Fazenda Itamaraty – Wikipédia, a enciclopédia livre

A Fazenda Itamaraty foi um pólo pioneiro da agricultura brasileira em cultivo no cerrado,[1] situada no estado de Mato Grosso do Sul, iniciativa do empresário Olacyr de Moraes e, mais tarde, alvo de invasão pelo MST - movimento de sem-terras do país - e objeto do maior assentamento em reforma agrária do Brasil.[2]

Localizada a 440 quilômetros de Campo Grande, fica no município de Ponta Porã, junto à fronteira com o Paraguai.[3] Sua área total é de mais de 8 mil

A fazenda tornou-se um símbolo de produtividade, sendo considerada a maior área particular no cultivo de soja no Brasil, tendo sido a segunda na produtividade de algodão e recordista na de milho.[4]

Aliando técnicas administrativas às pesquisas científicas de novas variedades, a fazenda possuiu um dos primeiros laboratórios agrícolas do Brasil. Ali foram desenvolvidos cultivares de sojas dos mais produtivos no mundo.[4]

Em 1996 o engenheiro agrônomo responsável pela produção da Itamaraty era Paulo Fortuna, que acentuava a importância das pesquisas da cientista agrícola Johanna Döbereiner no cultivo da soja, nas fazendas de Olacyr de Moraes.[5]

Com o fracasso da iniciativa de construir a Ferronorte, o patrimônio de Olacyr de Moraes decaiu, agravado com o Plano Real.[4]

Em novembro de 2000 parte das terras foram desapropriadas para fins de reforma agrária, numa iniciativa que recebeu elogios do senador Ramez Tebet, alegando que o estado era o que tinha maior número de invasões de terras, no país. Na época planejava-se o assentamento de 1200 famílias,[2]. Em 2009 havia 2.837 familias assentadas na área.[3]

Apesar da desapropriação, em 2001 a fazenda veio a ser invadida por sem-terras ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura. Esperando pelo assentamento, os sem-terras alegaram que tinham testemunhado a retirada de madeira da reserva legal da propriedade.[6]

Em 2009, uma área de 36 ha foi destinada pelo INCRA para a instalação de uma base da Força Nacional de Segurança, com o objetivo de patrulhar a fronteira com o Paraguai. Usando a antiga sede da fazenda como núcleo, a base possui pista de pouso de aeronaves, hangar e restaurante, sendo projeto de tornar-se um centro latino-americano de treinamento de policiais.[3] Depois do aeródromo servir a Força Nacional de Segurança por anos, ele virou pista de caminhada, porém a estrutura de produção segue bem utilizada[7].

Em 2013, as famílias assentadas ainda sofriam devido à escassez de subsídios do Incra, que enfrentava crises internas também. As terras ainda pertenciam à União e aguardavam regularização para os novos proprietários. Vários dos assentados venderam suas propriedades, outros arrendaram para grandes fazendeiros e até alguns traficantes de drogas arrendaram terras por lá[8].

Mas apesar do assentamento não ter atingido seu objetivo principal, acabou gerando riqueza por 'linhas tortas' com o arrendamento para a produção de grãos. Com quatro escolas, duas unidades de saúde e uma terceira em reforma, o assentamento aguarda a chegada do asfalto em suas ruas[7].

Nova Itamarati

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Do assentamento realizado na área da antiga Fazenda Itamaraty, surgiu o distrito Nova Itamarati com o Projeto de Lei 02/2015 pela câmara municipal de Ponta Porã. É o município mais populoso de MS, com 15.867 habitantes[9].

Apesar do assentamento já possuir unidades básicas de saúde, escolas e um comércio em desenvolvimento, ele ainda enfrenta problemas de infraestrutura. Falta de uma estrutura para escoar a água, o alagamento das ruas é uma constate. As residências por sua vez, ainda sofrem com a falta da rede de esgoto e água de melhor qualidade[9].

O novo distrito destaca-se pelas atividades pecuárias, com a criação de 36 mil cabeças de gado e cerca de 500 ovelhas, além da produção de 30 mil litros de leite por dia, porém grande parte é resultado do arrendamento das terras para grandes fazendeiros[9].

Referências

  1. «Jornal da Abrapa 118» (PDF). 17 de dezembro de 2009. Consultado em 6 de março de 2010 
  2. a b «Senador elogia desapropriação da fazenda Itamaraty em MS». jornal Folha de S.Paulo. 5 de novembro de 2000. Consultado em 6 de março de 2010 
  3. a b c Rodrigo Vargas. «Fazenda no Mato Grosso do Sul vai abrigar base da Força Nacional de Segurança». jornal Folha de S.Paulo. Consultado em 6 de março de 2010 
  4. a b c Adriano Ceolin (27 de junho de 2001). «O símbolo troca de mãos». Revista Veja Edição 1706. Consultado em 6 de março de 2010 
  5. «Prêmio Cláudia 1996». revista Claudia. Consultado em 6 de março de 2010 
  6. «Sem-terra ocupam Fazenda Itamaraty». jornal O Estado de S. Paulo. 25 de Julho de 2001. Consultado em 6 de março de 2010 
  7. a b News, Campo Grande. «Nova Itamarati mostra estrutura e quer ser o 80º município de MS». Campo Grande News. Consultado em 5 de abril de 2021 
  8. «De antigo império da soja à maior favela rural no interior do Brasil». O Globo. 4 de maio de 2013. Consultado em 5 de abril de 2021 
  9. a b c Gonçalves, Alberto (5 de abril de 2017). «Ex-proprietário das terras do Assentamento Itamarati terá fazenda leiloada com preço milionário». Portal da Educativa. Consultado em 5 de abril de 2021 

Ligações externas

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