Constantina (esposa de Maurício) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Este artigo é sobre a filha de Tibério II e esposa de Maurício. Para a filha de Constantino I, veja Constantina (filha de Constantino).
Constantina
Imperatriz-consorte bizantina

Raro fólis em cobre do Tema do Quersoneso representando Maurício, Constantina e o primogênito, Teodósio.
Reinado 582 - 602
Consorte Maurício
Antecessor(a) Ino Anastácia
Sucessor(a) Leôncia
Nascimento c. 560
Morte c. 605/7
  Mosteiro de São Mamas, Constantinopla
Dinastia Justiniana
Pai Tibério II
Mãe Ino Anastácia
Filho(s) Teodósio
Tibério
Pedro
Paulo
Justino
Justiniano
Anastácia
Teoctista
Cleópatra

Constantina foi uma imperatriz-consorte bizantina, esposa do imperador Maurício. Ela era filha de Tibério II e de sua esposa, Ino Anastácia, e sua ascendência foi relatada por Teofilato Simocata, Paulo, o Diácono e João de Biclaro.

A Crônica Georgiana a identifica como filha de Cosroes II (e não de Tibério II).[1] Porém, dado que a Crônica foi compilada no século XIII, [2] e, por isso, tal parentesco é considerado como um equívoco. Relatos posteriores fazem de Constantina sua sogra, através de uma filha dela - muito provavelmente fictícia - Miriam/Maria.

Filha do césar

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O pai de Constantina era o conde dos excubitores ("comandante dos excubitores") de Justino II, um imperador que, supostamente, sofria de ataques temporários de insanidade e se mostrou incapaz de realizar suas funções já na época da queda de Dara a Cosroes I, do Império Sassânida, em novembro de 573.[3] De acordo com Gregório de Tours, o poder no Império nesta época foi assumido pela imperatriz Sofia, uma sobrinha da grande Teodora e consorte de Justino II. Evágrio Escolástico relata que Sofia conseguiu firmar uma trégua de três anos com Cosroes por conta própria. Mas, como regente, ela necessitava de aliados e escolheu Tibério como colega no poder.[3]

De acordo com Teófanes, o Confessor, Tibério foi oficialmente nomeado césar por Justino em 7 de dezembro de 574.[3] Ele também foi adotado por Justino e, assim, se tornou seu herdeiro-aparente.[4] Nesta época, Ino emergiu como caesarissa, a segunda mulher mais poderosa no Império, e Constantina e sua irmã, Cárito, se tornaram membros da família imperial.[5]

A "História Eclesiástica" de João de Éfeso e a "Crônica" de Teófanes relatam que Sofia planejava se casar com Tibério,[4] pois considerava ofensivo seu casamento com Justino. Ino e suas filhas foram proibidas de entrarem no Grande Palácio de Constantinopla para mantê-las longe de Tibério e foram acomodadas no Palácio de Hormisda, a antiga residência de Justiniano I antes de sua ascensão ao trono. De acordo com João, Tibério se juntava a elas todas as noites e retornava ao Grande Palácio pelas manhãs. Teimosamente, Sofia também se recusou a deixar que as senhoras da corte visitassem Ino e as filhas para prestar-lhes respeito.[5]

Ino eventualmente deixou a capital e se mudou para Dafinúdio, onde morava antes. De acordo com João de Éfeso, Tibério foi ao seu encontro quando ela adoeceu.[5] Presume-se que suas filhas se juntaram à mãe quando ela partiu.

Filha do imperador

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Em setembro de 578, Justino II nomeou Tibério seu co-imperador. Em 5 de outubro, ele estava morto e Tibério era o único imperador. De acordo com João de Éfeso, Sofia enviou o patriarca de Constantinopla Eutíquio até Tibério para convencê-lo a se divorciar de Ino e oferecendo a própria imperatriz e sua filha Arábia como noivas em potencial para o novo imperador. Tibério recusou a proposta.[5]

O novo imperador aparentemente temia pela segurança de sua esposa e filhas. João relata que as três mulheres foram levadas em segredo para a capital por barco, à noite. Ino foi proclamada imperatriz numa cerimônia pública e recebeu o título de augusta. Sofia também manteve sua posição e continuou a ocupar uma parte do palácio.[5] Constantina era agora uma das duas filhas do imperador.

O reinado do pai como imperador foi relativamente curto. Em 582, Tibério adoeceu e o tema da sucessão se tornou urgente. Como da vez anterior, Sofia recebeu a missão de escolher o sucessor para o imperador moribundo. Sofia escolheu Maurício, o general que havia conseguido o maior número de vitórias contra Hormisda IV, filho e sucessor de Cosroes I. De acordo com Gregório de Tours, Sofia planejava se casar com o novo herdeiro imperial.[4]

João de Éfeso e Gregório apresentam os casamentos de Constantina e Cárito como a forma que Tibério encontrou de ludibriar Sofia e assegurar para si a lealdade dos genros. Em 5 de agosto de 582, Constantina foi prometida a Maurício e Cárito, a Germano. Ambos foram nomeados césares e se tornaram possíveis sucessores.

Germano era um patrício e governador da Província da África. Ele já foi tentativamente identificado com o filho póstumo de Germano Justino e Matasunta mencionado por Jordanes.[6] Matasunta era filha de Amalasunta e Eutarico e este, por sua vez, seria filho de Veterico, neto de Berimudo e bisneto de Torismundo segundo Jordanes.[7]

Uma interpretação histórica para o casamento duplo seria que Tibério tencionava nomear dois co-imperadores como sucessores, possivelmente com uma divisão das províncias entre eles.[6] Se houve plano assim, jamais se materializou. De acordo com João de Niciu, Germano era o candidato preferido de Tibério para o trono, mas recusou humildemente.[8]

Em 13 de agosto, Tibério estava no leito de morte e dignitários civis, militares e eclesiásticos aguardavam a nomeação do sucessor. O imperador supostamente preparou um discurso sobre o tema, mas já estava fraco demais para falar. O questor do palácio sagrado leu-o para ele. O discursou proclamou Maurício como augusto e único sucessor ao trono. Tibério morreu no dia seguinte e Maurício assumiu o trono sozinho. Constantina ainda era sua noiva.[9]

O casamento de Constantina com Maurício ocorreu no outono de 582. A cerimônia foi realizada pelo patriarca João IV e foi descrita em detalhes por Teofilato Simocata. Constantina foi proclamada augusta e tanto Sofia quanto Ino Anastácia mantiveram seus títulos. João de Éfeso menciona que as três augustas viviam no Grande Palácio.[4]

Anastácia foi a primeira das três a morrer, em 593 segundo Teófanes. Constantina parece ter tido melhores relações com Sofia do que a mãe. Teófanes relata que elas deram uma preciosa coroa de presente a Maurício na Páscoa de 601. Ele aceitou o presente, mas ordenou que ele fosse pendurado no altar de Santa Sofia como seu próprio tributo à igreja. Segundo Teófanes, ambas consideraram um ato um insulto e o casamento com Constantina foi abalado.[10]

Em 22 de novembro de 602, Maurício, Constantina e os filhos deixaram Constantinopla num navio de guerra. Revoltas por toda a cidade iniciaram por causa da carestia. Maurício também perdeu o apoio dos "Verdes", um dos clubes das corridas de bigas, e do exército, que se amotinara e estava agora acampado do lado de fora da cidade sob a liderança do general Focas, que foi proclamado imperador no dia seguinte.[10]

A navio em que fugiam enfrentou uma tempestade e buscou refúgio na costa asiática do mar de Mármara, não muito distante de Nicomédia. Maurício sofria de artrite e estava incapacitado por uma dor aguda depois da tentativa de escapar. Tropas leais a Focas capturaram toda a família dias depois e a levou para Calcedônia. Em 27 de novembro, todos os cinco filhos do imperador foram executados diante de Maurício, que foi, em seguida, executado também. Constantina foi poupada.[10]

Em 603, ela e as três filhas foram confinadas a um mosteiro conhecido como "Casa de Leão", que já foi tentativamente identificado como sendo o Mosteiro de São Mamas, fundado e mantido por parentes de Teoctista, uma irmã de Maurício.[10]

Teófanes relata que Constantina mantinha contato com Germano e que ambos estavam conspirando contra Focas. Suas mensagens foram confiadas a Petrônia, uma criada de Constantina, que se mostrou desleal e relatou a trama para Focas. Constantina foi presa e colocada sob a custódia de Teopempto, o prefeito de Constantinopla. O interrogatório incluiu tortura e ela acabou sendo forçada a entregar os companheiros.[10]

Constantina e suas três filhas foram então executadas em Calcedônia. Germano e uma filha, que era a viúva de Teodósio, também foram executados. Teófanes data as mortes em 605 ou 607, mas há dúvidas sobre a data exata.[10]

A "Pátria de Constantinopla", atribuído a Jorge Codino, menciona que Constantina teria sido decapitada e teve o corpo atirado no Bósforo; porém, Sobre as Cerimônias, de Constantino VII, menciona que Maurício, Constantina e os filhos teria sido enterrados no Mosteiro de São Mamas.[10]

Família e filhos

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Tibério e Constantina tiveram nove filhos conhecidos:

  • Teodósio († 27 de novembro de 602). De acordo com João de Éfeso, ele foi o primeiro herdeiro a nascer de um imperador reinante desde Teodósio II (408-450).[10] Ele foi nomeado césar em 587 e co-imperador em 26 de março de 590.
  • Tibério († 27 de novembro de 602).
  • Pedro († 27 de novembro de 602).
  • Paulo († 27 de novembro de 602).
  • Justino († 27 de novembro de 602).
  • Justiniano († 27 de novembro de 602).
  • Anastácia († c. 605/607).
  • Teoctista († c. 605/607).
  • Cleópatra († c. 605/607).

Uma filha chamada "Miriam/Maria aparece no relato de Miguel, o Sírio, como tendo se casado com Cosroes II, mas sua existência é provavelmente fictícia, pois ela não aparece em nenhuma fonte bizantina. Se for real, ela teria nascido logo depois do casamento de Constantina com Maurício em 582.

Constantina (esposa de Maurício)
Nascimento: c. 560 Morte: c. 605/607
Títulos reais
Precedido por:
Ino Anastácia
Imperatriz-consorte bizantina
582–602
Sucedido por:
Leôncia

Referências

  1. Georgian Chronicle, Chapter 15. Translated by Robert Bedrosian (1991).
  2. The Georgian Chronicle [1]. Translated by Robert Bedrosian (1991). Translator's Preface.
  3. a b c http://www.roman-emperors.org/justinii.htm James Allan Evans, "Justin II (565-578 A.D.)."
  4. a b c d Lynda Garland. «Sofia, esposa de Justino II» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 6 de julho de 2013 
  5. a b c d e Lynda Garland. «Ino, esposa de Tibério II Constantino» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 6 de julho de 2013 
  6. a b Whitby (1988), p. 7
  7. Jordanes.The Origin and Deeds of the Goths, Chapter 14 (79). Translated by Charles Christopher Mierow.
  8. John, Bishop of Nikiu: Chronicle. Chapter XCV (95),25-26. 1916 translation by R. H. Charles.
  9. Michael Whitby, The Emperor Maurice and His Historian: Theophylact (1988)
  10. a b c d e f g h Lynda Garland. «Constantina, esposa de Maurício» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 6 de julho de 2013 
  • Whitby, Michael. (1988), The Emperor Maurice and his historian: Theophylact Simocatta on Persian and Balkan warfare, ISBN 0-19-822945-3, Oxford University Press 

Ligações externas

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