Cabeça (Santa-Rita) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cabeça
Cabeça (Santa-Rita)
Autor Guilherme de Santa-Rita
Data c. 1910
Técnica óleo sobre tela
Dimensões 65,3 × 46,5 
Localização Portugal Secretaria de Estado da Cultura / Ministério da Cultura de Portugal

Cabeça, c. 1910, é uma pintura da autoria do pintor português Guilherme de Santa-Rita (ou Santa-Rita Pintor). É consensualmente considerada uma obra central do modernismo em Portugal.

Percurso da obra

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Datada no verso por mão desconhecida, o ano de execução permanece incerto, mas deverá localizar-se entre 1910 e 1912 precedendo, portanto, as pinturas cubistas de Amadeo ou de qualquer outro autor português. Esta obra aproxima-se das máscaras africanas evocadas por Picasso nas Demoiselles d’Avignon, e de outras obras do mesmo autor datadas de 1909 e 1910.[1][2]

Obra mítica da raríssima produção conhecida de Santa-Rita, nela o pintor exercitou uma unidade plástica que pode conotar-se com os princípios técnicos e estéticos do cubismo analítico, dinamizados por movimentos circulares que encontramos em obras do futurismo italiano.[3]

Segundo Diogo de Macedo a obra terá, em certo momento, sido batizada pelo pintor de Retrato de Violinista, devido às alusões a esse instrumento (alongamento elítico da cabeça e fenda semelhante à de um violino)[4]. Em alternativa, poderá tratar-se do retrato do irmão do pintor, o poeta Augusto de Santa-Rita; Joaquim Matos Chaves identifica traços fisionómicos que apontam para essa possibilidade: "estrabismo, monóculo, bigode, testa alta", o que reforça o paralelismo com retratos realizados por Braque e Picasso em 1909.[3]

Oferecida por Santa-Rita a Manuel Jardim, Cabeça transitou para a coleção de Henrique de Vilhena que a doou ao Estado, através do Secretariado Nacional de Informação.[3]

A pintura pertence à Colecção do Secretaria de Estado da Cultura / Ministério da Cultura de Portugal e encontra-se em depósito no Museu do Chiado, Lisboa.

  • Autor: Guilherme de Santa-Rita (Santa-Rita Pintor)
  • Título: Cabeça
  • Data: c. 1910
  • Técnica: óleo sobre tela
  • Dimensões: 65,3 x 46,5 cm.
  • Não assinado; não datado.

Algumas exposições

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  • 1968 – Art Portugais. Centre Culturel de la Fondation Calouste Gulbenkian, Paris, nº cat. 33, rep. p.b.[5]
  • 1978 – Portuguese Art Since 1910. Royal Academy of Arts, Londres, nº cat. 117, rep. p.b.[6]

Referências

  1. WOHL, Hellmut – Portuguese Art Since 1910. London: Royal Academy of Arts, 1978, p. 44
  2. FRANÇA, José AugustoA arte em Portugal no século XX. Lisboa: Bertrand Editora, 1974, p. 54
  3. a b c d SILVA, Raquel Henriques da – "Guilherme Santa-Rita: Cabeça". In: A.A.V.V. – Museu do Chiado: Arte portuguesa 1850-1950. Lisboa: Museu do Chiado; Instituto Português de Museus, 1994, p. 348
  4. DIAS, Fernando Rosa – Ecos expressionistas na pintura portuguesa entre-guerras. Lisboa: Campo da Comunicação, 2011, p. 94. ISBN 978-989-8465-03-0
  5. A.A:V.V. – Art Portugais. Paris: Centre Culturel de la Fondation Calouste Gulbenkian, 1968
  6. WOHL, Hellmut – Portuguese Art Since 1910. London: Royal Academy of Arts, 1978, p. 44, 57