Carcinoma linfoepitelial – Wikipédia, a enciclopédia livre
O carcinoma linfoepitelial (CLE) de glândulas salivares é uma neoplasia maligna (câncer) rara, caracterizada por um componente não-neoplásico linfoplasmocítico proeminente.[1]
Sinais e sintomas
[editar | editar código-fonte]O CLE tende a se apresentar como uma massa de consistência endurecida, de tempo variável (de meses a anos desde seu surgimento).[2] Alguns dos pacientes podem apresentar fraqueza ou paralisia do nervo facial, mas sem alterações na audição.[3] Mais da metade (56%) dos pacientes apresenta envolvimento de linfonodos ao diagnóstico.[3]
Aspectos radiográficos e histológicos
[editar | editar código-fonte]Radiograficamente, o CLE tende a se apresentar na tomografia computadorizada como uma lesão hiperdensa multilocular, usualmente homogênea, de bordas bem delimitadas ou parcialmente difusas, podendo causar reabsorção óssea de tecidos adjacentes.[1][2] A lesão tende a se associar à musculatura local e ter aspecto infiltrativo.[1] Em alguns casos observa-se degeneração cística ou calcificações.[1][2] Na ultrassonografia, apresenta-se como uma lesão hipoecoica de limites bem definidos e conteúdo heterogêneo.[2]
Histologicamente, o CLE é composto por cordões, lençóis ou ilhotas de células epiteliais não diferenciadas, separadas entre si por um estroma tumoral rico em tecido linfoide.[2][3] As células epiteliais possuem citoplasma eosinofílico, núcleo vesiculado irregular de tamanho aumentado e bordas indistintas, enquanto o estroma linfoide é composto por linfócitos e plasmócitos com formação de centros germinativos.[2][3]
Observa-se atividade mitótica e corpos apoptóticos, assim como pleomorfismo e formação de células fusiformes em algumas áreas.[3] Em alguns casos pode-se encontrar queratinização, e a maior parte dos CLE está associada a sialadenite linfoepitelial.[3]
Causas
[editar | editar código-fonte]O CLE está associado ao vírus Epstein-Barr em até 80% dos casos.[1][2][3] Sabe-se que o CLE é endêmico em populações do Sudeste Asiático e inuítes do Ártico (Groenlândia, Alasca, norte do Canadá), onde representa até 92% dos tumores de glândula salivar malignos.[3]
Mutações do gene EBER1 foram descritas no CLE e são exclusivas dessa patologia.[2]
Epidemiologia
[editar | editar código-fonte]O CLE é raro, e representa 0,4% dos tumores malignos de glândulas salivares, e 0,8% dos tumores malignos de parótida.[1] Afeta principalmente glândulas salivares maiores (~89%), especialmente a parótida (80%), e possui predileção por inuítes e sul asiáticos.[1][2][3]
Possui predileção por mulheres e pacientes mais velhos, especialmente quando afeta glândulas salivares menores.[1]
Diagnóstico
[editar | editar código-fonte]O diagnóstico do CLE se dá por exame anatomopatológico.[2] A hibridização in situ por fluorescência (FISH) pode ser utilizada para detectar a presença do vírus Epstein-Barr.[3]
O diagnóstico diferencial inclui outros tumores de glândulas salivares, especialmente o tumor de Warthin, e linfoma não-Hodgkin.[1]
Prognóstico e tratamento
[editar | editar código-fonte]O prognóstico do CLE é usualmente favorável, com baixa taxa de recidiva ou metástase.[2] Porém, é uma neoplasia caracterizada como de alto risco pela sua tendência de se espalhar pelos linfonodos cervicais, e os pacientes devem ser acompanhados a longo prazo.[2]
O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica radical, e a maior parte dos pacientes também necessita de dissecação dos linfonodos cervicais, e a sua realização melhora o desfecho nos pacientes com linfonodo positivo.[2] A radioterapia adjuvante pode ser utilizadas nos pacientes de alto risco (invasão marginal, invasão perineural, vascular ou linfática, envolvimento linfonodal ou histologia de alto grau).[2] A quimioterapia é reservada para tratamento paliativo de pacientes com tumores recidivantes locais sintomáticos e/ou doença metastática não elegível à cirurgia ou radioterapia.[2]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e f g h i Wang, Pingzhong; Yang, Jie; Yu, Qiang (1 de dezembro de 2017). «Lymphoepithelial carcinoma of salivary glands: CT and MR imaging findings». Dentomaxillofacial Radiology (8). 20170053 páginas. ISSN 0250-832X. PMC PMC5965942
Verifique
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(ajuda). PMID 28707954. doi:10.1259/dmfr.20170053. Consultado em 3 de março de 2025 - ↑ a b c d e f g h i j k l m n o Chou, Chiung-Tung; Ou, Chun-Yen; Lee, Wei-Ting; Hsu, Heng-Jui (2022). «Clinical features in salivary gland lymphoepithelial carcinoma in 10 patients: Case series and literature review». Laryngoscope Investigative Otolaryngology (em inglês) (3): 779–784. ISSN 2378-8038. PMC PMC9194977
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(ajuda). PMID 35734066. doi:10.1002/lio2.811. Consultado em 3 de março de 2025 - ↑ a b c d e f g h i j Whaley, Rumeal D.; Carlos, Roman; Bishop, Justin A.; Rooper, Lisa; Thompson, Lester D. R. (1 de dezembro de 2020). «Lymphoepithelial Carcinoma of Salivary Gland EBV-association in Endemic versus Non-Endemic Patients: A Report of 16 Cases». Head and Neck Pathology (em inglês) (4): 1001–1012. ISSN 1936-0568. PMC PMC7669917
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(ajuda). PMID 32462279. doi:10.1007/s12105-020-01172-w. Consultado em 3 de março de 2025