Circo – Wikipédia, a enciclopédia livre
Um circo (do latim circus, "circunferência") é comumente uma companhia em coletivo que reúne artistas de diferentes especialidades, como malabarismo, palhaço, acrobacia, monociclo, contorcionismo, equilibrismo, ilusionismo, globo da morte, entre outros.
A palavra também descreve o tipo de apresentação feita por esses artistas, normalmente uma série de atos coreografados à músicas. Um circo é organizado em uma arena - picadeiro circular, com assentos em seu entorno, enquanto circos itinerantes costumam se apresentar sob uma grande tenda ou lona.[1]
História
[editar | editar código-fonte]Dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos, quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos mil anos, todavia, o circo como se conhece hoje só começou a tomar forma durante o Império Romano. O primeiro a se tornar famoso foi o Circus Maximus, que teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 mil pessoas. A atração principal eram as corridas de carruagens, mas, com o tempo, foram acrescentadas as lutas de gladiadores, as apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Destruído por um grande incêndio, esse anfiteatro foi substituído, em 40 a.C., pelo Coliseu, cujas ruínas até hoje compõem o cartão postal número um de Roma. A Roma por sua vez, tem papel muito importante na história do circo.[2]
Com o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. "Nasciam assim as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia, malabarismo, dança e teatro".
Tudo isso, porém, não passa de uma pré-história das artes circenses, porque foi só na Inglaterra, no século XVIII, que surgiu o circo moderno com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo ainda hoje. Cavaleiro de 1 001 habilidades, o ex-militar inglês Philip Astley inaugurou, em 1768 na cidade de Londres, o Royal Amphitheatre of Arts (Anfiteatro Real das Artes) para exibições equestres. Para quebrar a seriedade das apresentações, alternou números com palhaços e todo tipo de acrobata e malabarista.[3]
O sucesso foi tamanho que, cinquenta anos depois, o circo inglês era imitado não só no resto do continente europeu, mas atravessara o Atlântico e se espalhara pelos quatro cantos da Terra.[4]
O circo no Brasil
[editar | editar código-fonte]A história do circo no Brasil começou no século XIX, com famílias e companhias vindas da Europa, onde se agruparam em guetos e manifestavam sentimentos diversos através de interpretações teatrais onde não demonstravam apenas interesses individuais e sim despertavam consciência mútua.
No Brasil, já havia os ciganos que vieram da Europa, onde eram perseguidos. Sempre houve ligação dos ciganos com o circo. Entre suas especialidades incluíam-se a domadores de ursos, o ilusionismo e as exibições com cavalos. Eles viajavam de cidade em cidade, e adaptavam seus espetáculos ao gosto da população local. Números que não faziam sucesso na cidade eram tirados do programa.
O novo circo, como o Cirque Du Soleil, é um movimento recente que adiciona às técnicas de circo tradicionais a influência de outras linguagens artísticas como a dança e o teatro, levando em conta que a música sempre fez parte da tradição circense. No Brasil existem atualmente vários grupos pesquisando e utilizando esta nova linguagem.[5]
Uso de animais em circos
[editar | editar código-fonte]Há uma grande controvérsia sobre o uso de animais em circos, há duas correntes de pensamento, com prós e contras o uso de animais em shows.[6]
Segundo a corrente de pessoas que são contra o uso de animais em circo, seu uso tem sido gradativamente abandonado, uma vez que tais animais por vezes sofriam maus-tratos (tais como dentes precariamente serrados, jaulas minúsculas, estresse, etc.) e, além disso, eram frequentemente abandonados, já que a manutenção de grandes animais, como tigres e elefantes demanda muito dinheiro.[7] Sob essa perspectiva afirma um estudo sobre os aspectos negativos da manutenção de animais em circo que:
"Os circos em todo o seu contexto, no que tange a presença dos animais, negligenciam a maioria das necessidades dos espécimes, por vezes privados de água e alimento, e quando o recebem é de forma inadequada ou diversa da que lhe é própria, ainda são alojados e transportados de forma precária e perigosa, gerando riscos aos que estão em proximidade, cuidados e auxílios médicos e especializados são negados, entre outros pontos que foram aqui apresentados, sendo que cada um dos animais possui carências que são peculiares a cada espécie, devendo as mesmas serem supridas para que o indivíduo tenha uma qualidade de vida aceitável."[6]
Há ainda inúmeros casos em que acidentes, principalmente envolvendo animais selvagens, nos quais pessoas saem feridas ou até mesmo mortas, como o caso de uma garota chinesa, atacada por um tigre.[8]
Por outro lado existem inúmeros circos brasileiros que possuem infraestrutura e recursos para manterem seus animais, com auxilio de biólogos e veterinários contratados para garantir o bem-estar dos animais. A maioria deles com documentação do Ibama.[carece de fontes]
Atualmente no Brasil o uso de animais em circos é proibido em 12 unidades federativas[9] e em algumas cidades, mas na maioria dos municípios brasileiros ainda é permitida sua exibição, tendo em vista que não há uma legislação federal que regule a matéria. Alguns empresários circenses, artistas, produtores culturais e estudiosos lutam para que seja aprovada uma legislação federal que regulamente o uso de animais em circos.[carece de fontes]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- AVANZI, Roger e TAMAOKI, Verônica. Circo Nerino. São Paulo: Editora Codex e Pindorama Circus, 2004.
- BOLOGNESI, Mário Fernando. Palhaços. São Paulo: Editora Unesp, 2003.
- BORILE, Giovani Orso; CALGARO, Cleide. A manutenção de animais em circo e os problemas que ela apresenta: considerações acerca da problemática. Revista Brasileira de Direito Animal, Salvador, v. 11, n.21, p. 112-134, 2016.
- MACEDO, Cristina Alves de. Educação no Circo: crianças e adolescentes no contexto itinerante. Editora quarteto, 2008.
- QUERUBIM, Marlene. Marketing de Circo. Mogo das Cruzes: Oriom Editora, 2003.
- SILVA, Erminia Silva. Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e Teatralidade Circense no Brasil. Editora Altana. ISBN 978-85-87770-45-5
- TAMAOKI, Verônica. O ghost do Circo. São Paulo: Massao Ohno e Robson Breviglieri Editores, 1999.
- KAROLAINE, Adestradora dos macacos, onças, leões, 2010.
Referências
- ↑ BOLOGNESI, Mário Fernando. (2003). Palhaços. São Paulo: Editora Unesp
- ↑ CASTRO, Alice Viveiros de. Elogio da Bobagem. Rio de Janeiro: Editora Família Bastos, 2005.
- ↑ ALMEIDA, Luiz Guilherme (2008). Ritual, Risco e Arte Circense. Brasília: UNB
- ↑ BORTOLETO, Marco A. C. (org.). Introdução a pedagogia das atividades circenses. Jundiaí: Editora Fontoura, 2008.
- ↑ COSTA, Cristina. Censura e Comunicação: o circo-teatro na produção cultural paulista de 1930 a 1970. Terceira Margem Editora, 2007. Pesquisa apoiada pela Fapesp realizada no Arquivo Miroel Silveira.
- ↑ a b BORILE, Giovani Orso; CALGARO, Cleide. (2016). «A manutenção de animais em circo e os problemas que ela apresenta: considerações acerca da problemática.». Salvador. Revista Brasileira de Direito Animal. 11 (21): 112-134. ISSN 1809-9092
- ↑ «Conheça a dura vida dos leões de circo». G1. 1 de setembro de 2007
- ↑ «Morre menina de 6 anos mordida por um tigre em zôo chinês». G1. 23 de fevereiro de 2007
- ↑ «Distrito Federal sanciona lei e passa a proibir apresentações circenses que envolvam animais». Vista-se. 12 de março de 2018