Giorgio de Chirico – Wikipédia, a enciclopédia livre
Giorgio de Chirico | |
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Giorgio de Chirico, 12 de Dezembro de 1932 | |
Nome completo | Giuseppe Maria Alberto Giorgio de Chirico |
Nascimento | 10 de julho de 1888 Vólos, Tessália |
Morte | 20 de novembro de 1978 (90 anos) Roma, Itália |
Nacionalidade | italiano |
Área | Pintura, escultura, desenho, figurino e cenografia |
Formação | Academia de Belas Artes de Munique |
Movimento(s) | Arte metafísica, surrealismo |
Giorgio de Chirico (Vólos, Grécia, 10 de julho de 1888 — Roma, 20 de novembro de 1978), foi um pintor italiano. Fez parte do movimento chamado pintura metafísica, considerado um precursor do surrealismo.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Após estudar na Grécia e em Munique instalou-se em Paris, onde estabelece fortes relações de amizade com Apollinaire. No início dos anos 20, a sua obra obtém um êxito considerável nos meios vanguardistas e, em 1925, participa na primeira exposição surrealista. Posteriormente, e para surpresa geral, exalta-se por um academismo vácuo que cultiva durante 30 anos[...]
A pintura metafílistica de Giorgio de Chirico antecipa elementos que depois aparecem na pintura surrealista: padrões arquitectónicos, grandes espaços nus, manequins anónimos e ambientes oníricos. Do dadaísmo, os pintores surrealistas e, com eles, De Chirico, herdam directamente as atitudes destrutivas e niilistas. O que o próprio artista qualifica de «pintura metafísica» corresponde à necessidade de sonho, de mistério e de erotismo própria do surrealismo. E assim, desde que este movimento vê a luz, a obra de De Chirico conhece um êxito considerável.
Entre as suas obras mais paradigmáticas há que citar O Regresso do Poeta, Retrato Premonitório de Apollinaire, A Conquista do Filósofo, Heitor e Andrómaca e as Musas Inquietantes.
A Pintura Metafísica
[editar | editar código-fonte]Corrente histórica italiana, que se define a partir do encontro entre Giorgio de Chirico (1888-1978) e Carlo Carrà (1881-1966) em Ferrara, 1917. Nesse momento, os pintores cunham o termo "pintura metafísica", que dá título a diversas de suas publicações. De Chirico já ensaia o novo estilo desde 1910 (O Enigma do Oráculo, 1910 e A Torre, 1911-1912), numa recusa decidida ao futurismo, tanto às suas soluções formais, quanto à ideologia política e nacionalista que ampara o movimento. A arte de De Chirico apresenta, já aí, uma face metafísica: coloca-se como exterior à temporalidade, como negação do presente, da realidade natural e social. Nada mais distante das motivações futuristas, que anseiam pela aceleração do tempo e pela transformação da sociedade. Menos que interpretar ou alterar a realidade, a pintura de De Chirico dirige-se a uma "outra realidade", metafísica, além da história. Os cenários projetados pelo pintor entre 1910 e 1915 permitem flagrar os contornos do novo estilo, que se consolidará entre 1917 e 1920. Os elementos arquitetônicos mobilizados nas composições - colunas, torres, praças, monumentos neoclássicos, chaminés de fábricas etc. - constroem, paradoxalmente, espaços vazios e misteriosos. As figuras humanas, quando presentes, carregam consigo forte sentimento de solidão e silêncio. São meio-homens, meio-estátuas, vistos de costas ou de muito longe. Quase não é possível entrever rostos, apenas silhuetas e sombras, projetadas pelos corpos e construções.
Pintor italiano, como Carlo Carrà, o movimento chamado de Pintura Metafísica. O mistério, o sonho, os espaços vazios, as sombras, as perspectivas inesperadas, as justaposições encontradas na obra de De Chirico influenciaram os artistas surrealistas. Nas telas de De Chirico, os objetos parecem não ter sentido; no enigmáticas que está representando o mundo dos sonhos e do inconsciente. Apesar de ter sido considerado um precursor, De Chirico repudiou a sua obra surreal e, a partir de 1925, começou a pintar dentro de um estilo mais tradicional.
Obras
[editar | editar código-fonte]A atmosfera é de melancolia e enigma que os títulos das obras reafirmam: O Enigma da Hora (1912), Melancolia de uma Bela Tarde (1913), Piazza d'Itália e Melancolia Outonal (1915). A incorporação de elementos presentes nas naturezas-mortas - luvas, bolas, frutas, biscoitos etc. - reforçam a ideia de deslocamento e a sensação de irrealidade que rondam os trabalhos: as peças não se articulam, antes parecem se repelir (O Sonho Transformado, 1913). Entre 1914 e 1915, os manequins começam a povoar o universo do pintor, sendo amplamente explorados a partir de então: As Musas Inquietantes (1916), Heitor e Andrômaca (1917). A meio caminho entre o homem, o robô e a estátua (ou seriam colunas?), os manequins enfatizam o caráter enigmático e o sentido onírico das construções de De Chirico. Mas, antes de qualquer outro sentido que venham a adquirir, são formas geométricas, evidenciam as réguas e linhas coordenadas que cercam e definem os corpos dos manequins. Esses mesmos instrumentos de medida e construção - compassos, esquadros e réguas - habitam os cenários metafísicos do pintor (vide O Filósofo e o Poeta, 1915 e O Astrônomo - a Ansiedade da Vida, 1915).
No Brasil, as Edições 100/cabeças pública "Hebdômeros", narrativa escrita pelo pintor em 1929. Tradução de Flávia Falleiros. Apresentação de Laurens Vancrevel e posfácio de Marcus Rogério Salgado. ISBN 9786587451091 2022.
Suas fontes
[editar | editar código-fonte]As fontes das invenções metafísicas, da iconografia e da realidade deslocada de De Chirico são as filosofias de Nietzsche, Schopenhauer e Weininger, assim como as imagens mórbidas do pintor suíço Arnold Böcklin (1827-1901) e os elementos fantásticos das águas-fortes do artista Max Klinger (1857-1920). Alguns intérpretes apontam, ainda, como matrizes da pintura de De Chirico a cultura clássica de Nicolas Poussin (1594-1665) e Claude Lorrain (1604-1682), e o romantismo do pintor alemão Caspar David Friedrich (1774-1840).
Ativo participante do futurismo, Carrà adere à poética metafísica em 1917 (O Ídolo Hermafrodita, A Musa Metafísica e O Quarto Encantado). Em sua pesquisa estilística, observa-se uma ênfase na indagação sobre a forma - que ele almeja simplificar - e o intuito de recuperação da integridade dos objetos, que encontra apoio no grupo de artistas reunido em torno da revista Valori Plastici (1818-1921). Em obras como The Oval of the Apparitions (1918) e Penélope (1919), percebem-se mais claramente marcas cubistas na pintura de Carrà, inspiração que ele reconhece em várias ocasiões. Giorgio Morandi (1890-1964) adere um pouco mais tarde, e por pouco tempo, à pintura metafísica, como revelam as naturezas-mortas realizadas entre 1918 e 1919. Outros nomes importantes na definição dos contornos da pintura metafísica em Ferrara são o poeta e pintor Alberto Savinio (1891-1952), irmão de De Chirico, e o pintor e escritor Filippo de Pisis (1896-1956). A partir de 1922, sugestões da pintura metafísica são incorporadas por artistas ligados ao Novecento, entre eles Mario Sironi (1885-1961). A aproximação insólita de objetos díspares e a preocupação com o universo onírico da arte de De Chirico e Carrà terão forte impacto no dadaísmo e no surrealismo. Duas grandes exposições realizadas na Alemanha, em 1921 e 1924, por sua vez, deixarão ecos na Nova Objetividade, sobretudo na versão de Max Beckmann (1884-1950).
Influência sobre os pintores brasileiros
[editar | editar código-fonte]No Brasil, alguns críticos localizam influências da pintura metafísica em obras de Hugo Adami (1899-1999), Tarsila do Amaral (1886-1973), Di Cavalcanti (1897-1976), Candido Portinari (1903-1962), Milton Dacosta (1915-1988) e Ismael Nery (1900-1934). Posteriormente na fase metafísica Iberê Camargo (1914-1994), estuda com De Chirico.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- (em italiano) ‘‘BALDACCI Paolo’‘, ‘‘FAGIOLO DELL’ARCO Maurizio’‘ (1982), Giorgio de Chirico Parigi 1924-1930, Galleria Philippe Daverio, Milano 1982, pp. 22.
- (em italiano) ‘‘BRANDANI Edoarto’‘ (a cura di), ‘‘DI GENOVA Giorgio’‘, ‘‘BONFIGLIOLI Patrizia’‘ (1999), Giorgio de Chirico, catalogo dell'opera grafica 1969-1977, Edizioni Bora, Bologna 1990 (1999), pp. 247.
- (em italiano) ‘‘CAVALESI Maurizio’‘, ‘‘MORI Gioia’‘ (2007), De Chirico, Giunti Editore, Firenze 1988 (2007), pp. 50.
- (em italiano) ‘‘FAGIOLO DELL'ARCO Maurizio’‘ (1999), L'opera completa di de Chirico 1908-1924, Rizzoli, Milano 1984 (1999), pp. 121.
- (em italiano) ‘‘FAGIOLO DELL'ARCO Maurizio’‘ (1991), Giorgio de Chirico carte, Extra Moenia Arte Moderna, Todi 1991, pp. 64.
- (em italiano) ‘‘FAGIOLO DELL'ARCO Maurizio’‘,’‘CAVALLO luigi’‘ (1985), De Chirico. Disegni inediti (1929), Edizioni grafiche Tega, Milano 1985, pp. 140.
- (em italiano) ‘‘GIMFERRER Pere’‘ (1988), De Chirico, 1888-1978, opere scelte, Rizzoli, Milano 1988, pp. 128.
- (em italiano) ‘‘HOLZHEY Magdalena’‘ (2006), De Chirico, Taschen, Kölon (D) 2006, pp. 96.
- (em italiano) ‘‘MORI Gioia’‘ (2007), De Chirico metafisico, Giunti, Firenze 2007, pp. 50.
- (em italiano) ‘‘PONTIGGIA Elena’‘, ‘‘GAZZANEO Giovanni’‘ (2012), Giorgio de Chirico. L’Apocalisse e la luce, Silvana Editoriale, Cinisellobalsamo 2012, pp. 119.