Elizabeth Garrett Anderson – Wikipédia, a enciclopédia livre
Elizabeth Anderson | |
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Nome completo | Elizabeth Garrett Anderson |
Nascimento | 9 de junho de 1836 Whitechapel, Londres, Inglaterra |
Morte | 17 de dezembro de 1917 (81 anos) Aldeburgh, Suffolk, Inglaterra |
Parentesco | Louisa Garrett Anderson (filha) Alan Garrett Anderson (filho) Millicent Fawcett (irmã) Newson Garrett (pai) |
Conhecido por |
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Carreira médica | |
Ocupação | Médica |
Instituições |
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Elizabeth Garrett Anderson (Whitechapel, 9 de junho de 1836 – Aldeburgh, 17 de dezembro de 1917), foi uma médica e sufragista britânica.
Foi a primeira inglesa a qualificar-se como médica e cirurgiã na Grã-Bretanha, tendo sido co-fundadora do primeiro hospital dirigido por mulheres, primeira decana de uma escola médica britânica, primeira mulher a graduar-se em Medicina na França e a primeira a ocupar um cargo de prefeita e magistrada em todo o Reino Unido.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Elizabeth nasceu em 1836, em Whitechapel, na capital inglesa.[1] Era a segunda entre os 11 filhos de Newson Garrett (1812–1893), de Leiston, e sua esposa, Louisa Dunnell, de Londres.[2][3] Seus avós e bisavós fora mineiros da região de Suffolk, no século anterior. Newson era o mais novo de três irmãos e apesar de não ter formação acadêmica, tinha o tino para os negócios. Saindo de sua cidade, ele foi para Londres, onde enriqueceu e se apaixonou pela cunhada de seu irmão, Louisa, filha de um estalajadeiro da região. Após o casamento, eles foram morar no distrito de Whitechapel. Seus primeiros três filhos nasceram praticamente um atrás do outro: Louie, Elizabeth e Dunnell, que morreu com apenas seis meses de vida.[1]
Quando Elizabeth tinha apenas três anos de idade, a família se mudou para outro endereço, por dois anos, onde mais um filho nasceu. Os negócios do pai cresceram e mais filhos vieram, Edmund (1840), Alice (1842), Agnes (1845),[3] Millicent (1847), que se tornaria líder da campanha constitucional pelo sufrágio feminino, Sam (1850), Josephine (1853) e George (1854). Por volta de 1850, Newson era um empresário de sucesso e os filhos cresceram em meio à riqueza e com oportunidades que outras crianças não teriam.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Não havia escola em Aldeburgh, onde a família morava na época, então Elizabeth teve suas primeiras aulas com a mãe. Aos 10 anos, uma governanta foi contratada para educar as meninas da família. Elizabeth não gostava da governanta e costumava enfrentá-la durante as aulas. Quando Elizabeth tinha 13 e Louie tinha 15 anos, as duas foram enviadas para Boarding School for Ladies in Blackheath, uma escola privada em Londres, dirigida pelo poeta Robert Browning.[3] Lá aprenderam francês, italiano e alemão, bem como literatura e boas maneiras, ainda que Elizabeth não lembrasse dessa época com estima.[1]
Com o fim dos estudos na escola privada, Elizabeth se dedicou aos afazeres domésticos por cerca de nove anos, ainda que continuasse a estudar latim e aritmética pelas manhãs e fosse leitora voraz. Em 1854, quando tinha 18 anos, Elizabeth e sua irmã mais velha visitaram amigas de escola, onde conheceram Emily Davies, feminista e futura co-fundadora do Girton College, em Cambridge.[4] Foi no English Woman's Journal, em 1858 que Elizabeth leu a respeito de Elizabeth Blackwell, primeira mulher formada em medicina nos Estados Unidos.[1] Quando Blackwell visitou Londres, em 1859, Elizabeth viajou para a capital para conhecê-la. Nessa época, sua irmã Louie estava casada e morando em Londres.[1][4]
Elizabeth se filiou à Society for Promoting the Employment of Women, que organizou as palestras de Blackwell, onde exaltava a carreira médica como algo a ser seguido pelas mulheres.[4] Uma reunião privada entre Garrett e Blackwell aconteceu e durante uma visita a Emily Davies elas definiram carreiras que seriam vitais para o avanço dos direitos das mulheres: Garret lideraria os avanços na medicina, Davies para o ensino universitário e Millicent, com apenas 13 anos de idade, se dedicaria ao voto feminino e à carreira política. Newson se opôs à ideia radical para a época de ver sua filha se tornando médica, mas acabou convencido em apoiá-la.[1][5]
Após uma visita inicial sem sucesso aos principais médicos da Harley Street, Elizabeth decidiu passar os próximos seis meses como enfermeira cirúrgica no Hospital de Middlesex, em agosto de 1860.[1][4] Mostrando-se uma ótima enfermeira, ela foi autorizada a trabalhar no ambulatório, depois em sua primeira cirurgia. Não conseguiu se matricular na faculdade de medicina, mas teve permissão para ter aulas de grego, latim e matérias relacionadas à medicina com o boticário do hospital, enquanto continuava como enfermeira. Contratando um professor particular, teve aulas de anatomia e fisiologia três vezes por semana. Eventualmente, foi aceita na sala de dissecação e nas aulas de química.[1][4]
Aos poucos, Elizabeth se tornou uma figura má-recebida pelos colegas homens nas salas de aula. Em 1861, eles rejeitaram sua presença e apesar do apoio que ela recebia da administração.[1][4] Obrigada a abandonar o hospital, Elizabeth recebeu com honras certificados em química e medicina. Assim, ela se candidatou à uma vaga em várias universidades, incluindo Oxford, Cambridge, Glasgow, Edimburgo, Royal College of Surgeons e St Andrews e foi negada em todas elas.[1][4]
Não era apenas Elizabeth que batalhava para conseguir o estudo formal em medicina. Sophia Jex-Blake também precisou seguir outros caminhos para conseguir a licença através de exames, admissões em cursos especiais e outras áreas correlatas.[6] Tendo obtido um certificado em anatomia e fisiologia com professores particulares, Elizabeth foi admitida em 1862 pela Sociedade dos Boticários que, como condição de seu estatuto, não podiam excluí-la legalmente por causa de seu gênero.[1][6]
Finalmente, depois de uma longa batalha e sucessivas negativas de universidades e faculdades de medicina, em 1865, Elizabeth prestou a prova e conseguiu uma licença da Sociedade dos Boticários, que lhe autorizava a prática da medicina, tornando-se assim a primeira mulher no Reino Unido a ser uma médica qualificada e licenciada. Após sua licença, a Sociedade dos Boticários rapidamente alterou seu estatuto para impedir que outras mulheres seguissem o mesmo caminho.[6] Foi apenas em 1876 que qualquer pessoa, independente de seu gênero, foi autorizada a prestar provas e obter certificação médica.[7]
Vida pessoal
[editar | editar código-fonte]Elizabeth se casou com James George Skelton Anderson, em 1871, mas não abriu mão da carreira nem do ativismo sufragista. O casal teve três filhos, Louisa (1873–1943), que seguiu os passos da mãe, Margaret (1874–1875), que morreu de meningite e Alan (1877–1952). Elizabeth e James se aposentaram em 1902, indo morar em Aldeburgh. James morreu devido a um AVC em 1907.[1][3]
Em 9 de novembro de 1908, Elizabeth foi eleita prefeita de Aldeburgh, a primeira mulher eleita prefeita na Inglaterra, sendo que seu pai já tinha sido prefeito em 1889.[1][3]
Morte
[editar | editar código-fonte]Elizabeth morreu em Aldeburgh, em 17 de dezembro de 1917, aos 81 anos. Ela foi sepultada no cemitério da igreja de St Peter and St Paul, em Aldeburgh.[2][3]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m Ogilvie, Marilyn Bailey (1986). Women in science: antiquity through the nineteenth century: a biographical dictionary with annotated bibliography. Cambridge, Mass.: MIT Press. ISBN 978-0-262-15031-6
- ↑ a b «Elizabeth Garrett Anderson (1836 - 1917)». BBC History. Consultado em 2 de janeiro de 2020
- ↑ a b c d e f «Brief Biographical History of Elizabeth Garrett Anderson». University College London Hospitals. Consultado em 2 de janeiro de 2020
- ↑ a b c d e f g Manton, Jo (1965). Elizabeth Garrett Anderson: England's First Woman Physician. Londres: [s.n.]
- ↑ «Elizabeth Garrett Anderson was Britain's first female doctor. Why we should remember this pioneer for women's rights». The Telegraph. Consultado em 2 de janeiro de 2019
- ↑ a b c Annie G., Porritt (1919). «Reviewed Work: The Life of Sophia Jex-Blake. by Margaret Todd». Political Science Quarterly. 34 (1): 180. JSTOR 2141537
- ↑ Wagner, John A. (2014). Voices of Victorian England: Contemporary Accounts of Daily Life. [S.l.]: ABC-CLIO. p. 211–. ISBN 978-0-313-38689-3