Bellini e o Demônio – Wikipédia, a enciclopédia livre
Bellini e o Demônio | |||||
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Capa do DVD do filme. | |||||
Brasil 2008 • cor • 90 min | |||||
Gênero | suspense | ||||
Direção | Marcelo Galvão | ||||
Produção | Theodoro Fontes | ||||
Produção executiva | Theodoro Fontes André Fontes Lizete Martins | ||||
Roteiro | Marcelo Galvão | ||||
Baseado em | Bellini e o Demônio de Tony Bellotto | ||||
Elenco | Fábio Assunção Rosane Mulholland | ||||
Música | Eduardo Queiroz Marina de La Riva Andreas Kisser | ||||
Diretor de fotografia | Rodrigo Tavares | ||||
Direção de arte | Leandro Vilar | ||||
Companhia(s) produtora(s) | Santa Fé 1900 Filmes | ||||
Distribuição | Santa Fé 1900 Filmes Imagem Filmes (DVD) | ||||
Lançamento | 7 de março de 2008 (Los Angeles) 27 de agosto de 2010 | ||||
Idioma | português | ||||
Orçamento | R$ 3,5 milhões | ||||
Receita | R$ 14 mil | ||||
Cronologia | |||||
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Bellini e o Demônio é um filme brasileiro de 2008, do gênero suspense dirigido e escrito por Marcelo Galvão, baseado no livro homônimo de Tony Bellotto, de 1997. É a sequência de Bellini e a Esfinge, lançado em 2001. Inicialmente, Malu Mader desejava dirigir o longa, porém essa tarefa ficou a cargo de Galvão, cuja principal influência na construção da história foi Aleister Crowley. No entanto, o resultado final não foi aquele esperado por ele, pois houve desentendimentos entre ele e o produtor Theodoro Fontes durante a produção do filme. Foi gravado durante o ano de 2006, com locações em São Paulo.
O filme conta a história do detetive Remo Bellini que se vê em meio a uma série de assassinatos ligados a um misterioso livro. Bellini e o Demônio foi exibido pela primeira vez em 2008, no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles, onde Fábio Assunção foi eleito o melhor ator. Participou das mostras competitivas da Première Brasil, no Festival do Rio, em 2009, e também da 29ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto, onde Assunção também concorreu ao prêmio de melhor ator. O filme recebeu críticas variadas, que tendem a ser mais negativas do que positivas em relação ao filme.
Elenco
[editar | editar código-fonte]- Fábio Assunção como Remo Bellini
- Rosane Mulholland como Gala
- Nill Marcondes como Zanqueta
- Mariana Clara como Rita
- Beto Coville como Mariano
- Luíza Curvo como Clarice
- Caroline Abras como Silvia
- Marco Luque como Alex
- Christiano Cochrane como Malta
- André Bubman como Odilon
- Neuza Romano como mãe de Odilon
- Javer Monteiro como atendente do bar
- Malu Bierrenbach como Érica
- Marília Gabriela como Letícia
- Jatir Eiró como jornalista
- Deto Montenegro como mendigo
Produção
[editar | editar código-fonte]Em 2002, pouco após o lançamento de Bellini e a Esfinge, a equipe de produção já cogitava a possibilidade de adaptar o livro homônimo lançado em 1997, de autoria de Tony Bellotto, considerando a possibilidade de Malu Mader, que interpretou Fátima, codirigir o filme ao lado de Roberto Santucci.[1][2][3] A atriz disse que gostaria de dirigir Bellini e o Demônio, mas que seria complicado pois ela tinha que cuidar de seus filhos, e que a produção de um novo filme teria que ficar para depois em função de seu trabalho em BR-163, de Dodô Brandão.[4]
No entanto, o diretor do longa foi Marcelo Galvão que revelou que, além do livro de Bellotto, buscou referências cinematográficas nas obras de David Lynch e David Cronenberg e se deixou influenciar por questões religiosas, como os rituais de quimbanda, de magia negra, que também estão bem presentes no filme. Ele também comentou que boa parte da história foi criada a partir de Aleister Crowley como sua referência principal.[5] Ele foi contratado para dirigir, mas também para avaliar o roteiro, que ele refez, e descreveu como "um trabalho muito árduo", dizendo que suas vários pesquisas faziam projetos "verdadeiros, não são superficiais."[6]
Galvão disse ter ficado insatisfeito com a versão lançada nos cinemas e que se sentiu traído.[6] Ele havia escrito um roteiro, porém o produtor Teodoro Fontes não gostou de sua montagem e modificou o filme, eliminando a forma como o diretor vê a história original. Marcelo declarou que o livro "[t]em bastante coisa interessante, mas não acho que seja a montagem correta e acho que isto prejudica um pouco a história", que, segundo ele, se tornou "banal".[6][7] O diretor ainda afirmou que "ele [Teodoro Fontes] é o dono do filme, então faz o que quiser", mas ficou satisfeito em saber que a versão lançada em DVD conteria um extra com um director's cut da versão que lhe agradava.[7] Durante a produção do filme, o diretor inclusive cogitou seu desligamento de Bellini e o Demônio devido a esse fato.[8]
Fábio Assunção comentou que a principal diferença entre este e o primeiro filme é que Bellini e o Demônio "é mais psicológico", dizendo que Bellini e a Esfinge "tem uma narrativa mais visível, é mais fácil para o público entender". O ator ainda disse que trabalhar com Galvão foi "caótico", pois "não tinha muita ordem, não tinha muito roteiro na mão" e acrescentou que chegou a dizer para o diretor: "Marcelo, pelo amor de Deus, que parte do filme é essa?". Assunção ainda afirmou que para um terceiro filme —que seria a adaptação de Bellini e os Espirítos— acontecer era necessário uma boa produção. Segundo ele, as roupas usadas no filme eram de sua posse, pois o filme foi feito com um orçamento baixo.[9] O longa co-produzido por Santa Fé 1900 Filmes Ltda., Telecine Productions, Quanta, Cristal Líquido Studios, Thor Medeiros, Motion, Anima Music e Guela Produções,[1][10] recebeu um orçamento de 3.552.991,72 de reais da Ancine.[11]
As gravações do filme começaram em 2006 em São Paulo e ocorreram em lugares como a Serra da Cantareira, Granja Viana, Estação Júlio Prestes, Vale do Anhangabaú e o Colégio Estadual Rodrigues Alves, onde Tony Bellotto estudou durante o primário.[12]
Lançamento e recepção
[editar | editar código-fonte]Lançamento
[editar | editar código-fonte]A estreia mundial de Bellini e o Demônio ocorreu em 7 de março de 2008, no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles.[13] O filme ainda foi exibido durante a 10ª edição do Festival de Cinema Brasileiro em Paris, no mesmo ano,[14] e em 2009, nas mostras competitivas da Première Brasil, no Festival do Rio,[15] e da 29ª edição do Festival Internacional de Cinema do Porto.[16] O longa teve uma pré-estreia no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro, em 25 de agosto de 2010.[17] Estreou oficialmente no circuito nacional dois dias depois, sendo assistido por 1.661 espectadores e arrecadando 14.122 reais, segundo a Ancine.[18][19] De acordo com a revista Filme B, o longa teve um público de 1.933, o que o tornou o 59º filme brasileiro mais visto do ano de 2010.[20] Em março de 2011, foi lançado em DVD pela Imagem Filmes,[9][21] com formato 16:9 widescreen, áudio Dolby Digital 5.1, legendas em francês e inglês e com extras sobre a produção do filme.[22]
Recepção
[editar | editar código-fonte]Eduardo Valente, da revista Cinética, criticou o filme por não conseguir se comparar aos filmes americanos do gênero, dizendo que "[a] história que o filme urde fica sempre entre o banal [...] e o simplesmente incompreensível." O crítico ainda comentou que o longa "não consegue nunca tornar nenhum dos seus personagens interessante", notando que a única personagem que poderia ser "instigante" – Silvia – é mal aproveitada. Valente também criticou a iluminação e dinâmica de quadro "que não nos dá clima em nenhum momento do filme." Ele terminou dizendo que Bellini e a Esfinge tinha a "aura e ao espírito do cinema B que nos fazia acreditar naquilo tudo", porém que Bellini e o Demônio não consegue fazer o mesmo e "que, ao fim e ao cabo, nos deixam sem qualquer ideia do que, afinal, tornaria Bellini e seu universo algo que deveria nos interessar."[23] O Jornal do Brasil notou a diferença entre este e o primeiro filme, nos termos estéticos e dramatúrgicos e disse que "[a] câmera repete as oscilações de certos seriados americanos de TV moderninhos e a trama lembra vagamente o contexto de Coração Satânico, de Alan Parker", além de ter elogiado Caroline Abras como o "principal nome feminino no elenco".[24]
Escrevendo para o site Cinepop, Edu Fernandes avaliou o filme com uma estrela e meia de cinco possíveis, comentando que o filme "passa do ponto", às vezes, usando muito "uma câmera nervosa" para "criar imagens perturbadoras" ao invés de ser mais calmo e conservador e quem com com essa opção, "o diretor deixou escapar a chance de fazer belas cenas sensuais com a atriz Rosane Mulholland", que era um dos propósitos da personagem, segundo o crítico. Ele criticou algumas cenas que por não fazerem sentido e "o final confuso", embora tenha elogiado a atuação de Fábio Assunção.[25] Roberto Cunha do AdoroCinema disse que "embora bem dirigido, com um clima de terror legal para os padrões brasileiros, boas sequências, preocupação com o visual, boa edição e trilha, a narrativa não ajuda", acrescentando que "é fácil imaginar muito espectador completamente perdido diante da telona."[26] Rafael Castro, do Universo Online, criticou a edição som, a montagem, a trama, a trilha sonora, a fotografia, as atuações e a direção, dizendo que "o filme não é ao menos assistível" e "é tão fraco quanto o primeiro."[27]
O ator Fábio Assunção foi premiado no Festival de Cinema Brasileiro de Los Angeles na categoria "Melhor Ator" por sua atuação no filme.[28] Ele foi indicado na mesma categoria no Festival Internacional de Cinema do Porto.[29]
Referências
- ↑ a b «Bellini e o Demônio». Cinemateca Brasileira. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ «Titã Tony Belloto lança 'Bellini e o Demônio'». Folha de S. Paulo. 22 de dezembro de 1997. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ Arantes, Silvana (1 de março de 2002). «"Bellini e a Esfinge" vai à tela como "filme de clima"». Folha de S. Paulo. Consultado em 12 de julho de 2013
- ↑ «Malu Mader: "O ser humano está acima de tudo"». A Tarde. 28 de fevereiro de 2002. Consultado em 12 de julho de 2013
- ↑ Porto, Henrique (28 de setembro de 2009). «'Bellini e o demônio' marca volta de Fábio Assunção ao cinema». G1. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ a b c Miranda, Débora (9 de junho de 2008). «Com lutas de verdade, 'Rinha' quer conquistar mercado internacional». G1. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ a b Santana, Ravi (27 de agosto de 2010). «Diretor não quer que 'Bellini e o Demônio' suje sua carreira». Terra Networks. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ «Marcelo Galvão pede para sair de ´Bellini e o Demônio´». Universo Online. 4 de julho de 2008. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ a b «Bellini e o Demônio». 2001 Vídeo. 15 de março de 2011. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ «CPTM: Estação Júlio Prestes será cenário para gravação do filme Bellini e o Demônio». Governo do Estado de São Paulo. 25 de agosto de 2006. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ «Deliberação nº 192 de 03 de novembro de 2009». Ancine. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ Amin, Tatiana (2 de setembro de 2006). «Fábio Assunção começa a gravar Bellini e o Dêmonio por São Paulo». O Fuxico. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ «Los Angeles realiza primeiro festival de cinema brasileiro». Folha de S. Paulo. 29 de fevereiro de 2008. Consultado em 12 de julho de 2013. Cópia arquivada em 4 de março de 2008
- ↑ Fernandes, Daniela (7 de maio de 2008). «Festival de cinema brasileiro em Paris completa 10 anos». BBC Brasil. Consultado em 12 de julho de 2013
- ↑ «Festival do Rio anuncia mais filmes da Première Brasil». Ancine. 9 de setembro de 2009. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ «Bellini e o Demônio é selecionado para festival de cinema português». CineClick. 12 de janeiro de 2009. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ «Famosos prestigiam pré-estreia de 'Bellini e o Demônio'». Terra Networks. 25 de agosto de 2010. Consultado em 12 de julho de 2013
- ↑ «Cinema: Estreias da Semana - 27 de agosto». Omelete. 26 de agosto de 2010. Consultado em 12 de julho de 2013
- ↑ «Filmes Brasileiros Lançados - 1995 a 2012» (PDF). Ancine. p. 8. Consultado em 11 de julho de 2013
- ↑ Hessel, Marcelo (29 de dezembro de 2010). «Sai a lista dos filmes nacionais mais vistos de 2010». Omelete. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ Diniz, Aline (2 de março de 2011). «Lançamentos em DVD e Blu-Ray - 28 de fevereiro a 6 de março». Omelete. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ Bellini e o Demônio (DVD). Imagem Filmes. Março de 2011
- ↑ Valente, Eduardo (setembro de 2009). «Bellini e o Demônio, de Marcelo Galvão (Brasil, 2009)». Cinética. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ «Fábio Assunção e Marcelo Galvão enfrentam seus demônios». Jornal do Brasil. 30 de setembro de 2009. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ Fernandes, Edu. «Crítica | Bellini e o Demônio». Cinepop. Consultado em 10 de julho de 2013
- ↑ Cunha, Roberto. «Bellini e o Demônio: Crítica». AdoroCinema. Consultado em 11 de julho de 2013
- ↑ Castro, Rafel (30 de setembro de 2009). «Bellini e o Demônio». Universo Online. Consultado em 13 de julho de 2013
- ↑ Rodrigues, Macedo; Botelho, Thaís (17 de março de 2008). «Aconteceu: Celebridades». IstoÉ Gente (445). Consultado em 12 de julho de 2013
- ↑ Bergamo, Mônica (17 de janeiro de 2009). «Recuperação». Folha de S. Paulo. Consultado em 13 de julho de 2013
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Bellini e o Demônio. no IMDb.