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Francisco Martins Sarmento
Martins Sarmento
Francisco Martins Sarmento.
Nascimento 9 de março de 1833
Guimarães, Portugal
Morte 9 de agosto de 1899 (66 anos)
Guimarães
Nacionalidade Portugal Portuguesa
Progenitores Mãe: Joaquina Cândida de Araújo Martins da Costa
Pai: Francisco Joaquim de Gouveia de Morais Sarmento
Cônjuge Maria de Freitas Aguiar
Alma mater Universidade de Coimbra
Ocupação Escritor e arqueólogo
Magnum opus Ora maritima. Estudo d'este poema na parte respectiva à Galiza e Portugal

Francisco Martins de Gouveia de Morais Sarmento (Guimarães, 9 de março de 1833 – Guimarães, 9 de agosto de 1899) foi um notável arqueólogo e escritor português.[1]

Filho de Francisco Joaquim de Gouveia de Morais Sarmento e da sua mulher Joaquina Cândida de Araújo Martins da Costa, tia materna do 1.° Visconde de Margaride e 1.° Conde de Margaride.[2]

Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, nunca exerceu e dedicou-se com grande paixão ao estudo da arqueologia.[2] Fez a exploração intensa e metódica da citânia de Briteiros e Sabroso, perto de Guimarães (1874-1879), junto à Casa da Ponte (Guimarães), onde morou.[1] Em 1880 identificou o Castro das Eiras, em Pousada de Saramagos.[3]

Martins Sarmento era um homem culto e autodidata, talvez por isso era um livre pensador com ideias bem definidas mas em contra corrente com os académicos da altura. Por exemplo, ele era contra a ideia generalizada da presença Celta no Norte de Portugal, e defendia a ideia duma origem pré-céltica mesmo dum povoamento pelos Lígures. Ele sustentava essa teoria com base na literatura clássica como "Ora maritima" de Avieno e nas suas escavações arqueológicas, em particular na singularidade da cultura castreja, o habitat, a cerâmica, as estátuas de guerreiros... Contra ele, dois professores de linguística, Leite de Vasconcelos e sobretudo Adolfo Coelho que o criticou abertamente, porque para ele, a nossa língua ancestral era claramente de origem céltica.[2] Por ventura, mais polémico ainda, Martins Sarmento defendia também uma estreita ligação entre a cultura castreja e a Civilização micénica.[2]

Cultivou também a poesia e colaborou em revistas e jornais científicos. Encontra-se colaboração da sua autoria nas revistas Renascença[4] (1878-1879?) e O Pantheon[5] (1880-1881) e no semanário Branco e Negro[6] (1896-1898).

Em agosto de 1881, Martins Sarmento participou na expedição científica à Serra da Estrela, organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa, como responsável da secção de arqueologia.[2]

No museu da Sociedade Martins Sarmento em Guimarães conserva-se uma grande parte dos seus achados arqueológicos e também a suas fotografias raro testemunho da época na arqueologia, e na etnografia. Fotógrafo à partir de 1868,[7] foi um precursor da fotografia cientifica em Portugal em particular no domínio da epigrafia devido a sua colaboração com Emil Hübner ma sua recolha de inscrições latinas para sua obra Corpus Inscriptionum Latinarum.[2]

  • Ora maritima. Estudo d'este poema na parte respectiva à Galliza e Portugal, Porto, 1880. Em 1896 sai uma 2.ª edição, profundamente alterada.
  • Les Lusitaniens. Compte-rendu de la 9ème Session du Congrès International d'Anthropologie et d'Archéologie Préhistorique en 1880. Lisbonne: L'Académie Royale des Sciences, 1880, pp. 393-431
  • Etnologia — Os Celtas na Lusitânia (Estudo). In: Dispersos, Coimbra,1883, pp. 100-128
  • Expedição Científica à Serra da Estrela em 1881: Secção de Arqueologia. Relatório do sr. Dr. Francisco Martins Sarmento, Lisboa: Sociedade de Geografia de Lisboa, 1882
  • Os Argonautas. Subsídios para a antiga história do Ocidente. Revista de Guimarães. Guimarães, 4, 1887, pp. 5-20
  • Os Lusitanos, questões de etnologia. Porto: ed. Autor, 1889
  • A Arte Micénica no Noroeste de Hispânia. Portugália: Materiais para o estudo do povo Português. Porto. Tomo I, fasc. 1, 1899, pp. 1-12
  • Lusitanos, lígures e celtas. Revista de Guimarães. Guimarães, 7, 1890, pp. 101-119; 161-182; 8, 1891, pp. 5-28; 10, 1893, pp. 73-88; 141-160; 11, 1894, pp. 187-199.
  • Recusou a comenda da Ordem Militar de Santiago.[2]
  • Foi fundada em 1881, a Sociedade Martins Sarmento por cinco vimaranenses, dedicada a divulgação cultural e a educação, para homenagear o filantropo Martins Sarmento.[8]
  • Existe uma escola secundária com o seu nome em Guimarães.
  • Em 1933 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua na Penha de França.[9]
Monumento a Martins Sarmento (Guimarães)
  • José Ramiro PIMENTA (2007) - O Lugar do Passado em Martins Sarmento. Geo-historiografia do programa de investigação arqueológica da *Cultura Castreja (1876-1899). Tese de doutoramento apresentada à Universidade do Minho (12 de Novembro de 2007) *link.
  • José Ramiro PIMENTA (2008) - O Lugar do Passado em Martins Sarmento. Porto: Figueirinhas.

Referências

  1. a b «Paróquia de Briteiros (São Salvador)». Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. Consultado em 26 de Março de 2014 
  2. a b c d e f g Universidade de Lisboa, Centro de História (ed.). «Dicionário de historiadores portugueses, SARMENTO, Francisco Martins de Gouveia de Morais Guimarães, 1833 - 1899». Consultado em 10 de março de 2023 
  3. «O balneário do Castro das Eiras». O balneário do Castro das Eiras. Consultado em 6 de março de 2021 
  4. Helena Roldão (3 de outubro de 2013). «Ficha histórica: A renascença : orgão dos trabalhos da geração moderna» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 31 de março de 2015 
  5. Helena Roldão (25 de Maio de 2013). «Ficha histórica: O pantheon: revista de sciencias e lettras (1880-1881)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 9 de Fevereiro de 2015 
  6. Rita Correia (1 de Fevereiro de 2012). «Ficha histórica: Branco e Negro : semanario illustrado (1896-1898)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Janeiro de 2015 
  7. Sociedade Martins Sarmento (ed.). «Albuns de Martins Sarmento». Consultado em 12 de março de 2023 
  8. Sociedade Martins Sarmento (ed.). «Sociedade Martins Sarmento/História». Consultado em 12 de março de 2023 
  9. «Facebook». www.facebook.com (em inglês). Consultado em 4 de agosto de 2021 

Ligações externas

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