Gauvain – Wikipédia, a enciclopédia livre
Gauvain ou Gawain (em português: Galvão) é uma personagem da literatura medieval, um dos Cavaleiros da Távola Redonda. É geralmente descrito como sobrinho do rei Artur e tem um papel importante em quase todas as obras relacionadas com o Ciclo Arturiano.[1]
Lenda e literatura
[editar | editar código-fonte]Origens
[editar | editar código-fonte]Em uma crônica de 1125, Guilherme de Malmesbury afirma que Galvão era sobrinho do rei Artur e que havia lutado com este contra os anglo-saxões, especificamente contra o irmão de Hengist. É possível que a história contada por Guilherme seja um eco distante de fatos verídicos ocorridos em meados do século V, quando os habitantes da Grã-Bretanha tiveram de resistir à invasão anglo-saxã.[2]
Já Godofredo de Monmouth, em sua História dos Reis da Bretanha, é o primeiro em apresentá-lo como filho do rei Lot e de Ana, irmã do rei Artur. Nos romances medievais posteriores, porém, Galvão é geralmente apresentado como filho do rei Lot de Orkney e da rainha Morgause, e como esta é meia-irmã de Artur, Galvão é sobrinho do poderoso rei. Os irmãos de Galvão são Morderete (Mordred), Gaheris, Agravain e Gareth.[2][1]
É possível que em suas origens o personagem esteja relacionado a Gwalchmei, um guerreiro da corte do rei Artur em algumas obras da literatura galesa medieval como Culhwch e Olwen e as Tríades Galesas. Em algumas histórias, a força de Galvão aumenta de manhã até o meio-dia e diminui até o pôr-do-sol, de forma que o personagem poderia estar relacionado com algum antigo mito solar.[1][2]
Literatura medieval posterior
[editar | editar código-fonte]Galvão ocupa um lugar especial entre os cavaleiros da corte de Artur por ser sobrinho do rei. Por outro lado, não sendo um príncipe herdeiro, suas obrigações com a corte são limitadas. Essas características, talvez, fizeram que o personagem pudesse assumir tanto um papel de conselheiro real como de cavaleiro errante, o que ajudou que Galvão fosse um personagem favorito para muitos escritores medievais.[1]
Também a personalidade de Galvão varia muito de obra em obra. Nas obras centradas no personagem, especialmente as inglesas como Dom Galvão e o Cavaleiro Verde (século XIV), ele é a personificação do cavaleiro virtuoso, cortês e corajoso. Já na Demanda do Santo Graal (século XIII), Galvão é apresentado como um cavaleiro imperfeito, pecador, indigno do Santo Graal.[2][1] N'A Morte de Artur, de Thomas Malory, em parte inspirada no Tristão em Prosa francês, Galvão é um personagem capaz de feitos nobres, mas é também mostrado quebrando juramentos, recusando pedidos de clemência e contribuindo em assassinatos desnecessários.[1]
Em vários romances, Galvão atua como líder dos seus irmãos Morderete, Agravain, Gaheris e Gareth e, como consequência do amor proibido entre Lancelote e a rainha Ginebra, incita Artur a uma guerra contra o clã de Lancelote, o que termina levando o reino arturiano à ruína. Tanto no Lancelote-Graal como n'A Morte de Artur, Galvão morre das feridas que recebe em combate contra Lancelote. Nessas obras, Galvão arrepende-se dos seus pecados no leito de morte, rogando a Artur e Lancelote que se reconciliem.[1]