Fernão Peres de Trava – Wikipédia, a enciclopédia livre

Fernão Peres de Trava
Conde de Trava e de Trastâmara
Fernão Peres de Trava
Fernão Peres de Trava, imaginado por Alfredo Roque Gameiro
Nascimento c. 1100
Morte 1 de novembro de 1155 (55 anos)
  Galiza
Descendência Ver Descendência
Pai Pedro Froilaz de Trava
Mãe Urraca Froilaz

Fernão Peres de Trava (em castelhano: Fernando Pérez de Traba; c.1100Santiago de Compostela, 1 de novembro de 1155)[1][2] foi um nobre galego, conde de Trava e de Trastâmara, amante de Teresa de Leão, condessa de Portucale e mãe do rei Afonso Henriques.

Levantamento galaico-português

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Fernão era filho do conde Pedro Froilaz de Trava e da condessa Urraca Froilaz,[3] da Casa de Trava, a mais poderosa do Reino da Galiza na época. Participou na revolta galaico-portuguesa contra Urraca I de Leão e Castela, liderada pelo seu pai em 1116, em aliança com Teresa de Leão. Esta insurreição pretendia defender os direitos de Afonso Raimundes coroado rei da Galiza, e garantir a autonomia do Condado Portucalense frente à rainha leonesa.

Os triunfos nas batalhas de Vilasobroso e Lanhoso selaram a aliança entre os Trava e Teresa. Fernão Peres de Trava passou, assim, a governar o Porto e Coimbra e a firmar com Teresa importantes disposições e documentos no condado de Portugal.[4]

Com a morte de Urraca, Fernão tornou-se um grande aliado do rei Afonso VII de Leão no Reino da Galiza. Tanto que lhe foi confiada a importante tarefa de ser preceptor do seu filho, o futuro rei Fernando II.[5] A Crónica Latina de Castilla considera que a sua influência foi determinante para que, no testamento de Afonso VII, os reinos de Galiza e Leão se separassem de Castela e Toledo.[6][7][a]

Derrota em Portugal

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Teresa exerceu a regência do Condado Portucalense durante a menoridade de Afonso Henriques. Mas, em 1122, sob a orientação do arcebispo Paio Mendes de Braga, Afonso pretendeu assegurar o seu domínio no condado e armou-se cavaleiro em Zamora. Juntando os cavaleiros portugueses à sua causa contra Fernão Peres e Teresa de Leão, derrotou ambos na batalha de São Mamede em 1128,[8] quando pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português, e assumiu o governo do condado.

Governo da Galiza

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A partir de então, Fernão Peres de Trava concentrou a sua influência na Galiza,[8] assinando com "Conde Fernando da Galécia" (Comes Fernandus de Gallecie). Aqui, realiza um trabalho de apoio aos mosteiros cistercienses, podendo atribuir-se-lhe a fundação do Mosteiro de Sobrado dos Monxes. Disputou a liderança da Galiza com Diego Gelmírez, o influente arcebispo de Santiago de Compostela, com quem manteve um tenso entendimento.

Nas campanhas mouras, comandou as tropas galegas ao serviço de Afonso VII nas suas incursões contra o Califado Almóada. As crónicas destacam o seu valor na conquista de Almería. Contra Portugal, defendeu com dificuldade o vale do Minho das investidas de Afonso Henriques, até à paz de Zamora de 1143.

São conhecidas também duas estadias na Terra Santa no final da segunda cruzada. Cedeu territórios aos Templários na actual costa da Corunha e foi quem introduziu esta ordem militar no Reino da Galiza.

Morte e sepultura

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Mosteiro de Sobrado dos Monxes, fundação atribuída a Fernão Peres e onde foi sepultado

Em 1154, figura na documentação do Mosteiro de Caaveiro, ego comes domnus Fernandus, graui infirmitati. Fernão faleceu em 1 de novembro de 1155, ano em que aparece pela última vez na documentação do mosteiro de Sobrado e antes de 24 de julho de 1161, data em que a sua esposa Sancha assina um documento afirmando que era viúva. Foi sepultado no claustro da Catedral de Santiago de Compostela e, seis anos mais tarde, transladado para o Mosteiro de Sobrado dos Monxes.[5][1]

Descendência

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Casou com a condessa Sancha Gonçalves, filha do conde Gonçalo Ansúrez e de Urraca Vermudes,[b] com quem teve os seguintes filhos:

Da sua relação com Teresa de Leão nasceram duas filhas:

[a] ^ A Crónica latina de Castela atribuiu a divisão do reino pelos filhos do Imperador por sua inciativa: "divisit siquidem regmum suum, permitente Deo propter peccata hominum, duobus filiiis suis ad instanciam Fernandi comitis de Gallecia"
[b] ^ A professora Margarita Torres (p. 112) diz que Sancha era filha do conde Gonçalo Pais. No entanto, de acordo com Antonio Sanchez de Mora, na sua tese sobre a Casa de Lara (Vol. I, p. 70), Sancha era filha do conde Gonzalo Ansurez e Urraca Vermudez. Em 24 de Abril de 1142, Sancha fez uma doação ao mosteiro de Lourenzá onde menciona seu avô Vermudo Ovéquiz, o que confirma a filiação segundo Sanchez de Mora.
[c] ^ "D. Fernando duxit uxorem Tharasiam, filiam comitis Fredinandi, que fuerat uxor comitis Nunii de Castela" Crónica Latina de Castela.
[c] ^ "Ego Rex Dominus Fernandus, una cum uxore mea regina Donna Tarasia, et cum filio meo domino Adefonso". Tumbo Viejo de Lugo, documento 42, pp. 111-112.

Referências

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