Chocolate rubi – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Chocolate rubi,[1] também chamado chocolate rosa[2] ou chocolate cor-de-rosa,[3] é uma variedade de chocolate lançada no mercado em 2017 pela chocolateira belgo-suíça Barry Callebaut.[4] Embora a receita desta variedade de chocolate já estivesse em desenvolvimento desde 2004, só foi patenteada em 2015, com a consignação de autoria atribuída à Dumarche et al. e a titularidade dos direitos de propriedade consignada à Barry Callebaut,[5] como aliás resulta do constante da patente n.º US 9107430 de 2015.[6][7]
A fórmula foi desenvolvida em França e em Wieze no Leste da Flandres.[8]
Teve a sua estreia internacional em Shanghai, a 5 de Setembro de 2017.[7] Tem sido larga e amplamente publicitada como o «quarto tipo de chocolate»,[9] completando o rol formado pelo chocolate negro, chocolate de leite e o chocolate branco.[10] Destaca-se pela sua coloração naturalmente rosada, que se obtém sem recurso à adição de quaisquer corantes ou conservantes.[11]
Porém, as autoridades americanas (Food and Drug Administration) não reconhecem o produto como chocolate autêntico, mas como um subproduto derivado do cacau.[12]
Características
[editar | editar código-fonte]No que respeita ao sabor, o chocolate rosa pauta-se pelo seu travo frutado, que mescla o doce e o amargo, sendo certo que não contém quaisquer aditivos de frutos silvestres, como poderia ser de esperar.[13] Quando comparado com os outros tipos de chocolate, tem um conteúdo fenólico que o situa a meio-termo entre o chocolate de leite e o chocolate branco.[7]
Estipulações legais
[editar | editar código-fonte]Atentas as estipulações da FDA, o chocolate rosa deve conter um mínimo de 1,5% de cacau em pó e um mínimo de 20% de manteiga de cacau.[12]Pode conter antioxidantes e aromas artificiais, mas não pode conter corantes. [14]
A Directiva 2000/36/EC da legislação comunitária europeia não se debruça especificamente sobre o chocolate rosa, pelo que esta variedade se encontra tutelada pelo regime jurídico geral, exarado nesse normativo e noutros dispositivos legais europeus. [15]
Portugal
[editar | editar código-fonte]No seio da legislação portuguesa, a situação do chocolate rubi é tutelada ao abrigo do diploma geral, Decreto-Lei n.º 229/2003, de 27 de setembro, que resulta da transposição da sobredita directiva comunitária europeia.[16] No entanto, a legislação portuguesa ainda não particulariza o chocolate rubi, pelo que o mesmo se encontra ainda abarcado, subsidiariamente, na categoria legal geral de «produto de cacau».[16]
Confecção
[editar | editar código-fonte]Este chocolate é confeccionado com uma variedade especial de grãos de cacau cor-de-rosa claros. [11][17]
Embora o método de produção ainda se encontre velado sob sigilo industrial[18], há publicações, baseadas no registo de patente, que expendem que o chocolate rubi é feito com certos grãos de cacau cor-de-rosa avermelhados, que se encontram na Costa do Marfim, Equador e Brasil, que são depois fermentados durante alguns dias (não mais de 3) e sujeitos a tratamentos com ácido cítrico (ou ácidos quejandos), bem como outros tratamentos químicos que visam a remoção de ácidos gordos, com recurso a benzina. [19][17]
Polémicas culinárias
[editar | editar código-fonte]Tem sido objecto de discórdia entre mestres-chocolateiros se o chocolate rubi constitui, ou não, uma nova variedade de chocolate; ou se não se tratará antes de uma manobra publicitária.[9][17]
Por um lado, há mestres-chocolateiros, como Clay Gordon, que promovem a tese de que se trata de uma nova variedade de chocolate. Ao ponto de, numa entrevista de 2017, ter afirmado que o chocolate rubi tem o potencial para se volver numa variedade de chocolate tão versátil e variegada como o chocolate branco. [20][3]
Por outro lado, a contrapelo, há peritos culinários, como Angus Kennedy, editor da revista culinária, Kennedy's Confection, que contestaram as afirmações de Gordon, afirmando que o chocolate rubi não é a quarta variedade do chocolate e que o sabor se assemelha a chocolate branco lardeado com framboesas.[21][22]
Referências
- ↑ P3. «Depois do chocolate preto, de leite e branco chega o Ruby». PÚBLICO. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ «Há um novo tipo de chocolate e é cor-de-rosa». www.jn.pt. Consultado em 15 de maio de 2021
- ↑ a b s.r.o, RECO. «Ao que parece, a iguaria gastronómica do momento é... chocolate cor-de-rosa». gqportugal.pt. Consultado em 19 de maio de 2021
- ↑ Sarah Young (5 de Setembro de 2017). «Scientists just invented a brand new flavour of chocolate». The Independent. Consultado em 13 de Setembro de 2017
- ↑ «Barry Callebaut reveals the fourth type in chocolate: Ruby». www.barry-callebaut.com (Nota de imprensa). 5 de Setembro de 2017. Consultado em 13 de Setembro de 2017
- ↑ Ellis-Petersen, Hannah (6 de Setembro 2017). «'Ruby' becomes first new natural colour of chocolate in over 80 years». The Guardian. Consultado em 13 de Setembro 2017 – via www.theguardian.com
- ↑ a b c Šeremet, D., Mandura, A., Vojvodić Cebin, A., Oskomić, M., Champion, E., Martinić, A., & Komes, D. (2019). Ruby chocolate–bioactive potential and sensory quality characteristics compared with dark, milk and white chocolate. Hrana u zdravlju i bolesti: znanstveno-stručni časopis za nutricionizam i dijetetiku, 8(2), 89-96.
- ↑ [1]
- ↑ a b «Swiss confectioners devise fourth chocolate type: ruby». Financial Times. Consultado em 17 de Setembro de 2017
- ↑ Gordon, Clay (6 de Setembro de 2017). «And RUBY Makes Four – A New Flavor and Color Join the Chocolate Family». TheChocolateLife. Consultado em 3 de Janeiro 2018
- ↑ a b Gandy, Max (19 de Março de 2018). «Ruby Chocolate: Where to Buy It & What It Is». Dame Cacao. Consultado em 4 de Abril de 2018
- ↑ a b Bandoim, Lana (25 de Novembro de 2019). «Ruby Chocolate Is Coming: FDA Issues Temporary Permit». Forbes. Consultado em 7 de Março de 2020
- ↑ Kwil, I., & Podsiadły, K. (2019). Innovations in the Chocolate Manufacture as Part of Polish Confectionery Industry. Wrocław University of Economics.
- ↑ Schiller, L.J. (2019). ‘‘Ruby Chocolate’’ Deviating From Identity Standard; Temporary Permit for Market Testing [Docket No. FDA–2019–N–4844]. Food and Drug Administration.
- ↑ Regulation (EC) No 1137/2008 of the European Parliament and of the Council of 22 October 2008 adapting a number of instruments subject to the procedure laid down in Article 251 of the Treaty to Council Decision 1999/468/EC, with regard to the regulatory procedure with scrutiny — Adaptation to the regulatory procedure with scrutiny — Part One (em inglês) (32008R1137), 21 de novembro de 2008, consultado em 19 de maio de 2021
- ↑ a b «Decreto-Lei n.º 229/2003, de 27 de setembro». dre.pt. Consultado em 27 de janeiro de 2023
- ↑ a b c Nieburg, Oliver (14 de Setembro de 2017). «Ruby chocolate: New gem in confectionery crown or pink misfit?». Confectionery News. William Reed Business Media Ltd. Consultado em 3 de Janeiro de 2018
- ↑ Gilchrist, Karen (6 de Setembro de 2017). «Swiss confectioners invent a new kind of chocolate for the first time in 80 years». cnbc.com. CNBC. Consultado em 13 de Setembro de 2017
- ↑ Churchill, Francis (20 de Outubro de 2017). «'Ruby' chocolate aims to satisfy new consumer tastes». Supply Management. Chartered Institute of Procurement & Supply
- ↑ Oliver Nieburg (14 September 2017). "Ruby chocolate: New gem in confectionery crown or pink misfit?", www.confectionerynews.com. [“It's possible that in 20-30 years ruby chocolate will be just as diverse as white chocolate is today.”]
- ↑ Pickering, Jasper (12 de Outubro de 2017). «A chocolate expert explains what Ruby chocolate is and what it tastes like». Business Insider. Consultado em 12 de Agosto de 2019
- ↑ Jay, Janan (13 de Setembro de 2017). «New ruby chocolate isn't special and probably tastes bad, says NZ expert». Stuff.co.nz. Fairfax New Zealand Ltd. Consultado em 13 de Setembro de 2017