Feira da Liberdade – Wikipédia, a enciclopédia livre
Feira de Arte, Artesanato e Cultura da Praça da Liberdade Feira Oriental da Liberdade | |
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A feira e suas diversas barracas de alimentação e artesanato | |
Gênero | Étnica |
Local | Rua dos Estudantes São Paulo, SP Brasil |
Primeira edição | 1975 (50 anos) |
Realização | Prefeitura Regional da Sé Prefeitura de São Paulo[1] |
Ingresso | Entrada gratuíta |
Página oficial | Instagram da Feira |
A Feira de Arte, Artesanato e Cultura da Praça da Liberdade, ou Feirinha da Liberdade, é uma feira criada em 1975, formalmente conhecida como "Feira Oriental da Liberdade"[2], e ocorre aos sábados e domingos, no bairro oriental de São Paulo, na Praça Liberdade-África-Japão (saída da Estação Japão-Liberdade) em São Paulo, Brasil. Ela ocorre semanalmente aos sábados e domingos, das 10h às 18h. [3]
Exibindo inicialmente artesanato de origem japonesa, expandiu-se para mostrar artigos orientais, pratos típicos das culinárias japonesa, chinesa e de outras origens, além de artigos de cerâmica, madeiras, metais e também apresentações musicais, performances entre outras manifestações artísticas. Além disso, a feira possui particularidades que são divulgadas por frequentadores.[4]
Histórico
[editar | editar código-fonte]A feira da liberdade e seu entorno, podem ser considerados exemplos típicos da miscigenação que cria e enriquece a cultura brasileira. Os japoneses contribuíram com a produção de flores, alimentos e até comida macrobiótica além das artes marciais, e mantiveram muitos de seus traços culturais, transformando a cultura brasileira do mesmo modo que sua cultura também foi modificada.[5]
Os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em 1908, a bordo do navio Kasato Maru, incentivados pelo governo brasileiro. Inicialmente se estabeleceram no Estado de São Paulo, e dedicaram-se à atividade agrária, desenvolvendo as técnicas de produção e comercialização.[6]
Ainda no início do século, diversos membros da comunidade passaram a residir na capial, no bairro da Liberdade, que por ser um bairro central, facilitava a locomoção aos seus locais de trabalho.[7]
Nos anos 1920 e 30 já estavam integrados à vida da cidade. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo Getúlio Vargas fechou o Consulado Geral do Japão e expulsou os japoneses de algumas ruas do bairro, mas, com o fim da guerra, eles voltaram a se estabelecer na região e nos anos 1940 fundaram o Jornal São Paulo Shimbun e a Livraria Sol e na década de 1950, inauguraram um prédio, de 5 andares, na rua Galvão Bueno, com salão, restaurante, hotel e uma sala de projeção batizada de Cine Niterói.[7] Nos anos 1960 foi inaugurado o prédio da Associação Cultural Japonesa de São Paulo (Bunkyô).[7]
Na década de 1970, a Associação dos Lojistas da Liberdade doou a decoração no estilo oriental, com a instalação das lanternas suzurantõ e a construção de um imenso portal no Viaduto Cidade de Osaka e iniciou a Feira Oriental, como era conhecida a Feira da Liberdade, organizada na Praça da Liberdade, nas tardes de domingo, com barracas de comida típica e de artesanato.[8]
A cultura oriental modificou a região, alterando os hábitos dos paulistanos e sua grande influência é reconhecida na culinária, na arquitetura, no artesanato, na dança, na música, na prática das artes marciais, bem como nos trabalhos manuais, como a confecção de Ikebana e Bonsai.[9] A Feira da Liberdade se destaca como manifestação cultural, oferecendo seus pratos típicos, comércio de artesanato e plantas, além de oferecer espaço para os eventos culturais do calendário japonês e oriental.[7][10]
Após anos de funcionamento de forma irregular em 2006 a Prefeitura Regional da Sé através de Andrea Matarazzo, subprefeito da época credenciou os expositores junto a Prefeitura.[1]
Atualidade
[editar | editar código-fonte]Atualmente a feira conta com 420 expositores do local que se dividem em artesanato e alimentação.[1]
Artesanato
[editar | editar código-fonte]A feira da Liberdade foi criada com o intuito de expor trabalhos dos imigrantes orientais e mostrar um pouco mais da cultura japonesa para o público brasileiro.[11]
Com o passar do tempo, a feirinha tornou-se um local que expõe os trabalhos artesanais de varias nacionalidades e além dos produtos típicos japoneses é possível encontrarmos também produtos nordestinos, indianos etc. Velas, sabonetes, incenso, artigos em couro, bijuterias, plantas, luminárias, esculturas, quadros e vários outros artigos.[12]
Algumas barracas vendem bijuterias, lenços de seda, coloridos manualmente com a técnica de aquarela e brincos de origami. Enfim é possível encontrar desde o artesanato oriental feito em bambu até quimonos.[13]
Culinária
[editar | editar código-fonte]Encontramos barracas que oferecem pratos rápidos e tradicionais da culinária oriental. A solicitação é muito grande e as pessoas disputam lugares para fazer suas refeições.[14][15]
O setor de alimentação é o mais frequentado e de maior variedade. Podemos encontrar yakisoba e yakibifun (macarrão de arroz), takoyaki e ebiyaki (bolinhos de polvo e camarão, respectivamente), guioza (bolinho de carne e vegetais), tempura, e baozi (pão recheado com carne e vegetais, cozido no vapor), frango xadrez e o yakimeshi (risoto chinês com ovos e presunto).[16]
O doce de feijão Azuki, chamado imagawayaki, é uma das sobremesas preferidas. Consiste de uma pasta de feijão doce colocada entre duas pequenas panquecas doces. Uma variação oferecida, são as mesmas panquecas recheadas com creme de baunilha.[10][17]
Além dos pratos tradicionais orientais, encontramos também tapioca, sucos naturais, cocadas e espetinhos de carne. Todos estes pratos são ofertados por um preço acessível e com vários atrativos, como acompanhamentos de vinagrete e molhos.[10][18]
Mas a culinária da Liberdade não se limita apenas à "feirinha". Encontramos também muitas opções de restaurantes para quem quer saborear as especialidades japonesas, chinesas e coreanas, além de diversos mercados de produtos frescos e industrializados além de importados de diversas nacionalidades.[19][20]
Eventos
[editar | editar código-fonte]A feira que é um tradicional passeio, das famílias e turistas, pelas suas atrações costumeiras, se impulsiona com as muitas festas que acontecem ao longo do ano, agregando mais sabores e produtos às ruas do bairro.[21][22] [23]
Os eventos comemorativos de datas especificas do Japão e da China, oferecem um atrativo diferente, seja artístico ou gastronômico. Novas barracas dão oportunidade a outros artesãos ou vendedores, além de oferecer um leque diferente de comidas típicas, pensadas especialmente para cada evento.
Eventos[24] que ocorrem tradicionalmente ao longo do ano, juntamente à Feira da Liberdade.
Festival do Ano Novo Chinês (Entre final de Janeiro e início de Fevereiro): Evento com data variável, conforme o início do Calendário Lunar, organizada pela JCI Brasil-China, apresenta várias atrações artísticas, dança, música, artes marciais com destaque para a Dança do Dragão.[25]
Hana Matsuri (Festival das Flores) (Abril): Festival realizado desde 1966, pela Federação das Seitas Budistas do Brasil e pela ACAL (Associação Cultural e Assistencial da Liberdade), durante a semana há o ritual do Buda banhado com chá e no final de semana é realizada a cerimônia do aniversário do Buda Xaquiamuni.[26]
Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas) (Julho): A Associação Miyagui Kenjinkai do Brasil e a ACAL, desde 1979, nos remetem ao festival realizado no Japão, há mais de 1150 anos. Conta a lenda que um casal apaixonado fora separado e tornaram-se estrelas, sendo consentido o encontro apenas uma vez ao ano, em Julho. As ruas do bairro da Liberdade são decoradas com ramos de bambu onde são pendurados pedidos às estrelas e enfeites coloridos, simbolizando estrelas. No final de semana dessa comemoração, há várias apresentações artísticas: taikô – tambor japonês e dança folclórica.[27]
Toyo Matsuri (Festival Oriental)(Dezembro): Desde 1969, em dezembro, o bairro inteiro é decorado com faixas que remetem às várias províncias do Japão, com fotos de pontos turísticos, vestimentas, culinária ou produtos típicos. A feira de artesanato e culinária preparam-se para o final do ano, e para as comemorações e compras do público visitante. A atração cultural que se destaca é a apresentação da dança típica 'Bon Odori'. A decoração permanece durante todo o mês de Dezembro, culminando no festival Mochi Tsuki.[28]
Mochi Tsuki (31 de Dezembro): Realizado no último dia do ano, mais que um festival, é um ritual que simboliza a união e a força das pessoas para iniciar o ano. A preparação do mochi (bolinho de arroz típico), inclui desde a trituração do arroz glutinoso, socado em um pilão, até a montagem dos bolinhos de arroz a partir dessa massa. O ritual conta com o auxílio de várias pessoas e o mochi é distribuído ao público. Realizado pela ACAL desde 1976, reúne um grande contingente de pessoas que procuram o bairro e a feirinha para as compras de final de ano.[29]
Referências
- ↑ a b c «Feira da Liberdade: tradição e cultura em São Paulo». Prefeitura de São Paulo. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ Informações turísticas
- ↑ «As melhores barracas da Feira da Liberdade em São Paulo». Viagem e Turismo. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ Depoimentos de participantes da Feira
- ↑ «Feira da Liberdade em São Paulo inspira fotógrafos de viagem». Época. 2015. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ Integração do japonês: Colônia de Ivoti
- ↑ a b c d Ideia de Bairro Japonês
- ↑ Reconfiguração de um bairro
- ↑ «Feira da Liberdade: história e curiosidades». Lello Imóveis. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ a b c «Barraquinhas de família na Feira da Liberdade». Made in Japan. 1 de outubro de 2017. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Feirinha da Liberdade SP: as melhores barracas para provar no feriado». Estadão Web Stories. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Feira da Liberdade: um passeio cultural e gastronômico». Arbo Imóveis. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «São Paulo SP: Liberdade e o Oriente bem pertinho». Infonet. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Feira da Liberdade». Veja São Paulo. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Conheça a Feirinha da Liberdade: Um tesouro cultural em São Paulo». Best Guest. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ Comidinhas Orientais
- ↑ «Vai na Feirinha da Liberdade? Conheça três boas barracas de comida». Estadão Paladar. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Feirinha da Liberdade amplia dias de funcionamento em janeiro de 2024». La Central. 2024. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Feira da Liberdade tem comida oriental boa e barata em SP». Terra. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Feira da Liberdade». Guia da Semana. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ O bairro
- ↑ «Liberdade - Avaliações e informações». Tripadvisor. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ «Guia da Liberdade em SP». Veja São Paulo. 2023. Consultado em 7 de janeiro de 2025
- ↑ Eventos principais
- ↑ Ano novo chinês
- ↑ Festival das Flores
- ↑ Festival das Estrelas
- ↑ Festival Oriental
- ↑ Mochi Tsuki