Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe – Wikipédia, a enciclopédia livre
Arco de Baúlhe | |||
---|---|---|---|
antigo edifício da Estação de Arco de Baúlhe, em 2016 | |||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (norte)[1] | ||
Linha(s): | Linha do Tâmega (PK 51+464) | ||
Altitude: | 230 m (a.n.m) | ||
Coordenadas: | 41°28′56.15″N × 7°57′17.43″W (=+41.48226;−7.95484) | ||
| |||
Município: | Cabeceiras de Basto | ||
Inauguração: | 15 de janeiro de 1949 (há 75 anos) | ||
Encerramento: | 1 de janeiro de 1990 (há 34 anos) |
A Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe é uma antiga interface da Linha do Tâmega, que servia a localidade de Arco de Baúlhe, no concelho de Cabeceiras de Basto, em Portugal. Foi inaugurada em 15 de Janeiro de 1949,[2] e encerrada em 1990.[3]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]Situa-se na Rua da Estação da localidade nominal, distando três quartos de quilómetro do seu centro (Ig. S. Martinho).[4]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]O edifício de passageiros situa-se do lado sul-sudoeste da via (lado direito do sentido descendente, para Livração).[5][6]
Núcleo Museológico
[editar | editar código-fonte]Nas antigas dependências da Estação, foi instalado[quando?] o Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe.[7] Manteve-se para este efeito o complexo ferroviário existente à época de uso corrente,[8] correspondendo aos últimos 400 m de via.[9]
História
[editar | editar código-fonte]Planeamento, construção e inauguração
[editar | editar código-fonte]A construção da Linha do Tâmega iniciou-se em Março de 1905, tendo o primeiro lanço, entre Livração e Amarante, sido inaugurado a a 21 de Março de 1909.[10] A linha chegou ao Apeadeiro de Chapa em 22 de Novembro de 1926.[10]
No Plano Geral da Rede Ferroviária, aprovado pelo Decreto 18.190 de 28 de Março de 1930, estava prevista a continuação da Linha do Tâmega até entroncar na Linha do Corgo em direção a Chaves, passando por Arco de Baúlhe.[11] A partir desta estação, também devia partir a Linha do Ave, em direção a Fafe, que terminaria no Caniços, na Linha de Guimarães.[11] Ambos os lanços deveriam fazer parte da Transversal de Trás-os-Montes, um conjunto de linhas e ramais ligando entre si todas as linhas férreas de via estreita a Norte do Rio Douro.[12] Em 20 de Março de 1932, foi inaugurada a linha até à Estação Ferroviária de Celorico de Basto.[10] Em meados desse ano, a autarquia de Ribeira de Pena pediu que a linha fosse continuada até Arco de Baúlhe.[13]
Em 14 de Abril de 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a abertura do concurso para este troço,[14][15] incluindo os acessos rodoviários à futura estação de Arco de Baúlhe.[16] Em 1938, este lanço estava em construção.[17] Porém, as obras foram condicionadas devido a problemas financeiros, tendo a circulação de comboios de passageiros sido suspensa nos princípios da década de 1940, quando a linha estava quase a chegar a Arco de Baúlhe.[18] Os trabalhos foram posteriormente retomados, encontrando-se muito adiantados em Novembro de 1948.[19]
O primeiro comboio, composto por uma locomotiva e quatro carruagens transportando os trabalhadores da linha, chegou a Arco de Baúlhe por volta das 15 horas de 15 de Novembro de 1948, sendo recebida na estação por uma multidão e uma banda de música.[20] A inauguração oficial da linha e a abertura à exploração deram-se no dia 15 de Janeiro de 1949, pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses,[2] tendo sido organizado um comboio especial para a cerimónia, transportando os convidados, incluindo o Ministro das Comunicações, Manuel Gomes de Araújo, o director-geral dos caminhos de ferro, Rogério Vasco Ramalho, e o director-geral da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Roberto de Espregueira Mendes.[21] O comboio inaugural, rebocado pela locomotiva 207, chegou a Arco de Baúlhe por volta das 11 horas.[2] Foi recebido com grande júbilo pela população reunida na gare e por bandas de música, tendo sido lançados vários foguetes.[2] Na estação, realizou-se uma sessão solene, dirigida por Gomes de Araújo, e na qual discursaram o presidente da Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, Albino Teixeira da Silva, do deputado Alberto da Cruz, e José Alberto dos Reis, em representação da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[2] Após o encerramento da sessão solene, foram condecorados seis funcionários da Companhia, e inaugurada uma feira de gado bovino, seguida do almoço.[2] Às 15 horas, o comboio saiu na direcção de Mondim de Basto, onde foi concluída a cerimónia de inauguração.[2] No mesmo dia, realizou-se o primeiro comboio regular entre Livração e Arco de Baúlhe.[2]
Durante a cerimónia de inauguração, José Alberto dos Reis defendeu a construção de uma linha férrea entre Arco de Baúlhe a Fafe, conhecida como Linha do Basto, que não foi incluída no Plano Geral.[2] O jornalista Guerra Maio também apoiou a ligação a Fafe, uma vez que melhoraria as comunicações entre o Porto e Cabeceiras de Basto, e criticou a planeada continuação até à Linha do Corgo, devido não só ao péssimo traçado que seria necessário para chegar a Vila Pouca de Aguiar ou Pedras Salgadas, mas também porque aquela zona já estava servida pela própria Linha do Corgo.[22] Desvalorizou igualmente a planeada Linha do Vale do Ave, uma vez que o seu traçado ficaria em grande parte paralelo às das Linhas de Guimarães e Braga.[22]
No Diário do Governo n.º 45, II Série, de 24 de Fevereiro de 1949, foi publicado um diploma que aprovou o processo de expropriação de uma parcela de terreno junto à estação, para a construção de uma placa de dez metros.[23] O edifício da estação foi construído no estilo tradicional português.[24]
Declínio e encerramento
[editar | editar código-fonte]Alegando reduzido movimento,[25] a empresa Caminhos de Ferro Portugueses encerrou o lanço entre Arco de Baúlhe e Amarante em 2 de Janeiro de 1990, como parte de um programa de reestruturação.[26]
Em 2013 passou a integrar a Ecopista do Tâmega. Esta estação encontra-se em excelente estado de conservação e apresenta linhas e uma ligação ferroviária ao museu.[carece de fontes]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ a b c d e f g h i «Novos melhoramentos ferroviários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1467). 1 de Fevereiro de 1949. p. 123-129. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ REIS et al, 2006:150
- ↑ OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (41,48190; −7,95423 → 41,48010; −7,96125)». Consultado em 20 de julho de 2023: 730 m: desnível acumulado de +61−4 m
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ «Núcleo Museológico de Arco de Baúlhe». Fundação Museu Nacional Ferroviário. Consultado em 2 de Dezembro de 2014
- ↑ “Sinalização da estação de Arco de Baúlhe” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1979
- ↑ «Cálculo de distância pedonal (41,48303; −7,95596 → 41,48138; −7,95168)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 20 de julho de 2023: 407 m: desnível acumulado de +4−3 m
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 2 de Dezembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Paços do Governo da República. Publicado no Diário do Govêrno n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
- ↑ SOUSA, José Fernando de; ESTEVES, Raul (1 de Março de 1935). «O Problema da Defesa Nacional» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 18 de Maio de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1238). 16 de Julho de 1939. p. 345. Consultado em 5 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Direcção Geral de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 187. Consultado em 4 de Julho de 2010 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1112). 16 de Abril de 1934. p. 220-223. Consultado em 17 de Julho de 2010 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Concursos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1111). 1 de Abril de 1934. p. 193-196. Consultado em 5 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Direcção Geral de Caminhos de Ferro: Relatório de 1938» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1245). 1 de Novembro de 1939. p. 379-480. Consultado em 5 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, Fernando de (16 de Setembro de 1941). «Comunicações em Trás-os-Montes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. p. 463-464. Consultado em 15 de Janeiro de 2023
- ↑ «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1461). 1 de Novembro de 1948. p. 616. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1463). 1 de Dezembro de 1948. p. 644. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Novos Melhoramentos nos Caminhos de Ferro Portugueses» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1466). 16 de Janeiro de 1949. p. 107. Consultado em 6 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b MAIO, José da Guerra (16 de Março de 1949). «Reflexões sobre as novas linhas de Portalegre e do Tâmega» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1470). p. 181-182. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Parte Oficial» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1470). 16 de Março de 1949. p. 224-227. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1476). p. 418-422. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Linha do Tâmega: Crónica de uma ferrovia de "vida estreita"». O Basto. 3 de Março de 2014. Consultado em 21 de Novembro de 2014. Arquivado do original em 28 de Fevereiro de 2017
- ↑ «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 22 de Dezembro de 2020 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- “Sinalização da estação de Arco de Baúlhe” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1979
- «Fotografias da Estação de Arco de Baúlhe, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Arco de Baúlhe, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Arco de Baúlhe na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural