Herval (corveta encouraçada) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Herval
Herval (corveta encouraçada)
Herval em 1866
   Bandeira da marinha que serviu
Operador Armada Imperial Brasileira
Homônimo Manuel Luís Osório, Marquês de Herval
Lançamento 1865
Batismo 19 de julho de 1866
Comissionamento 1866
Descomissionamento 1879
Comandante(s) Tomás Pedro de Bittencourt Cotrim
Estado Desmontado
Características gerais
Tipo de navio Corveta encouraçada
Classe Classe Mariz e Barros
Deslocamento 1 197 t (2 640 000 lb)
Comprimento 57,95 m (190 ft)
Boca 10,98 m (36,0 ft)
Pontal 5,79 m (19,0 ft)
Calado 2,88 m (9,45 ft)
Propulsão máquinas alternativas a vapor, acoplados a dois eixos.
600 hp (447 kW)[1]
Velocidade 9 nós (17km/h)
Armamento 2 canhões de 150 mm (5,9 in)
2 canhões de 68 mm (2,7 in)
Blindagem casco – 12 pol. à meia nau
7 pol. na proa e na popa
torres principais – 12 pol.
convés – 3 pol.
torre de comando de 4 pol.

Herval foi uma corveta encouraçada operada pela Armada Imperial Brasileira de 1866 a 1879. Foi construído originalmente para o Paraguai, sob o nome de Medusa, porém foi vendido ao Brasil uma vez que os paraguaios, em dificuldades financeiras, não conseguiram pagar por ele. Pertencia a mesma classe da Corveta Encouraçada Mariz e Barros. O navio chegou ao Brasil em 30 de maio de 1866 e em 19 de julho recebeu oficialmente o nome Herval, uma homenagem a Manuel Luís Osório.

Herval teve uma participação significativa na Guerra do Paraguai. Assim como seu navio-irmão Mariz e Barros, auxiliou na defesa do Cabral e Lima Barros durante uma tentativa de abordagem. Também participou do bombardeio e a subsequente passagem de Curupaiti, onde estava integrado a 1.ª Divisão de Encouraçados em uma posição mais atrás dos demais encouraçados.

Na segunda passagem por Curupaiti, Herval, junto de outros navios de guerra, enfrentou a fortaleza e suas pesadas baterias costeiras e guarnições, conseguindo passar depois de mais de uma hora de combate. Também teve participações menores na Passagem de Humaitá e no Bombardeio a Angostura no qual acabou não havendo a necessidade de disparos, pois a rendição foi imediata a chegada das tropas brasileiras.

No início de 1869, o Herval não tinha mais tanta utilidade no conflito, visto que os combates posteriores se dariam em pequenos arroios estreitos. Então retornou para o Rio de Janeiro, onde passou por uma reforma. Após isso, o Herval e seu navio-irmão Mariz e Barros foram designados para o 2.º Distrito Naval que patrulhava a costa da fronteira entre às províncias do Rio de Janeiro e Espírito Santo até a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Teve sua baixa registrada em 1879, com suas máquinas sendo retiradas para serem usadas no Primeiro de Março.

Características gerais

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Herval era um navio de bateria central com casco de ferro e totalmente equipado. Tinha 58 metros de comprimento. O navio tinha uma boca de onze metros e um calado máximo de 2,90 metros. Deslocava 1.353 toneladas (1.332 toneladas longas). Sua tripulação era composta por 125 homens. Os motores produziam um total de seiscentos cavalos de potência (450 quilowatts) e deram a Herval uma velocidade máxima de nove nós (dezessete quilômetros por hora). Herval estava armado com quatro canhões de 70 libras Whitworth de carregamento pela boca e outros dois canhões de 68 libras. O navio era protegido por um cinturão de ferro de 110 milímetros, sendo que esse número era reduzido para 76 milímetros nas casamatas. Essa blindagem, devido a um erro de cálculo, acabava por ficar submersa, impossibilitando a navegação em mar aberto.[1][2]

A corveta foi construída nos estaleiros de Plymouth, Inglaterra. Foi o segundo navio da Armada a ostentar o nome Herval, em homenagem ao General Manuel Luís Osório, Marquês de Herval. O navio foi encomendado pelo Paraguai, que o batizaram de Medusa, porém foi vendido ao Brasil uma vez que os paraguaios, em dificuldades financeiras, não conseguiram pagar por ele. Pertencia a mesma classe da Corveta Encouraçada Mariz e Barros. O navio chegou ao Brasil em 30 de maio de 1866 e em 19 de julho recebeu oficialmente o nome Herval em homenagem ao general Manuel Luís Osório, Marquês de Herval, sendo incorporado à Armada também no mesmo ano sob o comando do Primeiro-Tenente Tomás Pedro de Bittencourt Cotrim.[2]

Guerra do Paraguai

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Suas principais ações ocorreram em batalhas da Guerra do Paraguai. Em 2 de fevereiro de 1867, participou no bombardeio de Curupaiti no qual deu suporte aos ataques ao forte desta localidade. Também estavam presentes os couraçados Bahia, Colombo, Barroso, Mariz e Barros, Silvado, Cabral e Tamandaré; as corvetas Paranaíba e Beberibe e a bombardeira Forte de Coimbra. Juntos, lançaram 292 projéteis no forte.[3]

Após essas operações e algumas outras realizadas por outros encouraçados, Herval integrou-se à frota ordenada a forçar a passagem da fortaleza no dia 15 de agosto. A esquadra imperial foi organizada do seguinte modo: Comandante-chefe da operação Vice-almirante Joaquim José Inácio; à frente da esquadra estaria a 3.ª Divisão de Encouraçados, sob comando do Capitão de Fragata Joaquim Rodrigues da Costa, composta pelo Brasil, Tamandaré, Colombo, Bahia e Mariz e Barros. À retaguarda, estaria a 1.ª Divisão de Encouraçados, sob comando do Capitão de Mar e Guerra Francisco Cordeiro Torres e Alvim, composta pelo Cabral, Barroso, Herval, Silvado e Lima Barros. Para fornecer fogo de supressão aos encouraçados, estaria a divisão do Chefe de Divisão Elisiário Antônio dos Santos composta pelos navios de madeira Recife, Beberibe, Parnaíba, Iguatemi, Ipiranga, Magé, Forte de Coimbra e Pedro Afonso. Em contrapartida, os defensores paraguaios estavam organizados do seguinte modo: Comandante-chefe da Defesa de Curupaiti Coronel Paulino Alén; baterias compostas por 29 canhões, sendo um de calibre 80, chamado de El Cristiano, e 28 de calibres 32 e 68; guarnição composta por 300 artilheiros apoiados pelo 4.º batalhão de 800 homens e um esquadrão de cavalaria.[4]

Sob comando do capitão Mamede Simões, o Herval iniciou a passagem às 6h40 do dia 15.[5] Para total surpresa dos paraguaios, a transposição dos encouraçados imperiais ocorreu em uma passagem próxima dos seus canhões ao invés do canal mais distante, porém cheia de obstáculos. A proximidade dos navios aos canhões permitia que a fuzilaria ocorresse à queima-roupa, impactando praticamente todos os projéteis lançados por eles. Apesar disso, a esquadra imperial conseguiu efetuar a passagem sem grandes danos aos navios e com poucas baixas entre as tripulações. A transposição durou cerca de duas horas e foi acusado três mortos e 22 feridos aos brasileiros.[6]

Episódio da madrugada de 2 de março. Os encouraçados Silvado, Brasil, Mariz e Barros, e Herval, metralhando os paraguaios que, protegidos pela noite, vieram em canoas para abordarem o Cabral e Lima Barros

No dia 2 de março de 1868, em conjunto com o Brasil, foi em auxílio dos encouraçados Lima Barros e Cabral, repelindo uma tentativa de abordagem pelos paraguaios.[2] Na segunda passagem por Curupaiti, Herval junto de Alagoas, Pará, Rio Grande e outros vapores menores, enfrentou a fortaleza e suas pesadas baterias costeiras e guarnições, conseguindo passar depois de mais de uma hora de combate.[2] Também teve participações menores na Passagem de Humaitá e no Bombardeio a Angostura no qual acabou não havendo a necessidade de disparos, pois a rendição foi imediata a chegada das tropas brasileiras.[7]

Após a conquista de Assunção, em 1 de janeiro de 1869, os já desgastados encouraçados de grande porte, como o Herval, não tinham mais tanta utilidade no conflito, com os combates navais ocorrendo, a partir de então, em pequenos arroios muito estreitos. Os navios foram chamados de volta para o Rio de Janeiro, onde passaram por grandes obras de reparo (Herval passou por reformas no Arsenal de Marinha da Corte que começaram em 3 de janeiro de 1875 no Rio de Janeiro). No início da década de 1870, o comando naval imperial começou a distribuir os encouraçados pelos vários distritos navais de defesa de portos do Brasil.[8][2] Mariz e Barros e seu navio-irmão Herval foram designados para o 2.º Distrito Naval que patrulhava a costa da fronteira entre às províncias do Rio de Janeiro e Espírito Santo até a cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte.[9] Teve sua baixa registrada em 1879, com suas máquinas sendo retiradas para serem usadas no Primeiro de Março.[2][10]

Referências

  1. a b Gardiner 1979, p. 406.
  2. a b c d e f «NGB - Corveta Encouraçada Herval». www.naval.com.br. Consultado em 20 de outubro de 2018 
  3. Donato 1996, pp. 275-276.
  4. Donato 1996, p. 277.
  5. Rio Branco 2012, p. 463.
  6. Donato 1996, p. 276.
  7. Lima 2016, p. 212.
  8. Martini 2014, pp. 148-149.
  9. Martini 2014, p. 149.
  10. «Corveta Primeiro de Março» (PDF). Consultado em 19 de setembro de 2022