Cuzistão (província do Império Sassânida) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Cuzistão Hūzistān | ||||
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província do(a) Império Sassânida | ||||
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Capital | Bendosabora |
Cuzistão, Cuzestão ou Huzistão (em persa médio: 𐭧𐭥𐭰𐭮𐭲𐭭; romaniz.: Hūzistān) era uma província do Império Sassânida na Antiguidade Tardia, que quase correspondia à atual província iraniana de Cuzistão. Sua capital era Bendosabora. Durante o final do Império Sassânida, a província foi incluída no quadrante sul (kuste) de Ninruz.
Nome
[editar | editar código-fonte]O nome de Cuzistão (que significa "a terra dos cuzes") remonta ao período elamita, quando era usado para se referir aos habitantes que viviam na região desde o III milênio a.C. até a ascensão do Império Aquemênida em 539 a.C..[1]
Distritos
[editar | editar código-fonte]A divisão administrativa do Cuzistão é incerta, pois as fontes árabes apontam relatórios variados. Foi dividido pelo menos em sete distritos (rostague ou tasugue), sendo o maior deles Hormisda-Ardaxir, enquanto os outros eram: Rustã Cavade, Xustar, Susã, Bendosabora, Rã-Hormisda e Dauraque.[2][3]
História
[editar | editar código-fonte]Sob os partos, o Cuzistão era conhecido como Elimaida,[4] um sub-reino parta, que em cerca de 221 foi derrotado e conquistado pelo príncipe persa Artaxer I, que mais tarde derrubaria os partos e estabeleceria o Império Sassânida.[5][6] O Cuzistão é atestado como província na inscrição do Cubo de Zaratustra do segundo xainxá, Sapor I (r. 240–270). Lá é mencionado logo após Pérsis e Pártia, o país dos sassânidas e partas respectivamente, o que demonstra sua importância.[7] O proeminente sacerdote zorastrista Cartir também menciona a província em sua inscrição em Naques-e Rajabe.[8] Em cerca 260, Sapor fundou a cidade de Bendosabora (em persa médio: Weh-Andiōk-Šābuhr), que foi estabelecida em uma vila chamada Pilabade, situada entre Susã e Xustar. A cidade, construída como um local para estabelecer prisioneiros de guerra romanos, posteriormente tornou-se uma residência real de verão e a capital do Cuzistão.[9] O filho e sucessor de Sapor I, Hormisda I (r. 270–271) fundou duas cidades no Cuzistão: Hormisda-Ardaxir e Rã-Hormisda.[10][11] Durante o reinado de Vararanes II (r. 274–293), um sumo sacerdote (mobade) se revoltou no Cuzistão e ocupou brevemente a província.[12]
Sob Cavades I (r. 488–496, 498–531) e seu filho e sucessor Cosroes I (r. 531–579), o império foi dividido em quatro regiões de fronteira (custe em persa médio), com um comandante militar (aspabedes) responsável por cada distrito.[13][14] As regiões fronteiriças eram conhecidas como Coração (leste), Cuararão (oeste), Ninruz (sul) e Azerbaijão (norte).[15][16] O Cuzistão estava junto com Pérsis dentro do distrito sul. Carmânia e Sacastão também foram incluídos algumas vezes.[17][18] O Cuzistão, em 642, foi uma das primeiras províncias a cair durante a conquista muçulmana da Pérsia.[19]
População
[editar | editar código-fonte]A população estava centrada principalmente em torno de seus sistemas de rios e canais.[4] O norte e o leste eram povoados por uma amálgama de iranianos e elamitas, enquanto a porção ocidental era povoada por populações de língua aramaica. Deportados romanos e indianos também viviam na província.[20][21]
Cunhagem
[editar | editar código-fonte]O Cuzistão serviu como um dos locais de destaque dos sassânidas, conhecido por sua abreviação de "HŪZ".[22] A cidade de Rã-Hormisda produziu moedas desde pelo menos o século III.[23] Uma casa da moeda foi estabelecida em Hormisda-Ardaxir durante o reinado de Artaxer II (r. 379–383),[24] e uma casa da moeda foi estabelecida em Bendosabora e Susã durante o reinado de Vararanes IV (r. 388–399).[25]
Referências
- ↑ Jalalipour 2015, p. 6.
- ↑ Frye 1984, p. 333.
- ↑ Miri 2013, p. 913.
- ↑ a b Brunner 1983, p. 753.
- ↑ Hansman 1998, p. 373–376.
- ↑ Wiesehöfer 1986, p. 371–376.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 6–7.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 7.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 11.
- ↑ Shayegan 2004, p. 462–464.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 15–16.
- ↑ Daryaee 2014, p. 11–12.
- ↑ Axworthy 2008, p. 60.
- ↑ Miri 2012, p. 24.
- ↑ Ghodrat-Dizaji 2010, p. 71.
- ↑ Miri 2012, p. 24–25.
- ↑ Miri 2012, p. 25.
- ↑ Rezakhani 2017, p. 170.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 17.
- ↑ Brunner 1983, p. 754.
- ↑ Badiyi 2020, p. 209.
- ↑ Badiyi 2020, p. 221.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 16.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 15.
- ↑ Jalalipour 2015, p. 12–13.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Axworthy, Michael (2008). A History of Iran: Empire of the Mind. Nova Iorque: Basic Books. ISBN 978-0-465-00888-9
- Badiyi, Bahram (2020). «Cities and Mint Centers Founded by the Sasanians». Ancient Iranian Numismatics: 203–233
- Brunner, Christopher (1983). «Geographical and Administrative divisions: Settlements and Economy». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(2): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 747–778. ISBN 0-521-24693-8
- Daryaee, Touraj (2014). Sasanian Persia: The Rise and Fall of an Empire. Nova Iorque: I. B. Tauris. pp. 1–240. ISBN 978-0857716668
- Frye, R. N. (1983). «The political history of Iran under the Sasanians». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3(1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20092-X
- Frye, Richard Nelson (1984). The History of Ancient Iran. Munique: C. H. Beck. pp. 1–411. ISBN 9783406093975
- Ghodrat-Dizaji, Mehrdad (2010). «Ādurbādagān during the Late Sasanian Period: A Study in Administrative Geography». Iran: Journal of the British Institute of Persian Studies. 48 (1): 69–80. doi:10.1080/05786967.2010.11864774
- Hansman, John F. (1998). «Elymais». Enciclopédia Irânica, Vol. VIII, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 373–376
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- Miri, Negin (2012). «Sasanian Pars: Historical Geography and Administrative Organization». Sasanika: 1–183
- Miri, Negin (2013). «Sasanian Administration and Sealing Practices». In: Potts, Daniel T. The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0199733309
- Payne, Richard E. (2015). A State of Mixture: Christians, Zoroastrians, and Iranian Political Culture in Late Antiquity. Berkeley, Califórnia: Imprensa da Universidade da Califórnia. pp. 1–320. ISBN 9780520961531
- Potts, D. T. (1999). The Archaeology of Elam: Formation and Transformation of an Ancient Iranian State. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 1–490. ISBN 9780521564960
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- Wiesehöfer, Joseph (1986). «Ardašīr I i. History». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 371–376