Companhias livres – Wikipédia, a enciclopédia livre

"Batalha de Brignais" (1362). O exército francês é derrotado pelas Grandes Compagnies, bandos de mercenários que devastam a França durante a Guerra dos Cem Anos.

As Companhias Livres, as Grandes Compagnies ou as Grandes Companhias eram as unidades de soldados mercenários recrutados durante o século XII a XIV por empregadores privados. Agiam independente de qualquer governo, e por isso, eram "livres". Enquanto não empregados, as companhias sobreviviam da pilhagem. O termo "companhia livre" é mais aplicado às companhias de soldados que se formaram após o tratado de Brétigny durante a guerra dos cem anos e eram principalmente ativas na França, porém também foi aplicado a outras companhias, como a Companhia Catalã e companhias que atuavam em outros locais, como a Itália e o Sacro Império Germânico.

A contratação de soldados mercenários para lutar nas guerras europeias estava já bem estabelecida, quando os reis de França os agruparam em grandes unidades, que chegaram a ter milhares de integrantes (na sua maioria homens, mas também muitas mulheres cujo estatuto e funções variava; desde mulheres que acompanhavam os seus maridos a prostitutas).

Dada a natureza como a Guerra dos Cem Anos foi travada, com longos períodos de inactividade e paz, muitos elementos, senão mesmo a totalidade das unidades, dedicavam-se à pilhagem dos campos, camponeses, aldeias e pequenas vilas, como forma de subsistência enquanto não eram novamente contratados por uma das partes para lutar.

Algumas destas Grandes Compagnies foram comandadas por nobres, e serviram para defender os interesses do Rei de França, como no caso da Grande Compagnie comandada pelo condestável de França Bertrand du Guesclin enviada para apoiar Henrique de Trastâmara na guerra contra o seu meio-irmão Pedro, o Cruel, que disputavam a coroa do Reino de Castela.

Algumas "Grandes Compagnies"

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Tard-Venus (literalmente os chegados tarde)

Os Tard-Venus foram os mercenários desmobilizados após o Tratado de Brétigny (8 de maio de 1360). Sob as ordens de Petit Meschin e Seguin de Badefol lutaram da Borgonha ao Languedoc. Em 1362 derrotam em Brignais Jacques II de Bourbon, conde de La Marche.

Compagnie blanche (Companhia Branca)

A Compagnie Blanche formou-se após o Tratado de Brétigny, sob as ordens de John Hawkwood.

Lista de Companhias Livres

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Companhia Fundada Líderes Notas
Companhia Catalã 1302 Rogério de Flor; Bernat de Rocafort Debandada; 1390
Companhia de Navarra 1360 Mahiot de Coquerel; Pedro de San Superano Debandada; 1390
Grande Companhia 1342 Werner von Urslingen; Fra' Moriale; Konrad Von Landau Debandada; 1363
Compagnia di San Giorgio I 1339 Lodrisio Visconti Debandada; 1339
Compagnia di San Giorgio II 1365 Ambrogio Visconti Debandada; 1374
Compagnia di San Giorgio III 1377 Alberico da Barbiano Apenas Italianos
Companhia Branca 1360 Albert Sterz; John Hawkwood Debandada; 1390
Companhia do Chapéu 1362 Niccoló da Montefeltro Debandada; 1365
Compagnia della Stella I 1364 Anichino di Bongardo; Arlbert Sterz Debandada; 1366
Compagnia della Stella II 1379 Astorre I Manfredi Debandada; 1379
Companhia dos Bretões 1375 Jean Malastroit
Companhia do Gancho 1380 Villanozzo de Brumfort; Alberico da Barbiano
Companhia da Rosa 1398 Giovanni da Buscareto Debandada; 1410
  • Carr, A. D. (1968/9), Welshmen and the Hundred Years' War, Welsh History Review/Cylchgrawn Hanes Cymru, 4, pp. 21–46.
  • Contamine, Philippe (1984) War in the Middle Ages, part I, sect. 4 "Free Companies, Gunpowder and Permanent Armies" The relevant section in the definitive book on medieval warfare.
  • Mallett, Michael (1974), Mercenaries and their Masters. Warfare in Renaissance Italy.
  • Severus, Alexander (1941), "The Fetish of Military Rank", Military Affairs, 5, pp. 171–176.
  • Showalter, Dennis E. (1993), Caste, Skill, and Training: The Evolution of Cohesion in European Armies from the Middle Ages to the Sixteenth Century, Journal of Military History, 57(3), pp. 407–430
  • Rowe, B. J. H. (1932). John Duke of Bedford and the Norman 'Brigands'.The English Historical Review, 47(188), pp. 583–600.