Crónica Feminina – Wikipédia, a enciclopédia livre
Editora, directora | Milai Bensabat (1958-1966) Isa Meireles (1966-?) Maria Carlota Álvares da Guerra (?-1987) |
Categoria | Revista feminina |
Frequência | Semanal |
Formato | 12 x 16cms |
Circulação | 150.000 exemplares[1] |
Editora | Agência Portuguesa de Revistas |
Fundação | 1956 |
Primeira edição | 29 de novembro de 1956 |
Empresa | Aguiar e Dias |
País | Portugal |
Idioma | pt |
Crónica Feminina foi uma revista de sociedade portuguesa, publicada entre 1956 e 1986.
A revista foi fundada em Dezembro de 1956 e pertencia à Agência Portuguesa de Revistas.[2] A sua primeira editora e directora foi Milai Bensabat, que desempenhou o cargo até 1966, quando deixou a revista para trabalhar na Magazine, e foi substituída por Isa Meireles. Publicou mais de 1.500 números no total.[3]
A revista era destinada a mulheres da classe média, e abordava temas como beleza, moda, cultura e saúde. Utilizava uma linguagem simples e um tom familiar. Duas das suas rubricas eram Correio Sentimental e Conversando, em que "Gabriela" respondia a cartas de leitores à procura de conselhos sobre relações. Incluía também uma secção de anúncios pessoais, onde sobretudo homens solteiros procuravam mulheres com quem trocar correspondência. Para além destas, tinha uma página intitulada Parabéns a você que celebrava aniversários dos leitores, horóscopos, um suplemento culinário bimestral e uma secção chamada Consultório Médico com conselhos dados por profissionais médicos.[3][4]
Foi o primeiro periódico a publicar uma fotonovela portuguesa, em 26 de novembro de 1959, no terceiro aniversário da revista, que levou a uma tiragem de 34.000 exemplares. O título da fotonovela era Casamento por Anúncio, realizada por Mário de Aguiar, director da Agência Portuguesa de Revistas, com argumento de Vitoriano Rosa, encenação de Alice Ogando e fotografia de Luís Mendes. As fotonovelas ocupavam cerca de dez páginas por número (que foram também as primeiras a ser publicadas a cores, a partir dos anos 70). A popularidade das fotonovelas terá sido um factor importante para o crescimento da revista de cerca de 50.000 exemplares em fevereiro de 1960 para 115.000 exemplares em novembro do mesmo ano[3][4]
Um dos principais assuntos abordados pela revista era o do casamento, que muitas vezes era também o tema de capa. A revista distingue-se dos princípios do Estado Novo, que via a mulher como uma figura submissa, e mostra uma mulher mais independente, que não é "prisioneira do próprio lar". Para além disto, retrata a vida conjugal infeliz (também em oposição ao ideal promovido pelo regime), e o descontentamento da mulher, bem como as suas tentativas de alterar a dinâmica matrimonial.[3]
A revista apresentava ainda outro elemento de emancipação feminina - a participação no mercado laboral. Até aí vista negativamente, por ser reduto exclusivo das mulheres mais pobres, forçadas a trabalhar no campo, a possibilidade de ter uma profissão é aqui exposta como algo desejável, que corresponde a uma maior formação e autonomia.[3]
Incluiu ainda uma brochura, distribuída gratuitamente, com informação relativa a planeamento familiar, gravidez e parto, e métodos contraceptivos (a pílula começou a comercializar-se em Portugal nos anos 60), então contrários ao regime de Salazar, que não dava o direito às mulheres de usar contraceptivos contra a vontade do marido, sendo isto motivo para divórcio ou separação judicial. Depois do 25 de abril de 1974, a revista caminha em direcção à emancipação feminina.[3]
Referências
- ↑ «A fábrica de sonhos - Os primeiros 25 anos da Agência Portuguesa de Revistas (1948-1973)». Biblioteca Nacional de Portugal. 27 de setembro de 2018. Consultado em 17 de janeiro de 2024
- ↑ «A AGÊNCIA PORTUGUESA DE REVISTAS: A IDEIA QUE VALIA MILHÕES (1956-1957)». Consultado em 6 de junho de 2012. Arquivado do original em 7 de novembro de 2013
- ↑ a b c d e f Bellato, Sofia (8 de março de 2023). «A representação da mulher nas revistas femininas portuguesas durante o Estado Novo (1933-1974): um estudo exploratório». Università Ca' Foscari Venezia. Consultado em 17 de janeiro de 2024
- ↑ a b Choroszewska, Kamila; Braga, Isabel Drumond (2022). Pilla, Maria Cecília Barreto Amorim, ed. «"Escrevo-lhe porque me parece a única pessoa capaz de me ajudar nesta aflição" : As colunas de conselhos pessoais em Modas e Bordados e Crónica Feminina (1970-1978)». Évora: Publicações do Cidehus. Biblioteca - Estudos & Colóquios. ISBN 979-10-365-9029-0. Consultado em 17 de janeiro de 2024
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- A AGÊNCIA PORTUGUESA DE REVISTAS: TEMPOS DIFÍCEIS (1948-1950)
- Coisas de outros tempos (blog com informação relativa a fontes) "A Crónica Feminina"