Go-Toba – Wikipédia, a enciclopédia livre

Imperador Go-Toba
Go-Toba
Imperador Go-Toba
Imperador(a) de Japão
Período 1183 até 1198
Antecessor(a) Imperador Antoku
Sucessor(a) Imperador Tsuchimikado
Dados pessoais
Nascimento 6 de agosto de 1180
Morte 28 de março de 1239 (58 anos)

Imperador Go-Toba (後鳥羽天皇 11801239?) foi o 82º Imperador do Japão, na lista tradicional de sucessão.[1]

Antes de sua ascensão ao Trono do Crisântemo seu nome pessoal era Takanari. Foi o quarto filho do Imperador Takakura e neto do Imperador Go-Shirakawa.[2] Sua mãe era Bōmon Shōkushi, filha de Bōmon Nobutaka, do clã Fujiwara.[3]

Em 1183, durante as Guerras Genpei, o Imperador Antoku, que era apoiado pelo clã Taira, fugiu da capital imperial temendo o avanço do clã Minamoto, rival dos Taira. Com a ausência de Antoku o Imperador Aposentado Go-Shirakawa deu a sucessão ao Imperador Go-Toba, que tinha então três anos.[2] O clã Minamoto reconheceu a sucessão ao trono, mas os tesouros sagrados ainda estavam com Antoku; sendo esta a primeira vez na história do Japão que não ocorrera a transmissão dos tesouros imperiais de um monarca a seu sucessor.[4] De fato, até o final da guerra, em 1185 havia dois imperadores reinantes: Antoku (reconhecido pelos Taira) e Go-Toba (reconhecido pelos Minamoto). O conflito terminou com o suicídio do Imperador Antoku naquele ano.

Em 1192 com a morte de Go-Shirakawa, Yoritomo, líder do Clã Minamoto, instituiu o Xogunato, instalando-se em Kamakura.[5]

Em 1198 Yoritomo forçou Go-Toba a abdicar ao trono quando tinha apenas dezoito anos. Dois dos filhos do imperador, o Imperador Tsuchimikado e o Imperador Juntoku lhe sucederam ao trono, mas quando estas crianças governaram também foram obrigadas a abdicar antes de se tornarem adultos. Apesar disso, Go-Toba ainda detinha o cargo de imperador aposentado entre 1198 e 1221, mas com mais limitações do que os seus antecessores do período Heian.

Foi durante este período, que decretou que os seguidores da seita Terra Pura (Jodo Shu), liderada por Honen Shonin, seriam exilados e, em alguns casos executados. Isto ocorreu por pressão do clero das outras seitas que tinham medo do crescimento da nova seita. Go-Toba ordenou o decreto depois de saber que duas de suas concubinas entraram para a seita sem o seu consentimento. Uma delas foi Ninshi filha do Daijō Daijin Fujiwara no Kanezane.[6]

Em 1221, por pressão do Xogunato ascende ao trono o imperador Chukyo, neto de Go-Toba, com apenas três anos de idade; nesta ocasião Go-Toba iniciou uma rebelião que tentou derrubar o Xogunato e a restauração do poder imperial. Neste conflito, conhecido como Guerra Jōkyū[7] o ex-Imperador contou com o apoio dos antigos aliados dos Taira; mas os samurais da região de Kanto apoiaram o Xogunato. Hōjō Masako, viúva de Yoritomo, persuadiu os guerreiros afirmando que se fossem derrotados perderiam todos seus privilégios e que a Corte Imperial e a antiga aristocracia retomariam estes privilégios. Após a Terceira Batalha de Uji a rebelião foi controlada e Go-Toba foi exilado para as Ilhas Oki, de onde nunca mais voltou,[8] alguns de seus filhos também foram exilados para outros lugares, e o Imperador Chukyo foi destronado poucos meses depois de assumir o trono em favor do Imperador Go-Horikawa, sobrinho de Go-Toba.[9]

Ele passou seus últimos 18 anos no exílio e foi enterrado nessas ilhas; embora parte de seu corpo foi enterrado no final Ohara, Kyoto.

Sua maior contribuição para a literatura foi o Shin Kokinshū (A Nova Antologia de Wakas Antigos e Modernos), que é considerada uma das três principais antologias de waka junto com Man'yōshū e Kokin Wakashū. Além de ordenar sua criação, participou do grupo de trabalho como editor. Ele revitalizou o Waka-sho (和歌所 Departamento de Waka?).

Durante seu exílio, ele continuou a escrever wakas e editar antologias, também escreveu seu Go-Toba no in gokuden ("Ensinamentos Secretos"), um curto trabalho na crítica estética; que é particularmente valiosos como uma fonte sobre os complicado relacionamento entre Go-Toba e Fujiwara no Teika um dos maiores poetas da época.[10]

Um de seus poemas de 31 sílabas foi escolhido por Fujiwara no Teika como número 99 na antologia popular Hyakunin Isshu.

Ver artigo principal: Daijō-kan




Precedido por
Antoku
-- 82º Imperador do Japão
1183 - 1198
Sucedido por
Tsuchimikado




Referências

  1. Agência da Casa Imperial: Go-Toba-tennō (82) (em japonês)
  2. a b Delmer M.Brown e Ichirō Ishida, Gukanshō: The Future and the Past. Berkeley: University of California Press. pp. 334 - 339. ISBN 9780520034600; OCLC 251325323
  3. Isaac Titsingh, "Go-Toba" em Annales des empereurs du japon, (em francês) Paris: Royal Asiatic Society, Oriental Translation Fund of Great Britain and Ireland pp. 207-221 OCLC 5850691.
  4. Brian Bocking Sanshu-no-shinki in A Popular Dictionary of Shinto (em inglês) Routledge, 2005 p. 115 ISBN 9781135797393
  5. Louis Frederic, Alvaro David Hwang "O Japão: Dicionário e Civilização" Globo Livros pp. 784-785 ISBN 9788525046161
  6. Brown Gukanshō ... p. 173
  7. Sir George Bailey Sansom, A History of Japan to 1334, Volume 1. (em inglês) Stanford University Press, 1958 pp. 381 a 383 ISBN 9780804705233
  8. Kenneth Henshall, Historical Dictionary of Japan to 1945 (em inglês) Scarecrow Press, 2013 p. 188 ISBN 9780810878723
  9. Joshua S. Mostow, Courtly Visions: The Ise Stories and the Politics of Cultural Appropriation (em inglês) BRILL, 2014 p. 97 ISBN 9789004249431
  10. Robert H.Brower, "Ex-Emperor Go-Toba's Secret Teachings": Go-Toba no in Gokuden. (em inglês) Harvard Journal of Asiatic Studies, Vol. 32, (1972), pp. 5-70.
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