzida em praticamente todas as línguas europeias, com algumas delas desfrutando de sucesso mundial. Algumas revistas foram traduzidos em italiano e espanhol, enquanto que em outros casos, revistas estrangeiras foram preenchidos com o melhor da banda desenhada franco-belga. No entanto, o maior e mais duradouro sucesso foi principalmente para algumas séries iniciadas na década de 1940, 1950 e 1960 (incluindo Lucky Luke, Os Estrumpfes e Asterix) e, naturalmente, o mais antigo de todos, Tintim. Séries recentes, no entanto, não têm obtido um impacto comercial significativo fora dos países francófonos, apesar de a crítica ovacionar autores como Moebius. Em França e na Bélgica, a maioria das revistas desapareceram ou têm uma tiragem muito reduzida, mas o número de álbuns publicados e vendidos tem-se mantido elevado, com os maior mercado a permanecer nos jovens e adolescentes.

A indústria cinematográfica foi dos primeiros interessados na BD franco-belga. O primeiro filme feito a partir da BD Franco-Belga, foi um filme de marionetes, adaptado das Aventuras de Tintim, O Caranguejo das Tenazes de Ouro (1947), realizado por Claude Misonne. O primeiro filme com personagens reais foi o filme francês Tintin et le mystère de la toison d'or (1961). Foi também realizada uma co-produção franco-hispânica El misterio de las naranjas azules (1965), dirigido por Philippe Condroeer, um filme de animação Tintin et le temple du soleil (1969) e uma série de televisão, realizados por Raymond Leblanc nos estúdios belgas Belvision

Astérix também foi adaptada para filmes e animações, com bastante sucesso. A primeira adaptação da banda desenhada foi Asterix the Gaul (1967), dirigido pelo mesmo realizador, que fez Asterix and Cleopatra (1968) e The Twelve Tasks of Asterix (1976). Da série de filmes animados, destaca-se Asterix Versus Caesar (1985), de Paul e Gaeztan Brizzi. Em 1998 começou a ser rodado o filme Asterix and Obelix Take on Caesar (1999), dirigido por Claude Zidi com interpretações de Gérard Depardieu, Christian Clavier, Roberto Begnini e Marianne Sägebrecht.

Houve adaptações de outras séries, como Lucky Luke, uma série de TV realizada por Terence Hill, em 1991, a partir da banda desenhada de Morris.

Obras destacadas

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Entretanto, têm-se produzido centenas de BDs franco-belgas, algumas de maior destaque do que outras, tendo sido traduzidas em várias línguas. A sua maioria, destinadas às crianças e aos adolescentes.

As de maior destaque são:

Outros sucessos incluem:

Capas de álbuns de Achille Talon, Lucky Luke e Gil Jourdan em exposição na Biblioteca Central da Universidade de Brasília.

Revistas e outra publicações

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Desde o início do século XX que na França e na Bélgica, houve livros de desenhos, que se converteram em BD. Em 1938 nasce uma das mais importantes publicações que existiu em toda a história da banda desenhada, a revista Spirou,[1] criando confiança e espaço para muitos autores poderem desenvolver o seu estilo nas suas páginas, tais como, Spirou e Fantásio, ou Lucky Luke (Morris, 1947). Os Estrumpfes também apareceram nas páginas de Spirou em 1958 pela mão do lendário Peyo. Além disso, também surgiu a revista do Tintim, criada para publicar as obras da escola de linha clara. Em 1959 aparece a revista Pilote, com autores como Goscinny e Uderzo, os criadores de Astérix e em 1963, Charlier e Giraud criadores de Blueberry.[30]

As revista francesas e belgas tradicionalmente evoluíram da publicação de folhetos periódicos distribuídos em jornais que, por sua vez, tinham evoluído dos folhetos infantis ilustrados dos jornais do século XIX. O seu conteúdo era composto por uma variedade de banda desenhada com quebra-cabeças, concursos e textos. A diferença fundamental é que as revistas tradicionais europeias de banda desenhada, publicavam a um ritmo semanal em comparação com um ritmo de publicação mensal, bimestral ou trimestral dos álbuns. Esta maior frequência, oferecia um maior número de histórias curtas e em consequência uma maior quantidade.

O conteúdo das revistas evoluiu em direcção ao público adulto. É a altura em que surge Pilote, com historias a reflectirem a realidade social e política do momento, dando lugar a personagens e autores novos, como Moebius, definindo novos padrões estéticos. As maiores mudanças surgiram em França com o aparecimento da revista Métal Hurlant em 1975, que marcou a diferença em relação aos semanários juvenis, tanto em termos de qualidade de papel e impressão, como o tipo de público alvo. A sua versão americana,Heavy Metal,[30] criada em 1977, influenciou o surgimento de novas revistas, cujos autores mantêm os direitos das suas criações, por oposição à política tradicional dos editores.

Principais revistas:

Principais colecções:

Notas

  1. Este nome vem da série de artigos Neuvième Art, musée de la bande dessinée assinados por Morris no Jornal Spirou, entre 1964 e 1967 (o primeiro publicado em 17 de dezembro de 1964, especial de Natal, No. 1392 ). Esta classificação foi adotada e popularizado por Francis Lacassin em seu livro Pour un neuvième art, la bande dessinée. No entanto, a autoria da expressão foi reivindicada pelo crítico e historiador de cinema Claude Beylie ele usou pela primeira vez em março de 1964 na revista Lettres et Médecins (artigo La bande dessinée est-elle un art ? ") Fonte: Lettres et Médecins, suplemento literário de La Vie médicale,, edição datada de março 1964.

Referências

  1. a b Sérgio Codespoti (6 de agosto de 2009). «A importância da linha clara e do estilo atômico». Universo HQ 
  2. Antes da TV e do cinema, os “Smurfs” fizeram história nos quadrinhos
  3. «Um olhar brasileiro sobre Angoulême». Universo HQ 
  4. Laurence Grove (2005). Text/image mosaics in French culture: emblems and comic strips. [S.l.]: Ashgate Publishing, Ltd. 153 páginas. 9780754634881 
  5. Delfin. «CEREBUS - BOOK 1». Universo HQ 
  6. Érico "Orph" Assis (16 de Janeiro de 2002). «Parênteses: TPBs brasileiros - uma proposta». Omelete. Consultado em 17 de maio de 2010 
  7. Diego Calazans. «O Edifício (Editora Abril». Universo HQ 
  8. Sérgio Codespoti (10 de setembro de 2009). «Warner Bros. cria a DC Entertainment». Universo HQ 
  9. Érico Assis, Érico Borgo e Marcelo Forlani (4 de Setembro de 2001). «Omelete entrevista: Mike Deodato Jr.». Omelete 
  10. Jotapê Martins (30 de Junho de 2000). «Novo projeto Vertigo de Garth Ennis». Omelete 
  11. Gustave Doré ganha retrospectiva em Paris
  12. ângelo Agostini: pioneiro dos quadrinhos
  13. Barbara Postema (2016). «Silent Comics». The Routledge Companion to Comics. [S.l.]: Routledge. 202 páginas. ISBN 9781317915386 
  14. Mutação social em quadrinhos
  15. Os editores cansaram-se e decidiram acabar com o Collectionneur
  16. Arnaud Pirottte, Paysage mental et patrimoine wallon, in L'imaginaire wallon dans la Bande dessinée, pp.65-71, p.65
  17. A Semana dos Quadrinhos: 23 a 27/5
  18. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  19. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  20. «Título ainda não informado (favor adicionar)» (PDF) 
  21. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  22. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  23. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  24. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  25. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  26. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  27. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  28. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  29. «Título ainda não informado (favor adicionar)» 
  30. a b Sérgio Codespoti. «Os quadrinhos na Europa». Editora Eclipse. Eclipse Quadrinhos - Especial Kaboom (1) 
Bibliografia

Ligações externas

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