Boi Caprichoso – Wikipédia, a enciclopédia livre
![]() | |
Nome | Boi Caprichoso |
Símbolo | Estrela |
Cores | Azul e Branco |
Presidente | Rossy Amoedo (triênio 2024-2026) Vice-presidente: Diego Mascarenhas |
O Boi Caprichoso, cujo nome completo em razão social é Associação Cultural Boi-Bumbá Caprichoso, é uma das duas agremiações culturais que competem no Festival Folclórico de Parintins, um dos mais importantes festivais populares e culturais do Brasil. [1] As cores oficiais do Caprichoso são o azul e o branco, embora seja conhecido como "touro negro" por conta da sua representação ser um touro de pelos pretos, possuindo este uma estrela azulada na testa, sendo esta o seu símbolo maior.
História
[editar | editar código-fonte]Era 1913 quando a Parintins antiga viu nascer nos terreiros úmidos do “Reduto do Esconde”, pelas bandas do Urubuzal, o Boi Caprichoso. Nascido das mãos calejadas de Seu Roque Cid e seus irmãos, Antônio Cid, Beatriz Cid e Pedro Cid, naturais de Crato, no Ceará. O mais velho, Pedro Cid, resolve ficar em Belém, precisava de trabalho urgentemente. Os outros, Roque Cid e Antônio Cid, seguem para Manaus. Aportando em Parintins, saltam e resolvem ficar. O ano era 1913, os Cid ainda não haviam concretizado todos os seus sonhos de prosperar na nova terra e resolvem que vão retornar às suas origens. Fala-lhes sobre um boi de nome Caprichoso que assistira em Manaus, na Praça 14 de Janeiro, contou-lhes como foi sua evolução: toadas, desafios e animação. Os irmãos Cid enchem-se de coragem e no dia 20 de outubro de 1913, juntamente com outros amigos e a promessa a São João foi cumprida: nasce o boi Caprichoso no local conhecido como Esconde, hoje a Travessa Sá Peixoto.[2]
Assim, desde então, de couro negro e luzidio, o boi Caprichoso saiu às ruas pela primeira vez, demarcando seu território azulado, brincado pelas ruas de Parintins, sob as luzes de lamparinas.[3]
O boi brincava, dançando estimulado pela cantoria do Amo e a euforia dos brincantes em número reduzido e lá se iam ao som da marujada de guerra, entoando seus desafios, incentivados pelos torcedores.
De vez em quando, uma parada para o ritual do tira a língua. O boi morria, atirado por pai Francisco para satisfazer o desejo de Mãe Catirina. Sua língua era retirada e vendida ao dono da casa. Assim, angariavam fundos para os festejos da morte do boi quando encerravam os folguedos juninos.[4]
Nascido das mãos de gente simples, logo ganha a simpatia de muitos, tornando-se assim, o presente do povo: pescadores, lavadeiras, pedreiros, compadres e comadres. Eram os seus primeiros brincantes.[5]
De lá para cá, o Boi Caprichoso ganhou os quintais e as ruas, sempre brincando e alegrando gente pobre, negra, indígena e ribeirinha, refletida na estrela azul e branca da testa do Boi Negro da Ilha, lindo e popular. Sob lamparinas de Seu Lioca e cumprimento da promessa junina, fortalecia-se, aos poucos, uma festança popular que, ao longo das gerações, permitiu que os parintinenses sonhassem outros futuros, tecidos por meio dos saberes e da sensibilidade de sua gente cabocla, energizada na utopia e na busca de uma imaginada revolução oriunda desde nossa ancestralidade. Os artistas populares, com suas esculturas superlativas, ganharam o Brasil e o mundo, tornando o Boi Caprichoso, os mais aguerridos lutadores da cultura parintinense.[6][7][8]
Em metamorfose ao ritmo tradicional e o ambiente do folguedo em espetáculo capaz de mobilizar multidões e de colocar em cena a louvação à Mãe Natureza, ao passo em que se denunciam as violações dos direitos dos povos da floresta. Valorizando a história de tantas memórias e camadas, diversas em etnias, gêneros, religiões e orientações sexuais. As ruas são galerias vivas de uma arte popular a nutrir e expandir a cultura nacional. Semeando arte em reinvenções permanentes, refazendo identidades, emoldurando ancestralidades com as demandas atuais que brotam da gente.
O Caprichoso é o bumbá que permanece se nutrindo em mais de cem anos, nos batuques libertários dos quilombos, em meio a marchas e acampamentos de povos originários, no suor de artesãos locais e nas expressividades dos que ousaram criar no meio da Amazônia, as estruturas gigantescas que que foram nomeadas nos saberes-fazeres de ousadia.
Este boi segue sustentando, em mais de 50 edições do Festival Folclórico, com os artistas do Boi-Bumbá Caprichoso, a função máxima da festa que é bradar a todos os cantos a luta dos homens e das mulheres da floresta, transformando os anseios e sonhos do seu povo em luta: luta em poesia na chama viva da cultura popular do Boi Negro de Parintins.
A partir de 1982, o Boi-Bumbá Caprichoso transforma-se em uma associação, alterando seu formato de gestão. Os antigos proprietários transferem o controle para presidentes eleitos com mandatos específicos, auxiliados por uma diretoria mais ampla. Odinéa Andrade registra a primeira assembleia em 20 de março de 1982, no Salão Nobre do Colégio Nossa Senhora do Carmo. Nesse momento, organizam o primeiro quadro de sócios, e em breve, o Caprichoso adquire um curral, um espaço físico para atividades sociais, ensaios e parte da preparação para as apresentações no Festival.
Localização
[editar | editar código-fonte]Ao longo de sua existência, o Caprichoso ocupou nove Currais (sedes), a cada novo dono o boi se instalou em diferentes locais, numa caminhada pelos quatro cantos da cidade, originando-se daí a sua fama de "Boi de Parintins". A partir de 1981, quando o Caprichoso deixa de ter um dono e passa a ser administrado por uma diretoria, se instala definitivamente em seu curral na Rua Gomes de Castro, que recebeu o nome de Zeca Xibelão em homenagem a seu icônico tuxaua. [9]
Dono | Curral |
---|---|
Roque Cid (1913 - 1918) | Av. Sá Peixoto |
Emídio Vieira (1918-1931) | Av. Rio Branco |
Pedro Cid (1932-1942) | Av. Sá Peixoto |
Antônio Boboí (1943) | Av. João Meireles |
Nascimento Cid (1944 - 1947) | Beco Castelo Branco |
Luiz Gonzaga (1948 - 1963) | Av. Rio Branco |
Nilo Gama (1964) | Av. Rio Branco e Furtado Belém |
Ervino Leocádio (1965 - 1967) | Parananema e Travessa Cordovil |
Luiz Pereira (1968 - 1981) | Travessa Cordovil |
Títulos
[editar | editar código-fonte]O primeiro título conquistado pelo Boi Caprichoso foi em 1969, na segunda edição do Festival Folclórico de Parintins em que houve a disputa entre as duas agremiações folclóricas. Na década de 1970, ganhou os festivais de 1972, 1974, e um tetracampeonato de 1976 a 1979. No ano de 1978, a Praça das Castanholeiras foi escolhido o local das disputas, o adversário alegou que o local era inapropriado e abandonou a disputa tornando o Caprichoso Tricampeão. Porém, o adversário também contabiliza o ano de 1978 como título em sua galeria, porque naquela época também havia outras disputas simultâneas e em uma delas acabaram ganhando.
Na década de 1980, considerada por muitos torcedores como "A Década Perdida", fato este que foi relembrado até mesmo pelo Amo do Boi, Edílson Santana, no Festival de 2013, o Caprichoso venceu os festivais de 1985 e 1987. Em 1982, o Boi Caprichoso decidiu não participar no festival, alegando que a disputa seria injusta, dado o tempo restado para a confecção de um boi que pudesse competir à altura, já que o boi contrario teria recebido a verba muito antes.
A década de 1990 representou um dos melhores momentos da história do Boi Caprichoso. De 1990 a 1999, ganhou seis dos dez festivais disputados, tendo faturado um tricampeonato (1994-1996) na época em que a festa de Parintins ganhava o Brasil e o mundo. Teria conquistado o seu tetracampeonato em 1997, levando em consideração apenas a soma dos pontos dados pelos jurados à apresentação na arena. A derrota, porém, adveio de uma penalidade imposta pelos jurados ao apresentador Gil Gonçalves. No entanto, o "Touro Negro" deu a volta por cima sagrando-se campeão no ano seguinte, em 1998 - uma conquista indiscutível em que um dos fatos mais marcantes foi o cantor Arlindo Júnior ter ocupado o posto de apresentador e levantador de toadas ao mesmo tempo, e ainda ter vencido nos dois itens, repetindo o feito de Paulinho Faria, que também venceu em ambos os itens em 1991 e 1993.
Em 2000, protagonizou com o boi contrário o primeiro empate da história do Festival de Parintins em uma apuração controversa. Ainda nessa década, faturou o festival de 2003 e um bicampeonato (2007 e 2008). De 2010 até hoje, o Boi Caprichoso tem protagonizado disputas equilibradas com o boi contrário. Foi campeão em 2010, 2012, 2015 (ano do cinquentenário do festival) e Bicampeão nos anos de 2017 e 2018, além de ser tricampeão pela segunda vez em sua história (2022-2024)
Competição | Títulos | Temporadas | |
---|---|---|---|
Festival Folclórico de Parintins | 26 | 1969, 1972, 1974, 1976, 1977, 1979, 1985, 1987, 1990, 1992, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000¹, 2003, 2007, 2008, 2010, 2012, 2015, 2017, 2018, 2022, 2023 e 2024 |
Segmentos
[editar | editar código-fonte]Presidentes
[editar | editar código-fonte]Aqui, a lista dos presidentes da agremiação:[9]
Presidentes | Mandato | Ref. |
---|---|---|
Roque Cid | 1913 | |
Emídio Vieira | 1918-1931 | |
Pedro Cid | 1932-1942 | |
Antônio BoBoí | 1943 | |
Nascimento Cid | 1944-1947 | |
Luiz Gonzaga | 1948-1963 | |
Nilo Gama | 1964 | |
Ervino Leocádio | 1965-1967 | |
Luiz Pereira | 1968-1981 | |
Alcinelcio Vieira | 1982 | |
Geraldo Medeiros | 1983-1984 | |
Waldemar Queiroz | 1984-1985 | |
João Andrade | 1986-1987 | |
Irineu Teixeira | 1988-1989 | |
Rubens dos Santos | 1989 | |
Junta Governativa (Ray Viana, Emílio Silva, Nazaré Leitão, Feijó, Manolo e Socorro Lopes) | 1990 | |
Geraldo Medeiros | 1991 | |
Ray Viana | 1992 | |
João Andrade | 1993 | |
Ray Viana | 1994-1996 | |
Joilto Azêdo | 1997-2000 | |
Dodózinho Carvalho | 2001-2002 | |
César Oliveira | 2003-2005 | |
Carmona Oliveira Filho | 2005-2010 | |
Márcia Baranda | 2010-2013 | |
Joilto Azêdo | 2013-2016 | |
Babá Tupinambá | 2016-2019 | |
Jender Lobato | 2019–2023 | |
Rossy Amoedo | 2023-presente |
Apresentador
[editar | editar código-fonte]
Período | Apresentador | Naturalidade | Ref. |
---|---|---|---|
1987-1989 | Marcos Santos | ||
1990-1997 | Gil Gonçalves | ||
1998-2004[10] | Arlindo Júnior | Manaus | |
2005-2013 | Junior Paulain | ||
2014 | Arlindo Júnior | Manaus | |
2015 | Junior Paulain | ||
2016 | Fabiano Neves | ||
2016-presente | Edmundo Oran |
Levantador de Toadas
[editar | editar código-fonte]
Período | Levantador de Toadas | Naturalidade | Ref. |
---|---|---|---|
1989-1999 | Arlindo Júnior | ![]() | |
2000-2001 | Renato Freitas | ||
2002-2004 | Robson Junior | [11] | |
2005-2006 | Arlindo Júnior | ![]() | |
2007-2009 | Edilson Santana | ![]() | [12] |
2010-2020 | David Assayag | ![]() | |
2020-atual | Patrick Araújo | ![]() |
Marujada de Guerra
[editar | editar código-fonte]
A sustentação rítmica é a base do espetáculo, fornecida por um agrupamento de percussão essencial às toadas. Reger uma orquestra de percussão já é complexo, e dividir 450 ritmistas em duas partes, com dois regentes, é um desafio que exige concentração e comprometimento artístico, alinhando os espetáculos de Arena com grandes musicais.
- Méritos para pontuação incluem: cadência diferenciada, ritmo e constância.
- Diferenciais e comparativos consideram: harmonia, disposição de arena, ritmo, indumentária e cadência.
Porta-Estandarte
[editar | editar código-fonte]
Período | Porta-estandartes | Naturalidade | Ref. |
---|---|---|---|
1989 | Rosames Suely | ![]() | |
1990 | Wanderlane | ||
1991 | Marcela Pessoa | ||
1992 | Inah Lopes | [13] | |
1993 | Moza Santana/Marcela Pessoa | ||
1994-1995 | Marlessandra Barbosa Fernandes | ||
1996-1998 | Marlessandra Nascimento Santana | [13] | |
1999-2004 | Lucenize Moura | [13] | |
2005-2006 | Analú Vieira | [13] | |
2007-2011 | Karyne Medeiros | [13] | |
2012 | Jeane Benoliel | [13] | |
2013-2014 | Rayssa Tupinambá | [13] | |
2015 | Jessica Tavares | ||
2016 | Thaisa Brasil | ||
2017 | Taynessa Brasil | [13] | |
2017-atual | Marcela Marialva | ![]() | [14] |
Amo do Boi
[editar | editar código-fonte]
Período | Amo do Boi | Naturalidade | Ref. |
---|---|---|---|
1984-1998 | Rey Azevêdo | ||
1999-1999 | Benedito Siqueira | ||
2000-2003 | Rey Azevêdo | ||
2004-2004 | Renato Freitas | ||
2005-2006 | Edilson Santana | ![]() | |
2007-2009 | Prince do Boi | ||
2010-2013 | Edilson Santana | ![]() | |
2014-2014 | Junior Paulain | ![]() | |
2015-2016 | Edmundo Oran | ||
2017-2024 | Herland "Prince do Boi" Pena | ||
2025-atual | Caetano Medeiros | [15] |
Sinhazinha da Fazenda
[editar | editar código-fonte]
Rainha do Folclore
[editar | editar código-fonte]Cunhã-Poranga
[editar | editar código-fonte]
Período | Cunhã-poranga | Naturalidade | Ref. |
---|---|---|---|
1989 | Luisiana Medeiros | ![]() | [16] |
1990 | Maria Cecília Monteiro | [17] | |
1991-1995 | Daniela Assayag | ![]() | [18] |
1996-1998 | Marlessandra Barbosa Fernandes | ![]() | |
1999-2000 | Marlessandra Nascimento Santana | ||
2001-2004 | Jeane Benoliel | [19] | |
2005-2006 | Isabel de Souza da Silva | ||
2007-2016 | Maria Azêdo | ||
2017-atual | Marciele Albuquerque | ![]() | [20] |
Notas
- Luisiana Medeiros representou o Amazonas no mesmo ano no Miss Brasil 1989, também participou do concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Paraense em 1990, tornando-se vice-campeã.
- Maria Cecília Monteiro foi campeã do concurso Rainha das Rainhas do Carnaval Paraense em 1990.
Boi-Bumbá (Evolução)
[editar | editar código-fonte]
O símbolo da manifestação popular e motivo principal do festival, o artista plástico Alexandre Simas Azevedo, de 33 anos, herdou de seu pai o talento para dar vida ao boi de pano, e agora está pronto para defender o item Tribo do Caprichoso. Criado na Rua Cordovil, um berço tradicional do Caprichoso, desde criança o boi-bumbá foi seu brinquedo favorito. Aos 19 anos, Alexandre Azevedo dançou pela primeira vez debaixo do "boi da estrela na testa", em um evento oficial do Caprichoso em Brasília, quando seu pai, Marcos Azevedo, sofreu um acidente e não pôde viajar. Desde 2001, sua ligação com o bumbá da estrela se fortaleceu, acompanhando seu pai nas apresentações no Festival Folclórico de Parintins, até o momento em que assumiu o item em outubro de 2016. A experiência de Alexandre Azevedo na arena do Bumbódromo e em eventos oficiais do boi por todo o Brasil o credenciou a ser o sucessor de seu pai. Em 2001, quando seu pai machucou o pé pouco antes de uma importante viagem à Brasília para uma apresentação da Coca-Cola, Alexandre assumiu a responsabilidade e se colocou à disposição do Caprichoso para acompanhar a viagem. Desde então, ele passou a acompanhar seu pai na arena, participando em alguns momentos e revezando no item, seja no Bumbódromo, em viagens pelo país ou em shows em Manaus. Seu primeiro contato com o boi foi na infância, brincando com um "boizinho" na rua de casa, o que despertou desde cedo sua paixão pelo folclore e pelo Caprichoso.
Pajé
[editar | editar código-fonte]
Período | Pajés | Naturalidade | Ref. |
---|---|---|---|
1992-2016 | Waldir Santana | ![]() | |
2017-2019 | Neto Simões | ||
2020-atual | Erick Beltrão |
A Galera Azul e Branca
[editar | editar código-fonte]
A massa humana que forma uma das maiores coreografias uníssonas do mundo é um elemento crucial do espetáculo, com mais de dez mil torcedores ocupando a arquibancada do Bumbódromo desde cedo, enfrentando chuva, sol e calor. Esse sacrifício garante seus lugares para participar gratuitamente do grande coro que embala as apresentações do Boi Caprichoso. Após um dia inteiro de espera, eles mostram sua garra e força cantando as toadas, executando coreografias com braços ou adereços, e transmitindo sua energia e amor para a arena, interagindo ativamente com o apresentador.
Em 1988, ano de inauguração do Bumbódromo oficial de concreto armado e alvenaria, o jovem Arlindo Júnior assumiu o posto de levantador de toadas em 1989, inovando com novas coreografias. Em 1996, começaram os Medleys, misturas de arranjos com coreografias de braço que impactavam a arena. Em 2010, David Assayag, com raízes no Caprichoso desde 1991, voltou como levantador oficial de toadas após um período no boi adversário. A galera azul e branca permaneceu invicta por 8 anos, de 2011 a 2018, conquistando títulos em 2012, 2015, 2017 e 2018, e empates em 2011, 2013, 2014 e 2016 no item 19.
Projeto social
[editar | editar código-fonte]Desde 1997, o Caprichoso mantém a Escola de Artes Irmão Miguel de Pascalle, conhecida também como "Escolinha de Artes Caprichoso", criada na gestão do então presidente Joilto Azedo. Inicialmente de forma tímida como um projeto experimental, envolvia cerca de 50 crianças. Nos dias Atuais, a escola de artes atende mais de 700 jovens entre 07 a 20 anos no compromisso de iniciação artística, no apoio aos esportes e auxilio no reforço escolar. Este Projeto já atende a demanda interna do boi Caprichoso em praticamente todos os seus setores, que concorrem o festival e em especialmente na parte artística e musical. Para participar das atividades e laboratórios da escola, é preciso apenas estar matriculados na rede de ensino formal. As crianças e adolescentes não precisam torcerem para o Caprichoso para serem aceitas, tanto que a escola já revelou itens inclusive para o adversário.
As Toadas
[editar | editar código-fonte]Até o final dos anos 80 as toadas eram músicas cujas letras exaltavam o boi e demais personagens como Pai Francisco, a Sinhazinha, dentre outros, além de exaltarem a cultura cabocla parintinense. No início dos anos 90, a temática indígena que foi introduzida com sucesso, principalmente com o advento dos rituais indígenas, que se tornaram o ponto alto do Festival. O Caprichoso foi o que melhor utilizou a temática, alcançando grande destaque graças ao sucesso que crítica e público concederam a toadas indígenas como Fibras de Arumã, Unankiê, e Kananciuê. Com o sucesso de tais toadas, o público de Manaus, que gostava timidamente do ritmo, passou a abraçar a toada e a adotou como símbolo da cultura amazonense. No ano seguinte, o grupo Canto da Mata, composto por Geraldo Brasil, Cabá, Pampa, Aluízio Brasil, Alex Pontes, Maílzon Mendes, Alceo Ancelmo e Neil Armstrong, iniciou um outro estilo de toada que também tomaria conta do grande público de Manaus e de Parintins, a Toada Comercial. Em 1995, com o uso dos teclados - que tinham sido usados pela primeira vez de maneira tímida em 1994 - o grupo compôs a toada "Canto da Mata", que foi um grande sucesso nas rádios e ajudou o Caprichoso a vencer o Festival. Em 1997, compuseram outra toada que se tornou fenômeno no Amazonas: "Ritmo Quente", grande sucesso nos ensaios do boi e também em eventos turísticos de Manaus, como "Boi Manaus" e o "Carnaboi".
Festas Tradicionais
[editar | editar código-fonte]Boi de Rua
[editar | editar código-fonte]O "Boi de Rua" é a festa mais tradicional realizada pelo Caprichoso, ocorre sempre no mês de Abril e faz parte da temporada bovina em Parintins. Fogueiras, lamparinas, Marujada, Vaqueirada, Pai Francisco e Mãe Catirina são elementos presentes na brincadeira, que até hoje reúne famílias nas portas das casas e centenas de brincantes em caminhada, pelas ruas da cidade. Durante o trajeto, o Boi de Rua passa por pontos importantes do município de Parintins, como a catedral de Nossa Senhora do Carmo, até chegar ao curral Zeca Xibelão.
Bar do Boi
[editar | editar código-fonte]Realizado a 30 anos, o Bar do Boi é um tradicional evento do Boi Caprichoso em Manaus, promovido pelo Movimento Marujada e é considerado vitrine do Festival Folclórico de Parintins para o Brasil e o mundo. É um grande show realizado com a presença de todos os itens, bandas e grupos de danças do Boi e atrai um grande público.
Temas
[editar | editar código-fonte]É a temática que o boi desenvolve ao longo de suas apresentações no Festival Folclórico de Parintins, a seguir os temas defendidos pelo Boi Caprichoso de 1980 a 1987 na era pré Bumbódromo, e a partir de 1988 na era Bumbódromo.
- 1980 - Diamante Negro (Autor: Acinelcio Pereira Vieira)
- 1981 - Diamante Negro (Autor: Acinelcio Pereira Vieira)
- 1982 - Diamante Negro (Autor: Acinelcio Pereira Vieira)
- 1983 - O Indomável (Autores: Odinéia Andrade e José Maria Pinheiro)
- 1984 - O Infinito (Autor: Acinelcio Pereira Vieira)
- 1985 - Negrão Maravilha (Autores: Acinelcio Pereira Vieira e José Maria Pinheiro)
- 1986 - Arte, Amor e Paz (Autor: Jair Mendes)
- 1987 - Revolução da Arte no Mundo (Autor: Odinéia Andrade)
- 1988 - Rei Negro, Tributo a Liberdade (Autores: João Afonso do Amaral)
- 1989 - A Força da Natureza (Autores: Odinéia Andrade, Valda, Milca Maia, Laura)
- 1990 - Raízes de um Povo (Autores: Antônio Amadeu O. Lopes, Antônio José Cansanção)
- 1991 - Cultura Cabocla (Autor: Odinéia Andrade)
- 1992 - A Arte de Folclorear (Inspirada na música de Chico da Silva)
- 1993 - No Silêncio da Mata, Rufa Tamurá (Autor: Júnior de Souza)
- 1994 - Capricho dos Deuses (Autor: Hélio Omar Conceição Ribeiro)
- 1995 - Luz e Mistérios da Floresta (Autor: Maria Ednelza Ferreira Cid)
- 1996 - Criação Cabocla (Autores: Mirtes Fernandes e Cora Carro Carvalho)
- 1997 - O Boi de Parintins (Autor: Simão Elias Assayag)
- 1998 - 85 Anos de Cultura (Autor: Simão Elias Assayag)
- 1999 - Faz da Arte Sua História
- 2000 - A Terra é Azul
- 2001 - Amor e Paixão
- 2002 - Amazônia Cabocla de Alma Indígena
- 2003 - 90 Anos de Raízes e Tradições na Amazônia
- 2004 - Amazonas Terra do Folclore, Fonte de Vida
- 2005 - A Estrela do Brasil
- 2006 - Amazônia Solo Sagrado
- 2007 - O Eldorado é Aqui
- 2008 - O Futuro é Agora
- 2009 - Amazonas, Onde o Verde Encontra o Azul
- 2010 - O Canto da Floresta
- 2011 - A Magia Que Encanta
- 2012 - Viva a Cultura Popular!
- 2013 - O Centenário de uma Paixão
- 2014 - Amazônia Táwapayêra
- 2015 - Amazônia
- 2016 - Viva Parintins!
- 2017 - A Poética do Imaginário Caboclo
- 2018 - Sabedoria Popular: Uma revolução ancestral
- 2019 - Um Canto de Esperança para a Mátria Brasilis
- 2020 - Terra, Nosso Corpo, Nosso espírito
- 2021 - Terra, Nosso Corpo, Nosso Espírito
- 2022 - Amazônia: Nossa Luta em Poesia
- 2023 - O Brado do Povo Guerreiro
- 2024 - Cultura - O Triunfo do Povo
- 2025 - É Tempo de Retomada
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ AM, Adneison SeverianoDo G1 (9 de março de 2013). «Descendentes de fundador do bumbá Caprichoso recordam tradição, no AM». Amazonas. Consultado em 10 de fevereiro de 2023
- ↑ Andrade, Odinéa (2023). Estrelas de um centenário: Trajetória do Boi-Bumbá Caprichoso. RIO DE JANEIRO: EDITORA UEA. p. 35. ISBN 978-85-7883-563-7
- ↑ Andrade, Odinéa (2023). Estrelas de um centenário: Trajetória do Boi-Bumbá Caprichoso. Rio de Janeiro: Editora UEA. p. 183. ISBN 978-85-7883-563-7
- ↑ Andrade, Odinéa (2023). Estrelas de um centenário: Trajetória do Boi-Bumbá Caprichoso. Rio de Janeiro: EDITORA UEA. p. 101. ISBN 978-85-7883-563-7
- ↑ Andrade, Odinéa (2023). Estrelas de um centenário: Trajetória do Boi-Bumbá Caprichoso. Rio de Janeiro: EDITORA UEA (publicado em fevereiro de 2023). p. 47. ISBN 978-85-7883-563-7
- ↑ Cabocla, Midia (fevereiro de 2024). «Artistas do Caprichoso se destacam em escolas de sambas do Brasil». Midia Cabloca. Consultado em 15 de junho de 2024
- ↑ 1 Omar, 2 Garcia, 3 Nakanome, 1 Diego, 2 Elziandra, 3 Erick (2021). Os Bois-Bumbás de Parintins: novos olhares. Rio de Janeiro: Editora UEA. p. 271. ISBN 978-65-80033-34-8
- ↑ Folha de Parintins, Folha (23 de maio de 2021). «Caprichoso brinca de boi, emociona e leva mensagem de apoio ao povo Yanomami, em boi de rua». Folha de Parintins. Consultado em 23 de maio de 2021
- ↑ a b Andrade, Odinéa (2023). Estrelas de um centenário: Trajetória do Boi-Bumbá Caprichoso. Rio de Janeiro: EDITORA UEA (publicado em fevereiro de 2023). ISBN 978-85-7883-563-7
- ↑ «Arlindo Júnior celebra nova fase da carreira». Portal deAmazônia
- ↑ www.operahouse.com.br. «Notícias : Parintins.com : Parintins.com - O Site do Boi!». parintins.com. Consultado em 5 de julho de 2017
- ↑ Lopes, Gabriel (4 de março de 2024). «'Feliz de retornar ao Caprichoso', diz Edilson Santana em entrevista à Rios Fm 95,7». Rios de Notícias. Consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ a b c d e f g h ACRÍTICA.COM (28 de abril de 2017). «Caprichoso elege neste domingo a nova Porta Estandarte, em Parintins». A Crítica. Consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ ACRÍTICA.COM (1 de maio de 2017). «Galera azul escolhe Marcela Marialva como nova Porta-Estandarte do Boi Caprichoso». A Crítica. Consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ «Caetano Medeiros é anunciado como novo amo do Boi Caprichoso». G1. 25 de março de 2025. Consultado em 26 de março de 2025
- ↑ Pati Dantas (26 de dezembro de 2022), Luisiana Medeiros Cunhã Poranga do Boi Caprichoso 1989, consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ Pati Dantas (20 de junho de 2021), Maria Cecília Monteiro Cunhã-Poranga Boi Caprichoso 1990, consultado em 24 de novembro de 2024
- ↑ Santos, Ana Lucia Cavalcante dos (13). «Corpo, cultura e poder: as várias representações da cunhã poranga do festival folclórico de Parintins». Consultado em 6 de janeiro de 2025 Verifique data em:
|data=
(ajuda) - ↑ «Legado e ousadia: Jeane Benoliel relembra momentos icônicos como sinhazinha, cunhã-poranga e porta-estandarte do Caprichoso (vídeo)». Radar Amazônico. 1 de junho de 2024
- ↑ «Festival de Parintins: veja 4 paraenses que são destaques e podem definir o Boi campeão». O Liberal. 26 de junho de 2024. Consultado em 24 de novembro de 2024