Espaço métrico – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Em matemática, um espaço métrico é um conjunto onde a distância entre quaisquer dois de seus elementos é definida por uma função chamada métrica.[1] A métrica permite que a noção de continuidade seja estendida para funções entre espaços métricos. Os espaços métricos são exemplos de uma classe mais abrangente de espaços, chamados espaços topológicos.
O espaço métrico mais familiar é o espaço euclidiano. Na verdade, a métrica é uma generalização das quatro propriedades conhecidas da distância euclidiana. A métrica euclidiana define a distância entre dois pontos como o comprimento do segmento de reta que os conecta.
Existem outros espaços métricos, por exemplo, na geometria elíptica. Mesmo no espaço euclidiano, podemos adotar uma medida diferente de distância, como a métrica de Manhattan.
Definição
[editar | editar código-fonte]Seja um conjunto qualquer. Uma métrica definida sobre é uma função que associa um par ao número , chamado de distância entre e , de modo que para quaisquer valem:
- ;
- Se , então, (positividade);
- (simetria);
- (desigualdade triangular).
Um par em que é um conjunto e é uma métrica é chamado de espaço métrico.[2]
De forma intuitiva, pode-se pensar no conjunto como um conjunto de locais ligados por um sistema de estradas. A distância entre dois pontos pode ser definida como o comprimento da rota mais curta que liga dois desses locais. Deste modo, a simetria significa que neste sistema de estradas não deve haver estradas de mão única e a desigualdade do triângulo expressa o fato de que os desvios não são atalhos.
Exemplos de Espaços Métricos
[editar | editar código-fonte]- O conjunto dos números reais é o exemplo mais importante de espaço métrico com respeito à métrica
- , onde , é o espaço de dimensão com a distância usual (espaço vetorial euclidiano).
- , onde observe que com esse exemplo, olhar para um mesmo conjunto com métricas diferentes. Isso provoca uma mudança na topologia do conjunto.
- , onde é denominado de espaço métrico discreto.
- Qualquer subconjunto de um espaço métrico é um espaço métrico, basta considerar a restrição .
- Seja V o conjunto das funções contínuas de domínio e contradomínio real. Então torna V um espaço métrico (a condição de continuidade é importante para garantir que essa métrica seja definida).
Espaços vetoriais normados
[editar | editar código-fonte]Qualquer Espaço vetorial munido de uma norma é um espaço métrico. Seja um espaço vetorial. Uma norma em é uma função | |: , que associa cada vetor o número real |||| chamada a norma de , de modo a serem cumpridas as condições abaixo para quaisquer , e escalar[3]:
- Se 0 então |||| 0 ;
- || || = || |||| ;
- || + || |||| + ||||
Todo espaço vetorial normado (, | | ) torna-se um espaço métrico por meio da definição . Esta métrica diz-se proveniente da norma || . As propriedades 1 a 4 das distâncias são válidas para distâncias(métricas) que provém de normas. Essas propriedades resultam imediatamente das propriedades da norma. [4]
- Se então pois e
- [5]
Topologia de um espaço métrico
[editar | editar código-fonte]Definição. Sejam um espaço métrico e um subconjunto, diz-se que é um subconjunto aberto de quando para todo elemento existe algum tal que sempre que .
Uma classe importante de conjuntos abertos são as chamadas bolas abertas, para um ponto e um número real , chama-se bola aberta de centro e raio o subconjunto . Pode-se mostrar que toda bola aberta é um subconjunto aberto e que todo subconjunto aberto pode ser escrito como a reunião de uma família (enumerável ou não) de bolas abertas.
A classe dos conjuntos abertos gozam das seguintes propriedades:
- O conjunto vazio e são subconjuntos abertos de ;
- Se é uma família indexada de subconjuntos abertos de , então a reunião é também um subconjunto aberto de ;
- Se são subconjuntos abertos de , então a interseção é também um subconjunto aberto de .
As propriedades 1, 2 e 3 acima caracterizam a classe dos subconjuntos abertos de como uma topologia, chamada de topologia induzida pela métrica , de modo que o par é um espaço topológico.[2]
Conjuntos fechados
[editar | editar código-fonte]Definição. Um ponto que pertence a um subconjunto de um espaço métrico é dito um ponto aderente de quando, para todo , podemos encontrar tal que .
O fecho(ou aderência) de um conjunto num espaço métrico é o conjunto dos pontos de que são aderentes a . Portanto, escrever é o mesmo que afirmar que o ponto é aderente a em .[6]
Diz-se que um conjunto é fechado no espaço métrico quando seu complementar é aberto em . Podemos também definir um conjunto fechado como sendo um conjunto tal que . Pode-se mostrar que essas definições são equivalentes.[7]
Os subconjuntos fechados de um espaço métrico gozam das seguintes propriedades:
- O conjunto vazio e o espaço inteiro são fechados;
- A reunião de um número finito de subconjuntos fechados é um subconjunto fechado de .
- A interseção de uma família qualquer (finita ou infinita) de subconjuntos fechados é um subconjunto fechado de .[8]
Funções Contínuas
[editar | editar código-fonte]Definição. Sejam espaços métricos. Diz-se que a aplicação é contínua no ponto quando, para todo dado, é possível obter tal que implica .
Diz-se que é contínua quando ela é contínua em todos os pontos .
Equivalentemente, é contínua no ponto quando, dada qualquer bola de centro , pode-se encontrar uma bola , de centro , tal que .[9]
Exemplos.
- Dada , suponhamos que exista uma constante (chamada constante de Lipschitz) tal que para quaisquer que sejam os . Dizemos então que é uma aplicação lipschitziana. Neste caso, é contínua. Com efeito, dado , tomemos . Então .[10]
- Dado um que seja ponto isolado de (isto é, um elemento de tal que existe tal que ) , então toda aplicação é contínua no ponto . Com efeito, dado , basta tomar tal que . Assim, .[11]
- Uma aplicação chama-se uma imersão isométrica quando para quaisquer . Neste caso, diz-se também que preserva distâncias.[12] Note que dado e qualquer, se com então , implicando que é contínua.
Homeomorfismos
[editar | editar código-fonte]Sejam espaços métricos. Um homeomorfismo de sobre é uma bijeção contínua cuja inversa também é uma bijeção contínua. Neste caso, diz-se que e são homeomorfos. Ás vezes se usa a expressão "equivalência topológica" em vez de "homeomorfismo". Dois espaços métricos homeomorfos são indistinguíveis do ponto de vista da Topologia. Uma propriedade de que goza um espaço é chamada de uma propriedade topológica quando todo espaço homeomorfo a também goza de tal propriedade. As propriedades topológicas se distinguem das propriedades métricas de que são preservadas pelas isométricas [13].
Exemplos:
- Seja um espaço vetorial normado. Para todo e para todo número real , a translação e a homotetia , definidas por e são homeomorfismos de . De fato, sabemos que e são contínuas. Além disso, possuem inversas: e (onde ), as quais também são contínuas.
- Duas bolas abertas e em são homeomorfas. Mais precisamente, a composta define um homeomorfismo . Em especial, o homeomorfismo é tal que .[14]
Convergência
[editar | editar código-fonte]Diz-se que sequência com elementos num espaço métrico converge para um elemento se para qualquer existe um número natural tal que para todo tal que . Nessa ocasião, é o único elemento do espaço métrico com esta propriedade, e é chamado de limite da sequência, e escreve-se ou .
Uma sequência com elementos num espaço métrico é de Cauchy ou satisfaz o critério de Cauchy quando para todo pode-se encontrar um número natural de modo que para quaisquer números naturais . Pode se mostrar que toda sequência convergente é de Cauchy, e um espaço métrico em que critério de Cauchy é suficiente para convergência é chamado de espaço métrico completo. Exemplos de espaços métricos completos incluem e qualquer Espaço vetorial normado de dimensão finita[15].
Referências
[editar | editar código-fonte]- Lima, Elon Lages (2013). Espaços métricos. Col: Coleção Projeto Euclides 5ª ed. [S.l.]: IMPA. 299 páginas. ISBN 978-85-244-0158-9
- ↑ LIMA, Elon Lages (1983). Espaços métricos. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada
- ↑ a b Munkres, James R. (2000). Topology. Massachusetts: Prentice Hall. p. 76, 175. ISBN 0-13-181629-2
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 4
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 5
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 5
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 73
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 74
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 76
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 29
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métrios ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 31
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 32
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 19
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 38
- ↑ Lima, Elon Langes (1993). Espaços Métricos ed.3. [S.l.]: Instituto de Matemática Pura e Aplicada. p. 39
- ↑ Kreyszig, Erwin (julho de 1979). «Introductory Functional Analysis with Applications (Erwin Kreyszig)». John Wiley & Sons (3): 412–413. ISSN 0036-1445. doi:10.1137/1021075. Consultado em 29 de dezembro de 2024