Crônica Gálica do ano 452 – Wikipédia, a enciclopédia livre
A Crônica Gálica do ano 452 (em latim: Chronica Gallica ad annum CCCCLII) é uma crónica da Antiguidade Tardia em forma de anais. Foi editada como Chronica Gallica por Theodor Mommsen juntamente com a Crónica Gálica do ano 511, nas Monumenta Germaniae Historica.[1]
Descrição
[editar | editar código-fonte]O texto, escrito em latim bastante simples, foi redigido por um autor cristão galo-romano anônimo, provavelmente residente em Valence, Marselha ou no vale do Ródano.[2] A crônica começa no ano 379 com a nomeação de Teodósio I como coimperador e termina com a invasão da Itália por Átila em 452. O cronista dedica quase toda a sua atenção ao Império Romano do Ocidente: são descritos os eventos que ocorreram na península Itálica, Grã-Bretanha, Hispânia, África e, especialmente, na Gália. Bizâncio é mencionado secundariamente apenas para informar sobre a morte dos imperadores. A crônica contém informações importantes sobre os movimentos das tribos bárbaras durante o Período das Grandes Migrações, as revoltas dos bagaudas e a luta contra numerosas heresias. Entre os dados únicos está uma mensagem sobre a conquista da Grã-Bretanha pelos saxões em 441.[3] Essa informação gerou ampla discussão entre os historiadores sobre a confiabilidade dos dados fornecidos pelas primeiras fontes históricas britânicas da Alta Idade Média.[4]
Apesar de erros cronológicos, especialmente numerosos para o período entre 424 e o final da década de 440,[5] a Crônica Gálica de 452 é a obra histórica mais antiga preservada da Gália e uma valiosa fonte narrativa sobre esta região e territórios adjacentes do Império Romano na primeira metade do século V. A autenticidade histórica da crônica baseia-se na proximidade geográfica e temporal de seu autor aos eventos narrados. Em geral, o relato está impregnado de uma avaliação negativa dos eventos da época, principalmente devido às invasões do Império Romano pelos "bárbaros".
A Crónica Gala é preservada em cerca de 40 manuscritos, sendo o mais antigo deles o chamado Manuscrito de Londres No. 16974, armazenado no Museu Britânico, datado do final do século IX ou início do X.[6] Sua brevidade e foco na história da Gália a tornaram atrativa para copistas posteriores e contribuíram para sua sobrevivência..[7]
Referências
- ↑ Mommsen 1892.
- ↑ Burgess 2010, p. 568.
- ↑ Burgess 1990, p. 192.
- ↑ Burgess 1994, p. 240-243.
- ↑ Muhlberger 1990, p. 147.
- ↑ Muhlberger 1990, pp. 137-146.
- ↑ Muhlberger 1990, p. 276.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Burgess, R. W. (1994). «The Gallic Chronicle». Britannia. 25: 240–243. ISSN 0068-113X. JSTOR 527005. doi:10.2307/527005. Consultado em 18 de maio de 2022
- Burgess, R. W. (1990). «The Dark Ages Return to Fifth-Century Britain: The 'Restored' Gallic Chronicle Exploded». Britannia. 21: 185–195. ISSN 0068-113X. JSTOR 526292. doi:10.2307/526292. Consultado em 18 de maio de 2022
- Burgess, R. W. (2010). «Gallic Chronicle of 452». In: Graeme Dunphy. Encyclopedia of the Medieval Chronicle. Brill. 658 páginas
- Kötter, Jan-Markus [VNV], Scardino, Carlo; Verlag Ferdinand Schöningh (2017). Gallische Chroniken. [S.l.: s.n.] ISBN 9783506784896. OCLC 994744670
- Mommsen, ed. (1892). Auctores antiquissimi 9: Chronica minora saec. IV. V. VI. VII. (I) (em latim). Berlin: Monumenta Germaniae Historica. Consultado em 19 de maio de 2022
- Muhlberger, Steven (1990). The fifht-century chroniclers: Prosper, Hydatius, and the Gallic Chronicler of 452. Leeds: Cairns. ISBN 9780905205762. OCLC 849042628