Estêvão Soares da Silva – Wikipédia, a enciclopédia livre
Estêvão Soares da Silva | |
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Arcebispo da Igreja Católica | |
Arcebispo de Braga | |
D. Estêvão Soares, Galeria dos Arcebispos de Braga | |
Título | Primaz das Espanhas |
Atividade eclesiástica | |
Ordem | Cónegos Regrantes de Santo Agostinho |
Ordenação e nomeação | |
Nomeado arcebispo | 1212 |
Brasão arquiepiscopal | |
Dados pessoais | |
Morte | Trancoso 27 de agosto de 1228 |
dados em catholic-hierarchy.org Arcebispos Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Estêvão Soares da Silva[1] C.R.S.A.[2] (???? - 27 de agosto de 1228) foi um prelado português, arcebispo da Arquidiocese de Braga. Durante a sua prelazia, buscou a afirmação definitiva da primazia da Sé de Braga sobre todas as Hespanhas e envolveu-se numa contenda com o rei D. Afonso II de Portugal e com o seu sucessor, D. Sancho II, acerca do poder e das rendas da Igreja no norte de Portugal.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Dom Estêvão era o terceiro filho e único varão de Soeiro Pires da Silva, rico-homem e de sua mulher, Fruilhe Viegas de Lanhoso.[3] Entrou na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.[2] Era mestre-escola na Diocese de Coimbra, quando o capítulo da Sé de Braga o elegeu arcebispo[3], em 1212.[4][5]
No início de sua prelazia, teve que lidar com a insubordinação de alguns mosteiros e cabidos.[6]
Participou do Quarto Concílio de Latrão, onde defendeu a primazia de Braga sobre as demais da Península Ibérica, em especial, sobre a Arquidiocese de Toledo.[7] Todavia, o Papa Inocêncio III e seus sucessores não declararam qual seria a Sé Primacial.[2][6][8] Mesmo o Papa Honório III encaminhou breves a cada uma das arquidioceses exigindo o silêncio perpétuo sobre o assunto[2], reservando às partes a posse e prerrogativas da primazia.[8][9]
Em 1219, o rei Fernando III de Castela doou à arquidiocese, ao arcebispo e ao cabido da Sé o Couto de Ervededo.[8] Nessa mesma época, foi nomeado legado a latere do Papa Honório III.[9]
Conflito com Afonso II e Sancho II
[editar | editar código-fonte]O início dos conflitos da arquidiocese com a Coroa remontam ao ano de 1219, ainda durante o reinado de Afonso II.[10][11] Em agosto de 1220, Afonso promove no território do arcebispado a primeira de numerosas inquirições, atingindo o arcebispo na sua área de influência eclesiástica.[12] Este processo visava robustecer os direitos reais, principalmente no norte arquiepiscopal, segmento do reino que Afonso não controlava plenamente e que há quase dois séculos era palco de um processo senhorializador,[12] usufruindo de benefícios como isenções fiscais. Afonso II procurou minar o poder clerical dentro do país e aplicar parte das receitas das igrejas em propósitos de utilidade nacional. Essa situação era fruto ainda dos acordos de Afonso I de Portugal com a Igreja para consolidar a independência do reino de Portugal.[13]
Assiste-se então a uma violenta disputa, que envolve a destruição dos bens do arcebispo perpetrada pelos cavaleiros de Coimbra e de Guimarães, vassalos do rei e que forçará Estêvão Soares ao exílio, lançando o rei na excomunhão e o reino em interdito.[8][12] O Papa Honório III pede ajuda ao rei de Leão, Afonso IX, tendo já enviado uma série de missivas a prelados desse reino e do de Castela, para conseguir apoio em favor de Estêvão Soares.[14] Nota-se, nas palavras de Hermenegildo Fernandes, que a lisonja utilizada em referência ao monarca Leonês serve evidentes desígnios políticos papais, deixando pairar a legitimidade ou pelo menos a promessa de um silêncio cúmplice por parte do pontífice, no caso de uma intervenção leonesa em território português.[15] Ameaça ainda Afonso II de invalidar o seu reino, tornando-o assim vulnerável a conquistas por outros reis católicos.[8][16][17]
De facto, com o acordo assinado em mês incerto de 1223, Sancho fizera a paz com Estêvão Soares, tanto mais que este não defende o Bispo do Porto, D. Martinho Rodrigues, na sua contenda com o mesmo, e deixa ainda, em testamento em 1228, 1000 maravedis ao rei, que este ainda lhe devia dos 6000 que se obrigara a pagar no acordo de cinco anos anterior.[18]
Fim da vida
[editar | editar código-fonte]Após o acordo, D. Estêvão Soares acompanha D. Sancho nas batalhas e conquistas contra os mouros no sul,[8] em especial na tomada de Elvas, com dinheiro e pessoal.[19]
Pouco antes de falecer, fez redigir um testamento deixando todos os seus bens para a Igreja.[19][20]
Veio a falecer em 27 de agosto de 1228, na vila de Trancoso, sendo depois sepultado na Sé de Braga.[2][8][21]
Referências
- ↑ Na grafia original, Estevam Soares da Sylva.
- ↑ a b c d e Francisco de Santa Maria, págs. 593
- ↑ a b Castro, pág. 91
- ↑ Catholic Hierarchy
- ↑ gcatholic.org
- ↑ a b Castro, pág. 92
- ↑ Castro, págs. 92-93
- ↑ a b c d e f g Universidade de Coimbra, págs. 27-28
- ↑ a b Castro, pág. 96
- ↑ Fernandes, p. 44.
- ↑ Brederode, Biester em Revista contemporânea de Portugal e Brasil, pág. 125
- ↑ a b c Fernandes, p. 45.
- ↑ Castro, págs. 96-97
- ↑ Castro, págs. 99-100
- ↑ Fernandes, p. 46.
- ↑ Fernandes, p. 47.
- ↑ Sousa Amado, págs. 8-10
- ↑ Fernandes, p. 160.
- ↑ a b Castro, pág. 107
- ↑ Barbosa Morujão, pág. 43-46
- ↑ Castro, pág. 108
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cunha, Dom Rodrigo da (1634). Primeira (-segunda) parte, da historia ecclesiastica dos arcebispos de Braga, e dos Santos, e Varoes illustres, que florecerão neste arcebispado. Por dom Rodrigo da Cunha arcebispo, & senhor de Braga, primàz das Hespanhas. 1. Braga: Manuel Cardoso. 482 páginas
- Universidade de Coimbra (1830). Serie chronologica dos prelados conhecidos da igreja de Braga, desde a fundação da mesma igreja até o presente tempo. Precedida de uma breve Noticia de Braga Antiga, e seguido de um Catalogo dos Bispos Titulares, Coadjutores do Arcepispado. Coimbra: Real Imprensa da Universidade de Coimbra
- Santa Maria, Frei Francisco de (1744). Anno historico, diario portuguez, noticia abreviada de pessoas grandes e cousas notaveis de Portugal. Lisboa: Officina de Domingos Gonsalves
- Sousa Amado, José de (1872). Historia da Egreja Catholica em Portugal, no Brasil e nas possessões portuguezas. Desde o Reinado de D. Alfonso II até ao D. Diniz. Lisboa: Typographia de G. M. Martins
- Barbosa Morujão, Maria do Rosário (2010). Testamenta Ecclesiae portugaliae. (1071-1325). Lisboa: CEHR-UCP. ISBN 9789728361310
- António de Brederode; Ernesto Biester (1860). Revista contemporânea de Portugal e Brasil. Lisboa: Typographia da Sociedade Typographica Franco-Portugueza
- Felgueiras Gayo, Manuel José da Costa (1989). Nobiliário de famílias de Portugal. Braga: Carvalhos de Basto
- Conceição, Frei Cláudio da (1818). Gabinete historico: Desde a origem dos lusitanos até 1818. Lisboa: Impressão Régia
- Carvalho Correia, Francisco. O Mosteiro de Santo Tirso, de 978 a 1588. A silhueta de uma entidade projectada no chão de uma história milenária. Santiago de Compostela: Universidade Santiago de Compostela
- Fernandes, Hermenegildo (2006). D. Sancho II : tragédia. Lisboa: Circulo de Leitores. ISBN 9724237273
- Centro de Estudos de História Religiosa (1998). Cristianização na época medieval. Tomo X. Lisboa: CEHR-UCP. ISBN 9789728361136. ISSN 0076-1508
Ligação externa
[editar | editar código-fonte]- «GCatholic» (em inglês)
- «Catholic Hierarchy» (em inglês)
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