Fernando de Almada, 2.º conde de Avranches – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Fernando de Almada, 2.º conde de Avranches
Nascimento década de 1430
Portugal
Morte 29 de abril de 1496
Cidadania Reino de Portugal
Distinções
  • Cavaleiro da Ordem da Torre e Espada

Dom Fernando de Almada (c. 1438) (que em novo se chamou D. Fernando de Abranches), escudeiro fidalgo (1475)[1] e 5.º senhor dos Lagares d´El-Rei.

Quando seu famoso pai D. Álvaro Vaz de Almada foi morto em desgraça na batalha de Alfarrobeira, D. Fernando era ainda era uma criança muito pequena e seu avô materno estava nas boas graças de D. Afonso V de Portugal, nesse sentido nem ele nem sua mãe sentiram qualquer necessidade de se exilarem em Espanha, como fez seu irmão mais velho D. João de Almada e Abranches.

Na verdade, mesmo depois desse histórico momento e tendo saído o território de Avranches das mão do Reino da Inglaterra para o Reino da França, mesmo assim, terá recebido o mesmo título de conde de Abranches autorizada por este último reino[2]. O 2º depois que seu pai foi o 1.º. Há quem diga que foi o último e que terá sido dado por Luís XI de França a pedido do referido monarca português, D. Afonso V[3], em 10 de Novembro de 1476, no seu encontro no Palácio Real de Tours.[4]

Em terras portuguesas exerceu igualmente os cargos de Capitão-Mor do Mar[5] ou Capitão-Mor da Frota (Real),[6] de Arrabiado-mor[7][8] e de Conselheiro do mesmo rei.[9]

Terá sido um dos primeiros vinte e sete cavaleiros a receber a Ordem da Torre e Espada.[10][11]

Dados históricos

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Casou em 1463, antes de 13 de Julho, mas, por contrato aprovado por El-Rei D. Afonso V só em 24 de Setembro.

Casou por dote e arras e não em carta de metade, conforme era costume e usança dos Reinos, levando sua mulher D. Constança como dote cinco mil coroas, dadas por El-Rei e mais para ajuda do dito dote, mil e quinhentas coroas, dadas por sua mãe D. Brites ou Beatriz de Noronha e ainda, outras mil e quinhentas, por sua tia D. Constança de Noronha, Duquesa de Bragança, ambas netas de Enrique II rei de Castela e da princesa Dona Isabel de Portugal.

Não foi porém só este valor o dote que D. Constança de Noronha e Almada trouxe para o casal. Por virtude do seu casamento, foi por ela ainda que o Senhorio dos Lagares d’El-Rei passou à posse da Casa Almada.

Segundo Pinheiro Chagas, D. Afonso V gastou com os casamentos de seus vassalos, uma soma superior a 600.000 coroas.

Existe no arquivo da Casa Almada, uma escritura de D. Fernando e sua mulher D. Constança de Noronha e Almada, que compraram em 27 de Junho de 1467, a Nuno Barbudo, fidalgo da casa d’El-Rei, e sua mulher Beatriz Simões, umas casas que eram possuidores, às Portas de Santo Antão. Não sabemos se a família já teria outras, mas provavelmente, foram estas que deram origem ao Palácio Almada no Rossio, que através dos tempos foi sofrendo alterações, para dar o que hoje chamam Palácio da Independência.

Terá participado na Batalha de Toro.[12] Precisamente terá sido, conforme de lê em Rui de Pina, quando D. Fernando d'Almada, fez parte da comitiva de D. Afonso V, quando este se deslocou a França para solicitar a Luiz XI, a colaboração nas lutas de sucessão de Joana, a Beltraneja, filha de Henrique IV, ao trono de Castela.

Na corografia de Pe. Carvalho, A. B. Freire e Oliveira Martins no "Príncipe Perfeito" diz: "D. Fernando foi feito Conde de Avranches, por Luís XI de França em 1476, estando já a Normandia em poder desta Coroa".

Este título anteriormente, tinha sido dado a seu pai D. Álvaro Vaz de Almada, por Henrique VI de Inglaterra a 4 de Agosto de 1445, quando a Normandia era um Ducado Inglês. A. B. Freire, nos "Brasões da Sala de Sintra" liv. 3º pg. 325 e seg., diz: "encontro porém uma carta mandada passar por D. João, por graça de Deus, Príncipe primogénito herdeiro dos Reinos de Portugal e dos Algarves, em 7 de Maio de 1478, pela qual declara ter mandado ora assentar em seus livros a D. Fernando d'Almada, Conde de Avranches, e quer que tenha de seu assento em cada ano, desde o 1º de Janeiro passado em diante 102.864 reais brancos. Esta carta encontra-se transcrita na de confirmação do referido assentamento ao mesmo Conde em 18 de Março de 1489, está registada, só por si no liv. 1º do Cartório de Santiago, fls. 135".

Mas já 1 de Setembro de 1463, este rei tinha doado a este seu fidalgo régio, mencionando-o conde de Abranches e capitão do reino de Portugal", "enquanto sua mercê for, as rendas da judiaria da vila de Santarém bem como do almoxarifado dessa vila".[13]

Em 12 de Novembro de 1469, o mesmo D. Afonso V privilegia o D. Fernando, seu conselheiro régio e capitão-mor do mar, concedendo-lhe licença para poder nomear na cidade do Porto, um alcaide do mar.[9]

Na verdade, é nessa qualidade de capitão régio, que em 19 de Julho de 1463 D. Afonso V faz-lhe a doação da renda do sisão dos judeus do reino, da mesma forma que a possuíra seu pai.[14][15][16]

Num artigo do jornal do O Comércio do Porto, de 3 de julho de 1902 por Silex, intitulado "O Camareiro" diz: "Foram também, confirmados os bens da coroa que seu Pai houvera".

Esteve presente na aclamação do rei D. João II, confirmado pelo seu auto, em 1 de Setembro de 1481.[17]

A. B. Freire, nos "Brasões da Sala de Sintra" liv. 3º fls. 352 e seguintes, cita Chancelaria de D. Manuel, liv. 34 fls. 47 V dizendo: "morreu nas proximidades de 29 de Abril de 1496, em que se andava confirmando a casa de filho".

Dados genealógicos[18]

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D. Fernando de Almada (2º Conde de Avranches).

Filho de:

Casou com: D. Constança de Noronha, 5ª senhora dos Lagares d’El-Rei, "donzela da princesa Santa Joana e «sobrinha d'El-Rei»[19]", filha de Ruy Vaz Pereira, 4º senhor dos Lagares d’El-Rei, senhor de Cabeceiras de Basto, etc., e de D. Beatriz de Noronha, camareira-mor da rainha de Castela (D. Joana de Portugal) e por sua vez filha de D. Afonso Henriques, conde de Gijón e Noronha, filho de Henrique II de Castela e da infanta Isabel de Portugal.

Tiveram:

  1. D. Pedro de Almada, que morreu solteiro.
  2. D. Antão de Almada, casado com D. Maria de Menezes.
  3. D. Isabel de Noronha casada com António de Furtado de Mendonça, o "Chús", comendador de Veiros, Serpa, Cano e Moura, na Ordem de Aviz,[20], senhor de Marateca (Palmela)[21], filho de Nuno Furtado de Mendonça, aposentador-mor do Reino.[22]

Filha natural (desconhecendo-se a sua mãe):

  • Branca ou Beatriz Fernandes de Abranches (c. 1459 - c. 1500), casada com Diogo Afonso (c. 1453 - c. 1520, sepultado na Igreja de São Julião de Mangualde), Fidalgo da Casa Real, 1º senhor da casa de Mangualde, etc.[23][24]

Referências

  1. Provas da historia genealogica da casa real portugueza, tiradas dos instrumentos dos archivos da torre do Tombo ... por d. Antonio Caetano de Sousa ... Tomo 1. -6, pág. 38, in livro de matricula dos moradores da Casa do Senhor Rey D. Afonso V.!. [S.l.: s.n.] 1742 
  2. Cronicas Del Rey Dõ Ioam de gloriosa memoria o I. / tiradas a lvz por ordem do... Senhor Dom Rodrigo da Cvnha, Arcebispo de Lisboa..., Em Lisboa : por Antonio Alvarez, impressor Del Rey N. Senhor, 1643, pág. 227
  3. Decreto de 1 de Janeiro de 1478 e Carta de 7 de Maio do mesmo ano (D. Afonso V. — Regist. no Arch. da T. do T., Liv., 3 dos Místicos fl. 188.) - Albano da Silveira Pinto, Resenha das famílias titulares Grandes de Portugal, Empreza Editora de Francisco Arthur da Silva, Lisboa, 1883. Pág. 38
  4. A Diplomacia Portuguesa no Reinado de D. Afonso V (1448-1481), por Douglas Mota Xavier de Lima, Tese de de Pós-graduação em História, da Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2016, pág. 169, in Relações Históricas entre Portugal e França (1431 - 1481), por Joaquim Veríssimo Serrão, Fundação Gulbenkian, 1975. pág. 118 e 119
  5. Dado em Évora a 27 de Fevereiro de 1456. Gomes Anes a fez. A confirmação de D. João II é dada em Beja a 24 de Março de 1489. Fernão de Pina a fez. Rui de Pina a fez.
  6. Carta passada em Beja, a 14 de Março de 1489, em confirmação de outra de El-Rei passada a seu pai, datada de Évora a 29 de Fevereiro de 1456. - Annaes da Marinha Portugueza, Ignacio da Costa Quintella, Na typ. da mesma Academia [das sciencias], 1839, Volume 1, pág. 191
  7. "Deu ao Conde dabranches o oficio de Capitam e arrabiado moor". - «Estas saõ as cousas que ElRei D. Affonso o V deu em sua vida. As quais cousas o Prior D. Vasco dataide Prior do Crato tinha em seu livro asentadas», Provas da historia genealogica da casa real portugueza, tiradas dos instrumentos dos archivos da torre do Tombo ... por D. Antonio Caetano de Sousa ... Tomo 1. -6.!, Volume 2, 1742, pág. 21
  8. "cargo ou dignidade de arrabi-mor (principal representante da comunidade judaica junto do rei, no período medieval)". - Arrabiado-mor, Dicionário infopédia da Língua Portuguesa (em linha), Porto Editora. (consult. 2022-02-27 22:23:12)
  9. a b D. Afonso V privilegia D. Fernando de Almada, conselheiro régio e capitão-mor do reino, concedendo-lhe licença para poder nomear na cidade do Porto, um alcaide do mar, para que exerça este ofício tal como o foi o alcaide da cidade de Lisboa, Chancelaria de D. Afonso V, liv. 31, fl. 126v, 12 de Novembro de 1469, ANTT
  10. Sousa, António Caetano, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Tomo III, pág. 7
  11. A Torre e Espada para o piloto Nascimento Costa, por António do Valle-Domingues, A Voz, 18 de Março de 1961
  12. Affonso de Ornellas, «Os Almadas na História de Portugal», Lisboa, 1942, p. 19
  13. Carta de doação de D. Afonso V a D. Fernando de Almada, fidalgo régio, conde de Abrantes e capitão do reino de Portugal, enquanto sua mercê for, as rendas da judiaria da vila de Santarém bem como do almoxarifado dessa vila., Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Código de ref.: PT/TT/CHR/I/0009/000906
  14. doação de D. Afonso V a D. Fernando, capitão régio, a renda do sisão dos judeus do reino, da mesma forma que a possuíra seu pai, o conde de Abrantes., Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Código de ref: PT/TT/CHR/I/0009/000842
  15. Depois ao seu filho D. Antão serão dadas as mesmas tenças que tinham sido pagos pela casa da sisa dos vinhos de Lisboa ao seu pai e como se entende privilegio que já vinha de seu avô, em satisfação da renda do sisão dos judeus, por uma carta feita na vila de Arronches a 10 de Maio de 1475, confirmada por outra feita em Beja a 24 de Março de 1489, que por sua vez, é confirmada por outra carta feita em Setúbal, a 27 de Abril de 1496 - A D. Antão de Abranches, fidalgo da Casa d'el-Rei e capitão-mor de Lisboa, e a um seu filho barão, tença anual de 400 reais, Chancelaria de D. Manuel I, liv. 19, fl. 12v, ANTT
  16. Para se ter uma ideia, no inquérito feito a Covilhã, aos 16 dias de Março de 1496, dizia que "rende a dita judiaria de sisa em cada um ano a Conde dabranches cinco mil e quinhentos reais" - Covilhã - Os Forais e a População nos séculos XV e XVI - III, publicada por Miguel Nuno Peixoto de Carvalho Dias e Maria do Céu Jordão Morais Carvalho Dias, Covilhã - Subsídios para a sua História, 24 de novembro de 2011
  17. Auto de aclamação / Chancelaria régia / Castelo de São Jorge / Autoria: João II. 1455-1495, rei de Portugal, Arquivo Municipal de Lisboa, Cota: AML-AH, Chancelaria Régia, Livro 2º de D. João II, f. 10 e 10v CHR 24
  18. Manuel Abranches de Soveral, "Os filhos e netos do «muj honrrado barom» Dom Frei Lopo Dias de Souza, 8º mestre da Ordem de Cristo"
  19. «D. Constança de Noronha, nossa sobrinha, donzela da infanta D. Joanna, minha muito presada, e amada filha» (D. Afonso V, rei de Portugal, em carta de 18.9.1463), fonte: Manuel Abranches de Soveral, roglo
  20. António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1708, pág.564
  21. Pedatura lusitana (nobiliário de famílias de Portugal), por Cristovão Alão de Morais, Livraria Fernando Machado, 1673, pág. 446
  22. Nuno Furtado de Mendonça, roglo
  23. Cavaleiro fidalgo da Casa Real, era filho de Duarte Afonso, cavaleiro fidalgo da Casa Real. Diogo Afonso talvez seja irmão de um João Afonso que teve de Dom Manuel carta de escrivão dos órfãos de Azurara. E sobrinho de um Álvaro Afonso, vassalo d el rei, morador em Azurara, a quem Dom Afonso V concede a 8.4.1451 carta de privilégio para todos os seus caseiros, mordomos, apaniguados e lavradores da comarca e correição da Beira, por estarem prontos a servir na guerra com suas bestas e armas. Sendo este certamente o Álvaro Afonso, escudeiro e «criado» d el rei, que a 9.4.1451 teve mercê de Dom Afonso V do cargo de juiz das sisas de Azurara, em substituição de Aires Carvão, que fora destituído do cargo por o não confirmar. Podendo ainda este Álvaro ser irmão do Fernando Afonso que, a pedido do concelho e homens bons, Dom Afonso V nomeou a 9.4.1462 para o cargo de tabelião do cível e crime do julgado de Azurara e seu termo, que deve ser o mesmo Fernando Afonso, escudeiro e vassalo d el rei, morador em Viseu, que a 4.10.1451 é nomeado para o cargo de procurador do número nessa cidade e seu termo, com todas as possessões, rendas e direitos, a 14.1.1452 para procurador de número de Trancoso, a 17.1.1452 para coudel de Moreira e a 7.2.1452 para coudel de Viseu.
  24. Manuel Abranches de Soveral - «Ascendências Visienses. Ensaio genealógico sobre a nobreza de Viseu. Séculos XIV a XVII», Porto 2004, ISBN 972-97430-6-1

Ligações externas

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