Beilhique de Hamid – Wikipédia, a enciclopédia livre
Beilhique de Hamid Hamitoğulları Beyliği • Hamidoğulları • Dinastia Hamid • Hamididas • Emirado de Hamid • Beylik de Hamit-oğlu | |||||||||
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Mapa dos beilhiques da Anatólia formados após a Batalha de Köse Dağ (26 de junho de 1243), que marcou o fim do Sultanato de Rum | |||||||||
Localização da capital dos Hamididas na Turquia atual | |||||||||
Coordenadas | |||||||||
Região | Anatólia | ||||||||
Capital | Eğirdir | ||||||||
País atual | Turquia | ||||||||
Língua oficial | turco | ||||||||
Religião | islão | ||||||||
Forma de governo | Beilhique, monarquia | ||||||||
Bei ou emir | |||||||||
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Período histórico | Baixa Idade Média | ||||||||
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O Beilhique de Hamid ou Beilhique de Hamit-oğlu, Dinastia Hamid, Hamididas, em turco: Hamitoğulları Beyliği ou Hamidoğulları,[a] foi um dos beilhiques (beyliks, principados) anatólios que emergiu no século XIV, na sequência do declínio do Sultanato seljúcida de Rum. Governou as regiões de Eğirdir e Isparta,[1] no sul-sudoeste do que é atualmente a Turquia.[nt 1]
Origem do nome
[editar | editar código-fonte]A nome da dinastia provém de Hamid, um governador de territórios fronteiriços seljúcidas, avô dos irmãos Falacadim Dundar e Iunus, fundadores, respetivamente, do Beilhique de Hamid e do Beilhique de Teke. O pai destes irmãos, Elias,[2] Teke Bei ou Teke Paxá,[3] foi governador de Antália ao serviço dos seljúcidas.[3]
História
[editar | editar código-fonte]Falacadim Dundar, fundador da Dinastia de Hamid propriamente dita, estabeleceu o seu beilhique na Pisídia, nos territórios interiores de Eğirdir, uma região que ganhou o nome de Hamid-eli, na rota comercial que ligava o Mediterrâneo ao Mar Negro.[2]
O beilhique de Teke, fundado por Yunus, era constituído por territórios da costa mediterrânica da Lícia e da Panfília e confinava com a parte sul dos territórios hamididas. Os seus principais centros eram Antália e Korkuteli.[2]
Falacadim mudou o nome de Eğirdir para Felekbâr (ou Felecabade).[4] Em 1324 é atacado por Timurtaş Noyan, o filho mais novo do emir Chupã Noiã, representante do último grande ilcã mongol da Pérsia Abuçaíde Badur. Timurtaş tenta reunificar o domínio mongol sobre a Anatólia para si próprio. Falacadim morre durante os combates.[5] Timurtaş submete os beilhiques de Hamid e de Teke e entrega Antália a Mamude, um filho de Iunus.[6] Alguns membros da família hamidida, entre os quais os filhos de Falacadim Dundar,[5] refugiam-se junto dos mamelucos, no Egito, mas voltam após Timurtaş cair em desgraça.[7] Em 1327, Cupã, caído em desgraça, é morto pelo ilcã Abuçaíde, É a vez de Timurtaş procurar refúgio no Egito, mas os mamelucos matam-no para não desagradarem a Abuçaíde.[8]
Hizir (ou Khidhr), um filho de Dündar, restabelece a dinastia em Eğirdir em 1327 e conquista os distritos de Beyşehir, Seydişehir e Akşehir.[9]
Em 1328, Najimadim Abu Ixaque sucede ao seu irmão. É ele quem ibne Batuta encontra aquando da sua passagem por Eğirdir (Acridur nos seus escritos):
“ | O sultão desta cidade é Abu Ixaque Bei, filho de Addendâr (Dündar) Bei, um dos principais soberanos deste país. Ele habitou no Egito quando o seu pai era vivo, e fez a peregrinação a Meca. Ele é dotado de belas qualidades, e é seu costume assistir todos os dias à oração de asr[b] na mesquita djâmi. | ” |
— ibne Batuta, Viagens, de Meca às estepes russas e à Índia[5]. |
Alguns dias depois da sua visita a Eğirdir, ibne Batuta passa em Gölhisar (Koul Hissâr no texto), na atual província de Burdur, e encontra Maomé, o Cavalheiro,[c] irmão de Ixaque:
“ | (O sultão de Koul Hissâr) é Mohammed Tchelebi, e esta última palavra, na língua do país de Roûm, significa senhor. Ele é irmão do sultão Abu Ixaque, rei de Acridur. | ” |
— ibne Batuta, Viagens...[10]. |
Muzafaradim Mustafá, o filho de Maomé, o Cavalheiro, sucede ao seu tio cerca de 1344.
Hucemadim Ilias, o filho de Mustafá, sucede ao seu pai cerca de 1357. O seu reinado é marcado por guerras contínuas com os caramânidas e é por eles derrotado diversas vezes.[9] Camaladim Huceine o filho de Elias, sucede ao seu pai cerca de 1374. Vende a maior parte dos seus domínios ao sultão otomano Murade I . Sabe-se que o seu filho Mustafá segue Murade I e participa na Batalha do Cosovo em 1389. O beilhique é completamente anexado ao sultanato otomano em 1391. As cidades orientais da província, ou seja, Beyşehir, Seydişehir e Akşehir, são então ocupadas pelos caramânidas e vão ser a causa de numerosos recontros militares entre estes e os otomanos.[9]
A subdivisão administrativa otomana com capital em Isparta que, grosso modo, corresponde ao que é hoje a província de Isparta, era chamada Sanjaco de Hamid até aos primeiros anos da república turca.[nt 2]
Quadro cronológico da dinastia
[editar | editar código-fonte]Datas[2] | Nome | Nome turco | Filho de | Observações |
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1301-1324 | Falacadim Dundar | Feleküddin Dündar | Ilyâs[2] ou Teke[3] ? | Fundador da dinastia. |
1324-1327 | Ocupação por Timurtas filho mais novo do emir Chupã Noiã, do Ilcanato mongol da Pérsia. | |||
1327-1328 | Khidhr | Hizir | Dündar | |
1328-~1344 | Najimadim Abu Ixaque | Necmeddin Ishak | Dündar | |
~1344-~1357 | Muzafaradim Mustafá | Muzafferüddin Mustafa | Maomé, o cavalheiro, filho de Dündar | |
~1357-~1374 | Hucemadim Ilias | Hüsameddin Elyas | Mustafa | |
~1374-1391 | Camaladim Huceine | Kemaleddin Hüseyin | Elyas | Vende uma parte do beilhique a Murade I. |
1391 | Anexação definitiva ao Império Otomano. |
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ A maior parte do texto foi inicialmente baseada no artigo artigo «Hamidides» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).
- ↑ Trecho baseado no artigo artigo «Hamidoğlu» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).
- [a] ^ Os termos turcos Hamidoğulları ou Hamitoğulları, plural de Hamidoğlu, significam "filhos de Hamid".
- [b] ^ asr é o nome árabe da oração da tarde dos muçulmanos.
- [c] ^ Não confundir o hamidida Maomé, o Cavalheiro com o seu homónimo otomano posterior, Maomé I, o Cavalheiro.
Referências
- ↑ Batuta
- ↑ a b c d e Bosworth, «The Hamid Oghullarî and the Tekke Oghullarî», p. 226.
- ↑ a b c Houtsma, «Teke-oghlu», p. 720-721.
- ↑ Houtsma, «Egerdir», vol 3, p. 4.
- ↑ a b c Battûta, vol 2, «Du Sultan d’Akrîdoûr», p 118.
- ↑ Battûta, vol 2, «Du Sultan d’Anthâlïah», p 116.
- ↑ Battûta, vol 2, «Introduction : L’Asie Mineure», p 21.
- ↑ Grousset, «Règne d’Aboû Sa’îd», p. 487-488.
- ↑ a b c Houtsma, vol. II, «Hamîd», p. 250-251.
- ↑ Battûta, vol 2, «Du Sultan de Koul Hissâr», p. 119-120.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Battûta, Ibn; tradução de 1858 de Defremery, C.; Sanguinetti, B. R. Introdução de Yerasimov, Stéphane (1982). Voyages, De la Mecque aux steppes russes et à l'Inde (em francês). 2. Paris: François Maspero. 480 páginas. ISBN 2-7071-1303-4. doi:10.1522/030078803
- Bosworth, Clifford Edmund (2004). The New Islamic Dynasties. A Chronological and Genealogical Manual (em inglês). [S.l.]: Edinburgh University Press. 400 páginas. ISBN 9780748621378
- Grousset, René (1939). L’empire des steppes, Attila, Gengis-Khan, Tamerlan (em francês). [S.l.]: Payot. 651 páginas. ISBN 9782228272513
- Houtsma, Martijn Theodoor; Arnold, T. W.; Wensinck, A. J.; Brill, E. J. (1993). First Encyclopaedia of Islam, 1913-1936 (em inglês). [S.l.]: Brill. 5042 páginas. ISBN 978-900409796-4
- Sourdel, Janine; Sourdel, Dominique (2004). Dictionnaire historique de l’islam. col. «Quadrige» (em inglês). [S.l.]: PUF. 1056 páginas. ISBN 978-2-130-54536-1