Flor de Maio – Wikipédia, a enciclopédia livre
Flor de Maio | |
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Tipo | património cultural, edifício |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | São Carlos - Brasil |
Patrimônio | bem tombado pela Prefeitura Municipal de São Carlos |
Grêmio Recreativo Familiar Flor de Maio é um clube social destinado aos afrodescendentes brasileiros, fundado em 4 de maio de 1928 na cidade de São Carlos (estado de São Paulo) com o apoio dos trabalhadores da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.).[1][2][3] Consta da lista de bens de interesse histórico publicada em 2021 pela Fundação Pró-Memória de São Carlos (FPMSC).[4]
História
[editar | editar código-fonte]Entre o final do século XIX e início do século XX, houve um movimento clubista destinado a criar clubes exclusivos para sócios negros com o objetivo de se tornarem locais de lazer para os afrodescendentes, pois estas pessoas eram excluídas de qualquer vida social em sua época. Além das atividades sociais, o Clube Flor de Maio proporcionava apoio funerário, de saúde, entre outras atividades[5]. No início previa que apenas afrodescendentes poderiam se associar e frequentar, mas com o passar do tempo, esta exigência deixou de existir.
Em 1937, em parceria com a prefeitura da cidade, passaria a haver aulas no clube, quando as professoras eram cedidas pelo município. Esta atividade durou cerca de oito anos. A partir da organização do Clube, outros movimentos foram surgindo, como o grupo teatral Rebu, o Centro de Cultura Afro-brasileira Congada e o Centro Cultural Negro Municipal.
O Flor de Maio é uma instituição de referência para estudos do movimento negro na cidade de São Carlos, por seu interesse em fortalecer a história e a tradição dos negros em São Carlos.[6]
“ | O professor do Instituto de Arquitetura da USP e membro titular do COMDEPHAASC, Ruy Sardinha Lopes, foi quem escreveu o parecer recomendando o tombamento. “Para preservação da história material e cultural da população afrodescendente são-carlense que tanto contribuiu e ainda contribui para o desenvolvimento desta cidade”, destacou no parecer. | ” |
[3] Em 2014, o clube entrou no processo para tombamento como Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo[7]. Entretanto, o tombamento abrange algumas partes da construção: as escadas, a fachada, o mezanino e o salão.
“ | Para o presidente do clube o tombamento é fundamental. “Este local possui três momentos importantes, seu nascimento, a mudança para a atual sede e seu tombamento. Em nome da comunidade negra de São Carlos agradeço à Prefeitura pelo tombamento que vem premiar mais uma luta conquistada pelo nosso clube fundado há 83 anos”, disse Pires. | ” |
Bem de interesse histórico
[editar | editar código-fonte]Entre 2002 e 2003, a Fundação Pró-Memória de São Carlos (FPMSC), órgão da prefeitura, fez um primeiro levantamento (não-publicado) dos "imóveis de interesse histórico" (IDIH) da cidade de São Carlos, abrangendo cerca de 160 quarteirões, tendo sido analisados mais de 3 mil imóveis. Destes, 1.410 possuíam arquitetura original do final do século XIX. Entre estes, 150 conservavam suas características originais, 479 tinham alterações significativas, e 817 estavam bastante descaracterizados.[8] O nome das categorias das edificações constantes na lista alterou-se ao longo dos anos.
A edificação de que trata este verbete consta como "Edifício tombado" (categoria 1) no inventário de bens patrimoniais do município de São Carlos, publicado em 2021[9] pela Fundação Pró-Memória de São Carlos (FPMSC), órgão público municipal responsável por "preservar e difundir o patrimônio histórico e cultural do Município de São Carlos".[10] A referida designação de patrimônio foi publicada no Diário Oficial do Município de São Carlos nº 1722, de 09 de março de 2021, nas páginas 10 e 11.[11] De modo que consta da poligonal histórica delimitada pela referida Fundação, que "compreende a malha urbana de São Carlos da década de 40".[12] A poligonal é apresentada em mapa publicado em seu site, onde há a indicação de bens em processo de tombamento ou já tombados pelo Condephaat (órgão estadual), bens tombados na esfera municipal e imóveis protegidos pela municipalidade (FPMSC).[13][14]
“ | Categoria 1: são edificações tombadas em quaisquer níveis (municipal, estadual ou federal) e inscritas no Inventário de Bens Patrimoniais do Município, sendo proibida a demolição e permitidas ou não reformas, desde que seguidas as orientações específicas do processo de tombamento e da aprovação do projeto pela Prefeitura Municipal, pela entidade e conselho municipal de defesa do patrimônio, e demais órgãos competentes, federais, estaduais e/ou municipais. | ” |
Tombado por:[15]
[editar | editar código-fonte]- FPMSC – Fundação Pró-Memória de São Carlos / CONDEPHAASC – Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de São Carlos
- Número do Processo: 57/2011
- Resolução Tombamento: Resolução n° 07 de 09 de novembro de 2011
- Publicação do Diário Oficial: 19 de novembro de 2011, retificada em 16 de dezembro de 2011
Referências
- ↑ OS CLUBES NEGROS E SEU PAPEL NA CONSTITUIÇÃO DA IDENTIDADE E MOVIMENTO NEGRO: A HISTÓRIA DO GRÊMIO RECREATIVO E FAMILIAR FLOR DE MAIO EM SÃO CARLOS – SP Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD
- ↑ «MEMÓRIA SÃO-CARLENSE: Flor de Maio, uma rica história de 90 anos». www.saocarlosagora.com.br. Consultado em 20 de julho de 2019
- ↑ a b c «BARBA ANUNCIA TOMBAMENTO DO FLOR DE MAIO, ÚNICO CLUBE SOCIAL NEGRO DE SÃO CARLOS». www.saocarlos.sp.gov.br. Consultado em 3 de novembro de 2022
- ↑ Fundação Pró-Memória de São Carlos (2021). «Inventário de Bens Patrimoniais do Município de São Carlos» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022
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é mal formado: timestamp (ajuda) - ↑ Clubes Sociais Negros: um território de resistênciaSite Clubes Socias Negros Arquivado em 26 de maio de 2014, no Wayback Machine.
- ↑ AGUIAR, M.M. As Organizações Negras em São Carlos:Política e Identidade Cultural. Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Universidade Federal de São Carlos. 1998.
- ↑ Clubes Negros entram em processo de tombamento Site Folha de S.Paulo
- ↑ ZAMAI, 2008, p. 53.
- ↑ Fundação Pró-Memória de São Carlos (2021). «Inventário de Bens Patrimoniais do Município de São Carlos» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022
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é mal formado: timestamp (ajuda) - ↑ Fundação Pró-Memória de São Carlos. «A Fundação». Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022
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é mal formado: timestamp (ajuda) - ↑ Prefeitura Municipal de São Carlos (9 de março de 2021). «Diário Oficial de São Carlos, ano 13, n° 1722» (PDF). Prefeitura Municipal de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022
- ↑ Divisão de Pesquisa e Divulgação, Fundação Pró-Memória de São Carlos (2006). «RAMOS DE AZEVEDO, ECLETISMO E A POLIGONAL HISTÓRICA» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022
- ↑ Fundação Pró-Memória de São Carlos (2016). «Mapa poligonal 2016 imóveis protegidos» (PDF). Fundação Pró-Memória de São Carlos. Consultado em 27 de outubro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 27 de outubro de 2022
- ↑ Fundação Pró-Memória de São Carlos. «Notícias». promemoria.saocarlos.sp.gov.br. Consultado em 4 de dezembro de 2022
- ↑ «São Carlos – Flor de Maio | ipatrimônio». Consultado em 3 de novembro de 2022