Conferência Geográfica de Bruxelas – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Conferência Geográfica de Bruxelas, oficialmente chamada Conferência Internacional de Geografia foi realizada em setembro de 1876, no Palácio Real de Bruxelas, por iniciativa do rei Leopoldo II da Bélgica[1].

Em 1875, a Bélgica, então em franco processo de crescimento populacional e industrialização, começou a abrir postos comerciais e científicos na África Central[2]. Para disfarçar as suas pretensões coloniais, Leopoldo II reuniu 40 peritos, destacados por seus conhecimentos geográficos ou por suas conexões filantrópicas, para uma conferência em que se discutiriam formas de "abrir para a civilização a única parte do globo ainda infensa a ela"[1]. Entre os convidados estavam o explorador alemão Gustav Nachtigal e o diplomata britânico Rutherford Alcock.

Os objetivos oficiais da Conferência, assim, incluíam o traçado de rotas comerciais na África e a elaboração de estratégias para obter a paz entre chefes tribais e a abolição do tráfico de escravos[3].

Consequências

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Ao fim da conferência, foi proposta a criação da Associação Internacional Africana, igualmente com o pretexto de "civilizar" a África. Também foi fundado o Comitê de Estudos do Alto Congo, formado por empresários britânicos e neerlandeses, além de um banqueiro belga, representante de Leopoldo II. As duas iniciativas foram o embrião do estabelecimento do Estado Livre do Congo, que seria reconhecido na Conferência de Berlim de 1885[1].

Portugal, que só havia sido convidado para a conferência na última hora, adotou em seguida uma postura mais agressiva, promovendo expedições que levaram à anexação de diversas propriedades rurais quase independentes em Moçambique, em 1880[4].

Referências

  1. a b c HERNANDEZ, Leila Leite. A África Na Sala de Aula. Grupo Editorial Summus, 2008. Páginas 59-61
  2. SALVADO, João António. O Olhar Colonial em Eça de Queirós: O continente africano na escrita queirosiana. Lisboa: Edições Vieira da Silva, 2016. Página 28
  3. GONÇALVES, Rosana Andréa. Sociedades africanas frente à situação colonial europeia: o Estado Independente do Congo (1876-1908). Tese de Doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo. doi:10.11606/T.8.2016.tde-25102016-123623. Página 12
  4. BOAHEN, Albert Adu (ed.) História geral da África, VII: África sob dominação colonial, 1880-1935. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, 2010. Página 32

Ligações externas

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