Hélio Lourenço de Oliveira – Wikipédia, a enciclopédia livre

Hélio Lourenço de Oliveira
Hélio Lourenço de Oliveira
Nascimento 9 de julho de 1917
Porto Ferreira, SP
Morte 14 de março de 1985 (67 anos)
Ribeirão Preto, SP
Alma mater Universidade de São Paulo
Carreira médica

Hélio Lourenço de Oliveira (Porto Ferreira, 9 de julho de 1917 - Ribeirão Preto, 14 de março de 1985) foi um médico, professor e pesquisador brasileiro. Foi diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), onde lecionou clínica médica, e vice-reitor no exercício da reitoria da Universidade de São Paulo (USP).[1]

Descendente de comerciantes portugueses da região de Leiria e de Trás-os-Montes e de suecos católicos da ilha de Alnon que imigraram para o Brasil na década de 1890 e se estabeleceram em Porto Ferreira-SP, Hélio Lourenço foi sobrinho do educador e pedagogo Lourenço Filho, prócer do movimento Escola Nova.

Entrou para a Escola Médica da USP em 1934 e formou-se em 1940. Enquanto estudante, participou ativamente do movimento que almejava à criação do Hospital das Clínicas de São Paulo[2]. Como bolsista do Pan-American Sanitary Bureau, estagiou, entre 1941 e 1942, na Escola Médica da Universidade de Nova York.[1] Sua especialidade era a nefrologia.[1]

Em 8 de outubro de 1968, foi conduzido pelo Governador Abreu Sodré, em contexto de ruptura entre o governo de São Paulo e o regime militar, à vice-reitoria da USP, após eleição-relâmpago do Conselho Universitário convocada devido à renúncia inesperada do então vice-reitor Mario Guimarães Ferri. Como o então reitor Luís Antônio da Gama e Silva assumira, sem abdicar da reitoria, o ministério da Justiça do governo Costa e Silva, naquelas circunstâncias o vice-reitor ocupava, de fato, a reitoria da universidade.

Durante o exercício da reitoria, teve participação determinante na consolidação da reforma universitária iniciada por seu antecessor, a qual culminou na extinção da cátedra e substituição pela estrutura departamental. Também se opôs ativamente às atividades da Polícia Militar dentro do Campus da USP, cuja presença se inseria em contexto de repressão crescente da atividade estudantil. Em 25 de abril contestou, em telegrama dirigido ao Ministro da Educação, a cassação de 43 professores universitários.[2] Foi cassado do cargo em 29 de abril de 1969 por iniciativa do próprio Ministro da Justiça (e Reitor da USP) Gama e Silva, por meio de decreto arbitrário com base no AI-5 que o aposentou compulsoriamente e a mais 23 professores, alguns deles que nem mesmo possuíam vínculo com a USP. Na lista dos aposentados pelo decreto incluíam-se nomes célebres da intelectualidade brasileira como os do sociólogo e historiador Caio Prado Junior, do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, do teórico cinematográfico Jean-Claude Bernardet, do físico Mario Schenberg, e do arquiteto vencedor do Prêmio Pritzker Paulo Mendes da Rocha.[3][4]

Forçado a se exilar do país com parte de sua família, viveu em em Alexandria, no Egito, atuando como conselheiro da Organização Mundial de Saúde, após ter sido membro da missão da Unesco, na Síria, encarregada de assistir na reforma e desenvolvimento do ensino superior no país.[1] Em 1972, retornou ao Brasil, onde seguiu com sua carreira médica. Em julho de 1980, foi reintegrado à USP.[1] Em 1983, foi eleito diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e, no ano seguinte, pró-reitor da USP.[1]

Ao fim do Regime Militar no Brasil, foi alvo de desagravo por parte da universidade e da reitoria da USP, que incluiu, em homenagem póstuma, seu quadro na galeria de reitores daquela Universidade.

Deixou 7 filhos, 12 netos e 10 bisnetos e uma série de escritos pessoais por meio dos quais refletiu sobre sua trajetória, como o seguinte:[5]

“O universitário deve opor-se ao sectário; a universidade, em conjunto, não pode ser dominada por nenhuma crença ou convicção religiosa, política ou filosófica. Ainda que seja e exatamente para que possa ser um foco de cogitações filosóficas. Se a absoluta isenção, em relação a cada indivíduo, é ideal dificilmente atingível, decorre que na universidade devem coexistir todas as crenças ou convicções, que nenhuma será motivo para que as portas se fechem; somente sua coexistência, com respeito e contenção recíprocos, evidenciará não estar em nenhuma a essência da condição universitária.”

Seu nome foi dado a uma escola e uma unidade de saúde em Ribeirão Preto.

Referências

  1. a b c d e f VICHI, Fábio Leite. Hélio Lourenço de Oliveira - Ribeirão Preto e a hipertensão arterial, Rev Bras Hipertens vol 8(4): outubro/dezembro de 2001.
  2. a b «Helio Lourenço: Vida e Legado | Portal de Livros Abertos da Edusp». www.livrosabertos.edusp.usp.br. Consultado em 12 de julho de 2020 
  3. «Livro negro da USP: o controle ideológico na universidade. São Paulo, Adusp, 1978, p. 33-42.». Consultado em 30 de setembro de 2012 
  4. Motoyama, Shozo. «USP 70 Anos: Imagens de uma História Vivida; São Paulo: EdUSP; ISBN 8531409535, 9788531409530; pág 151». Consultado em 25 de setembro de 2009 
  5. «Versão PDF do arquivo Edusp, Helio Lourenço, PDF». www.livrosabertos.edusp.usp.br. Consultado em 24 de outubro de 2024 

Ligações externas

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