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Cremilda Ferreira da Silva
Informação geral
Nome completo Cremilda Ferreira da Silva
Também conhecido(a) como Clemilda
Nascimento 1 de setembro de 1936[1]
Local de nascimento São José da Laje, AL[2]
Brasil
Origem Alagoas
Morte 26 de novembro de 2014 (78 anos)[3]
Local de morte Aracaju, SE
Gênero(s) Forró
xaxado
baião
Ocupação(ões) Cantora, apresentadora , compositora
Período em atividade 19642014
Gravadora(s) Chantecler, Musicolor, RCA Victor, Warner Music Brasil, BMG, Som Livre, Aperipê, Continental
Afiliação(ões) Forró
Clemilda Ferreira da Silva

Clemilda Ferreira da Silva (São José da Laje, 1 de setembro de 1936 - Aracaju, 26 de novembro de 2014) foi uma cantora brasileira que estourou nas paradas de sucesso com a música “Prenda o Tadeu”, em 1985, e a partir de então participou de vários programas de rádio e TV, como “Clube do Bolinha”, na Bandeirantes, e “Cassino do Chacrinha”, na Globo.[4] No curso de sua carreira ganhou dois discos de ouro: o primeiro ainda em 1985, já o segundo em 1987, com o disco “Forró Cheiroso”, mais conhecido como “Talco no Salão”.[4]

Na Encyclopedia of Latin American Popular Music Clemilda é citada na lista dos maiores intérpretes de forró brasileiros, junto com artistas como Luiz Gonzaga, Marinês e Genival Lacerda, entre outros.[5]

Primeiros anos

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Nascida em São José da Laje, Clemilda passou a infância e a adolescência em Palmeira dos Índios, Zona do agreste de Alagoas.[2]

No começo da década de 1960 decide viajar para o Rio de Janeiro para "tentar a sorte", onde então consegue emprego como garçonete num restaurante próximo à Rádio Nacional.[2] Até então ainda não havia descoberto o dom artístico que tinha.[1]

Descoberta e sucesso

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Em 1964, consegue cantar pela primeira vez na Rádio Mayrink Veiga no programa Crepúsculo sertanejo, dirigido por Raimundo Nobre de Almeida, que apresentava profissionais e calouros. Nessa ocasião, conhece o sanfoneiro Gerson Filho, contratado da gravadora e também alagoano como ela, que popularizou o fole de oito baixos e já era tinha disco gravado. Com ele Clemilda viria a se casar. Fez algumas participações em dois LPs do esposo, e a partir de 1967 começou a gravar seus próprios discos.[4][1]

Sua carreira tomou impulso com os frequentes shows que fazia em Sergipe, onde viveu por mais de duas décadas, sempre acompanhada pelo marido. Após 1994, com a morte do companheiro, a forrozeira-mor — carinhosamente conhecida como "Rainha do Forró" — afastou-se dos shows e há algum tempo dedicou-se à apresentação do “Forró no Asfalto”, na TV Aperipê de Aracaju, programa há mais tempo no ar da emissora (do qual esteve meses afastada em virtude de complicações com um AVC e da osteoporose).[1]

Em entrevista ao portal da Prefeitura de Aracaju, em 2009, poucos anos antes de falecer, a cantora comentou sobre sua trajetória de sucesso e o apoio da administração local à sua carreira:

«O primeiro disco de ouro ganhei no Clube do Bolinha, em 1985, com o LP 'Prenda o Tadeu'. Com o 'Forró Cheiroso', chamado popularmente de 'Talco no Salão', ganhei o segundo disco de ouro, no Cassino do Chacrinha. Foram os dois momentos mais importantes pra mim. O resto é matéria em revista, jornal. E teve também o prêmio que recebi no Fórum do Forró, pelo qual agradeço bastante a Marcelo Deda, que na época era prefeito [de Aracaju]. Também agradeço muito ao atual prefeito, Edvaldo Nogueira, porque ele sempre se lembra de mim quando tem evento, mesmo que não seja para fazer show, mas para participar. Acho bom e gosto muito deles, porque eles me têm muita atenção.»[4]

Estilo de composição

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A composição de seus trabalhos caracterizou-se principalmente pelo duplo sentido das letras (o estilo jocoso-malicioso do «forró malícia»), como o que é feito pelo também alagoano Sandro Becker.[6] Um dos exemplos é a letra de "Prenda o Tadeu", abaixo:

Seu delegado prenda o Tadeu / Ele pegou a minha irmã e... / Todas as moças da cidade / Já têm medo do Tadeu / Ele é o animal / Mais feroz que já nasceu / Quem foi na conversa dele / Geralmente se perdeu / Minha irmã que era alegre / De repente entristeceu / Ele fez tantas promessas / Depois desapareceu / Bem que eu avisei pra ela / Tem cuidado com o Tadeu...
  • sem data - Clemilda, Continental (LP)
  • 1965 - Forró sem Briga, Tropicana (LP)
  • 1967 - Gerson Filho apresenta Clemilda, RCA Victor (LP) (com Gerson Filho)
  • 1968 - Rodêro Novo, RCA Victor (LP)
  • 1970 - Fazenda Taquari, RCA Camden (LP)
  • 1971 - Ranchinho Velho, Musicolor (LP)
  • 1972 - Morena Dos Olhos Pretos, Musicolor (LP)
  • 1973 - Seca Desalmada, Musicolor (LP)
  • 1975 - Exaltação a Sergipe, Musicolor (LP)
  • 1976 - A Coruja e o Bacurau, Musicolor (LP)
  • 1977 - Forró no Brejo, Musicolor (LP)
  • 1977 - Clemilda, Musicolor (LP)
  • 1978 - Guerreiro Alagoano, Musicolor (LP)
  • 1979 - Vaquejada, Musicolor (LP)
  • 1979 - Vamos festejar, Musicolor (LP)
  • 1980 - Coqueiro da Bahia, Chantecler (LP)
  • 1981 - Varanda do Castelo, Chantecler (LP)
  • 1982 - O Balanço do Forró, Chantecler (LP)
  • 1983 - Comedor de Jacá, Musicolor (LP)
  • 1984 - Chico Louceiro, Musicolor (LP)
  • 1985 - Prenda o Tadeu, Continental (LP)
  • 1986 - A Minhoca do Severino, Continental (LP)
  • 1987 - Forró Cheiroso, Chantecler (LP)
  • 1987 - Forró & Suor, Chantecler (LP)
  • 1988 - Amor Escondido, Chantecler (LP)
  • 1990 - Coitadinha da Tonheta, Chantecler (LP)
  • 1991 - Em Tenção de Você, Chantecler (LP)
  • 1992 - Aquilo Roxo, Chantecler (LP)
  • 1993 - Hoje eu tomo todas, Chantecler (LP)
  • 1996 - Sacradance Clemilda & Sandro Becker, Columbia (CD)
  • 2006 - Forró Bom Demais, (CD)
  • 2014 - Clemilda Morena dos Olhos Pretos - Trilha Sonora do Filme de Isaac Dourado, (CD)

Clemilda faleceu no dia 26 de novembro de 2014, aos 78 anos, em Aracaju, Sergipe, devido a complicações de um derrame cerebral e pneumonia.[3] Foi sepultada no Cemitério São João Batista na referida cidade, reunindo centenas de pessoas.[3] Foi uma das cantoras mais requisitadas para shows nas festas juninas nordestinas. Em 2016, o cineasta Isaac Dourado lançou o filme Morena dos Olhos Pretos, documentário sobre a vida e obra da cantora.

Referências

  1. a b c d e Adm. do sítio web (2010). «Biografia Clemilda». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 4 de setembro de 2015 
  2. a b c Enaura Quixabeira Rosa e Silva; e Edilma Acioli Bomfim (2007). Dicionário mulheres de Alagoas ontem e hoje. [S.l.]: UFAL. 456 páginas. ISBN 9788571773530 
  3. a b c Fredson Navarro e Flávio Antunes (26 de novembro de 2014). «Corpo de Clemilda é sepultado no Cemitério São João Batista». G1 Sergipe. Consultado em 4 de setembro de 2015 
  4. a b c d Priscila Viana (8 de junho de 2009). «Meio século de sucesso e irreverência». Portal da Prefeitura de Aracaju. Consultado em 4 de setembro de 2015 
  5. George Torres (2013). Encyclopedia of Latin American Popular Music. [S.l.]: ABC-CLIO. 484 páginas. ISBN 0313087946 
  6. Leno Azevedo (2015). A história de um compositor. [S.l.]: Buqui Livros Digitais. 184 páginas. ISBN 8583381941 

Ligações externas

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