Estação Ferroviária de Sousel – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Este artigo é sobre a antiga estação no Ramal de Portalegre. Para a estação na Linha do Norte, veja Estação Ferroviária de Souselas.
Sousel
Vestígios da estação de Sousel, em 2020.
Vestígios da estação de Sousel, em 2020.
Linha(s): Ramal de Portalegre (PK 194,472)
Coordenadas: 38° 57′ 13,16″ N, 7° 40′ 50,98″ O
Município: Sousel
Inauguração: 23 de Agosto de 1925
Encerramento: 2 de Janeiro de 1990

A Estação Ferroviária de Sousel, originalmente denominada de Souzel, foi uma interface do Ramal de Portalegre, que servia a vila de Sousel, no Distrito de Portalegre, em Portugal. Foi inaugurada em 23 de Agosto de 1925, tendo sido o terminal provisório da linha até 20 de Janeiro de 1937, quando entrou ao serviço o troço seguinte, até Cabeço de Vide.[1]

A estação de Sousel está enfeitada com azulejos de padrão com cor verde acinzentada e verde de desenho relevado, originários da Fábrica de Loiça de Sacavém.[2]

Após a construção da Linha do Leste, o capitão de engenharia Manuel Raimundo Valadas criticou o seu traçado, tendo defendido a instalação de uma linha férrea de Estremoz a Elvas via Sousel, num artigo na Revista das Obras Públicas e Minas.[3] Em 4 de Agosto de 1877, uma comissão da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses apresentou um relatório dos estudos que tinha feito sobre a rede de caminhos de ferro nacional, tendo sugerido a construção de uma linha de Estremoz a Chança, passando por Sousel e Fronteira.[4]

No âmbito dos estudos para a elaboração do Plano da Rede ao Sul do Tejo, publicado por um decreto de 27 de Novembro de 1902,[5] foi planeada uma linha entre Estremoz e Portalegre,[6][7] transitando por Sousel, Cano, Fronteira e Cabeço de Vide.[8] Porém, esta linha só foi classificada em 7 de Maio de 1903, em bitola estreita, e com um traçado modificado, embora mantendo a passagem por Sousel.[6][9][10][5][11]

O concurso para a Linha de Portalegre decorreu em 23 de Setembro de 1903, tendo a obra sido entregue a José Pedro de Mattos.[11][12] A notícia da concessão foi recebida com entusiasmo pelos habitantes das povoações onde este caminho de ferro iria passar, incluindo Sousel.[13] No entanto, diversas complicações de ordem financeira e política impediram o concessionário de terminar a obra, pelo que a construção e exploração da linha passou para a responsabilidade do Estado.[6]

Construção e inauguração

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Em 10 de Outubro de 1916, a Direcção dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste da operadora Caminhos de Ferro do Estado levou a cabo a arrematação para o concurso de construção da Estação de Sousel, enquadrado na construção do primeiro lanço da Linha de Portalegre.[14] Esta empreitada consistia no edifício de passageiros, um cais coberto e outro descoberto, uma fossa, uma retrete, uma curraleta, e várias habitações para os funcionários.[14] O lanço entre Estremoz e Sousel do Ramal de Portalegre entrou ao serviço em 23 de Agosto de 1925,[15] tendo sido realizada uma cerimónia de inauguração.[16]

Abertura do troço até Cabeço de Vide

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O Decreto 18.190, de 28 de Março de 1930, reorganizou a rede ferroviária portuguesa, tendo a construção do lanço entre Sousel a Portalegre sido considerada como prioritária.[17][18] Assim, o lanço seguinte da Linha de Portalegre,[19] até Cabeço de Vide, entrou ao serviço em 20 de Janeiro de 1937.[6][20]

O lanço entre Estremoz e Portalegre foi encerrado pela empresa Caminhos de Ferro Portugueses em 2 de Janeiro de 1990.[21]

Referências

  1. MARTINS et al, 1996:255-259
  2. SAPORITI, 2006:288
  3. GAMA, Eurico (16 de Março de 1956). «Achegas para a História do Caminho de Ferro do Leste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1638). Lisboa. p. 144-146. Consultado em 15 de Março de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  4. TEIXEIRA, Augusto César Justino (1 de Setembro de 1903). «Evora a Ponte de Sôr» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (377). Lisboa. p. 295-297. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  5. a b «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 178-190. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  6. a b c d SOUSA, José Fernando de (1 de Fevereiro de 1937). «Abertura do novo troço da Linha de Portalegre» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). Lisboa. p. 75-77. Consultado em 14 de Junho de 2013 
  7. SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (359). Lisboa. p. 354-356. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  8. «Aviz a Coruche» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (369). Lisboa. 1 de Maio de 1903. p. 144-145. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. «Linhas do Valle do Sorraia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (370). Lisboa. 16 de Maio de 1903. p. 164. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. SOUSA, José Fernando de (16 de Dezembro de 1926). «A revisão do plano ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (936). p. 361-362. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. a b «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (375). 1 de Agosto de 1903. p. 263-274. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (382). Lisboa. 16 de Novembro de 1903. p. 377-378. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  13. «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1228). Lisboa. 16 de Fevereiro de 1939. p. 135-138. Consultado em 29 de Novembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  14. a b «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 29 (690). Lisboa. 16 de Setembro de 1916. p. 287. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  15. TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). Lisboa. p. 91-95. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  16. MAIO, José da Guerra (16 de Março de 1949). «Reflexões sobre as novas linhas de Portalegre e do Tâmega» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1470). Lisboa. p. 181-182. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  17. PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
  18. SOUSA, José Fernando de (16 de Setembro de 1939). «O Fundo Especial de Caminhos de Ferro: Relatório de 1938» (PDF). Ano 51 (1242). p. 425-427. Consultado em 29 de Novembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  19. «A Direcção Geral dos Caminhos de Ferro e o ano findo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. p. 15-16. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  20. TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 71 (1686). Lisboa. p. 133-140. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  21. «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 9 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares 
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  • MARTINS, João Paulo; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; LEVY, Maurício; AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • SAPORITI, Teresa (2006). Azulejaria no Distrito de Portalegre. Lisboa: Dinalivro, Distribuidora Nacional de Livros, Lda. 381 páginas. ISBN 972-97653-3-2 

Ligações externas

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