Flagelante – Wikipédia, a enciclopédia livre
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O movimento Flagelantes foi um grupo ou seita cristã que infligia práticas de auto sofrimento como forma de salvação durante os séculos XIII e XIV — época marcada por misticismo, pragas e guerras — na Europa.
Os seus membros defendiam que a prática da autoflagelação, ou seja, da aplicação de castigo físico em seus próprios corpos lhes conferia a cura de doenças (peste bubônica, por exemplo) e redenção de seus pecados no mundo espiritual.
História
[editar | editar código-fonte]Os primeiros grupos de Flagelantes apareceram em 1260 em Perugia, em Itália.
Este movimento é fortemente condenado pela Igreja, que o considera contrário à fé. Os Flagelantes desfilavam em procissões nas cidades, durante 33 dias (porque biblicamente esse número corresponde à idade em que Jesus Cristo foi morto, conforme Lucas 3:23), durante os quais se flagelavam com cordas ou cintos de extremidades cortantes. Esta prática é suposta suficiente para que um fiel pudesse atingir o Paraíso, e os ritos da Igreja não seriam então necessários. Esta foi a principal razão para que a Igreja não tolerasse estas práticas.
O movimento surge e ressurge muitas vezes durante os períodos conturbados, como a Peste negra ou a Guerra dos Cem Anos.
Durante a Peste negra, tais práticas contribuíram para exacerbar a população e pressioná-la a perseguir os judeus e outras minorias que eram acusadas de ser a causa das epidemias ao ter envenenado os poços.
Organização
[editar | editar código-fonte]O movimento era eminentemente popular, embora estivesse muito bem organizado:
Ao juntar-se aos Flagelantes, os membros desta espécie de confraria tinham de respeitar um ritual que constava de:
- viajar de terra em terra durante 33 dias;
- autoflagelar-se na praça pública;
- orar a Deus;
- viver da caridade;
- vestir o uniforme dos Flagelantes que consistia numa longa túnica negra com um capuz e andar descalço.
Os Flagelantes na Europa
[editar | editar código-fonte]Partindo de Itália, o movimento dos Flagelantes chega à Áustria, Hungria, Polónia, depois à Alemanha (onde os seus adeptos eram mais numerosos) e Bélgica; na França, o movimento chega até Troyes.
Embora o fenômeno tenha sido atenuado, pode-se considerar que ainda subsistem vestígios nos nossos dias, em parte no folclore e certas procissões da Europa meridional, particularmente durante a Semana Santa de Sevilha. Inclusive, um fenômeno similar existe atualmente, mas com a violência original de seu predecessor, numa tradição religiosa não cristã, na Índia.