Eugênio Sales – Wikipédia, a enciclopédia livre
Eugênio de Araújo Sales | |
---|---|
Cardeal da Santa Igreja Romana | |
Arcebispo emérito do Rio de Janeiro Cardeal Protopresbítero | |
Dom Eugênio de Araújo Cardeal Sales. | |
Título | San Gregorio VII |
Atividade eclesiástica | |
Diocese | Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro |
Nomeação | 13 de março de 1971 |
Predecessor | Jaime Cardeal de Barros Câmara |
Sucessor | Eusébio Oscar Cardeal Scheid, S.C.I. |
Mandato | 1971 - 2001 |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 21 de novembro de 1943 Catedral Antiga (Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação) por Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas |
Nomeação episcopal | 1 de junho de 1954 |
Ordenação episcopal | 15 de agosto de 1954 por José de Medeiros Delgado |
Nomeado arcebispo | 29 de outubro de 1968 |
Cardinalato | |
Criação | 28 de abril de 1969 por Papa Paulo VI |
Ordem | Cardeal-presbítero |
Título | São Gregório VII |
Brasão | |
Lema | IMPENDAM ET SUPERIMPENDAR gastar e me gastar |
Dados pessoais | |
Nascimento | Acari, RN 8 de novembro de 1920 |
Morte | Rio de Janeiro, RJ 9 de julho de 2012 (91 anos) |
Nacionalidade | brasileiro |
Progenitores | Mãe: Josefa de Araújo Sales Pai: Celso Dantas Sales |
Funções exercidas | -Bispo auxiliar de Natal (1954-1968) -Arcebispo de Salvador (1968-1971) |
Sepultado | Catedral de São Sebastião do Rio de Janeiro |
dados em catholic-hierarchy.org Cardeais Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Eugênio de Araújo Sales GOMM (Acari, 8 de novembro de 1920 – Rio de Janeiro, 9 de julho de 2012) foi um cardeal brasileiro e arcebispo católico do Rio de Janeiro.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Esta seção não cita fontes confiáveis. (Agosto de 2022) |
Filho de Celso Dantas Sales e Josefa de Araújo Sales (Teca) e irmão de Dom Heitor de Araújo Sales, nasceu no interior do Rio Grande do Norte, na Fazenda Catuana, foi batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Guia, no município de Acari, no dia 28 de novembro de 1920. De família muito católica, era bisneto de Cândida Mercês da Conceição, uma das fundadoras do Apostolado da Oração na cidade de Acari.
Realizou seus primeiros estudos em Natal, inicialmente em uma escola particular, depois no Colégio Marista e finalmente ingressou, em 1931, no Seminário Menor. Realizou seus estudos de Filosofia e Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza, Ceará, no período de 1931 a 1943.
Foi ordenado sacerdote pelas mãos de Dom Marcolino Esmeraldo de Sousa Dantas, bispo de Natal, no dia 21 de novembro de 1943,dia da Padroeira da Cidade do Natal, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação - Catedral Metropolitana Antiga.
Ao longo de seus 91 anos de vida, em especial nos 58 anos de episcopado, 30 deles à frente da igreja no Rio de Janeiro, Dom Eugenio Sales, faleceu na noite de segunda-feira, teve um infarto em sua residência no bairro de Sumaré no Rio de Janeiro enquanto dormia no dia 9 de Julho de 2012.
Encontra-se sepultado na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro.
Episcopado
[editar | editar código-fonte]Esta seção não cita fontes confiáveis. (Agosto de 2022) |
No dia 1 de junho de 1954, aos 33 anos, foi nomeado bispo auxiliar de Natal pelo Papa Pio XII, recebendo a sé titular de Thibica.
Foi ordenado bispo no dia 15 de agosto de 1954, pelas mãos de Dom José de Medeiros Delgado, Dom Eliseu Simões Mendes e de Dom José Adelino Dantas.
Em 1962 foi designado administrador apostólico da Arquidiocese de Natal, função que exerceu até 1965, quando da nomeação de Dom Nivaldo Monte.
Em 1964 foi nomeado administrador apostólico da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, função na qual permaneceu até 29 de outubro de 1968, quando da sua nomeação a Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, pelo Papa Paulo VI.
Cardinalato
[editar | editar código-fonte]No consistório do dia 28 de abril de 1969, presidido pelo Papa Paulo VI, Dom Eugênio de Araújo Sales foi nomeado cardeal, do título de São Gregório VII, do qual tomou posse solenemente no dia 30 de abril do mesmo ano. Neste consistório foi também nomeado cardeal o brasileiro Dom Vicente Scherer.
No dia 13 de março de 1971, o Papa Paulo VI o nomeou Arcebispo do Rio de Janeiro,[1] função que exerceu até 25 de julho de 2001, quando sua renúncia foi aceita pelo Papa João Paulo II.
Lema
[editar | editar código-fonte]Impendam et Superimpendar
Alusão à frase de São Paulo (2 Cor. 12, 15):
Ego autem libentissime impendam et superimpendar ipse pro animabus vestris. Si plus vos diligo, minus diligar?
Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado?
Atividade e contribuições
[editar | editar código-fonte]Quando era arcebispo de Salvador, foi um dos criadores das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base) e da Campanha da Fraternidade. Enquanto esteve à frente do Arcebispado do Rio, ordenou 169 sacerdotes, um número recorde, frente às outras Arquidioceses e dioceses brasileiras.
Foi um dos primeiros bispos brasileiros a implantar o Diaconato Permanente, ministério clerical que pode ser concedido a homens casados, segundo a restauração do Concílio Vaticano II.
Sua vida apostólica foi marcada pela defesa da ortodoxia católica. Combateu com firmeza a esquerda católica, a Teologia da Libertação e o engajamento político das Comunidades Eclesiais de Base.[2]
Por outro lado, assumiu a defesa de refugiados políticos dos regimes militares latino-americanos entre 1976 e 1982. Montou uma rede de apoio a estes refugiados juntamente com a Cáritas brasileira e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que consistia em abrigá-los, inicialmente na Sede Episcopal (Palácio São Joaquim) e posteriormente em apartamentos alugados para tal finalidade. Além disto, financiou a estadia destes refugiados até conseguir-lhes asilo político em países europeus. Foram asiladas mais de quatro mil pessoas. Usou sua autoridade para este fim, inclusive enfrentando os militares por diversas vezes. Ao assumir tal tarefa, telefonou para o General Sílvio Frota e disse-lhe: "Frota, se você receber comunicação de que comunistas estão abrigados no Palácio São Joaquim, de que eu estou protegendo comunistas, saiba que é verdade, eu sou o responsável. Ponto final, ponto final". Também atuou junto aos militares na libertação de diversos acusados de subversão.[3]
Também recusou-se a celebrar missa pelo aniversário do Ato Institucional Número Cinco, pedida pelo General Abdon Sena, de Salvador.
Foi um dos brasileiros que mais ocupou cargos no Vaticano: foram 11 cargos nas congregações, conselhos e comissões.
Sua ação social abrangeu a criação de centros de atendimento a portadores de AIDS, a Pastoral Carcerária, um núcleo de formação de líderes na residência do Sumaré.
Em agosto de 1990, Dom Eugênio foi condecorado pelo presidente Fernando Collor com a Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial especial.[4]
Sua renúncia foi solicitada em 1997, quando já completara 75 anos. Mas por indulto especial do Papa João Paulo II, seu amigo pessoal, foi autorizado a permanecer à frente da arquidiocese até completar 80 anos. Sua aposentadoria foi finalmente aceita no dia 25 de julho de 2001, quando Dom Eusébio Oscar Scheid, então Arcebispo de Florianópolis, foi nomeado o seu sucessor. Dom Eugênio permaneceu de 25 de julho até 22 de setembro de 2001 como administrador apostólico do Rio, nomeado por João Paulo II.
Em 22 de setembro, na presença de grande número de bispos e sacerdotes, entregou o governo da arquidiocese, através da passagem do báculo a Dom Eusébio, até então não revestido da dignidade cardinalícia, que só viria a obter em 2003. Ainda permaneceu residindo no Rio de Janeiro, no Palácio Apostólico do Sumaré, e permaneceu em funções no Vaticano. Possuiu os títulos de Cardeal Protopresbítero (o mais antigo em idade e/ou nomeação entre os Cardeais Presbíteros) e Arcebispo Emérito (aposentado) da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Sucessão
[editar | editar código-fonte]Na Arquidiocese de São Salvador da Bahia, Dom Eugênio de Araújo Sales foi o 23º Arcebispo, sucedendo a Dom Augusto Álvaro da Silva e teve como sucessor Dom Avelar Brandão Vilela.
Na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, Dom Eugênio foi o 5º arcebispo, tendo sucedido a Dom Jaime de Barros Câmara e como sucessor Dom Eusébio Oscar Scheid.
Ordenações
[editar | editar código-fonte]Ordenações de presbíteros
[editar | editar código-fonte]- Edson de Castro Homem (1977)
- Edney Gouvêa Mattoso (1987)
- Pedro Cunha Cruz (1990)
- Nelson Francelino Ferreira (1990)
- Roque Costa Souza (1994)
Ordenações episcopais
[editar | editar código-fonte]Foi o principal sagrante dos seguintes bispos
[editar | editar código-fonte]- Nivaldo Monte
- Valfredo Bernardo Tepe, O.F.M.
- Miguel Fenelon Câmara Filho
- Silvério Jarbas Paulo de Albuquerque, O.F.M.
- Alair Vilar Fernandes de Melo
- Eduardo Koaik
- Karl Josef Romer
- Carlos Alberto Etchandy Gimeno Navarro
- Celso José Pinto da Silva
- Heitor de Araújo Sales. Irmão de D. Eugênio
- Romeu Brigenti
- Affonso Felippe Gregory
- João d’Avila Moreira Lima
- José Palmeira Lessa
- José Carlos de Lima Vaz, S.J.
- Narbal da Costa Stencel
- João Maria Messi, O.S.M.
- Elias James Manning, O.F.M. Conv.
- Rafael Llano Cifuentes
- Augusto José Zini Filho
- Filippo Santoro
- José Ubiratan Lopes, O.F.M. Cap.
Foi co-celebrante da sagração episcopal de
[editar | editar código-fonte]- Manuel Tavares de Araújo
- Epaminondas José de Araújo
- Giovanni Battista Morandini
- Edson de Castro Homem
- Antônio Augusto Dias Duarte
- Edney Gouvêa Mattoso
Citação
[editar | editar código-fonte]"O egoísmo dominante nos indivíduos e países impede uma justa distribuição dos recursos naturais. Cada um pensa em si e em sua nação, sem atender ao bem comum. Aqui se coloca o empobrecimento do Terceiro Mundo, em benefício dos mais ricos. E, no Brasil, a concentração de riquezas é crescente. Busca-se, em vez de justiça social, a diminuição dos que deveriam igualmente participar desses dons que Deus criou para todos os seus filhos". (Jornal do Brasil, 13/08/1994).
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Colunas permanentes nos jornais
[editar | editar código-fonte]Livros
[editar | editar código-fonte]- A Voz do Pastor
- Viver a Fé em um Mundo a Construir
Referências
- ↑ Apostolicae Sedis Commentarium Officiale. An. et Vol. LXIII (em latim). Cidade do Vaticano: Typis Polyglottis Vaticanis. 1971. p. 313. 1036 páginas
- ↑ FREIRE, José Ribamar Bessa. «Dom Eugênio Sales era, com todo o respeito, o cardeal da ditadura». ADITAL. Consultado em 20 de julho de 2012
- ↑ Di Franco, Carlos Alberto (2008): Justiça ao Cardeal, Jornal O Globo, Rio de Janeiro, 10 de março de 2008.
- ↑ BRASIL, Decreto de 9 de agosto de 1990.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro Portal oficial»
- «Eugênio Cardinal de Araújo Sales - Catholic hierarchy» (em inglês)
- «GCatholic» (em inglês)
- «Blog Oficial com artigos semanais e outras informações»
- «A trajetória do Cardeal Eugênio Sales. In Memoriam»
Precedido por Dom Augusto Álvaro Cardeal da Silva | Arcebispo de São Salvador da Bahia 1968-1971 | Sucedido por Dom Avelar Cardeal Brandão Vilela |
Precedido por Criação do título cardinalício | Cardeal-presbítero de San Gregorio VII 1969 - 2012 | Sucedido por Moran Mor Baselios Cleemis Cardeal Thottunkal |
Precedido por Jaime Cardeal de Barros Câmara | Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro 1971-2001 | Sucedido por Eusébio Oscar Cardeal Scheid, C.S.J. |
Precedido por Stephen Kim Cardeal Sou-hwan | Cardeal Protopresbítero 2009 - 2012 | Sucedido por Paulo Evaristo Cardeal Arns, O.F.M. |