Farmácia Popular do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre

Este artigo ou secção necessita de referências de fontes secundárias confiáveis e independentes. (Setembro de 2019) |
Programa Farmácia Popular | |
---|---|
Tipo de projeto | Distribuição de medicamentos |
Localização | ![]() |
Proprietário | |
Fundação | 13 de abril de 2004 (21 anos) |
Financiamento | ![]() |
Website | «Sítio oficial» |
Programa Farmácia Popular ou simplesmente Farmácia Popular, oficialmente denominado Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB),[1][2] é um programa do Governo Federal Brasileiro que visa complementar a disponibilização de medicamentos utilizados na Atenção Primária à Saúde.[1][2][3]
O Farmácia Popular é desenvolvido em parceria com prefeituras, governos estaduais, órgãos e instituições públicas ou privadas sem fins lucrativos de assistência à saúde, cujo propósito é oferecer medicamentos de uso comum a preços reduzidos.[1] O Programa Farmácia Popular está presente em 85% das cidades brasileiras, o que equivale a 4,7 mil municípios, conta com mais de 31 mil estabelecimentos credenciados e tem capacidade para atender 96% da população brasileira.[4] Em 2024, atendeu 24,7 milhões de pessoas.[5][6]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Em 13 de abril de 2004, por meio da Lei nº 10.858/2004,[2][7] a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi autorizada a distribuir medicamentos, mediante o ressarcimento de seus custos, com vistas a assegurar à população o acesso a produtos básicos e essenciais a baixo custo, diminuindo, assim, o impacto do preço dos remédios no orçamento familiar.[2][3]
Em 20 de maio de 2004, foi instituído o Programa Farmácia Popular do Brasil, por meio do Decreto n.º 5.090/2004,[8] cujo foco principal era a implantação da rede Farmácia Popular em parceria com governos estaduais e municipais, para a instalação de unidades do programa em locais estratégicos, por meio de convênios com a Fiocruz, tendo com interveniente o Ministério da Saúde.[2][3] O Programa cumpre uma das principais diretrizes da Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF).[2][3][9]
Na primeira fase do Programa, foi implementada uma rede estatal de farmácias diretamente pela Fiocruz ou em parceria da Fiocruz com municípios, estados e instituições de ensino públicas ou privadas filantrópicas, no que foi designado como Rede Própria. As prefeituras recebiam recursos do Ministério da Saúde para montar a estrutura física da farmácia. E, após a inauguração, as prefeituras recebiam verbas para contratação de funcionários para o atendimento e de farmacêuticos e manutenção do programa e o Governo Federal subsidia o valor de alguns medicamentos.[10]
Marcos
[editar | editar código-fonte]A partir de 2006, o PFPB se expandiu mediante parcerias com as farmácias privadas por meio do Programa "Aqui Tem Farmácia Popular" (ATFP), no qual ocorre o credenciamento de estabelecimentos por interesse dos empresários. Da mesma forma que na Rede Própria, também é exigido um padrão de identidade visual nos estabelecimentos farmacêuticos, devendo ser exibidas peças publicitárias que identifiquem seu credenciamento ao Programa, com logomarca específica.[10] Por meio do Farmácia Popular, foram ofertados medicamentos com preços mais baixos, com desconto de até 90% para os usuários.[10]
Em 2011, com a instituição do “Saúde Não Tem Preço”, o programa passou a ofertar medicamentos gratuitos indicados para o tratamento de hipertensão, diabetes (ampliado em 2012 para asma). Outros tratamentos continuaram a ser ofertados em formato de copagamento, com até 90% de desconto.[11]
Em dezembro 2017, a Rede Própria foi encerrada por decisão da Comissão Intergestores Tripartite. Até então, a RP contava com 467 farmácias em todo o país.[11]
Com o relançamento do programa em 2023,[4] foram inclusos novos medicamentos gratuitos, como para osteoporose e anticoncepcionais. Em julho de 2024, a gratuidade foi estendida para tratamento de colesterol alto, doença de Parkinson, glaucoma e rinite.[12]
A partir de janeiro de 2024, o Farmácia Popular passou a disponibilizar gratuitamente absorventes para estudantes da rede pública de baixa renda, pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade extrema, como parte do Programa de Proteção e Promoção da Saúde e Dignidade Menstrual.[13]
Em fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde anunciou a gratuidade sobre 41 medicamentos e itens, contra diabetes, asma, hipertensão, osteoporose, anticoncepção, colesterol alto, rinite, doença de Parkinson, glaucoma, e incontinência, além de fraudas geriátricas e produtos para dignidade menstrual.[6]
Características
[editar | editar código-fonte]O objetivo do programa é, segundo o Ministério da Saúde, ampliar o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais, oferecendo tais medicamentos a preços reduzidos. Os medicamentos são adquiridos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),[2] em laboratórios farmacêuticos públicos (como FURP) ou do setor privado. A Fiocruz disponibiliza os medicamentos às Farmácias Populares sem custo algum, onde são vendidos em farmácias próprias, ou ainda em farmácias da iniciativa privada, onde o comprador informa o CPF para o DATASUS no ato da compra. A redução de preços é possível graças a isenção de impostos e a aplicação de subsídios, por parte do Governo. Em média, os medicamentos são vendidos com preços 85% menores do que as farmácias comuns.[14]
Para a obtenção dos medicamentos e itens do Farmácia Popular, o paciente deve comparecer a um estabelecimento credenciado (identificado pela logomarca do Programa Farmácia Popular do Brasil) e apresentar os seguintes documentos: documento oficial com foto e número do CPF ou documento de identidade em que conste o número do CPF, além de receita médica dentro do prazo de validade, tanto do SUS quanto de serviços particulares.[15]
Críticas
[editar | editar código-fonte]A principal crítica ao programa[16][17] é o fato dos medicamentos serem vendidos, enquanto a constituição brasileira garante a todos os cidadãos do país saúde pública, ou seja, garante que os medicamentos devem ser distribuídos gratuitamente. Além disso, defensores de uma visão liberal argumentam que o programa poderia ser executado exclusivamente por convênios com as farmácias já existentes da rede privada (o que já ocorre parcialmente) e não na constituição de estabelecimentos públicos geridos pelas prefeituras. Os críticos alegam que criou-se uma "farmaciabras" sem necessidade, e que sairia mais em conta para o poder público simplesmente dar gratuitamente, através da rede do SUS, os medicamentos que são vendidos com descontos de 50 a 90% em cada estrutura específica.[carece de fontes]
Custo-efetivo
[editar | editar código-fonte]Dados de pesquisa que monitorou os resultados do programa Aqui Tem Farmácia Popular entre 2006 e 2012 revelaram que o subsídio oferecido pelo programa evitou cerca de 240 mil das hospitalizações (cerca de 17%) que poderiam ter ocorrido por conta do diabetes tipo 2, gerando uma economia de custos na faixa dos 13%.[18] De acordo com a pesquisa, o impacto é percebido especialmente entre as camadas mais pobres e mais vulneráveis. Segundo os dados analisados, o programa foi considerado custo-efetivo, o que significa que seu custo compensa o benefício causado.
Cortes
[editar | editar código-fonte]Governo Dilma
[editar | editar código-fonte]Em 2015, o governo Dilma anunciou cortes no programa.[19][20][21] O corte afetaria 11 itens, incluindo fraldas geriátricas, com opções para os tratamentos de glaucoma, mal de Parkinson, osteoporose, rinite e colesterol.[22] Apesar do corte, o Ministério do Planejamento garantiu que não haveria impacto no funcionamento do programa.[21][23]
Governo Temer
[editar | editar código-fonte]Em 2017, o governo Temer anunciou cortes no programa, deixando de atender cerca de 7 milhões de pessoas.[24] No mesmo ano, foram fechadas farmácias federais em cidades e bairros de baixa renda, na época, o Ministério da Saúde afirmou que 80% dos R$ 100 milhões gastos com a rede própria correspondiam a custos administrativos, e não a medicamentos.[24] Entre 2016 e 2018, o número de pessoas atendidas caiu de 28,8 milhões, para 21,6 milhões.[24] Suspeitas de fraude e investigações do Tribunal de Contas da União (TCU) colaboraram para a redução orçamentária.[24][17][25]
Governo Bolsonaro
[editar | editar código-fonte]Em 2022, o governo Bolsonaro cortou em 59% o orçamento do programa Farmácia Popular para garantir o orçamento secreto de 2023.[26][27] Com a repercussão negativa, Bolsonaro mandou o orçamento ser recomposto pelos ministros da Saúde e Economia,[28][29][30] que informaram que o corte visa respeitar o teto de gastos[28][31] e que o orçamento ainda está aberto para novas revisões de cortes e gastos.[32][33] O corte de orçamento deve ser revisto e ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional,[34] podendo ser revertido apenas após as eleições.[35]
Governo Lula
[editar | editar código-fonte]Em 2023, o Congresso anunciou cortes no orçamento de programas sociais para garantir um valor recorde de orçamento secreto.[36]
Em 2024, o governo Lula anunciou cortes e congelamentos no orçamento do programa Farmácia Popular por conta do congelamento de gastos no Orçamento da União.[37][38][39][40] Apesar do corte, o Ministério da Saúde garantiu que não haveria impacto no funcionamento do programa nem na sua projeção de crescimento.[41][42]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c «Sobre o Programa Farmácia Popular». Ministério da Saúde. Consultado em 19 de setembro de 2022. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2022
- ↑ a b c d e f g «PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL - NORMAS E MANUAIS TÉCNICOS» (PDF). Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS MS) 1.ª ed. Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Editora MS. Dezembro de 2005. ISBN 85-334-0959-1. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ a b c d «Sobre o Programa». Ministério da Saúde. 15 de março de 2021. Consultado em 15 de março de 2025. Arquivado do original em 9 de julho de 2021
- ↑ a b «Após quase uma década, Farmácia Popular retoma credenciamento de novas unidades em municípios prioritários». Ministério da Saúde. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Farmácia Popular beneficiou mais de 24 milhões de brasileiros em 2024, maior número da série histórica». Agência Gov. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ a b «Farmácia Popular: veja os medicamentos oferecidos de graça». G1. 14 de fevereiro de 2025. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «LEI Nº 10.858, DE 13 DE ABRIL DE 2004». Planalto. 13 de abril de 2004. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «DECRETO Nº 5.090, DE 20 DE MAIO DE 2004» (PDF). Ministério da Saúde. 20 de maio de 2004. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Ministério da Saúde destina maior orçamento da história para assistência farmacêutica». Ministério da Saúde. 27 de novembro de 2024. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ a b c Silva, Rondineli Mendes da; Caetano, Rosângela (24 de maio de 2018). «Gastos com pagamentos no Programa Aqui Tem Farmácia Popular: evolução entre 2006-2014». Physis: Revista de Saúde Coletiva: e280105. ISSN 0103-7331. doi:10.1590/S0103-73312018280105. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ a b «COPAGAMENTO DOS USUÁRIOS NO PROGRAMA FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DA REDE CONVENIADA» (PDF). 2020. Consultado em 15 de fevereiro de 2020
- ↑ Alves, BIREME / OPAS / OMS-Márcio. «Beneficiários do Bolsa Família terão acesso gratuito a todos os medicamentos do Farmácia Popular | Biblioteca Virtual em Saúde MS». Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ Maraccini, Gabriela. «Dignidade menstrual: saiba como retirar absorventes gratuitamente pelo SUS». CNN Brasil. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «FAMEM - Farmácia Popular é alternativa para acesso de camisinhas no carnaval». Consultado em 9 de agosto de 2008. Arquivado do original em 7 de março de 2009
- ↑ «Farmácia Popular». Ministério da Saúde. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «CMI Brasil - manifesto no centro de BH "Em defesa do SUS, contra a farmácia popular"». Consultado em 9 de agosto de 2008. Arquivado do original em 12 de janeiro de 2012
- ↑ a b «Entre 2015 e 2020, mais de R$ 2,6 bilhões do Farmácia Popular foram desviados por fraudadores». G1. 16 de maio de 2022. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «Medicação subsidiada reduz custos com hospitalizações e melhora saúde da população». Blog Impacto - FGV EAESP Pesquisa. 18 de fevereiro de 2021. Consultado em 15 de março de 2021
- ↑ «Governo corta verbas de sete programas sociais». O Globo. 18 de outubro de 2015. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Governo vai cortar Programa Farmácia Popular e tirar dinheiro de UPAs e Samu». Extra Online. 30 de setembro de 2015. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ a b «Governo federal anuncia o maior corte no orçamento da história». Jornal da Globo. 23 de maio de 2015. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Abrafarma quer discutir corte no Farmácia Popular com ministério da Saúde». Extra Online. 11 de outubro de 2015. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Corte na Saúde chega a R$ 13,47 bilhões e "inviabiliza atendimento do SUS", diz especialista». Jovem Pan. 31 de julho de 2015. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ a b c d «Alvo de cortes de Temer, programa Farmácia Popular deixa de atender 7 milhões». Folha de S.Paulo. 9 de abril de 2019. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Fraudes na Farmácia Popular nos governos Dilma, Temer e Bolsonaro chegam a R$ 2,6 bilhões, diz CGU». Estadão. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Governo 'tesoura' Farmácia Popular para garantir orçamento secreto em 2023». Portal UOL. 9 de setembro de 2022. Consultado em 9 de setembro de 2022
- ↑ «Governo 'tesoura' Farmácia Popular para garantir orçamento secreto em 2023». Estadão. 9 de setembro de 2022. Consultado em 9 de setembro de 2022
- ↑ a b «Bolsonaro manda reverter os cortes feitos no orçamento do programa Farmácia Popular». TV Cultura. 14 de setembro de 2022. Consultado em 18 de setembro de 2022
- ↑ «Após repercussão negativa de corte no Farmácia Popular, Bolsonaro promete recompor verba em 2023». GZH. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Farmácia Popular: Bolsonaro diz que Congresso irá rever corte de 60% no orçamento». Yahoo Finanças. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Governo avalia recompor orçamento de Farmácia Popular para 2023». CNN Brasil. 14 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Guedes nega cortes no Farmácia Popular e diz que 'é só um desencaixe temporário'». O Globo. 14 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ Estado', 'Agência (25 de agosto de 2020). «Na mira de Guedes, Farmácia Popular atende 21 milhões de pessoas». Economia. Consultado em 15 de fevereiro de 2025
- ↑ «Ministérios correm ao Congresso para recompor cortes no Orçamento de 23»
. Coluna do Estadão. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Após cortes no Farmácia Popular, Bolsonaro diz que elevação pode ficar para 2023». Folha de S.Paulo. 15 de setembro de 2022. Consultado em 19 de setembro de 2022
- ↑ «Congresso faz cortes no Farmácia Popular, vale-gás e Fies para bancar emendas em valor recorde; veja a lista». G1. 22 de dezembro de 2023. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Farmácia Popular é o programa mais atingido por corte de gastos do governo Lula». UOL. 8 de agosto de 2024. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Governo bloqueia R$ 1,7 bi do Farmácia Popular e R$ 580 milhões do Auxílio Gás». O Globo. 8 de agosto de 2024. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Governo Lula corta verba de bolsas de estudo, educação básica e Farmácia Popular». Folha de S.Paulo. 11 de abril de 2024. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Governo corta orçamento de Bolsa Família, Farmácia Popular e Auxílio Gás em 2025». UOL. 31 de agosto de 2024. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Orçamento do Farmácia Popular para 2024 continuará maior que dos anos anteriores». Secretaria de Comunicação Social. Consultado em 15 de março de 2025
- ↑ «Ministérios dizem que Farmácia Popular e Auxílio Gás não sofrerão com cortes». Gazeta do Povo. Consultado em 15 de março de 2025
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Página oficial»
- «Visualizar lista de medicamentos disponíveis e valores (página da prefeitura de Poá)» [ligação inativa]
- Resumo das regras e normas do programa Aqui Tem Farmácia Popular (para pacientes e farmácias credenciadas)
- Lista de preços praticados no programa Aqui Tem Farmácia Popular(para farmácias e drogarias)
- Lista atualizada dos medicamentos disponibilizados pelo programa
- «Orçamentos Anuais - Atos Normativos»