Farmácia Popular do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Farmácia Popular do Brasil | |
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Tipo de projeto | Disponibilização de medicamentos |
Localização | Brasil |
Proprietário | Ministério da Saúde - SUS |
Fundação | 13 de abril de 2004 |
Financiamento | ![]() |
Website | [1] |
Farmácia Popular do Brasil (PFPB)[1][2] é um programa da Política Nacional de Assistência Farmacêutica do Governo Federal Brasileiro, criado em 13 de abril de 2004 pela Lei nº 10.858, durante o Governo Lula.[3][4][5] É desenvolvido em parceria com prefeituras municipais do país, cujo propósito é oferecer, por meio de estabelecimentos próprios ou de farmácias privadas credenciadas, medicamentos de uso comum a preços reduzidos.[1]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Na primeira fase do Programa, foi implementada uma rede estatal de farmácias diretamente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) ou em parceria da Fiocruz com municípios, estados e instituições de ensino públicas ou privadas filantrópicas, no que foi designado como Rede Própria. As prefeituras municipais recebiam recursos do Ministério da Saúde para montar a estrutura física da farmácia. E, após a inauguração, as prefeituras recebiam verbas para contratação de funcionários para o atendimento e de farmacêuticos e manutenção do programa e o Governo Federal subsidia o valor de alguns medicamentos.[6]
A partir de 2006, o PFPB se expandiu mediante parcerias com as farmácias privadas por meio do Programa "Aqui Tem Farmácia Popular" (ATFP), no qual ocorre o credenciamento de estabelecimentos por interesse dos empresários. Da mesma forma que na Rede Própria, também é exigido um padrão de identidade visual nos estabelecimentos farmacêuticos, devendo ser exibidas peças publicitárias que identifiquem seu credenciamento ao Programa, com logomarca específica.[6]
Por meio do Farmácia Popular, foram ofertados medicamentos com preços mais baixos, com desconto de até 90% para os usuários.[6]
Em 2011, com a instituição do “Saúde Não Tem Preço”, o programa passou a ofertar medicamentos gratuitos indicados para o tratamento de hipertensão, diabetes (ampliado em 2012 para asma). Outros tratamentos continuaram a ser ofertados em formato de copagamento, com até 90% de desconto.[7]
Em dezembro 2017, a Rede Própria foi encerrada por decisão da Comissão Intergestores Tripartite. Até então, a RP contava com 467 farmácias em todo o país.[7]
Com o relançamento do programa em 2023, foram inclusos novos medicamentos gratuitos, como para osteoporose e anticoncepcionais. Em julho de 2024, a gratuidade foi estendida para tratamento de colesterol alto, doença de Parkinson, glaucoma e rinite.[8]
A partir de janeiro de 2024, o Farmácia Popular passou a disponibilizar gratuitamente absorventes para estudantes da rede pública de baixa renda, pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema, como parte do Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual.[9]
Em 2024, o Farmácia Popular atendeu 24,7 milhões de pessoas.[10]
Em fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde anunciou a gratuidade sobre 41 medicamentos e itens, contra diabetes, asma, hipertensão, osteoporose, anticoncepção, colesterol alto, rinite, doença de Parkinson, glaucoma, e incontinência, além de fraudas geriátricas e produtos para dignidade menstrual. [10]
Características
[editar | editar código-fonte]O objetivo do programa é, segundo o Ministério da Saúde, ampliar o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais, oferecendo tais medicamentos a preços reduzidos. Os medicamentos são adquiridos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),[2] em laboratórios farmacêuticos públicos (como FURP) ou do setor privado. A Fiocruz disponibiliza os medicamentos às Farmácias Populares sem custo algum, onde são vendidos em farmácias próprias, ou ainda em farmácias da iniciativa privada, onde o comprador informa o CPF para o DATASUS no ato da compra. A redução de preços é possível graças a isenção de impostos e a aplicação de subsídios, por parte do Governo. Em média, os medicamentos são vendidos com preços 85% menores do que as farmácias comuns.[11]
Desde fevereiro de 2025, há gratuidade sobre 41 medicamentos e itens, contra diabetes, asma, hipertensão, osteoporose, anticoncepção, colesterol alto, doença de Parkinson, glaucoma, rinite e incontinência, além de fraudas geriátricas e produtos para dignidade menstrual. [10]
Para a obtenção dos medicamentos e itens do Farmácia Popular, o paciente deve comparecer a um estabelecimento credenciado (identificado pela logomarca do Programa Farmácia Popular do Brasil) e apresentar os seguintes documentos: documento oficial com foto e número do CPF ou documento de identidade em que conste o número do CPF, além de receita médica dentro do prazo de validade, tanto do SUS quanto de serviços particulares.[12]
Críticas
[editar | editar código-fonte]A principal crítica ao programa[13][14] é o fato dos medicamentos serem vendidos, enquanto a constituição brasileira garante a todos os cidadãos do país saúde pública, ou seja, garante que os medicamentos devem ser distribuídos gratuitamente. Além disso, defensores de uma visão liberal argumentam que o programa poderia ser executado exclusivamente por convênios com as farmácias já existentes da rede privada (o que já ocorre parcialmente) e não na constituição de estabelecimentos públicos geridos pelas prefeituras. Os críticos alegam que criou-se uma "farmaciabras" sem necessidade, e que sairia mais em conta para o poder público simplesmente dar gratuitamente, através da rede do SUS, os medicamentos que são vendidos com descontos de 50 a 90% em cada estrutura específica.[carece de fontes]
Custo-efetivo
[editar | editar código-fonte]Dados de pesquisa que monitorou os resultados do programa Aqui Tem Farmácia Popular entre 2006 e 2012 revelaram que o subsídio oferecido pelo programa evitou cerca de 240 mil das hospitalizações (cerca de 17%) que poderiam ter ocorrido por conta do diabetes tipo 2, gerando uma economia de custos na faixa dos 13%.[15] De acordo com a pesquisa, o impacto é percebido especialmente entre as camadas mais pobres e mais vulneráveis. Segundo os dados analisados, o programa foi considerado custo-efetivo, o que significa que seu custo compensa o benefício causado.
Cortes
[editar | editar código-fonte]Em 2022, o governo Bolsonaro cortou em 59% o orçamento do programa Farmácia Popular para garantir o orçamento secreto de 2023.[16][17] Com a repercussão negativa, Bolsonaro mandou o orçamento ser recomposto[18][19][20] pelos ministros da Saúde e Economia, que informaram que o corte visa respeitar o teto de gastos[18][21] e que o orçamento ainda está aberto para novas revisões de cortes e gastos.[22][23]
De acordo com informações apresentadas pelo Ministério da Saúde (MS) no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, enviado ao Congresso, o Programa Farmácia Popular atinge mais de 22 milhões de pessoas[24] por meio de mais de 28 mil farmácias espalhadas por mais de 3.490 municípios do país.[22] O corte de orçamento deve ser revisto e ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional,[25] podendo ser revertido apenas após as eleições.[26]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b «Sobre o Programa Farmácia Popular». Ministério da Saúde. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ a b «PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL - NORMAS E MANUAIS TÉCNICOS» (PDF). Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS MS) 1.ª ed. Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Editora MS. Dezembro de 2005. ISBN 85-334-0959-1. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «LEI Nº 10.858, DE 13 DE ABRIL DE 2004». Planalto. 13 de abril de 2004. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «DECRETO Nº 5.090, DE 20 DE MAIO DE 2004» (PDF). Ministério da Saúde. 20 de maio de 2004. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ Sobre o Programa[ligação inativa]
- ↑ a b c Silva, Rondineli Mendes da; Caetano, Rosângela (24 de maio de 2018). «Gastos com pagamentos no Programa Aqui Tem Farmácia Popular: evolução entre 2006-2014». Physis: Revista de Saúde Coletiva: e280105. ISSN 0103-7331. doi:10.1590/S0103-73312018280105. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ a b «COPAGAMENTO DOS USUÁRIOS NO PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DA REDE CONVENIADA» (PDF). 2020. Consultado em 15 de fevereiro de 2020
- ↑ Alves, BIREME / OPAS / OMS-Márcio. «Beneficiários do Bolsa Família terão acesso gratuito a todos os medicamentos do Farmácia Popular | Biblioteca Virtual em Saúde MS». Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ Maraccini, Gabriela. «Dignidade menstrual: saiba como retirar absorventes gratuitamente pelo SUS». CNN Brasil. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ a b c «Farmácia Popular: veja os medicamentos oferecidos de graça». G1. 14 de fevereiro de 2025. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «FAMEM - Farmácia Popular é alternativa para acesso de camisinhas no carnaval». Consultado em 9 de agosto de 2008. Arquivado do original em 7 de março de 2009
- ↑ «Farmácia Popular». Ministério da Saúde. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «CMI Brasil - manifesto no centro de BH "Em defesa do SUS, contra a farmácia popular"». Consultado em 9 de agosto de 2008. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2012
- ↑ «Entre 2015 e 2020, mais de R$ 2,6 bilhões do Farmácia Popular foram desviados por fraudadores». G1. 16 de maio de 2022. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «Medicação subsidiada reduz custos com hospitalizações e melhora saúde da população». Blog Impacto - FGV EAESP Pesquisa. 18 de fevereiro de 2021. Consultado em 15 de março de 2021
- ↑ «Governo 'tesoura' Farmácia Popular para garantir orçamento secreto em 2023». Portal UOL. 9 de setembro de 2022. Consultado em 9 de setembro de 2022
- ↑ «Governo 'tesoura' Farmácia Popular para garantir orçamento secreto em 2023». Estadão. 9 de setembro de 2022. Consultado em 9 de setembro de 2022
- ↑ a b «Bolsonaro manda reverter os cortes feitos no orçamento do programa Farmácia Popular». TV Cultura. 14 de setembro de 2022. Consultado em 18 de setembro de 2022
- ↑ «Após repercussão negativa de corte no Farmácia Popular, Bolsonaro promete recompor verba em 2023». GZH. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Farmácia Popular: Bolsonaro diz que Congresso irá rever corte de 60% no orçamento». Yahoo Finanças. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Governo avalia recompor orçamento de Farmácia Popular para 2023». CNN Brasil. 14 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ a b «Guedes nega cortes no Farmácia Popular e diz que 'é só um desencaixe temporário'». O Globo. 14 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ Estado', 'Agência (25 de agosto de 2020). «Na mira de Guedes, Farmácia Popular atende 21 milhões de pessoas». Economia. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA)». Ministério da Economia. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Ministérios correm ao Congresso para recompor cortes no Orçamento de 23»
. Coluna do Estadão. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Após cortes no Farmácia Popular, Bolsonaro diz que elevação pode ficar para 2023». Folha de S.Paulo. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Página oficial»
- «Visualizar lista de medicamentos disponíveis e valores (página da prefeitura de Poá)» [ligação inativa]
- Resumo das regras e normas do programa Aqui Tem Farmácia Popular (para pacientes e farmácias credenciadas)
- Lista de preços praticados no programa Aqui Tem Farmácia Popular(para farmácias e drogarias)
- Lista atualizada dos medicamentos disponibilizados pelo programa