Biliões – Wikipédia, a enciclopédia livre
Biliões (em grego: Βυλλίονες; romaniz.: Byllíones) eram uma tribo ilíria semi-helenizada[1] que habitou a porção sul da Ilíria, na região da atual Albânia.[2] Foram atestados pela primeira vez em meados do século IV a.C. a.C. na descrição do geógrafo Pseudo-Cílax.[3] Desde 385 a.C., a região dos biliões foi governada pelo rei dardânio Bárdilis I (r. 393–358 a.C.). Em 314 a.C., durante o reinado do rei Cassandro (r. 317–305), foi conquistada pela Macedônia e após a morte dele foi tomada pelo rei taulâncio Gláucias (r. 335–302 a.C.). Continuou em controle dos ilírios até durante o reinado de Monúnio (r. 290–270 a.C.), que estabeleceu sua residência em Gurazeza, nas proximidades da cidade de Búlis. Depois disso, foi brevemente controlada por Pirro (r. 306–302; 297–272)[4] e talvez por seu filho Alexandre II do Epiro (r. 272–242 a.C.). Após 270 a.C., a cidade e região podem ter sido governadas pelo rei ilírio Mitilo (r. 270–231 a.C.).[5]
A partir de 270 a.C., os biliões formaram uma liga bilíngue,[6] composta pela coalizão das poleis Búlis e Niceia.[2][7][8] Ela é atestada em epigrafias de Dodona datáveis do último terço do século III a.C.,[a][9] bem como numa inscrição de Esparta do século II a.C..[10] Existiu até 167 a.C.,[11] quando os romanos a dissolveram e incorporaram sua região à província de Ilírico.[12] Era um sistema político e organizacional com uma cunhagem própria, uma eclésia, na qual cidadãos livres participavam, e um senado composto por representantes das tribos e diferentes líderes: o prítane (chefe do poder executivo), o estratego (comandante do exército), o hiparco (comandante da cavalaria), o peripolarco (comandante da guarda fronteiriça), o gramateu (secretário do concílio), o ginasiarco (encarregado da educação) e o tâmias (coletor chefe dos impostos).[5] A principal estampa das moedas mostrava Zeus no anverso e um corno cheio de frutas e entrelaçado a uma cobra no reverso. Além desta, há moedas que portam a cabeça de Neoptólemo com uma maça, um símbolo de Héracles ou uma águia e trovão, ambos símbolos de Zeus, e outras com a cabeça duma ninfa no anverso e o fogo do Ninfeu no reverso.[11]
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ Dentre as epigrafias disponíveis em Dodona há uma na qual se afirma que os biliões erigiram no santuário uma estátua de bronze para certo Criso, filho de Sibírcio,[13] e outra na qual é dito que eles realizaram uma consulta para saberem para qual deus deveriam realizar sacrifícios de modo a garantir a segurança de seus domínios.[14] Na inscrição de Esparta, que consiste no início duma carta dos demos de Bílis, é citado o prítane dos biliões.[10]
Referências
- ↑ Hammond 1994, p. 423.
- ↑ a b Wilkes 1995, p. 97.
- ↑ Pseudo-Cílax século IV a.C., 27.
- ↑ Garouphalias 1979, p. 213.
- ↑ a b «Ancient City of Byllis» (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2015
- ↑ Kos 2005, p. 226.
- ↑ Charles 1990, p. 14.
- ↑ Hansen 2004, p. 346.
- ↑ Pleket 1989.
- ↑ a b Sakellariou 1997, p. 121.
- ↑ a b «Coins» (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2015
- ↑ «Roman Period» (em inglês). Consultado em 15 de fevereiro de 2015
- ↑ Ma 2013, p. 95.
- ↑ Centre d'étude de la religion grecque antique 1997, p. 266.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Centre d'étude de la religion grecque antique (1997). «Kernos». Centre d'étude de la religion grecque antique. 10
- Garouphalias, Petros (1979). Pyrrhus King of Epirus. Londres: Stacey International. ISBN 090574313X
- Hansen, Mogens Herman; Nielsen, Thomas Heine (2004). An Inventory of Archaic and Classical Poleis. Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-814099-3
- Kos, Marjeta Šašel (2005). Appian and Illyricum. Liubliana, Eslovênia: Narodni muzej Slovenije
- Hammond, N. G. L. (1994). «Illyrians and North-west Greeks». In: Lewis, D. M.; Boardman, John; Hornblower, Simon; Ostwald, M. The Cambridge Ancient History, Volume 6: The Fourth Century BC. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-23348-8
- Ma, John (2013). Statues and Cities: Honorific Portraits and Civic Identity in the Hellenistic World. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0199668914
- Pleket, H. W. (1989). Supplementum Epigraphicum Graecum. XXXIX. Amsterdã: J.C. Gieben
- Pseudo-Cílax (século IV a.C.). Périplo. [S.l.: s.n.]
- Charles, Delvoye (1990). «L' Illyrie méridionale et L'Épire dans l'Antiquité». L'antiquité classique. 59
- Sakellariou, M. V. (1997). Epirus, 4000 years of Greek history and civilization. Atenas: Ekdotikē Athēnōn. ISBN 9602133716
- Wilkes, John (1995). The Illyrians. Oxford, Reino Unido: Blackwell Publishing. ISBN 0-631-19807-5