Estado Livre de Orange – Wikipédia, a enciclopédia livre

Oranje Vrijstaat
Oranje-Vrystaat

República do Estado Livre de Orange

República Independente Boer


1854 – 1902
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Hino nacional
Vrystaatse Volkslied


Localização de Estado Livre de Orange
Localização de Estado Livre de Orange
Estado Livre de Orange, 1890
Continente África
Capital Bloemfontein
Língua oficial Neerlandês (oficial)
Inglês
Sesoto
Zulu
Religião Igreja Reformada Neerlandesa
Anglicana
Batista
Católica
religiões africanas
Governo República
Presidente
 • 1854 - 1855 Josias Hoffman
 • 1855 - 1859 Jacobus Boshoff
 • 1859 - 1863 Marthinus Pretorius
 • 1864 - 1888 Johannes Brand
 • 1889 - 1895 Francis William Reitz
 • 1896 - 1902 Martinus Theunis Steyn
Período histórico século XIX
 • 17 de Fevereiro de 1854 fundação
 • 31 de Maio de 1902 Tratado de Vereeniging
População
 • 1875 est. 100 000 (brancos e coloureds) 

A República do Estado Livre de Orange (Afrikaans: Oranje-Vrystaat) foi um estado Bôer independente na África Meridional durante a segunda metade do século XIX, e depois tornou-se uma província da República da África do Sul. É o precursor da atual província do Estado Livre. Estendia-se entre os rios Orange e Vaal com fronteiras determinadas pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda em 1848 quando a região foi declarada como Soberania do Rio Orange, com sede em Bloemfontein.

Francis William Reitz (1844-1934), presidente do Estado Livre de Orange de 1889 a 1895

O Estado Livre de Orange foi fundado em meados do século XIX pelos bôeres que haviam emigrado da Colônia do Cabo após a Grande Marcha a partir de 1835.

Os bôeres tinham criado duas repúblicas independentes. A primeira, o Transvaal, obteve a sua independência pelos britânicos, em 1852 pelo Tratado de Sand River. A segunda, o Estado Livre de Orange, foi reconhecido em 1854 pela convenção de Bloemfontein, capital do novo estado, saída dos refugiados britânicos para manter sua autoridade jurídica e política sobre os territórios constituídos desde 1847.

O termo Orange era um homenagem à família real dos Orange-Nassau dos Países Baixos, metrópole de origem da maioria dos pioneiros bôeres. Na sua fundação, o Estado Livre de Orange continha aproximadamente 13 000 habitantes de origem boer. De modo homogêneo seus habitantes se organizaram rapidamente na constituição de sua república. Segundo eles, o direito de voto tinha sido reconhecido a todos os habitantes brancos de sexo masculino com idade mínima de 18 anos. Eles então elegeram um conselho do povo e um presidente.

Diferentemente do Transvaal, o Estado Livre de Orange entretinha relações privilegiadas com a Colónia do Cabo. Engajados ao lado do Transvaal contra os britânicos durante a Guerra dos bôeres, de 1899 a 1902, os britânicos proclamaram sua anexação de 1900 após a tomada de Bloemfontein. O acontecimento não foi, entretanto, aceito formalmente pelas autoridades bôeres que saíram do Tratado de Vereeniging.

A colônia do rio Orange (1902-1910)

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Lizzie van Zyl, criança boer internada e morta no campo de concentração de Bloemfontein

Em 28 de maio de 1900, Bloemfontein tombou nas mãos dos britânicos e, em 6 de outubro, o Estado Livre de Orange fora oficialmente anexado à coroa britânica sob a denominação de Colônia do Rio Orange (Orange River Colony).

Em 4 de janeiro de 1901, Sir Alfred Milner tornou-se o governador da nova colônia. Nessa época, Bloemfontein situava um dos maiores campos de concentração no qual foram internadas milhares de civis, mulheres e crianças bôeres.

A enfermeira e ativista progressista britânica, Emily Hobhouse, chocada pelas condições de vida desses lugares, notadamente pelo estado físico, a insalubridade, além das doenças como bronquites, pneumonias, disenterias e febre tifoide, lidera uma campanha ativa no seu retorno à Inglaterra para que cessassem as terríveis condições daqueles que viviam prisioneiros dos campos.

Em 1902, a Guerra dos bôeres teve fim e o Estado Livre de Orange se tornou uma colônia britânica. Em 1904, as reivindicações bôeres para obter um governo verdadeiramente autônomo foram atendidas no Tratado de Vereeniging. Um novo partido político para promover essa ideia foi formado sob o nome de Oranje Unie party. Em 1905, Lord Selborne se tornou o novo governador e se mostrou mais aberto às reivindicações bôeres. Em 27 de novembro de 1907, a colónia do rio Orange obteve seu primeiro governo eleito.

A província sul-africana do Estado Livre de Orange (1910-1994)

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Em 1910, a Colónia de Orange se tornou uma das quatro províncias sul africanas durante a formação do Dominion. Bloemfontein obteve então o estatuto de capital judiciária do país. A província não tinha mais um governo autônomo, mas somente um administrador nomeado pelo governador.

Até 1994, a província foi um feudo nacionalista e conservador.

Resultado das eleições do conselho provincial de 1935 a 1981

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Eleição Partido Nacional Partido Unido Total (votos)
1935 6 19 25
1943 21 4 25[1]
1949 24 1 25[2]
1954 25 - 25[3]
1959 25 - 25[4]
1965 25 - 25[4]
1970 25 - 25[5]
1974 28 - 28[6]
1977 28 - 28[7]
1981 28 - 28[8]

O estado livre (desde 1995)

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Bandeira da OVS de 1854 a 1904
Bandeira da colónia do rio Orange

A província sobreviveu integralmente à nova divisão administrativa de 1994. Nas primeiras eleições multirraciais, o Congresso Nacional Africano (ANC) obteve uma larga vitória. O nome oficial da província foi abreviado para Estado Livre (Free State), em 1995. Sua capital, Bloemfontein foi integrada na municipalidade de Mangaung, em 2001. A província conta com 2,5 milhões de habitantes, essencialmente sotos e Africânderes. É dominada hoje politicamente pela ANC em nível local, provincial e nacional.

A bandeira do Estado Livre de Orange se inspirou no modelo neerlandês e foi inserida no centro da bandeira sul africana de 1927 a 1994. Esteve em vigor de 1854 a 1904.

A bandeira de 1854 foi substituída por uma outra britânica colonial até a formação da União Sul-Africana, em 1910.

Referências

  1. Keesing's Contemporary Archives 1943-1946, page 6154
  2. Keesing's Contemporary Archives 1948-1950, page 9964
  3. Keesing's Contemporary Archives 1952-1954, page 13794
  4. a b Keesing's Contemporary Archives 1965-1966, page 20702
  5. Keesing's Contemporary Archives 1969-1970, page 24341
  6. Keesing's Contemporary Archives 1974, page 26541
  7. Keesing's Contemporary Archives 1978, page 28813
  8. Keesing's Contemporary Archives 1981, page 30973