Conselho Mundial de Igrejas – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Conselho Mundial de Igrejas (CMI; em inglês, World Council of Churches, WCC) é a principal organização ecumênica em nível internacional, fundada em 1948, em Amsterdam, Neerlândia. Com sede em Genebra, Suíça

O CMI congrega mais de 340 igrejas e denominações cristãs. Estas igrejas e denominações representam mais de 550 milhões de fiéis presentes em mais de 120 países. Dentre as igrejas que integram o CMI, destacam-se a maioria das igrejas ortodoxas do mundo, muitas igrejas anglicanas, batistas, luteranas, metodistas e reformadas (calvinistas), e outras.[1]

A Igreja Católica não faz parte da organização, mas mantém laços estreitos com o CMI, o que ficou demonstrado por ocasião do encontro do Papa Francisco com líderes do CMI em 2018. Desde 1965, o Grupo de Trabalho Conjunto da Igreja Católica Romana e do Conselho Mundial de Igrejas se reúne anualmente. Os católicos romanos participam com direitos a voto da Comissão de Missão Mundial e Evangelização do CMI. Com o apoio financeiro do Vaticano, um professor católico romano faz parte do corpo docente do Instituto Ecumênico Bossey.[1]

Atualmente propugna-se por um Fórum Cristão Global, num intento sem vínculos institucionais, de trazer a uma só mesa de diálogo todas as grandes famílias cristãs: ortodoxa, católica, anglicana e protestante. Após terem sido realizados encontros regionais — o Fórum Cristão Global Latino-americano e Caribenho tendo sido realizado em junho de 2007, em Santiago do Chile —, realizou-se o primeiro Fórum Cristão Global em Limuru, no Quênia, em novembro de 2007.

Atualmente, o secretário-geral interino do CMI é o Rev. Prof. Dr. Ioan Sauca, um sacerdote da Igreja Ortodoxa na Romênia. A moderadora do Comitê Central é a Dra. Agnes Abuom, da Igreja Anglicana do Quênia.[2]

Os primeiros contatos que permitiram o surgimento do Conselho Mundial de Igrejas ocorreram no Século XIX, que resultaram na Conferência Missionária Mundial, realizada em Edimburgo, em 1910 e na publicação da Encíclica do Sínodo (Ortodoxo) de Constantinopla de 1920. Esses dois eventos propunham uma "comunhão de igrejas" semelhante à Liga das Nações. Entre 1937 e 1938, líderes de mais de 100 igrejas se comprometeram a tentar fundar um Conselho Mundial de Igrejas, mas a realização desse intento foi adiada após a eclosão da Segunda Guerra Mundial.[3]

O CMI surgiu do movimento ecumênico, e tem como base a seguinte definição:

O Conselho Mundial de Igrejas é uma comunidade de igrejas que confessam o Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador segundo o testemunho das escrituras, e procuram responder juntas a sua vocação comum, para glória do Deus Único, Pai, Filho e Espirito Santo.

É uma comunidade de igrejas a caminho da unidade visível em uma única fé e uma única comunhão eucarística, expressa no culto e na vida comum em Cristo. Procuram caminhar para aquela unidade que Jesus implorou aos seus seguidores, «para que o mundo creia» (Jo 17, 21).

O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) é a maior e mais representativa das muitas expressões organizadas do Movimento Ecumênico moderno, cujo objetivo é a unidade dos cristãos.

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Agenda social

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Dentre suas características, destacam-se suas preocupações sociais, acredita que:

  • a população mundial sofre as consequências do aquecimento global;
  • o meio ambiente está ameaçado por padrões de produção e consumo insustentáveis; e
  • apesar da maior capacidade de produção de riquezas, aumentam as diferenças econômicas entre ricos e pobres.

Portanto:

  • apóia os esforços das comunidades afetadas por estruturas financeiras e comerciais injustas e pela destruição do meio ambiente;
  • defende transformações urgentes nas políticas, instituições e sistemas econômicos; e
  • a implementação de um acordo climático justo.[5]

A X Assembleia do CMI, que ocorreu em 2013, Busan (Coreia do Sul),[6] convocou os cristãos e pessoas de boa vontade em todos os lugares para se juntarem à peregrinação pela justiça e pela paz.[7]

Promoção dos Direitos Humanos

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A partir de Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, para a qual o CMI contribuiu com a terminologia sobre liberdade de religião ou crença, o CMI tem desempenhado um papel ativo no desenvolvimento e proteção dos direitos de todas as pessoas.

O Programa Dignidade e Direitos Humanos do CMI apóia mecanismos de denúncia do sistema de direitos humanos da ONU, dando voz aos sem voz e amplificando as vozes ignoradas.

Algumas das prioridades desse Programa são:

  • Desenvolver a dimensão inter-religiosa de direitos e dignidade;
  • Concentrar a atenção nos direitos das vítimas e das minorias;
  • Defesa da liberdade religiosa; e
  • Fornecer às igrejas um espaço onde possam examinar as relações entre justiça e dignidade e direitos humanos.

O CMI também se esforça para defender a dignidade humana abordando os direitos humanos sob uma perspectiva ética e teológica. Isso requer uma abordagem holística em que os direitos políticos e civis e os direitos econômicos, culturais e sociais sejam considerados de forma integrada.[8]

Durante as décadas de 1960 e 1970, o CMI tomou medidas para acolher e proteger os refugiados políticos, além de apoiar o Projeto Brasil: Nunca Mais.[9]

O Conselho tem sido criticado por igrejas mais conservadoras, as quais, por adotarem interpretações mais estritas em questões doutrinais, discordam da abordagem do CMI e sua ênfase na busca de unidade das igrejas. Críticos conservadores também acusam a entidade de ser comprometida com uma agenda política da esquerda.[10]

O Conselho Mundial de Igrejas também tem sido criticado como sendo um adversário do Estado de Israel,[11] por suas críticas em relação a questões de direitos humanos naquele país.[12][13] Em 2009, o Conselho defendeu o boicote a mercadorias produzidas nos assentamentos judeus nos Territórios Palestinos Ocupados, descrevendo a ocupação israelense como ilegal, injusta e incompatível com a paz.[14] Em 2013, o Secretário-Geral do Conselho declarou apoio aos palestinos.[15] A Secretaria-Geral do Conselho também é acusada de ter participado da preparação e da divulgação do documento denominado Kairos Palestine,[16] o qual declara que "a ocupação israelense da terra palestina é um pecado contra Deus e contra a humanidade porque priva os palestinos de seus direitos humanos básicos".[17]

Referências

  1. a b Preguntas frecuentes, em espanhol, acesso em 01/01/2021.
  2. governed, em inglês, acesso em 02/01/2020.
  3. history, em inglês, acesso em 02 janeiro de 2021.
  4. ¿Qué es el Consejo Mundial de Iglesias?, em espanhol, acesso em 01/01/2021.
  5. Economía de vida, cuidado de la Creación, sostenibilidad y justicia climática, em espanhol, acesso em 01/01/2021.
  6. Construcción de la paz - Coreia, em espanhol, acesso em 01/01/2021.
  7. Construcción de la paz, em espanhol, acesso em 01/01/2021.
  8. Dignidad y derechos humanos, em espanhol, acesso em 01/01/2021.
  9. MEMÓRIAS ECUMÊNICAS PROTESTANTES, acesso em 08/02/2021.
  10. Smith, Bernard: The fraudulent gospel: politics and the World Council of Churches. Valiant Publishers, 1977. ISBN 9780868840253 (em inglês) Acessado em 10/06/2013.
  11. Merkley, Paul (1 de março de 2007). Christian Attitudes Towards the State of Israel. Montreal: Mcgill Queens Univ Press. p. 284. ISBN 9780773532557 
  12. Vermaat, J.A.Emerson (novembro de 1984), «The World Council of Churches, Israel and the PLO», Mid-Stream: 3–9 
  13. Rottenberg, Isaac (1989). The Turbulent Triangle: Christians-Jews-Israel: A Personal-Historical Account. Hawley, Pa.: Red Mountain Associates. pp. 61–2. ISBN 9780899627465 
  14. «Statement on Israeli settlements in the Occupied Palestinian Territory». World Council of Churches website. 2 de setembro de 2009. Consultado em 11 de agosto de 2015. Cópia arquivada em 11 de agosto de 2015 
  15. «World Council of Churches condemns Israeli occupation». World Bulletin. 24 de abril de 2013. Consultado em 20 de fevereiro de 2015. Cópia arquivada em 20 de fevereiro de 2015 
  16. «Kairos Document - A moment of truth. A word of faith, hope and love from the heart of Palestinian suffering». Consultado em 2 de março de 2016. Arquivado do original em 6 de março de 2016 
  17. Lowe, Malcolm (abril de 2010). «The Palestinian KairosDocument: A Behind-the-Scenes Analysis». New English Review. Cópia arquivada em 25 de fevereiro de 2015 

Ligações externas

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