Direction Générale de la Sécurité Extérieure – Wikipédia, a enciclopédia livre

Diretoria Geral de Segurança Externa
Direction générale de la Sécurité extérieure
Logotipo da DGSE
Sede da DGSE, em Paris.
Organização
Natureza jurídica Agência de segurança e Serviço de inteligência
Dependência França República Francesa
Chefia Bernard Émié, Diretor Geral de Segurança Externa
Número de funcionários 7.000 (2019), incluindo 1.000 militares
7.100 (2022)
Orçamento anual 880 milhões de euros (2021)
Localização
Sede Paris
48° 52' 28" N 2° 24' 26" E
Histórico
Antecessor Serviço de Documentação Externa e Contra-Inteligência (SDECE)
Criação 2 de abril de 1982
Sítio na internet
http://www.dgse.gouv.fr

Direction générale de la Sécurité extérieure (DGSE) é uma das agências de inteligência e contraespionagem da França, desde 1982. Ligada ao Ministério da Defesa do governo francês,[1] a DGSE é a sucessora do antigo Service de documentation extérieure et de contre-espionnage (SDECE) e é responsável pela coleta de informações, contraterrorismo, espionagem econômica[2] e operações sensíveis no exterior. A DGSE trabalha em cooperação com a Direction générale de la Sécurité intérieure (DGSI), Direção Geral de Segurança Interna, com o objetivo de "proteger os interesses vitais da nação",[3] nos domínios antiterrorista e paramilitar. Seu lema é "partout où nécessité fait loi" ("em todo lugar onde a necessidade faz a lei"). É uma das operadoras do sistema de vigilância global Franchelon.[4] Além do orçamento oficial, a DGSE[5] conta com um patrimônio clandestino que possui desde a Primeira Guerra Mundial e que não aparece no orçamento do Estado. Destinado a situações de crise, deve ser, em princípio, suficientemente alto e disponível para garantir a continuidade do Estado em caso de crise: assim, poderia financiar um governo no exílio, caso o território nacional esteja em perigo (por exemplo, em caso de invasão ou destruição por arma nuclear). Gerenciado secretamente, sua existência foi reconhecida pelo governo da França apenas em 2006, mas seu valor não pode ser divulgado.[6]

Cooperação com a CIA

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Em novembro de 2005, a reporter Dana Priest do The Washington Post revelou a existência das Prisões secretas da CIA.[7][8] O artigo revelou também a cooperação do governo da França com a CIA através da Alliance Base.[9] Para aparentar pouca participação da CIA nas operações da Alliance Base, a língua utilizada no centro foi o francês. [carece de fontes?]

Em 5 de fevereiro de 2013, o jornal O Globo publicou matéria sobre um relatório emitido por uma organização que afirmava que a França não era um dos países listados como colaborador da CIA no seu programa de detenções secretas e interrogatórios com suposto uso de tortura.[10] O mesmo relatório também listava vários países da Europa como tendo colaborado no programa de interrogatório da CIA, incluindo Portugal.[11] As informações publicadas pela imprensa francesa e pelo The Washington Post todavia, apontam para outros fatos e indicam que a existência da aliança francesa com a CIA através da Alliance Base durou de 2002 ate 2009.[12]

A Agência Brasileira de Inteligência investigou se agentes do serviço secreto francês promoveram ação de sabotagem para explodir a base de lançamento de satélites de Alcântara, no Maranhão. Um documento da ABIN revela pelo menos três operações cujos alvos eram espiões franceses e seus contatos brasileiros e estrangeiros. Houve também monitoramento do serviço de inteligência em órgãos de cooperação e cultura ligados à Embaixada da França.[13] A base de lançamento de satélites de Alcântara colocaria "em perigo"[13] os interesses econômicos e diplomáticos da França, que atualmente possui uma base na região dos trópicos, localizada em Kourou, na Guiana Francesa.

Operações conhecidas

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  • Exploração da rede “Nicobar” que permitiu à França vender 43 Mirage 2000 à Índia e conhecer a composição da blindagem do tanque soviético T-72.[14]
  • Operação "Satânica": no dia 10 de julho de 1985, uma equipe da DGSE detonou no porto de Auckland o Rainbow Warrior, um navio da organização Greenpeace que visava evitar testes nucleares franceses no Oceano Pacífico, matando o fotógrafo holandês de origem portuguesa Fernando Pereira.
  • Espionagem das companhias IBM, Texas Instruments e Corning Glass Works.[15]
  • Liberação de reféns: jornalistas Christian Chesnot e Georges Malbrunot no Iraque em 21 de dezembro de 2004 e jornalista Florence Aubenas no Iraque em 12 de junho de 2005.[16]
  • Em 14 de julho de 2009, dois "assessores" da DGSE em uma missão em Mogadíscio, onde prestavam assistência de segurança ao governo somali, foram sequestrados em seu hotel por milicianos islâmicos. Após um mês e meio de detenção, um dos dois homens, alegando se chamar Marc Aubrière, conseguiu escapar em circunstâncias obscuras.[17][17]
  • Invasão da DGSE na Somália, em 12 de janeiro de 2013, para libertar seu agente Denis Allex, mantido em cativeiro por três anos. Dezessete milicianos da Al Shabbaab foram mortos na ação.[18]
  • François Hollande confidencia no livro Un président ne devrait pas dire ça… ter ordenado pelo menos quatro "opérations homo" (homicídios) contra terroristas.[19]
  • Entre 2016 e 2017, a DGSE esteve envolvida na identificação e assassinato de pelo menos quarenta terroristas no Iraque, na Síria e no Sahel.[20]
  • Em 2017, a DGSE realizou uma investigação e concluiu que a Rússia havia tentado influenciar, com fracasso, as eleições presidenciais de 2017 na França.[21]

Dossiê Farewell ("despedida")

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O Dossiê Farewell,[22][23] provavelmente a mais significativa operação de inteligência efetuada por um serviço secreto europeu durante a Guerra Fria[24] e crucial para a vitória do Ocidente,[25] foi a coleção de documentos que Vladimir Vetrov, um desertor da KGB (codinome "Farewell"), reuniu e entregou ao serviço secreto francês. Vetrov ficou cada vez mais desiludido com o sistema soviético e decidiu trabalhar com os franceses no final da década de 1970. Entre o início de 1981 e o início de 1982, Vetrov deu quase 4000 documentos secretos aos franceses,[26] incluindo a lista completa de 250 oficiais da KGB estacionados sob proteção legal em embaixadas em todo o mundo. Como consequência, as nações ocidentais realizaram uma expulsão em massa de espiões de tecnologia soviéticos. A CIA e a DGSE montaram uma operação de contra-inteligência que transferiu designs de hardware e software modificados para os soviéticos. Thomas Reed alegou que esta foi a causa do desastre de um oleoduto transiberiano em 1982. A história de Vetrov inspirou o livro Bonjour Farewell: The Truth about the French Mole in the KGB, de Serguei Kostine.[27]

Ligações externas

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Referências

  1. Direction générale de la sécurité extérieure - Ministère de la Défense - Service-public.fr
  2. Keck, Zachary. «Robert Gates: Most Countries Conduct Economic Espionage». thediplomat.com (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2021 
  3. «crime-reg.com» (PDF). crime-reg.com. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  4. Leman-Langlois, Stéphane (2009). «Stéphane Leman-Langlois, « Cours 9 : Le renseignement et la sécurité nationale » [archive], cours à l'école de criminologie de l'Université de Montréal, Terrorisme et antiterrorisme» (PDF) 
  5. «« Le trésor englouti de la DGSE »» 
  6. «« Un trou dans le « trésor de guerre » de la DGSE »» 
  7. Foreign Network at Front of CIA's Terror Fight Dana Priest, The Washington Post, 18 de novembro de 2005
  8. Bush admite pela 1ª vez prisões da CIA fora dos EUA 6 de setembro de 2006 - BBC Brasil
  9. Foreign Network at Front of CIA's Terror Fight Dana Priest, The Washington Post, 17 de novembro de 2005
  10. Mais de 50 países ajudaram programa de prisões e voos secretos da CIA, diz ONG - Jornal O Globo - 5 de fevereiro de 2013
  11. Brasil não está em lista de países que ajudaram a CIA, diz relatório - RFI - 5 de fevereiro de 2013
  12. Terrorisme : pourquoi Alliance Base a fermé à Paris Le Nouvel Observateur 24 de maio de 2010
  13. a b «Suspeita de sabotagem fez Brasil investigar franceses em Alcântara - 05/11/2013 - Poder». Folha de S.Paulo. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  14. Éric Denécé, Renseignement et contre-espionnage, Hachette Pratique, 2008, 253 p. (ISBN 978-2-01-237532-1 e 2-01-237532-4)
  15. Dasquié, Guillaume (1999). Secrètes affaires : Les services secrets infiltrent les entreprises. Paris: Paris. p. Chap. 4. 323 páginas 
  16. «Les deux ex-otages français d'Irak sont arrivés en France». Le Monde.fr (em francês). 22 de dezembro de 2004. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  17. a b «France 2 Actualités & société - Tous les vidéos et replay | France tv». www.france.tv. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  18. «FRANCE : Raid de la DGSE en Somalie : ce qui s'est passé - 30/01/2013». Intelligence Online (em francês). 30 de janeiro de 2013. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  19. «François Hollande a-t-il eu tort d'admettre l'existence d'assassinats ciblés?». LExpress.fr (em francês). 14 de outubro de 2016. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  20. Correspondent, Lara Marlowe Paris. «How France strove to eliminate terrorists on its 'kill list'». The Irish Times (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2021 
  21. Tamkin, Emily. «French Intelligence Agency Braces for Russian Bots to Back Le Pen». Foreign Policy (em inglês). Consultado em 18 de outubro de 2021 
  22. «Farewell Dossier». Wikipedia (em inglês). 19 de julho de 2021. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  23. https://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9F00E6DF173BF931A35751C0A9629C8B63  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  24. https://www.cia.gov/library/center-for-the-study-of-intelligence/csi-publications/csi-studies/studies/96unclass/farewell.htm  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  25. «How the Cold War was won... by the French». The Independent (em inglês). 22 de outubro de 2011. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  26. «Vladimir Vetrov (FAREWELL)». archive.is. 31 de julho de 2013. Consultado em 18 de outubro de 2021 
  27. Kostine, Sergueï (1997). Bonjour, Farewell: la vérité sur la taupe française du KGB (em francês). [S.l.]: R. Laffont 
  28. Help From France Key In Covert Operations The Washington Post, por Dana Priest, 3 de julho de 2005