Estação Ferroviária de Sousel – Wikipédia, a enciclopédia livre
Sousel | |
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Linha(s): | Ramal de Portalegre (PK 194,472) |
Coordenadas: | 38° 57′ 13,16″ N, 7° 40′ 50,98″ O |
Município: | Sousel |
Inauguração: | 23 de Agosto de 1925 |
Encerramento: | 2 de Janeiro de 1990 |
A Estação Ferroviária de Sousel, originalmente denominada de Souzel, foi uma interface do Ramal de Portalegre, que servia a vila de Sousel, no Distrito de Portalegre, em Portugal. Foi inaugurada em 23 de Agosto de 1925, tendo sido o terminal provisório da linha até 20 de Janeiro de 1937, quando entrou ao serviço o troço seguinte, até Cabeço de Vide.[1]
Descrição
[editar | editar código-fonte]A estação de Sousel está enfeitada com azulejos de padrão com cor verde acinzentada e verde de desenho relevado, originários da Fábrica de Loiça de Sacavém.[2]
História
[editar | editar código-fonte]Planeamento
[editar | editar código-fonte]Após a construção da Linha do Leste, o capitão de engenharia Manuel Raimundo Valadas criticou o seu traçado, tendo defendido a instalação de uma linha férrea de Estremoz a Elvas via Sousel, num artigo na Revista das Obras Públicas e Minas.[3] Em 4 de Agosto de 1877, uma comissão da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses apresentou um relatório dos estudos que tinha feito sobre a rede de caminhos de ferro nacional, tendo sugerido a construção de uma linha de Estremoz a Chança, passando por Sousel e Fronteira.[4]
No âmbito dos estudos para a elaboração do Plano da Rede ao Sul do Tejo, publicado por um decreto de 27 de Novembro de 1902,[5] foi planeada uma linha entre Estremoz e Portalegre,[6][7] transitando por Sousel, Cano, Fronteira e Cabeço de Vide.[8] Porém, esta linha só foi classificada em 7 de Maio de 1903, em bitola estreita, e com um traçado modificado, embora mantendo a passagem por Sousel.[6][9][10][5][11]
O concurso para a Linha de Portalegre decorreu em 23 de Setembro de 1903, tendo a obra sido entregue a José Pedro de Mattos.[11][12] A notícia da concessão foi recebida com entusiasmo pelos habitantes das povoações onde este caminho de ferro iria passar, incluindo Sousel.[13] No entanto, diversas complicações de ordem financeira e política impediram o concessionário de terminar a obra, pelo que a construção e exploração da linha passou para a responsabilidade do Estado.[6]
Construção e inauguração
[editar | editar código-fonte]Em 10 de Outubro de 1916, a Direcção dos Caminhos de Ferro do Sul e Sueste da operadora Caminhos de Ferro do Estado levou a cabo a arrematação para o concurso de construção da Estação de Sousel, enquadrado na construção do primeiro lanço da Linha de Portalegre.[14] Esta empreitada consistia no edifício de passageiros, um cais coberto e outro descoberto, uma fossa, uma retrete, uma curraleta, e várias habitações para os funcionários.[14] O lanço entre Estremoz e Sousel do Ramal de Portalegre entrou ao serviço em 23 de Agosto de 1925,[15] tendo sido realizada uma cerimónia de inauguração.[16]
Abertura do troço até Cabeço de Vide
[editar | editar código-fonte]O Decreto 18.190, de 28 de Março de 1930, reorganizou a rede ferroviária portuguesa, tendo a construção do lanço entre Sousel a Portalegre sido considerada como prioritária.[17][18] Assim, o lanço seguinte da Linha de Portalegre,[19] até Cabeço de Vide, entrou ao serviço em 20 de Janeiro de 1937.[6][20]
Encerramento
[editar | editar código-fonte]O lanço entre Estremoz e Portalegre foi encerrado pela empresa Caminhos de Ferro Portugueses em 2 de Janeiro de 1990.[21]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ MARTINS et al, 1996:255-259
- ↑ SAPORITI, 2006:288
- ↑ GAMA, Eurico (16 de Março de 1956). «Achegas para a História do Caminho de Ferro do Leste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1638). Lisboa. p. 144-146. Consultado em 15 de Março de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ TEIXEIRA, Augusto César Justino (1 de Setembro de 1903). «Evora a Ponte de Sôr» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (377). Lisboa. p. 295-297. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 178-190. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c d SOUSA, José Fernando de (1 de Fevereiro de 1937). «Abertura do novo troço da Linha de Portalegre» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). Lisboa. p. 75-77. Consultado em 14 de Junho de 2013
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (359). Lisboa. p. 354-356. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Aviz a Coruche» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (369). Lisboa. 1 de Maio de 1903. p. 144-145. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Linhas do Valle do Sorraia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (370). Lisboa. 16 de Maio de 1903. p. 164. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Dezembro de 1926). «A revisão do plano ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 39 (936). p. 361-362. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (375). 1 de Agosto de 1903. p. 263-274. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (382). Lisboa. 16 de Novembro de 1903. p. 377-378. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 51 (1228). Lisboa. 16 de Fevereiro de 1939. p. 135-138. Consultado em 29 de Novembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «Arrematações» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 29 (690). Lisboa. 16 de Setembro de 1916. p. 287. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). Lisboa. p. 91-95. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ MAIO, José da Guerra (16 de Março de 1949). «Reflexões sobre as novas linhas de Portalegre e do Tâmega» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 61 (1470). Lisboa. p. 181-182. Consultado em 7 de Novembro de 2014 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente, Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930.
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Setembro de 1939). «O Fundo Especial de Caminhos de Ferro: Relatório de 1938» (PDF). Ano 51 (1242). p. 425-427. Consultado em 29 de Novembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «A Direcção Geral dos Caminhos de Ferro e o ano findo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1081). 1 de Janeiro de 1933. p. 15-16. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 71 (1686). Lisboa. p. 133-140. Consultado em 14 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 9 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- MARTINS, João Paulo; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel de; LEVY, Maurício; AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- SAPORITI, Teresa (2006). Azulejaria no Distrito de Portalegre. Lisboa: Dinalivro, Distribuidora Nacional de Livros, Lda. 381 páginas. ISBN 972-97653-3-2
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Galeria de fotografias da Estação de Sousel, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Sousel, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Sousel na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural