Astronotus ocellatus – Wikipédia, a enciclopédia livre
Astronotus ocellatus | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Astronotus ocellatus ( Agassiz, 1831) |
Astronotus ocellatus (Cuv.) [1] é uma espécie da família dos Cichlidae conhecida sob uma grande variedade de nomes, como oscar, acará-grande, cará, carfá, acará-açu, acaraçu, acará-guaçu, acarauaçu, acarauçu, aiaraçu, apiari, carauaçu, caruaçu[2] e apaiari.[3] Na América do Sul, onde a espécie ocorre, o A. ocellatus é encontrado à venda como alimento nos mercados locais.[4][5] Porém, seu crescimento lento limita seu potencial para aquacultura.[6] A espécie também é muito popular como peixe de aquário.[7][8]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]"Acará" vem do tupi aka'ra.[9] "Acará-açu", "acaraçu", "acará-guaçu", "acarauaçu", "acarauçu" e "carauaçu" vêm do termo tupi para "acará grande".[10] "Aiaraçu" possui origem tupi.[11]
Aparência, tamanho e coloração
[editar | editar código-fonte]Existem relatos de A. ocellatus que cresceram até o comprimento de 45 cm, atingindo um peso de 1,6 kg.[1] Os espécimes capturados na natureza são tipicamente escuros, com manchas alaranjadas, ou ocelos, no pedúnculo caudal e na nadadeira dorsal.[7][8] Foi sugerido que a função desses ocelos é limitar o ebarrar de nadadeiras pelas piranhas (Serrasalmus spp.), o que também ocorre com o A. ocellatus no seu ambiente natural.[12] Estudos posteriores têm sugerido que os ocelos podem também ser importantes para comunicação intraespécie.[13] Os espécimes também conseguem alterar rapidamente sua coloração, uma característica que facilita o comportamento ritual, territorial e de combate entre indivíduos da mesma espécie.[14] A. ocellatus jovens têm uma coloração diferente dos adultos e são listrados de faixas onduladas brancas e laranjas, além de possuírem cabeças com manchas.[13]
Distribuição e habitat
[editar | editar código-fonte]O A. ocellatus é nativo do Peru, Colômbia, Brasil e Guiana Francesa, e ocorre na bacia Amazônica, ao longo do sistema formado pelos rios Amazonas, Iça, Rio Negro, Solimões Araguaia, Tocantins e Ucaiali, podendo também ser encontrado nos rios Apurímaque e Oiapoque.[1][4] Em seu ambiente natural, a espécie geralmente ocorre em habitat de rios com correntes lentas e águas brancas, e tem sido observado abrigando-se sob troncos submersos.[7]
Foi introduzido como espécie de interesse econômico no Nordeste (em açudes) e no Sudeste do Brasil. Ocorre no Rio São Francisco, onde possui importância pesqueira.[15] Populações ferais também ocorrem na China,[16] norte da Austrália,[17] e Flórida[18] como efeito colateral do comércio de peixes ornamentais.
A distribuição da espécie está limitada pela sua intolerância a águas frias, o limite letal para essa espécie é de 12.9 °C.[19] São peixes de águas ácidas e neutras, com boa tolerância a alcalinas, o PH ideal fica em torno de 6.8 a 7.5.
Dismorfismo sexual e reprodução
[editar | editar código-fonte]Embora a espécie seja considerada largamente monomorfa sexualmente,[7] é sugerido que os machos cresçam mais rápido, e em alguns grupos de ocorrência natural, foi notado que os machos possuem manchas escuras na base da nadadeira dorsal.[8][13] Os espécimes atingem a maturidade sexual com aproximadamente um ano de idade e continuam a se reproduzir de 9 a 10 anos. A freqüência e o tempo de sua reprodução podem estar relacionados com a ocorrência das chuvas.[20] A. ocellatus são peixes de substrato reprodutivo biparental embora informações detalhadas sobre sua reprodução na natureza seja escassa. Foi observado que o estreitamente relacionado Astronotus crassipinnis pode, quando em perigo, proteger a cria em sua boca de maneira que lembra os Geophagus. Esse comportamento, entretanto, ainda não foi observado no A. ocellatus.[8] Em cativeiro os pares são conhecidos por geralmente selecionar e limpar superfícies lisas horizontais ou verticais onde depositam de 1000 a 3000 ovas. Como na maioria dos ciclídios, o A. ocellatus protege sua cria, entretanto, a duração dessa proteção na natureza permanece desconhecido.[8]
Alimentação e presas
[editar | editar código-fonte]O exame do conteúdo do estômago de A. ocellatus por Winemiller (1990) demonstrou que sua dieta natural consiste primeiramente de insetos aquáticos e terrestres (que compreendem 60% de sua dieta), embora pequenos peixes, e de maneira bem menor crustáceos, também sejam consumidos. A maioria dos peixes ingeridos por um A. ocellatus na natureza eram relativamente sedentários como peixes-gato, e incluindo as espécies Bunocephalus, Rineloricaria e Ochmacanthus.[12] A espécie usa um mecanismo de sucção, gerado por extensões mandibulares, para capturar a presa,[21] e já foi reportado exibições de mimetização de morte similar ao Parachromis friedrichsthalii e ao Nimbochromis livingstonii.[22][23] A espécie também tem uma absoluta necessidade de Vitamina C e desenvolve problemas de saúde em sua falta.[24]
História, taxonomia e sinonímia
[editar | editar código-fonte]A espécie foi originalmente descrita por Louis Agassiz em 1831 como Lobotes ocellatus, já que ele erroneamente acreditou que fosse uma espécie marinha, trabalhos posteriores assinalaram a espécie como sendo do gênero Astronotus.[13] A espécie também possui um certo número de sinônimos juniores: Acara compressus, Acara hyposticta, Astronotus ocellatus zebra e Astronotus orbiculatus.[25]
Reprodução seletiva
[editar | editar código-fonte]Um sem número de variedades ornamentais do A. ocellatus têm sido desenvolvidas pela indústria aquarista. Isso inclui formas com grande intensidade e quantidade de vermelho marmóreo por seus corpos, albinas, leucísticas e xantocrómicas. A. ocellatus com manchas marmóreas de pigmentação vermelha são vendidos como oscars red tiger, enquanto linhagens com coloração vermelha principalmente nos flancos são frequentemente vendidos sob o nome comercial de oscars vermelhos.[26] O padrão de pigmento vermelho difere entre indivíduos, no Reino Unido há o relato de um A. ocellatus com marcas que se assemelham à palavra árabe para Alá.[27] Em anos recentes variedades de barbatana longa têm sido desenvolvidos.
No aquário
[editar | editar código-fonte]Os A. ocellatus são populares como animais de estimação, e são considerados como inteligentes pelos aquaristas. Em parte porque eles aprendem a associar seus donos com alimento[8] e é suposto que podem distinguir seus donos de estranhos.[26]
Apesar de seu grande tamanho e natureza predatória, o A. ocellatus é um habitante relativamente calmo no aquário, melhor abrigado com outros peixes grandes demais para serem considerados como alimento.[7][8][26]
A. ocellatus são conhecidos por desenraizar plantas, e por mover outros objetos em aquários.[28] São melhor mantidos em aquários com volume entre 200 e 600 litros.[26][28]
O A. ocellatus é relativamente tolerante à típica composição química das águas de aquário,[7] por seu grande tamanho e hábitos caóticos de alimentação, necessitam que um eficiente sistema de filtragem seja instalado no aquário.[26] O A. ocellatus não demanda um regime rígido em cativeiro, aceitando uma gama de alimentos que inclui pedaços de peixes e alimentos preparados para ciclídios.[7][8][26]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c Froese, R. and D. Pauly. Editors. «Astronotus ocellatus, Oscar». FishBase. Consultado em 16 de março de 2007. Arquivado do original em 29 de setembro de 2007
- ↑ Alves, Poliana Maria. O léxico do Tuparí: proposta de um dicionário bilíngüe. (Tese de Doutorado). Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita” - Câmpus de Araraquara, 2004.
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.136
- ↑ a b Kullander SO. «Cichlids: Astronotus ocellatus». Swedish Museum of Natural History. Consultado em 16 de março de 2007
- ↑ CC. Kohler, WN. Camargo, ST. Kohler F. Alcantara, M.Rebaza, S. Tello, M. Del Aguila, G.Alvarez, M.Chonta, M. Maldonado, M. Magariños, A. Antezana, MA. Villacorta C., R, Roubach, S.Duque, E.Agudelo, C. Augusto Pinto, S. Ricaurte, J Machoa. «Aquaculture Crsp 22nd Annual Technical Report» (PDF). Oregon State University, USA. Consultado em 16 de março de 2007
- ↑ Keith, P. O-Y. Le Bail & P. Planquette, (2000) Atlas des poissons d'eau douce de Guyane (tome 2, fascicule I). Publications scientifiques du Muséum national d'Histoire naturelle, Paris, France. p.286
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- ↑ a b c d e f g h Loiselle, Paul V. (1995). The Cichlid Aquarium. Germany: Tetra Press. ISBN 1-56465-146-0
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.22
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.40
- ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.70
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