Guerra Luso-Leonesa (1158-1160) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Guerra Luso-Leonesa (1158-1160)
Data 1158-1160
Local Galiza
Desfecho Tratado de Celanova
Beligerantes
Reino de Portugal
Coroa de Leão
Comandantes
Afonso Henriques Fernando II de Leão

A Guerra Luso-Leonesa de 1158 a 1160 foi um breve conflito armado entre Portugal e o Reino de Leão. Deveu-se a disputas entre o rei português, D. Afonso Henriques, e o seu homólogo leonês, Fernando II.

A 21 de Agosto de 1157 faleceu o Imperador Afonso VII de Leão, primo de D. Afonso Henriques.[1] Tal como ficara estipulado dois anos antes, os domínio de Afonso VII foram divididos entre os seus dois filhos, ficando o Castela para D. Sancho III e Leão para D. Fernando II.[1]

Mediante o Convénio de Sahagún assinado a 23 de Maio de 1158, Sancho III e Fernando II acordaram, entre outras coisas, ajudar-se mutuamente a conquistar Portugal, caso a oportunidade surgisse.[1] Também reclamavam direitos exclusivos à conquista de território muçulmano e negavam-nos totalmente a Portugal.[1] O Alentejo e Algarve eram deixados para o Reino de Leão. Em finais de Agosto de 1158, porém, morreu D. Sancho III, ao passo que em Leão estalaram revoltas em Lugo, Zamora, Salamanca e Ledesma.[1][2]

Em Portugal, D. Afonso Henriques empenhava-se na conquista de Alcácer do Sal.[1] Tomada esta cidade a 24 de Julho de 1158, decidiu aproveitar para atacar preventivamente Leão agora que D. Fernando se encontrava a braços com dificuldades internas, antes de uma eventual reunificação de Castela e Leão sob o seu ceptro, que o deixaria muito poderoso.[1][3]

A península Ibérica à data da morte de Afonso VII de Leão, antes da partilha de Leão e Castela.

Decorrer das hostilidades

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Aproveitando a revolta de Zamora e em outras cidades da fronteira ocidental de Leão, em Setembro de 1158 Afonso Henriques transpôs a fronteira galega à cabeça das suas tropas e ocupou as terras de Toronho, cuja capital era Tui.[1] Houve combates na Galiza até Novembro.[1]

As hostilidades não demoraram a cessar após a ocupação de Tui pois D. Fernando II pretendia focar-se na questão da sucessão de Castela em vez de combater os portugueses. Os dois reis encontraram-se em Cabrera e, a 14 de Novembro de 1158, assinaram tréguas.[1] D. Fernando II desprezou o Convénio de Sahagun e o herdeiro de D. Sancho III e invadiu Castela para tentar apoderar-se do reino pela força das armas.[1]

Pelo Natal de 1159 Fernando II encontrou-se novamente com D. Afonso Henriques, em Santa Maria del Palo, perto de Tui e assinaram um novo acordo de tréguas.[1]

No mês seguinte, em Janeiro de 1160, D. Afonso Henriques recebeu, na mesma localidade, o conde de Barcelona Raimundo Berengário IV, casado com a rainha Petronilha de Aragão.[1] Em troca de uma aliança entre Portugal e Aragão, ficou acordado o casamento entre a filha de D. Afonso Henriques, D. Mafalda, e o herdeiro de Raimundo e Petronilha, Afonso.[1] Começava aqui a política de aproximação entre os dois reinos nos extremos opostos da península contra o poderio crescente de Leão e Castela.[1]

Em finais de 1160, D. Fernando II tinha já estabilizado a situação política no seu reino e recuperado suficientes forças para impor a D. Afonso Henriques um tratado de paz, celebrado no mosteiro de Celanova.[1]

Consequências

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Mediante o Tratado de Celanova, Afonso Henriques restituiu Toronho a Leão.[1]

A paz durou pouco.[1] Dois anos mais tarde, estalaram novamente as hostilidades entre Portugal e Leão.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s José Mattoso: D. Afonso Henriques, Círculo de Leitores, 2006, pp. 207-211.
  2. Isabel Beceiro Pita: La espiritualidad y la configuración de los reinos ibéricos (Siglos XII-XV)., Dykinson, 2018, pp. 119-120.
  3. Manuel do Nascimento: Histoire du Portugal: Une Chronologie, 2016, p. 30.